Vem aí a maior federação partidária
É possível que na reforma ministerial que Lula fará após a eleição das novas mesas diretoras do Senado e da Câmara, no início de fevereiro, o presidente da Casa Baixa, Arthur Lira (PP-AL), seja contemplado com um gabinete para despachar na Esplanada dos Ministérios. Se isso não ocorrer, o político alagoano já tem um desafio para o novo ano que se aproxima: bater o martelo na federação PP, Republicanos e União Brasil.
Se conseguir, ganhará mais notabilidade ainda porque surgirá a maior federação partidária do País. Juntos, PP (50), Republicanos (44) e União Brasil (59) viabilizam um grupamento de 153 deputados. O plano é passar de 200 depois da janela partidária – prazo para que deputados troquem de partido sem punição, aberta em abril de 2026.
A união já é uma preparação para as eleições de 2026. Juntas, as siglas podem ter maior espaço na disputa, como tempo de televisão para propagandas gratuitas. Não há ainda uma decisão definitiva sobre a união das legendas comandadas por Ciro Nogueira (PP-PI), Antonio Rueda (União) e Marcos Pereira (Republicanos-SP). Na ausência de consenso, pelo menos duas delas devem se aliar.
Leia maisA maior dificuldade está no trabalho de articulação com as bases dos partidos nos estados, onde as alianças locais prevalecem e nem sempre refletem as mesmas que existem no Congresso Nacional. Se for consolidada, a federação terá impacto no cenário político em nível municipal, estadual e nacional. Pelo que se desenha até aqui, o futuro grupo político não tem planos para lançar um candidato próprio à Presidência da República.
A eventual aliança tem potencial para ser disputada por possíveis candidatos da esquerda e da direita, já que os partidos envolvidos têm articulação tanto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quanto com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na federação partidária, as legendas atuam de forma unificada em todo o país. Essa atuação conjunta passa pelos desenhos eleitorais e pelos posicionamentos dentro do Congresso Nacional. Mas a união deve durar durante todo o mandato, ou seja, pelo prazo de quatro anos.
UNIÃO BRASIL, A DÚVIDA – Nos estados, há um diálogo mais próximo entre PP e Republicanos e uma dificuldade de acordo com o União Brasil. Integrantes do União resistem a uma aliança com os partidos em estados como Pernambuco, Paraíba e Amazonas. Ainda assim, a cúpula do PP não desistiu de trazer a legenda de Elmar Nascimento (PP-BA) para a federação, e avalia que o partido ainda pode selar o acordo.

Os nós estaduais – Se a super federação se consolidar, em Pernambuco a briga pelo seu controle se dará entre os deputados Eduardo da Fonte, principal liderança do PP, o ministro Sílvio Costa Filho, cacique-mor do Republicanos, e no latifúndio do União Brasil entre o deputado Mendonça Filho com o grupo Coelho. De fato, os interesses paroquiais devem atrapalhar – e muito – o projeto da união entre as três siglas. Em política, entretanto, não existem barreiras intransponíveis.
Elmar, voto vencido – Ainda magoado com Lira, por perder a indicação à presidência da Câmara para o paraibano Hugo Motta (PP), o deputado Elmar Nascimento (PP-BA) descarta que o União Brasil vai fazer parte da federação com as outras duas legendas do Centrão. “Impossível. Pelo menos da parte do União”, disse. Apesar disso, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), já disse que ressentimentos não devem atrapalhar a intenção dos partidos se unirem. De acordo com o cenário traçado por Ciro, não haverá divisões, porque Hugo Motta se consolidou como candidato único a presidente da Câmara.
Foi para o sacrifício – Reeleito pela federação PT-PV-PCdoB, o vereador Marco Aurélio Filho (PV) foi avisado de antemão que seria aproveitado no primeiro escalão, mas aliados dele disseram que alimentava expectativas na pasta de Cultura e Esportes, por ter mais estrutura e potencial político. Acabou tendo que se contentar com Direitos Humanos, área extremamente técnica. Cedeu, entretanto, para João acomodar na Câmara o primeiro suplente da federação, o petista Osmar Ricardo, irmão de Oscar Barreto, reconduzido a Meio Ambiente.

A polêmica das câmeras – Enquanto o Estado patina na licitação para definir a empresa que cuidará das câmeras de videomonitoramento, em razão da aproximação do carnaval, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), se antecipou, oferecendo as câmeras sob o controle do município ao Estado. O sistema do Estado está desativado desde dezembro de 2023. “Espero que aquilo que interfere na vida do Recife seja bem-feito. O sistema de câmeras do Estado já está sem funcionar há mais de um ano. Não há nenhuma câmera da polícia na cidade. As nossas estão à disposição da polícia, se quiser usar, mas elas existem para atender às nossas necessidades estratégicas, como ver o trânsito, o comércio, a iluminação, a circulação de pessoas”, disse, numa recente entrevista ao DP.
CURTAS
REVIRAVOLTA – Duas surpresas nas montagens do Secretariado de prefeitos na Região Metropolitana: Izabel Urquiza (PL), que disputou a Prefeitura de Olinda, aproveitada na equipe do prefeito do Cabo, Lula Cabral (SD), e Yves Ribeiro (sem partido), que encerra seu mandato como prefeito de Paulista e vira secretário de Governo em Itapissuma.
ATO FALHO – O prefeito reeleito de Triunfo, Luciano Bonfim (PSDB), ficou extremamente desapontado com o senador Fernando Dueire (MDB). Tudo porque, além de ter apoiado o candidato derrotado por Bonfim, Dueire não destinou uma só emenda ao município. Ainda há tempo de Dueire corrigir o ato falho.
AMUPE – Ligado ao deputado federal Eduardo da Fonte, o prefeito de Aliança, Pedro Freitas (PP), confirmou, em entrevista ao Frente a Frente, que será candidato à presidência da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). Vai enfrentar Marcelo Gouveia, que disputa a reeleição. A eleição está marcada para o início de fevereiro.
Perguntar não ofende: O União Brasil vai desistir de se incorporar à super federação com o PP e Republicanos?
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