“Simão Pedro, filho de João, tu me amas? Apascentai as minhas ovelhas!”

Por José Adalbertovsky Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – O Papa Leon 14 está rezando pela paz na Faixa de Gaza, na Ucrânia, na Caxemira, no Complexo do Alemão, na Tríplice Fronteira, na Cracolândia, na Cova do Onça, no Sambódromo e no Vaticano.  Milhões de fiéis também estão rezando e fazendo promessas pela paz na Muribeca, no Oiapoque, na Guiana, em Kiev. Infelizmente, os senhores das armas e das guerras não se comovem com piedosas orações.

Na hora do Angelus, declamada na Rádio Clube e Rádio Jornal, “hora da prece e do perdão, hora dos fidalgos e dos plebeus, hora dos cristãos a de todas as idades e dos filhos de Deus de ambos os hemisférios”, ao som da Ave Maria de Gounod, os fariseus despejam mísseis mortíferos nas casas, nos castelos, nos hospitais, nas igrejas e nos abrigos humanitários.

O americano-peruano Robert Francis Prevost foi ungido Papa Leon 14 por ter “cheiro de ovelhas”, assim anunciaram. Ser pastor de almas é missão gloriosa, ser pastor de verdade, não os fariseus mercadores de dízimos.

Falar em primeira Guerra Mundial (1914-1918) e segunda Guerra Mundial (1939-1945) virou um clichê hoje massificado. Qual o critério? Geopolítico? As principais guerras da humanidade sempre foram mundiais, desde o Império Romano, antes de Cristo, quando a terra era plana, até as guerras do Império Mongol, nos séculos 13 a 14, na Eurásia, China e Rússia. O diabólico Gengis Kkan, precursor das guerras bacteriológicas, foi o maior conquistador de impérios da história da humanidade.

Eu sempre fui terraplanista, modéstia à parte, pois gostaria de ter nascido na época da Renascença. A Terra ficou redonda depois das Navegações por culpa de Galileu Galilei, e desde então o mundo mudou para pior.

As guerras napoleônicas, no início do século 19, durante 12 anos, também foram mundiais.     

Jesus Cristo perguntou três vezes ao seu discípulo e ouviu a mesma resposta: “Simão, filho de João, tu me amas?” “Senhor tu sabes todas as coisas e sabes que eu te amo”. “Apascentai as minhas ovelhas!” As ovelhas estão em surto neste vale de lágrimas, de guerras, polarizações, de roubos e de rombos Previdência Social.

Neste reino de Pindorama, onde o amor venceu o ódio, as ovelhas do cordão encarnado querem prender, censurar e massacrar as ovelhas de outros rebanhos. Só haverá pacificação nacional, segundo as ovelhas vermelhas, quando todos os animais dissidentes forem silenciados, assim feito na Rússia do genocida Vladimir Putin.

O Papa João Paulo II tinha cheiro de santo guerreiro da paz. Ele sabia que os tiranos comunistas não se comovem com preces piedosas. Por isso ia lá nos territórios e fazia acontecer. Somente não desarmou o psicopata Fidel Castro. Daí o povo cubano ainda hoje vive na miséria e na escravidão comunista. O fanatismo comunista é uma doença mental perigosa e contagiosa.

O mundo precisa de um novo estadista para redimir os cubanos das trevas do comunismo, assim como na Antiguidade Moisés rompeu os mares e libertou o povo hebreu da escravidão.

*Periodista, escritor e quase poeta

Por Blog Tales Farias

A elite brasileira é tão conservadora que não aceitaria conviver com um governo chefiado pelo ex-presidente uruguaio que faleceu ontem.

Mujica impôs uma agenda marcadamente progressista. Tornou seu país o primeiro da América do Sul a legalizar a regulamentar o mercado da maconha.

Com ele, o Uruguai foi o segundo país do continente a aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Pepe Mujica, como era conhecido, também colocou o Uruguai à frente de vizinhos da região quando aprovou uma lei que garantiu o acesso ao aborto em hospitais públicos para mulheres até a 12ª semana de gestação. Legalizou o aborto.

