O Futuro do PT: uma reflexão sobre renovação e oportunismo

Por Renato Fonseca*

É alarmante o estado em que o PT se encontra atualmente. O partido que outrora simbolizava a luta das classes trabalhadoras parece ter se perdido em alianças pragmáticas e oportunistas. Com o afastamento das bases populares, especialmente nas periferias, a extrema direita conseguiu enraizar-se rapidamente, ocupando o vácuo deixado pelo PT.

O resultado? Uma derrota esmagadora nas eleições de 2024, com o partido elegendo pouco mais de 200 prefeitos em todo o Brasil. O apoio a candidaturas de esquerda foi quase nulo, enquanto Lula, o atual presidente, fez aparições esporádicas, limitando-se a comparecer apenas duas vezes em São Paulo.

No Recife, o cenário é igualmente desolador. O PT tinha três vereadores e, neste ciclo, perdeu uma cadeira, conseguindo eleger apenas duas vereadoras: Liana Cirne e Kari Santos. Figuras históricas como Osmar Ricardo e Professor Jairo Brito, que já ocuparam mandatos importantes na câmara municipal, ficaram de fora.

Essa perda de espaço reflete não apenas a fraqueza do partido, mas também a influência das alianças que prevalecem nas decisões internas, até mesmo na hora de dividir o fundo partidário. Os aliados recebem mais, criando um cenário em que “tudo para os meus e nada para os outros” se torna a norma.

Além disso, a retaliação dentro do partido é uma prática comum. Aqueles que não obedecem às diretrizes da cúpula enfrentam expulsões. Eu mesmo posso ser expulso por expressar essas opiniões, o que é uma ironia triste, pois o PT nasceu da rebeldia e da luta contra o autoritarismo. Quando o partido adota essa postura, perde sua essência e se distancia de suas raízes.

No Estado de Pernambuco, a situação é ainda mais preocupante. Sob a liderança de Doriel Barros e a influência de Humberto Costa, o partido perdeu o protagonismo e se tornou um espectador passivo. A tentativa vexatória de assegurar a vice na chapa de João Campos (PSB) culminou em uma derrota humilhante, mostrando que o PT não só se afastou das suas raízes, mas também se comprometeu a perder espaço no debate político.

Alianças com figuras, como Yves Ribeiro e Elias Gomes, que ingressaram no partido apenas para disputar eleições, revelam um oportunismo preocupante. André Campos, que havia abandonado o PT para se juntar ao PSB, agora retorna ao partido, levantando dúvidas sobre suas intenções.

Outro aspecto crucial a ser considerado é a idade de Lula. Embora seja o atual presidente, é inquietante perceber que poucos falam sobre a sucessão de Lula. Ele não é eterno. O que será do PT e da esquerda quando não puder mais ser candidato? Por que é tão difícil discutir a renovação no campo da esquerda? Essa falta de diálogo e promoção de novas lideranças é um sinal claro de que o partido está se afundando em suas próprias tradições sem olhar para o futuro.

Ademais, o PT tem se aliado a partidos que no passado votaram pelo impeachment de Dilma Rousseff, sem qualquer crítica. Essa estratégia levanta questões sérias: até onde o PT está disposto a ir em nome do poder? Quem será capaz de substituir Lula e conduzir o partido em direção a um futuro que já parece incerto?

É hora de refletir profundamente sobre esses pontos. O PT precisa urgentemente resgatar sua essência, revitalizar suas bases e abrir espaço para novas lideranças que possam dialogar com as demandas da sociedade contemporânea. Se não fizer isso, corre o risco de se tornar um mero apêndice de uma política de poder, esquecendo-se das lutas e dos valores que o tornaram um símbolo de esperança e resistência. O futuro do PT e da esquerda brasileira depende dessa transformação. Precisamos nos perguntar: o que faremos para garantir que o legado de luta e transformação social continue a ser uma prioridade?

