Com prisão de Collor, Moraes manda recado a Bolsonaro
Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de mandar prender o ex-presidente da República Fernando Collor de Mello é um recado direto ao também ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Com a medida, o ministro sinalizou que não serão aceitas manobras jurídicas com o objetivo de protelar um eventual cumprimento de pena. Bolsonaro é réu em um processo que também tem Alexandre de Moraes como relator.
Collor foi condenado, em 2023, a nove anos de prisão em um processo oriundo da Operação Lava Jato, em uma decisão de Moraes, que é o relator do caso. O argumento do ministro foi de que os recursos apresentados pela defesa do ex-presidente eram inválidos e visavam apenas atrasar o início do cumprimento da pena. Moraes, inclusive, classificou as tentativas como algo “meramente procrastinatório”.
Leia maisDesde a condenação de Collor, a defesa entrou com pedidos para revisar pontos e rever alguns aspectos da condenação. Mas o ministro considerou que, pelo regimento do STF, os recursos apresentados por Collor, os chamados embargos infringentes, só caberiam no caso de o ex-presidente ter conseguido quatro votos pela absolvição. No entanto, ele só obteve dois.
Ao ser adotada essa interpretação na prisão de um ex-presidente, Fernando Collor, o ministro acabou criando um precedente para evitar questionamentos em uma eventual prisão de outro ex-presidente, Jair Bolsonaro, ou seja, se a defesa de Bolsonaro entrar com recurso para revisar a condenação à prisão, poderá ser usado o mesmo argumento.
Collor foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Antigo dirigente do PTB, ele foi responsável por indicações políticas para a BR Distribuidora, empresa subsidiária da Petrobras, e recebeu R$ 20 milhões em vantagens indevidas em contratos da empresa. Segundo o STF, os crimes ocorreram entre 2010 e 2014. O ex-presidente passou por audiência de custódia ontem e segue preso em Maceió, Alagoas.
BRASIL É UMA FÁBRICA DE PRESIDENTES PRESOS – O ex-presidente Fernando Collor se junta aos outros ex-presidentes brasileiros presos após a redemocratização. Além dele, também já encararam a prisão Michel Temer (MDB) e o atual chefe do Poder Executivo, Lula (PT). Antes da redemocratização, outros ex-presidentes foram detidos, mas por motivos políticos, como Juscelino Kubitschek, preso em 1968, durante o regime militar. Acusado pelos militares de corrupção e de apoiar o comunismo, Juscelino teve seu mandato cassado e os direitos políticos suspensos, e saiu do país.

Despedida de Francisco – O presidente Lula (PT) compareceu, ontem, ao velório do papa Francisco, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Lula estava acompanhado da primeira-dama, Janja, da ex-presidente Dilma Rousseff e dos ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da Justiça, Ricardo Lewandowski, além do assessor especial Celso Amorim. Na comitiva que foi à Itália com Lula também estão representantes dos Três Poderes: o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Hugo Motta (RP-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP).
Batom caro – A ministra Cármen Lúcia, do STF, acompanhou o voto de Alexandre de Moraes na pena para Débora Rodrigues dos Santos, mulher que escreveu “Perdeu, mané” na estátua da Justiça, com batom. Como Flávio Dino também havia seguido Moraes, há maioria pela condenação proposta por Moraes, que é o relator do caso. Moraes estipulou para Débora 14 anos de prisão e pagamento de multa de R$ 50 mil por participação nos atos de 8 de janeiro de 2023.
João defende Alckmin – O prefeito do Recife e único candidato à presidência interna do PSB, João Campos, defendeu a manutenção do vice-presidente e seu correligionário, Geraldo Alckmin, na chapa do presidente Lula (PT), em busca da reeleição, em 2026. “Tem uma posição clara e unificada dentro do partido. A prioridade é manter o vice-presidente Geraldo Alckmin em uma chapa presidencial. O partido tem confiança (em Alckmin) por ser uma pessoa decente, preparada, que tem feito um grande trabalho”, afirmou Campos ao jornal O Globo.

A dor de cabeça do INSS – Em um momento de tentativa de recuperar os índices de popularidade, tudo que o presidente Lula não precisava era do escândalo do INSS. Para tentar frear o desgaste, o ministro da Comunicação Social, Sidônio Palmeira, montou uma ofensiva de comunicação. A oposição tem usado o caso para desgastar a imagem de Lula. Um dos principais objetivos da equipe de Sidônio é passar a mensagem de que o governo vai garantir a devolução dos recursos desviados de aposentados e pensionistas durante as fraudes.
CURTAS
Armando toma posse – O advogado Armando Monteiro Bisneto assumiu, ontem, a presidência do Complexo Industrial Portuário de Suape. A cerimônia de posse, realizada no auditório do Centro Administrativo do Porto, reuniu diversas autoridades, como a governadora Raquel Lyra (PSD) e o presidente do Grupo EQM e fundador da Folha de Pernambuco, Eduardo de Queiroz Monteiro. Armando Monteiro Bisneto, 44 anos, substituiu o carioca Marcio Guiot, que estava no cargo desde fevereiro de 2023.
Zazá prestigiou – Muito ligado ao ex-senador Armando Monteiro, pai do novo presidente de Suape, o deputado estadual Izaías Régis (PSDB) prestigiou a posse. Para o parlamentar, a escolha de Armando Monteiro Bisneto representa um reforço na profissionalização e eficiência da gestão pública estadual. “Armando reúne competência técnica, visão estratégica e um preparo admirável para conduzir Suape, que é o coração logístico e industrial de Pernambuco. Tenho certeza de que sua liderança será fundamental para atrair novos investimentos e consolidar o crescimento sustentável do nosso Estado”, declarou Izaías Régis.
Dois palanques – A vereadora do Recife Liana Cirne (PT) afirmou, ontem, que o cenário ideal para o PT em Pernambuco nas eleições de 2026 seria a existência de dois palanques de apoio ao presidente Lula (PT): um liderado pelo prefeito do Recife, João Campos (PSB), e outro pela governadora Raquel Lyra (PSD). Em entrevista à Rádio Folha 96,7 FM, Liana destacou que essa construção dependerá das movimentações da própria governadora.
Perguntar não ofende: quanto tempo Collor vai ficar preso?
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