Imagina se o governo Lula tentasse aprovar no Congresso alguma dessas leis. A elite política e econômica — e parte da mídia — certamente abririam guerra.

Essa gente mal aceitou uma mulher na Presidência.

Dilma Rousseff errou. Foi um desastre na articulação política e não foi bem na economia. Mas seu impeachment abriu um espaço para o conservadorismo que nos custou anos de retrocesso.

A morte de Mujica deve servir como um momento de reflexão para os conservadores.

Já aos líderes de esquerda ele ensina a humildade e austeridade que devem assumir quando estão no poder.

Enfim, o ex-presidente do Uruguai foi amplamente reconhecido por seu estilo de vida simples, sua retórica humanista e sua atuação firme em defesa da democracia, além dos direitos sociais.

Será uma boa companhia para o papa Francisco lá para onde foram os dois.

Por José Adalbertovsky Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – A Previdência Social tem know how em matéria de corrupção. Tá na veia. Tempos de 2016, um ex-ministro do Planejamento, a companheira dele e mais uma cambada de 12 camaradas viraram réus com base em investigações da Operação Custo Brasil, da Polícia Federal, desenvolvida para investigar operações criminosas em empréstimos a servidores públicos. Em seu ofício ministerial, sua excelência era especialista em planejar trambiques. A companheira dele, com mandato parlamentar, uma belezura, era um persona com moral mais ou menos ilibada. O menos ficara por conta das fraquezas humanas e desumanas. Tirando os defeitos, a belezura é uma ótima pessoa, diziam o marido e os pariceiros dela.

A bonitona foi escolhida para ser parceira do operador das operações não por seus dotes de eugenia e beleza, como se dizia antigamente nos concursos de Miss, e sim por sua fidelidade canina à seita vermelha, inclusiva aos desvios de conduta dos devotos da seita. Na defesa do indefensável, até justificou as patifarias do Petrolão, dizendo ser apenas uma bobagem. Assim vai levando a vida e passando bem, no ritmo da malandragem.

Encantado com a Lady da seita vermelha, o Véio do Pastoril Encarnado só faltou dizer que ela é mais bonita do que Lady Gaga, minha musa. Por final, eu pedi a mão da Mother Monster em casamento, mas ela disse que já tem pretendente e mandou eu ficar na fila. Se houver novidade, me avisa. Já entrei numa academia de música, e tô no aguardo. Por sinal, o show grátis da Mother Monster em Copacabana custou a bagatela de 3 milhões de dólares, igual ao show de Madonna. Quase a metade do novo rombo na Previdência Social. A Gaguinha disse que o Brazil deve ser um País muito rico.

A cada operação de crédito com os servidores, os goelas se apropriavam de uma “gorjeta”. Era tipo uma agiotagem debaixo das barbas do governo pelos figurões da República junto à Previdência. De grão em grão, o ministro e seus vivaldinos amealharam 100 milhões de reais. A Polícia Federal e o Ministério Público entraram em cena e enquadraram as quadrilhas. houve buscas, apreensões, prisões e ranger de dentes.

Depois, a indústria da impunidade acionou as turbinas… e deixa pra lá. A mundiça foi escalada para pagar a conta. Relegado à inércia, sem ter continuidade, ao fim de 10 anos o inquérito foi trancado pelo Superior Tribunal de Justiça. Os gatunos adoraram. Por essas e outras sempre se fala que a Previdência Social está com a bomba injetora intoxicada – tum-tum-tum – e caminha para sofrer um colapso cardíaco financeiro.

Claro que naquele episódio o prejuízo foi pago pelo Tesouro Nacional, ou seja, foi pago pelos pagadores de impostos. Esta é uma crônica atualizadíssima porque remete aos tempos presentes, e a história sempre se repete.

Eu viajei no meu jatinho particular para assistir aos shows da Mother Monster e de Madonna no Rio.