*Militante petista

Por José Adalberto Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – Na era da ditabranda, a Arena foi chamada de “O maior partido do Ocidente”. Era o partido dos grotões dos coronéis do Nordeste, este Nordeste das culturas do atraso. Coronéis de fancaria (não de títulos do Império) eram donos de fazendas e terras inúteis e de rebanhos de gado magro para ostentar poder. Na verdade, viviam pendurados nas mamadeiras dos cofres públicos. Estas eram as fontes do mandonismo.

A Arena, santo de pau oco, estava infestada de fungos. Todo poder malévolo atrai parasitas. A seita vermelha hoje está contaminada por sanguessugas, carcarás, cupins, serpentes e outros insetos da fauna comunista. A seita é um vírus mutante. O globalismo é o novo nome do urucum vermelho de guerra.

Falar que o Petrolão petista foi a maior corrupção da história é pleonasmo, é conjuntivite na vista. O ovo da serpente continua entranhado nos intestinos da seita.

Brizola, o Briza, que não alisava ninguém, foi injusto ao chamar o guru da seita vermelha de sapo barbado. Os sapos são criaturas adoráveis e do bem. “Debaixo do poste de iluminação os sapos engolem mosquitos”, cantou o poeta Manuel Bandeira. Também não deve ser chamado de “bode rouco”, porque os bodes são valentes e trabalhadores. Ele tem a voz de taboca rachada. Os bodes, as cabras e os pais de chiqueiro são os heróis sertanejos. A voz rouca é o charme deles.

Louis Armstrong, o grande cançonetista das Américas, inspirou-se nos bodes roucos e pais de chiqueiro do Sertão nordestino para entoar suas melodias. Era chamado Satchmo – O Bocão. Antes, deveria ser conhecido como o Pai de Chiqueiro das Américas, um título mais poético. A maravilhosa musa Janis Joplin é a versão feminina do bode rouco. Ouvir Janis é pura emoção. Elza Soares foi a voz das mulheres no estilo dos bodes roucos. Ela é a nossa Janis Joplin. Beleza de voz. Viva Janis! Viva Elza!

O guru da seita do cordão encarnado mais parece um lobisomem vermelho, um gafanhoto ou escorpião escarlate.

Prefiro mil vezes ouvir o relinchar dos jumentos ou o canto dos pais de chiqueiro sertanejos que os grunhidos dessa catrevagem que pulula no Rock in Rio e no Lollapalooza. Questão de sensibilidade artística, modéstia à parte. Relinchar é uma arte. Esta é minha tese de doutorado, em homenagem ao jumento nosso irmão, no dizer de Gonzagão, o rei do baião.

O sonho de consumo do guru vermelho é ser transformado num faraó, tipo o Ramsés do Egito. Com aquela voz cavernosa e perto da idade centenária, falta apenas ser mumificado. A cuidadora contou que foi “abrido” o livro dos “cidadões”.

“A última flor do Lácio inculta e bela”, assim cantou o poeta Olavo Bilac. O idioma português originou-se na região do Lácio, na Antiga Roma, derivado do Latim popular. Hoje a flor do Lácio está sendo maltratada por uma cuidadora inculta e não bela.

*Periodista, escritor e quase poeta

Por Clara Ant*
Para o Poder 360

Completou-se na segunda-feira (07) o aniversário de 1 ano do ataque do Hamas a civis israelenses numa área de fazendas coletivas fronteiriças à cidade palestina de Gaza. Ação brutal que teve como alvo famílias de moradores israelenses cujas relações cotidianas de vizinhança com famílias de moradores palestinos eram estreitas.

Centenas de jovens que se divertiam numa festa rave foram também vitimados. Nesse único dia, o Hamas massacrou, torturou, estuprou e queimou vivas mais de 1.000 pessoas, entre elas: crianças, mulheres e idosos. Sequestrou mais de 200! As imagens desse episódio foram registradas pelo próprio Hamas e divulgadas em todo o mundo.

