Quem vai comandar o orçamento da Educação, o maior de Pernambuco?
Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog
A política pernambucana está atenta esta semana às mudanças que a governadora Raquel Lyra (PSDB) fará na sua equipe. A Secretaria da Educação é o espaço de maior visibilidade no qual haverá uma nova indicação. É grande a expectativa da classe política e das pessoas ligadas a essa área para saber qual será o movimento que Raquel vai fazer ao escolher um nome para assumir a pasta.
O orçamento da Educação é o maior entre todas as secretarias estaduais. Somente para 2025, o valor chega a R$8,5 bilhões. O montante supera o orçamento dos municípios do Estado e se aproxima do orçamento de 2025 da Prefeitura do Recife, que é de R$9,2 bilhões.
Para além do poder econômico da Educação, está a capilaridade indiscutível da pasta, que possui cerca de 40 mil funcionários espalhados por Pernambuco, sendo 30 mil professores, e conta, ainda, com sete secretarias executivas e 16 gerências regionais. São 1550 escolas administradas pela rede estadual.
Leia maisSem dúvida alguma, é um espaço de muito prestígio e que faria brilhar os olhos de qualquer político. Agradaria qualquer partido. Quem assumir terá a chance de ter contato com todas as regiões do Estado.
Mas a governadora precisa ser muito estratégica nessa escolha, tanto pelo imenso poder que ela vai dar ao próximo secretário ou secretária, quanto pelo pouco tempo que tem para mostrar resultados. Como a secretaria é gigante, a próxima pessoa que assumir vai levar um tempo para assimilar o tamanho e as especificidades da rede, caso nunca tenha passado por lá.
É natural que o novo titular da pasta demore alguns meses para compreender e começar a destravar o trabalho. Mas, depois de dois secretários terem saído em dois anos de gestão, essa demora pode impactar nas entregas de Raquel Lyra para a área. Daqui que chegue alguém, se acomode, entenda e comece a enfim prosseguir com as demandas, acabou 2025 e chegou o ano eleitoral de 2026 sem ter o que mostrar.
RAQUEL NÃO GOSTA DE SOMBRA – Desde a semana passada, quando surgiu a notícia da demissão do ex-secretário Alexandre Schneider, o nome do deputado federal Mendonça Filho (União Brasil) tem circulado nos bastidores como cotado para a substituição. Fontes ligadas ao Palácio afirmaram a este blog que não entendem o motivo de a governadora ainda não ter anunciado Mendonça como novo secretário, já que ele entende da área, porque já foi ministro da Educação, é leal a ela e ainda resolveria uma parte do União Brasil na base do governo tucano. É simples: Raquel não gosta de sombra. Desde o início da escolha do seu secretariado, ela não optou por nenhum nome que fosse maior do que o dela, ou que tivesse a possibilidade de fazer sombra para ela. O perfil da governadora é de quem prefere que o Governo gire em torno do próprio nome, sem holofote para nenhum subordinado.
Sem espaço para brilho próprio – O currículo de Mendonça Filho é bem conhecido dos pernambucanos. Foi vice-governador do Estado e candidato a governador. É mínima a chance de Raquel o escolher para a Educação. Pode acontecer? Pode, porque só a governadora sabe o que se passa na própria cabeça. Mas seria uma exceção ao que ela tem demonstrado.
Nomes ligados à política, mas com perfil técnico – Até agora, as escolhas de Raquel para a Educação foram nomes técnicos, mas que também guardavam ligações políticas. Na primeira aposta, com Ivaneide Dantas, agradou ao grupo dos Ferreira de Jaboatão dos Guararapes (RMR). Ela havia sido secretária da mesma área na gestão do ex-prefeito Anderson Ferreira (PL). A segunda jogada da governadora, Alexandre Schneider, fez um gesto ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, já que ele foi secretário de Educação em São Paulo na gestão de Kassab.
Débora Almeida – Ontem (13), outro possível nome cotado para a pasta passou a circular nos bastidores da política, o da deputada estadual Débora Almeida (PSDB). A parlamentar é uma fiel escudeira de Raquel Lyra na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Por isso mesmo, algumas fontes ligadas ao blog duvidam que Raquel possa abrir mão de Débora na Casa. Atualmente, ela é presidente da Comissão de Finanças. Mas tem experiência em gestão, já que foi prefeita de São Bento do Una, no Agreste. A deputada também é advogada por formação e procuradora federal.
João Paulo diz que não quer – Já o deputado estadual e ex-prefeito do Recife, João Paulo (PT), apesar de também ter o seu nome circulando e ganhado força nos últimos dias para eventualmente ocupar a Educação, disse que não quer a vaga e que está muito bem na Alepe. “Não há um desejo meu de ser secretário. Esse é o melhor mandato que já fiz, reconhecido pela luta em defesa dos trabalhadores, da moradia, da saúde e educação para o povo pernambucano”, afirmou em nota postada no Instagram, ontem.
CURTAS
PT não faz oposição a Raquel – Em conversa com este blog, ontem, João Paulo disse que o seu nome sempre aparece nas especulações políticas, já está acostumado. O parlamentar defende que o Diretório Estadual do PT reveja seu posicionamento oficial de oposição a Raquel Lyra, já que na prática o partido não está contra ela. “Os dois senadores (Humberto Costa e Teresa Leitão) não fazem oposição. O deputado federal Carlos Veras, também não. Os estaduais e as vereadoras (Liana Cirne e Kari Santos), também não”, destacou.
Por falar em educação – O presidente Lula (PT) sancionou sem vetos o projeto que limita o uso de celulares nas escolas públicas e privadas de todo o País, ontem. A nova lei proíbe o uso dos smartphones durante a aula, mas também no recreio ou nos intervalos entre os cursos. O texto da lei determina que a regra vale para educação básica, que abrange pré-escola, ensino fundamental e ensino médio. A sanção ocorreu em cerimônia fechada no Palácio do Planalto, com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, e de outros ministros, secretários e profissionais da área, além da primeira-dama, Janja da Silva.
Nordeste nota mil – Um estudante de Pernambuco tirou nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, segundo o ministro da Educação, Camilo Santana. Em todo o Brasil, foram 12 notas máximas na produção do texto dissertativo-argumentativo, que teve como tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. O Nordeste teve cinco notas 1.000. Além de Pernambuco, alunos de Alagoas, Ceará, Maranhão e Rio Grande do Norte receberam a pontuação máxima na redação.
Perguntar não ofende: o Governo Raquel Lyra vai ter tempo de entregar algum resultado concreto na Educação?
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