*Periodista, escritor e quase poeta

Por José Adalbertovsky Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – A mundiça da seita vermelha hoje proclama: anistia, never jamais, em relação à mulher do batom atômico aos depredadores do 8 de janeiro. Dizem que o batom atômico tinha uma potência de 15 megaton, mais que a bomba de Hiroshima, capaz de desestabilizar as instituições democráticas de Pindorama.

Fizeram uma coleta de 8 bilhões de denários na algibeira dos aposentados e pensionistas. A explosão, igual aos mísseis de Israel na Faixa de Gaza, aconteceu debaixo das barbas dos cardeais de Brasília (BSB tem mais cardeais que no Estado do Vaticano), mas os piedosos prelados disseram que eram apenas fogos de artifício em homenagem a São João dos carneirinhos. O monarca do Pastoril encarnado disse que se houve estragos a culpa era de Bolsonaro.

Nos anos 1990 a advogada Jorgina Freitas tornou-se figura lendária do reino da corrupção por fraudar o INSS em 310 milhões de dólares. Foi condenada a 14 anos de cadeia, não por usar batom na arte do roubo. Fugiu da cadeia e depois foi recapturada. Conquistou o direito do regime semiaberto por bom comportamento atrás das grades. Jorgina deixou um importante legado sobre corrupção nesta terra. A arte de roubar evoluiu bastante até os dias de hoje. Agora é questão de status.

Em sendo o escândalo da Previdência Social o novo Petrolão do Lunário número 3, espera-se que os devotos da seita vermelha façam campanha em favor da anistia aos golpistas do INSS. Sejam coerentes, bichos.

Criminalistas dizem que não existe o crime perfeito. Bobagem. O crime mais que perfeito é um produto a cada dia mais aperfeiçoado nesta Terra de Vera Cruz, a terra da verdadeira cruz. Também existe o milagre do crime sem autor. Nos idos de 2014 um dos expoentes da mega roubalheira na Petrobras profetizou que num futuro breve as histórias do Petrolão seriam consideradas piadas de salão. Acertou. Todos os expoentes daquela epopeia de corrução foram descondenados, até um descendente de Pedrálvares Cabral na Baia da Guanabara. Diz a sentença da bandidagem: “Se não está nos autos, não está no mundo”.

Num primeiro momento, as autoridades dizem com veemência que o caso será apurado com todo rigor, custe o que custar e doa em quem doer. Faz parte do enrolation. O indivíduo sangra, mata, esfola e confessa o crime com todos os detalhes, mas é sempre chamado de suspeito, para não ferir os seus brios. Se alguém tiver a ousadia de contestá-lo, mesmo que seja da família da vítima, será preso em primeira instância e processado por danos morais, com direito a indenização.

De grão em grão, até ser esquecido pela opinião pública, o crime será consumado sem autor, feito filho sem pai e mãe. Com amparo na legislação, a indústria da impunidade opera com muita eficiência. Aguardem este novo capítulo do mega assalto aos velhinhos e velhinhas da Previdência Social. Eu já coloquei as barbatanas de molho.

*Periodista, escritor e quase poeta

Por Celso Rocha de Barros
Da Folha de S.Paulo

Caro Senador Alessandro Vieira,

Respeito muito sua atuação parlamentar. Exatamente por isso, solicito os seguintes esclarecimentos, todos referentes ao seu projeto que reduz a pena dos criminosos do 8 de janeiro.

Seu projeto altera o Código Penal para reduzir as penas dos acusados de “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais” (artigo 359-L) e “tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído” (artigo 359-M) em casos em que o réu não participou da organização do crime e cometeu seus crimes “sob a influência de multidão em tumulto”.

A redução é bastante significativa: atualmente, as penas vão de quatro a oito anos (359-L) e quatro a 12 anos (359-M), o que já é bastante baixo para crimes que são sempre cometidos com o objetivo de, em caso de sucesso, cometer em seguida assassinato em massa de opositores, tortura de forma sistemática e censura à imprensa. O novo projeto reduz as penas para dois até seis anos (359-L) e dois a oito anos (359-M).