De lá para cá, o governo israelense desencadeou uma ofensiva com o objetivo declarado de eliminar o Hamas. Mas o que foi anunciado como uma retaliação transformou-se em destruição de bairros inteiros e deslocamento de centenas de milhares de civis palestinos que vivem em condições precárias de moradia, sem água potável, comida, escolas e hospitais.

O assassinato de mais de 40.000 pessoas, crianças, mulheres, idosos, vitimadas por um tipo de castigo coletivo, prática que fere o Direito Internacional Humanitário, supera em milhares o número de combatentes do Hamas.

Apesar dos alertas e esforços de diferentes países, isoladamente ou na ONU (Organização das Nações Unidas), como o Brasil, que tentou mais de uma vez pautar o cessar-fogo e o diálogo, o conflito se intensificou e já é tratado como potencial início de uma guerra regional frente à escalada de Israel rumo ao Líbano e a entrada do Irã, que atacou diretamente Israel e dá sustentação a grupos extremistas como o Hezbollah e os houthis.

É preciso ainda registrar a agressividade de parte dos colonos extremistas israelenses, estranhamente impunes na expansão dos assentamentos já condenados pelo Direito Internacional, aproveitando o foco em Gaza para martirizar ainda mais a vida dos palestinos na Cisjordânia. Extremistas palestinos também martirizam, matam e ferem israelenses no cotidiano, como se viu há pouco nas proximidades de Tel Aviv e de Beer Sheva, o centro mais importante do sul do país.

A questão que se coloca é se o terror e a guerra podem substituir o diálogo e a diplomacia para conduzir a região para a paz e para a convivência entre todos. Mesmo se o conflito tivesse começado recentemente, seria possível acreditar em uma solução como a alegada por Netanyahu e possivelmente aprovada por uma parte dos israelenses, já que são eles que vivem debaixo da rota dos mísseis dos iranianos, do Hamas, do Hezbollah e dos houthis?

Antes do atentado de outubro de 2023, Netanyahu já era alvo de manifestações semanais, quando milhares de israelenses cobravam sua renúncia. Em 2024, os mesmos manifestantes, mais os familiares dos reféns e ativistas pela paz, têm como pauta o resgate dos reféns e o cessar-fogo.

Curiosamente, alguns líderes da comunidade judaica brasileira preferem ignorar a mobilização dos israelenses e dedicar seu tempo a justificar a ação nociva do primeiro-ministro, ao mesmo tempo que hostilizam o governo brasileiro e sua política externa.

O que dirão esses líderes da proposta de paz que acaba de ser divulgada por Ehud Olmert, ex-primeiro-ministro de Israel, e Nasser Al Kidwa, ex-chanceler da Autoridade Palestina? Vale recordar que nos anos 1990, Netanyahu saiu às ruas contra os acordos de paz de Oslo, ocasião em que ele pedia, sim, atenção: a morte de Rabin, o líder das negociações de paz. Netanyahu é um vitorioso da morte e um negacionista da paz.

*Judia, filha de pais sobreviventes do Nazismo. Autora do livro “Quatro Décadas com Lula”. Assessora Especial do Presidente da República

Por Claudemir Gomes

A Era da Comunicação, como é chamada a nova ordem, por si só, explica uma enxurrada de besteirol que vemos nas redes sociais, rádios, televisão… A verdade é que tem muita gente se achando, sem ter condição de achar nada. Mas não adianta nadar contra a maré. O silêncio é o que existe de mais sábio a ser feito por um cidadão que tem um pouco de discernimento.

Os mestres do achismo atacam em todas as vertentes. O futebol, que segue sendo uma das maiores paixões do brasileiro, não poderia ficar de fora deste contexto em que os pitaqueiros são tratados como reis, e até fazem fortunas como influencers.