Senador, a aplicação do atenuante “situação de multidão” a esses artigos é obviamente errada. Influenciado pela multidão no 8 de janeiro, o réu pode ter cometido mais atos de depredação de patrimônio público, por exemplo; mas não foi aí que ele cometeu os crimes previstos nos artigos 359-L e 359-M.

O réu tentou abolir o Estado de Direito e depor o governo legitimamente eleito quando participou da invasão com o objetivo de convencer os militares a roubarem os votos de dezenas de milhões de brasileiros pobres que votaram em Lula para, em seguida, promover assassinato em massa dos opositores da extrema direita, tortura sistemática e censura à imprensa. Quem estava na praça dos Três Poderes em 8 de janeiro estava ali para fazer isso, mesmo se não tiver quebrado um único copo. Nenhuma multidão os arrastou de seus estados até a praça dos Três Poderes.

Seu projeto também prevê a absorção do crime previsto no 359-L pelo crime previsto no 359-M, isto é: se o sujeito for condenado aos dois, não cumprirá a soma das duas penas, só a pena do 359-M.

Não encontrei no projeto vedação a essa absorção no caso dos organizadores e financiadores do golpe e, para falar a verdade, não sei como evitar aplicá-la nesses casos se ela for estabelecida como regra geral.

É isso, senador? Seu projeto reduz a pena do Jair, do Braga Netto, dos planejadores do assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes? Ou há aqui algum dispositivo que eu não percebi?

Finalmente, o dispositivo que exige que as condutas dos réus sejam individualizadas é: (a) redundante com as normas gerais do direito ou (b) uma presunção de que estar presente no grupo que invadiu a praça dos Três Poderes para forçar uma intervenção militar não constitui individualização suficiente para os crimes do 359-L e do 359-M, o que, como demonstrado acima, é falso.

Senador, respeitosamente peço que o senhor esclareça minhas dúvidas. Se isso não for possível, peço que retire seu projeto. Anistia não é pacificação, senador. De onde eu e dezenas de milhões de brasileiros estamos olhando, anistia é uma declaração de guerra contra nós.

Editorial do Estadão

O presidente Lula da Silva finalmente demitiu o ministro da Previdência, Carlos Lupi, cuja permanência no cargo se tornou insustentável após a descoberta da extensão das fraudes em descontos nas aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Como costuma fazer em toda crise, Lula procrastinou na expectativa de que o escândalo esfriasse por conta própria, mas a negligência de Lupi, que já havia sido alertado do problema, deixou o governo exposto e sem respostas a dar a um público especialmente vulnerável, como é o caso de aposentados e pensionistas.

Para piorar, a oposição não teve dificuldade para conseguir as 171 assinaturas necessárias para protocolar um requerimento com vistas a criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o esquema. A decisão sobre a instalação da comissão caberá ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que poderá optar por priorizá-la ou deixá-la no fim de uma lista de 12 pedidos apresentados anteriormente

A demissão de Lupi parece uma tentativa de esvaziar o apelo da CPI do INSS. Para este jornal, no entanto, o tamanho da rapina mais que justifica a instalação da CPI.

De acordo com a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU), as entidades associativas receberam quase R$ 8 bilhões entre 2016 e 2024, dos quais R$ 2,848 bilhões apenas no ano passado. A maioria dos beneficiários não havia autorizado a cobrança das mensalidades ou acreditava que seu pagamento era obrigatório.

Tudo começou no governo Michel Temer, mas foi em 2022, durante a administração de Jair Bolsonaro, que o número de reclamações de beneficiários na Ouvidoria do INSS sobre esses descontos disparou. Pesa contra o governo Lula da Silva a demora em agir, a despeito de alertas feitos ainda em 2023 no âmbito do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) e também pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

A apuração, portanto, deve ser rigorosa e ir além deste governo, haja vista que 6 milhões de beneficiários foram prejudicados ao longo dos anos.

CPIs muitas vezes não dão em nada, mas podem abalar qualquer governo. A CPI da Covid, por exemplo, recomendou o indiciamento de 78 pessoas e duas empresas. Embora a Procuradoria-Geral da República não tenha aberto inquérito sobre os casos, a comissão foi exitosa ao expor a má gestão de Bolsonaro ao longo da pandemia e certamente lhe custou votos na eleição de 2022.

Tudo o que o enfraquecido Executivo não precisava neste momento era de um escândalo. O governo aparentemente havia conseguido interromper a queda da popularidade de Lula, mas, se ainda não está claro qual impacto o escândalo do INSS terá sobre a imagem do governo, é certeza que haverá algum.

A prioridade, agora, será lidar com o escândalo, cujos desdobramentos eventualmente podem ameaçar a reeleição de Lula. E os próximos passos vão depender menos da capacidade de articulação da oposição na Câmara do que da capacidade do Executivo de dar satisfações à sociedade.

E nisso, até agora, o governo foi muito mal. Em vez de demonstrar ser implacável com os desvios, entregou apenas as cabeças do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e de parte da diretoria do órgão e tentou poupar Lupi. Não funcionou. Alegou que foi sob a Presidência de Lula da Silva que a investigação começou, mas não convenceu ninguém. A atitude soou, no mínimo, como omissão.

Para piorar, uma das entidades envolvidas na investigação, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), mantém Frei Chico, irmão do presidente da República, em um cargo de direção. O Sindnapi multiplicou suas receitas de R$ 23,3 milhões em 2020 para R$ 154,7 milhões no ano passado.

Gerir o sistema previdenciário, mais que operacionalizar o pagamento dos benefícios, inclui a defesa dos direitos dos beneficiários, sobretudo daqueles em condições de vulnerabilidade, como idosos com doenças graves, indígenas de comunidades isoladas e pessoas com deficiência, que tampouco foram poupados. Tantas perguntas sem resposta apenas fortalecem a urgência da instalação da CPI.

Por Luiz Carlos Azedo
Do Correio Braziliense

Sepultado o projeto de anistia dos envolvidos no 8 de Janeiro de 2023 pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), o PP e o União Brasil, e o PSDB e o Podemos se movimentam para ocupar o espaço vazio na centro-direita, deixado pela inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, que convalesce ainda de uma grave cirurgia e está impedido de disputar as próximas eleições pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Mesmo que não venha a ser condenado no processo no qual é acusado de tentativa de golpe de Estado — além de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado —, Bolsonaro já é tratado como carta fora do baralho pelas principais lideranças desses partidos.

O ex-presidente da República está hospitalizado, em lenta recuperação da complexa cirurgia que fez para reconstituir a parede abdominal, porém mantém sua candidatura a presidente da República como um chapéu na cadeira, para não perder protagonismo. Tudo indica que pretende lançar em seu lugar um dos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está licenciado do mandato e se autoexilou nos Estados Unidos.

Outra opção seria a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, que ensaia uma candidatura ao Senado por Brasília. Por ora, Bolsonaro diz que seu candidato será o Jair, o Messias ou o Bolsonaro, pela ordem, o que sinaliza que pretende mesmo lançar alguém da família em vez de apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). As eleições de 2026 estão logo ali, e as demais forças políticas já se movimentam para ocupar o cenário político da centro-direita.

Federação
O União Brasil e o Progressistas (PP) anunciaram ontem a criação de uma federação partidária, que será registrada com o nome de União Progressista. Com isso, passam a ter a maior bancada na Câmara, com 109 deputados federais, 14 senadores, o maior número de prefeitos (1,4 mil) e o maior fundo de financiamento de campanha eleitoral do país, R$ 953,8 milhões em 2024, além de R$ 197, 6 milhões de fundo partidário. As federações partidárias são alianças verticalizadas, com duração de quatro anos, mas não implicam extinção ou fusão de partidos.