Vez por outra, até os profissionais experientes “dançam na maionese”. Recentemente, numa dessas mesas redondas da ESPN, com direito à presença de um ex-jogador tetracampeão, e jornalistas com várias coberturas de Copa do Mundo no currículo, o assunto dominante em mais de 15 minutos de programa foram as escorregadas dadas pelo jovem atacante Savinho durante uma coletiva de imprensa.

O rapaz de 20 anos, que começou sua carreira nas divisões de base do Atlético Mineiro, e atualmente está vinculado ao Manchester City, caiu em desgraça quando, do alto de sua sinceridade, revelou que não havia visto os últimos jogos da Seleção Brasileira. Vale lembrar que ele reside na Inglaterra, onde a diferença de fuso horário para o Brasil é de 5 horas. Sendo assim, quando um jogo é disputado aqui às 22 horas, lá já são 3 horas do dia seguinte.

Confesso que, em dado momento, pensei que estivesse vendo todos os “idiotas” que assustavam o mestre Nelson Rodrigues. Fiquei sem saber se o rapaz estava sendo entrevistado para um emprego na emissora de televisão, ou concorrendo a alguma cadeira da Academia Brasileira de Letras.

Ora! O que se deve exigir de um jogador que é convocado para defender a Seleção Brasileira de Futebol é que ele apresente um bom futebol, nada mais que isso. Tal como fez o Rivaldo no Mundial de 2002, quando foi um dos maiores protagonistas da conquista do penta. O craque pernambucano era terrível na comunicação, mas superava a tudo e a todos com a bola nos pés.

Nunca vi nenhum professor de oratória, nenhum imortal da ABL ou nenhum grande comunicador ser convocado para jogar na Seleção Brasileira. O problema do time comandado por Dorival Júnior não é de linguística. Tudo começa pela gestão da CBF que há muito tempo permite a farra dos empresários que empurram jogadores de qualidades discutíveis nas convocações.

Não existe nada mais melindroso nesse País do que a convocação da Seleção Brasileira. Dizem que é pior até do que insultar o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Entretanto, entra técnico, sai técnico, presidentes da CBF são trocados, mas o conluio dos empresários se mantém firme. É algo imprescindível na liturgia da entidade.

Mas é mais fácil espinafrar um jogador por conta do seu português ruim. A turma do achismo é tão amarga quanto um gol contra.

Por Vinicius Labanca*

Quem diria que uma das cidades mais politizadas do mundo, transbordando intelectualidade e conhecida por sua irreverência e independência, veria um jovem líder como João Campos se destacar de forma tão expressiva?

Ontem, João Campos se consagrou como o grande vencedor, não apenas de uma eleição, mas de corações e mentes. Vimos a história ser escrita por um cara que superou desconfianças, reacendeu o otimismo e trouxe a promessa de dias melhores, não só para o Recife, mas para todos os pernambucanos.

Essa vitória é fruto de muito trabalho e coragem. Paradigmas foram quebrados e um novo caminho foi traçado. João, com sua liderança ousada, coragem para inovar e sensibilidade única, não apenas venceu uma eleição – ele transformou expectativas em conquistas, provando que um futuro mais justo e cheio de oportunidades é possível. Agora, Recife e Pernambuco seguem com confiança renovada, prontos para o próximo capítulo de sua história.

O “João do TikTok”, “João Mídia”, “João do Insta” mostrou que é madeira de lei que cupim não rói. Aqueles que insistirem em duvidar do nosso “João do Povo” vão continuar se surpreendendo, porque ele é o presente – e será o futuro do Brasil.

Prefeito reeleito de São Lourenço da Mata*

Por José Adalberto Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – Nesta minha vida avançada, eu, um velhinho de 95 anos de idade, testemunhei nas eleições deste ano o início da decadência do partido da seita vermelha. Adeus, mundiça!