Além dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o senador Rogério Marinho (PL-RN) e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, aliados de Bolsonaro, compareceram ao lançamento da nova federação, no Salão Nobre da Câmara. Seu maior beneficiário é o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), cuja candidatura à Presidência em 2026 está fortalecida.

PP e União Brasil, de pronto, ampliaram o poder de barganha que terão no Congresso na relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de cujo governo participam. Entretanto, o recado de que vão para oposição foi dado pelos presidentes do PP, Ciro Nogueira (PI), e do União Brasil, Antonio Rueda, ao afirmarem que a responsabilidade fiscal e a responsabilidade social são os dois eixos de atuação da nova federação.

“Defendemos um choque de prosperidade, com medidas profundas no campo econômico e regulatório, que coloquem o Brasil em linha de competitividade com as nações mais eficientes do mundo”, diz o manifesto lançado pela nova federação. Nos seis primeiros meses de atuação, a federação terá uma presidência compartilhada entre Nogueira e Rueda, até que um novo presidente seja eleito. O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) pleiteia o cargo.

Fusão
Outra movimentação importante é a fusão do PSDB com o Podemos, aprovada ontem pela cúpula tucana, por unanimidade. Uma convenção nacional, marcada para 5 de junho, foi convocada para oficializar a união, que depende de aprovação do Tribunal Superior Eleitoral. O nome provisório da nova legenda é PSDB+Podemos. Com essa iniciativa, o PSDB pretende estancar o seu declínio político e consolidar seu movimento em direção ao centro, ao se unir a um partido que vem tendo crescimento, o Podemos.

Juntos, PSDB e Podemos terão 28 deputados federais, sete senadores, 405 prefeitos e três governadores, além de um fundo eleitoral de R$ 384,6 milhões e R$ 77 milhões em fundo partidário (números de 2024). “Até o início de junho, nós teremos uma nova configuração partidária dentro desse chamado centro democrático”, declarou o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, que preside o PSDB.

O governador gaúcho Eduardo Leite, que estava de malas prontas para deixar o PSDB e se filiar ao PSD, a convite de Gilberto Kassab, pode permanecer no partido para ser candidato a presidente da República. Essa é a aposta de Aécio Neves, líder histórico dos tucanos e um dos artífices da fusão. A governadora de Pernambuco, Raquel Lira, já migrou para o PSDB, e o destino de Eduardo Riedel, governador de Mato Grosso do Sul), ainda está indefinido.

A ideia de propor um projeto de lei que diminui as penas dos executores do 8 de janeiro e aumenta o tempo de prisão dos mandantes da tentativa de golpe avançou no Congresso Nacional.

O próprio presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), deve assumir a autoria da proposta, que foi costurada por seu antecessor, Rodrigo Pacheco (PSD). O acordo inclui a Câmara dos Deputados e o próprio STF (Supremo Tribunal Federal).

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), vê a proposta com bons olhos, como o blog do Octavio Guedes antecipou, e, no domingo, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, deu sinal verde para a mudança legislativa: “Redimensionar a extensão das penas, se o Congresso entender por bem, está dentro de sua competência”, afirmou. As informações são do g1.

O jornalista ainda apurou que, dentro do STF, a ideia encontra apoio da maioria dos ministros, entre eles o relator do processo, Alexandre de Moraes.

Caso aprovado, o discurso de que a anistia seria para os “peixes pequenos” — e não para os denunciados como mandantes do crime, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro — ficaria esvaziado.

Lula, segundo apuração de Octavio Guedes, não deve oferecer resistência a sancionar a lei, já que seria um gesto de pacificação.

O projeto de lei tanto pode diminuir de 1/6 a 1/3 a pena de réus de menor importância como considerar que não se acumulam as penas de golpe de Estado com abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Por José Adalbertovsky Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – O século 20 foi o século que deu à luz a grandes vultos da humanidade terrestre. E também foi o século de personagens das trevas que fizeram eclodir duas guerras catastróficas de dimensões globais. As guerras mundiais existiram desde quando o diabo está solto na terra, no Império Romano e no Império Mongol de Gengis Khan, a encarnação da besta-fera em forma de gente. (O infeliz do Gengis Khan disse de si mesmo: “Eu sou um flagelo de Deus, e se você não cometeu grandes pecados Deus não teria enviado um castigo como eu para a terra.”