Eleições produzem fenômenos e ondas. Eduardo Campos foi um fenômeno que se consolidou nesta Capitania da Nova Lusitânia e irradiou sua liderança em todos os quadrantes. João tem o DNA ousado e gastador do pai. É jovem, competente e trabalhador. Mas transporta um contrapeso: o vice dele, amigo de jornadas juvenis estudantis, é um militante da seita comunista do B. Sendo João eleito e depois saindo da PCR para disputar o Governo do Estado, o menino ortodoxo da caterva vermelha irá assumir a cátedra da Prefeitura. A seita do B não tem voto, mas tem lobby.

Comunistas do B são animais políticos de cabeça feita e não abrem nem para os mísseis das Forças de Defesa de Israel. Ainda hoje, defendem as ditaduras da Venezuela, Cuba e Nicarágua.

São simpatizantes in pectore do Hamas e do Hezbollah. Alguém poderá dizer que essa ladainha é antiga, vem dos tempos da Guerra Fria. Eu desafio qualquer macho, fêmea, transgênero ou LGBTQIA+ a provar que estou mentindo.

Apagaram o candeeiro, derramaram o gás. O tocador de fole esqueceu a proverbial sentença de que a ilusão eleitoral é pior do que a ilusão do amor. Sua ausência irá preencher uma grande lacuna.

Mesmo havendo o sermão de que a vida é um fator local, o Brasil está de olho em São Paulo. O aventureiro Marçal é a nova versão, menos criativa, de Jânio Quadros. O bicho é ousado. A noviça rebelde, a batatinha Tabata Amaral, é muito verde para ser maquinista daquela locomotiva. Ela é verde com uma demão infravermelha. Zeus nos livre daquele comedor de bolos, uma eclosão da serpente comunista, profissional da vagabundagem ideológica.

A cadeirada do locutor saiu pela culatra. Se o cara tivesse ao menos desmaiado ou sofrido traumatismo craniano para sair de maca do auditório, poderia conquistar muitos votos. Seria consagrado como herói da resistência democrática e renderia muito ibope para a emissora. Mas a cadeira não era de madeira de lei que cupim não rói, diz a canção de Capiba, era de uma madeira tipo mulungu ou aglomerado. O prefeito Ricardo Nunes é a mesmice consagrada. Alea jacta est, como dizem os intelectuais, a jaca está lançada, ou, a sorte está lançada.

Eleições agora, c’est fini. A partir de janeiro, tudo muda para continuar como antes, na expressão do pensador italiano Tomasi de Lampedusa. No final do ano haverá a farra dos Réveillons. Os prefeitos irão contratar artistas cafuçus com cachês exorbitantes para raspar os cofres municipais. Dirão que a mundiça delirou, delirou.

Os ex-prefeitos irão passear em Paris e New York para recuperar as energias, exaustos de tanto trabalhar pelo povo. Os novos prefeitos, se adversários, dirão que encontraram os municípios falidos. Todos os funcionários comissionados da administração anterior serão demitidos em nome da moralidade administrativa e os novos prefeitos irão contratar o dobro de cabos eleitorais e parentes de suas corriolas.

*Periodista, escritor e quase poeta

Por Cláudio Humberto*

O governo quer aproveitar o incidente com o Aerolula, após decolar do México na terça (1º), para “descongelar” a compra de outra aeronave, como Lula (PT) quer: zerada, maior, mais confortável e muito mais cara. Ainda sem nada por dentro, o novo “palácio voador” pode custar mais de US$80 milhões, quase R$500 milhões. Para instalar acomodações e “decoração”, a previsão é de R$200 milhões a mais. A estimativa leva em conta o Airbus A-330/200, que o governo quase adquiriu há um ano.

Sem esperar muito

Encontrado na Suíça, o Airbus A-330/200 era o único disponível no mercado para entrega imediata. E Lula não precisaria esperar muito.

Como um xeique

Usado por xeiques e príncipes árabes, o “palácio voador” tem suíte com chuveiro, gabinete privado, sala de reuniões e 100 assentos de 1ª classe.

Excesso contido

A compra quase foi fechada em setembro de 2023, mas o déficit primário até então de R$71 bilhões e o medo das críticas “congelaram” o negócio.

Medo presidencial

O avião com Lula e mais 15 pessoas voou em círculos por 5 horas, só com uma turbina e descartando querosene. Houve pânico a bordo.

Do Diário do Poder*

Por João Humberto Martorelli

A advocacia, que pena, tornou-se um grande negócio. Com o acesso à justiça facilitado pelos recursos facultados ao jurisdicionado pela Constituição de 1988, o Código de Defesa do Consumidor abrindo uma porta enorme para a multiplicação de litígios, o novo aparato da Fazenda Pública e diversos outros fatores.

Aliando-se a isso tudo a multiplicação de faculdades de ensino jurídico no país, que despejam no mercado anualmente milhares de profissionais, o número de processos explodindo, as empresas, de modo geral, viram-se obrigadas não só a montar departamentos jurídicos eficientes, mas a terceirizar as defesas com grandes escritórios de advocacia.

No início da década de 90, eram poucos os escritórios no Brasil que tinham estrutura empresarial adequada para atender as demandas, mas, aos poucos, eles foram aparecendo e construindo um ambiente em que, mercê da enorme necessidade de capital para fazer os investimentos necessários, sobretudo em pessoal e tecnologia, criou-se uma mentalidade diferente no meio jurídico.

Multiplicaram-se as grandes estruturas empresariais de advogados, formando-se sociedades que são verdadeiras corporações, algumas delas já superando a casa do bilhão de faturamento.

Replica-se, sobretudo no Sudeste e particularmente em São Paulo, o modelo norte-americano: o advogado detém o core business, agregando-se à estrutura profissionais de diferentes áreas, nomeadamente de tecnologia da informação, auditores, contadores, experts em engenharia, psicólogos, administradores e muitos mais.

Em razão do crescimento dos escritórios, começam a surgir as mais estapafúrdias ideias que podem levar ao desvirtuamento da advocacia como profissão liberal, de prestação de serviço pessoal, na qual está embutida a ideia de sacerdócio, dedicação, estudo, ética, compromisso com a justiça e com os princípios sagrados de defesa da sociedade, do Estado de Direito, da liberdade, da igualdade e da fraternidade.

As novas corporações despertam a cobiça e a ganância como valores maiores do que aqueles ideais ínsitos à profissão. Não é raro encontrar hoje em dia sócios controladores de grandes escritórios que deixaram de lado o saber jurídico e se tornaram empresários da advocacia, limitando-se a captar clientes sem zelo e sem ética na maior parte dos casos, comandar a organização em seus aspectos físicos, organizacionais e operacionais, mas sem nisso se incluir o saber jurídico que o habilite a comandar uma sociedade de advogados no que ela tem de mais essencial, a melhor técnica jurídica.

Haveremos de encontrar por aí quem não saiba manusear o Código de Processo, ou quem pense que o anteprojeto de Código Civil é para modificar o Código de 1916. Mas essa é a escolha de cada um.

O que me preocupa é que esses novos empreendedores não apenas querem fazer da advocacia um negócio, como já fazem, mas introduzir no ordenamento jurídico regras que desnaturam por completo a essência da profissão.

Já houve quem propusesse a possibilidade de os escritórios abrirem capital. Certo que é um exagero, e é certo também que o modelo existe em alguns países de direito anglo-saxão, mas essa ideia absurda é apenas a ponta do iceberg.

Está em curso no Congresso o Projeto de Lei 3.985/23, que propõe a alteração do Estatuto da Advocacia para permitir que profissionais com curso superior passem a integrar a sociedade de advogados.

Assim, aqueles profissionais acima citados que, atualmente, até podem integrar, como apoio, a estrutura de uma sociedade de advogados, passariam a poder deter o controle dessa sociedade, comprometendo irreversivelmente alguns atributos que são do advogado, e apenas dele, porque só ele, inclusive, é elevado ao mister constitucional de administração da justiça: o sigilo profissional, por exemplo.

A advocacia está correndo o risco de ser desmantelada pela nova mentalidade de negócio, e contra isso devemos nos insurgir da forma mais veemente.

Devemos lutar para manter a essência da profissão como prestação de serviço pessoal, comprometida com os deveres inerentes à profissão, e, longe de não poder o advogado progredir em seu escritório, que o faça sem perder o compromisso com a advocacia soberana e independente, livre do jugo do dinheiro.

Não tenho dúvida de que o lado certo da advocacia soberana e independente estará, nas próximas eleições da Ordem, com Ingrid Zanella, cujo compromisso com a essência da advocacia e a intransigência com aqueles que praticam a advocacia como negócio serão fundamentais na luta em defesa dos princípios de nossa profissão.

Por José Adalberto Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – O barão de Drummond, João Batista Viana, era um nobre de bom coração. Idos de 1892, na alvorada da República, mantinha com recursos próprios o jardim zoológico no Rio de Janeiro. O título de nobreza lhe fora outorgado no Império.

Saudades da Monarquia! Se não fosse o golpe de Deodoro da Fonseca, eu poderia hoje ser um nobre, tipo o Conde da Jaqueira ou o Marquês da Serra da Borborema. O blogueiro Magno Martins seria o Barão do Vale do Pajeú. A costela dele, Nayla, seria a Baronesa de Arcoverde. Mas, pobre de mim, eu sou apenas um algoritmo nas nuvens de silício da Internet.

Eu adoro meus pets, dizia o Barão enquanto cavalgava com seu cavalinho pocotó, pocotó, pocotó. Mas manter um zoológico custa caro. Ele não possuía uma empresa Bet para lavar dinheiro, nem era candidato para se locupletar das verbas do fundo partidário. O preço das rações estava cada dia mais caro no Carrefour e o capim gordura mais uma vez tinha subido de preço.

Ele tinha lido o livro Interpretação dos Sonhos de Sigmund Freud e de noite sonhou com o Baú da Felicidade de Silvio Santos. Entonces, criou Loteria dos Bichos, com 25 figurinhas de nossa fauna, de avestruz a vaca. Cada visitante do zoológico recebia um bilhete com a figurinha de um bicho e, se fosse sorteado, beleza!

O Barão de Drummond começou a ganhar muito dinheiro com o jogo do bicho. Comprou um jatinho 14-Bis de Santos Dumont e uma carruagem Ferrari, top de linha, movida a tração animal por seu cavalinho Pocotó, para dar um rolé nas ruas do Rio de Janeiro. O cavalinho relinchava de alegria.

VIVA ROBERTO! No percurso de mais de 60 anos de estrada, com talento, competência e muito trabalho, Roberto Carlos, um artista iluminado, se apresenta em shows seletivos e em seus próprios shows. Em tempo algum explorou recursos públicos em shows superfaturados de Prefeituras e Governos.

Neste tempo de Bets e riquezas mal-assombradas, sub-artistas cafuçus, zero talento e zero respeitabilidade, assinam contratos milionários para apresentação em Prefeituras pobres do interior e até em capitais, na base do ra-ra. O nome disto é corrupção explícita.

Essas arapucas de apostas eletrônicas praticam crimes de extorsão da economia popular. A sangria é grande e já afeta o endividamento da população. Rico não joga nas Bets. Essa invenção é um sumidouro de dinheiro dos pobres.

O MC Serginho escreveu um poema em homenagem à eguinha Pocotó, viúva do cavalinho Pocotó. Quanta delicadeza! “Vou mandando um beijinho/ pra filhinha e pra vovó./ Só não posso esquecer/ da minha eguinha Pocotó/ Pocotó Pocotó Pocotó. O jumento e o cavalinho/ eles nunca andam só/ quando saem pra passear/ levam a égua Pocotó/ Pocotó Pocotó Pocotó!”. Estou emocionado.

Viva o Barão de Drumond! Viva o cavalinho Pocotó! Viva a eguinha Pocotó! Viva eu! Viva tu! Viva o rabo do tatu!

*Periodista, escritor e quase poeta

Por Pablo Diego Veras Medeiros*

Alguns dos perfis que têm crescido bastante na Internet têm como conteúdo entrevistar profissionais de sucesso com a seguinte pergunta: “Como você fez para chegar até o lugar que está hoje?”. O mote principal é incentivar quem está começando, através do seu exemplo. Como primeiro advogado do meu núcleo familiar, filho do meio de cinco filhos, muitas vezes me perguntei como os grandes advogados e advogadas se tornaram referências.

A verdade é que os mais antigos pavimentaram suas histórias em um cenário muito diferente do atual, que, com a tecnologia e as redes sociais, exige do novo profissional cada vez mais.

Se antes era fácil passar no Exame de Ordem ou nos concursos públicos, hoje a hiperconectividade e o ambiente competitivo mudaram tudo. É por isso que a Ordem dos Advogados, em sua atual gestão, tem chegado tão perto de quem mais precisa: quem está começando.

Um ex-presidente da OAB-PE publicou um texto que expressa bem a arrogância de quem nunca precisou de ajuda na carreira. O ponto central do texto — convido todos a lerem — é: a gestão atual se tornou, nas suas palavras, “muito assistencial”.

Os comentários criticam a OAB de Pernambuco, destacando que há “muito assistencialismo”. Noutras palavras, demonstram raiva de quem ousou quebrar as correntes do próprio destino para fazer dar certo na advocacia de maneira ética, mesmo sem ter herdado uma carteira de clientes, como parecem os comentaristas.

Criticam, portanto, a atual gestão por trazer muitos serviços aos novos advogados, como capacitação contínua através de cursos e pós-graduações, programas de descontos no primeiro token, descontos na anuidade e espaços de coworking, do cais ao Sertão. Vale dizer que tal figura registra que mudou de lado por não se encaixar mais no grupo que ele teria construído há quase duas décadas e defende a renovação.

Pergunto: renovação para quem? Para um grupo que não sente as dores de quem está começando? Para um grupo que não quer largar as cadeiras que ocupou há quase duas décadas e não quer deixar jovens advogados ascenderem profissionalmente? Para um grupo que diz renovar, mas que nunca elegeu nenhuma mulher?

As fotos na galeria de ex-presidentes fazem a OAB de Pernambuco parecer um clube de homens, que poderiam ser da mesma família. Então, somente hoje, com os auspícios de a OAB -PE ser ocupada pela primeira vez por uma mulher que começou sua carreira do zero, atendendo em coworking, ladeada por outra, ambas professoras e advogadas, o ex-presidente achou que aquele ali não mais era o seu lugar. Faz todo sentido. Provavelmente não é mesmo.

Os cansados caciques, com textos e referências arrogantes à nobreza, não querem levantar para abrir espaço para uma gestão verdadeiramente renovadora, conduzida por uma advogada e professora que se importa com a advocacia, com o exercício profissional, com a capacitação contínua, e que sempre atendeu a todos — inclusive a este advogado e professor, que começou sua carreira atendendo em cafés e que, graças à gestão atual, as novas gerações não mais precisam passar por esse duro começo sozinhas.

A luta do momento é garantir que a OAB-PE continue a avançar, garantindo o exercício profissional, as prerrogativas da advocacia e abrindo portas para quem está começando, portas essas que antes eram abertas apenas para alguns. Isso, em resumo, é o que incomoda a dita renovação, composta, na verdade, por antigos chacais, feras feridas com uma embalagem (essa sim) renovada.

*Advogado, professor, doutorando e mestre em Direito.