“Eu não vim trazer a paz, eu vim trazer a espada”. “Maktub” – está escrito pelo evangelista Mateus. Os estudiosos dos livros sagrados dizem que esta é uma das frases mais controversas da Bíblia.

Numa definição simplista, seja dito que o século 20 foi o século das guerras e das vacinas. A vacina contra a poliomielite e a descoberta da penicilina, entre outros inventos maravilhosos, revolucionaram a humanidade.

A morte recente do Papa Francisco, Jorge Bergoglio de nascimento, suscita alguns comentários sobre um dos seus antecessores, o Papa João Paulo II (1978-2005), hoje consagrado como Santo, segundo os cânones da Igreja Católica.

O estadista João Paulo II foi considerado como a maior liderança espiritual do século 20 neste vale de lágrimas e de guerras. Ele foi um gigante que habitou entre nós.

Polonês de batismo e de crisma, Karol Wojtyla entronizou-se como o Papa João Paulo II em 1978 e seu pontificado durou 26 anos, até 2005. Foi um dos mais pródigos e fecundos Pontífices da Igreja Católica. Um sopro de Wojtyla, junto com outros líderes do século 20, ajudou a desmoronar o infame muro de Berlim e dissolveu a maldita cortina de ferro comunista no Leste Europeu. O legado histórico do estadista Karol Wojtyla foi sua influência decisiva para exterminar a seita comunista.

O Papa Francisco, batizado como Jorge Bergoglio, da ordem jesuíta, deixou a marca de humildade e bondade como discípulo de São Francisco de Assis, o santo que se dedicou aos mais pobres dos pobres e era fascinado pela exuberância da natureza, os passarinhos e a flora.  

Francisco de Assis foi uma luz que brilhou sobre o mundo, na definição de Sua Excelência o poeta Dante Alighiere.

O globalismo na religião tem o Cristianismo como plataforma com molhos ideológicos da esquerda marxista. Em suas peregrinações pastorais pelo mundo o chefe de Estado e líder espiritual Papa Francisco bateu um papo-cabeça com o ditador Fidel Castro em Cuba, trocou figurinhas com o energúmeno Nicolas Maduro na Venezuela e abraçou o cocalero e Evo Morales, na Bolívia, que lhe ofertou um crucifixo com o símbolo comunista da foice e martelo. Se eu fosse o Papa Adalbertovsky I, eu quebrava a peça na cabeça dele, pero sem perder la ternura, e diria “eu não sou da sua laia, herege Morales”.

Também esqueceu de visitar a Nicarágua, onde o ditador terrorista Daniel Ortega mandou prender um bispo, está torturando e perseguido a comunidade a comunidade católica.

“Miserere nobis!”

*Periodista, escritor e quase poeta

Por Osvaldo Lyra
Do Muita Informação

ACM Neto evitava Lula
Na campanha eleitoral de 2022, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto evitava bater no então candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva. Ataques ao líder petista representavam a perda de votos de parte do eleitorado baiano, que tinha o histórico de “endeusar” o ex-presidente do PT. No entanto, o cenário parece ter mudado e o ex-prefeito do União Brasil passou a bater forte no agora presidente da República.

Lula não assusta mais
Quem acompanha de perto a política sabe que a mudança de estratégia de ACM Neto passa diretamente pela fragilidade do mandatário e pela queda em sua avaliação em todo o país, sobretudo na Bahia, uma das principais trincheiras do PT. Pelo visto, o resultado das últimas pesquisas que mostram as fragilidades do governo federal serviu de combustível para o dirigente do União Brasil voltar sua artilharia para Lula. O entendimento é que “a magia acabou”, ou pelo menos, não representa mais a ameaça de perder votos junto ao eleitorado baiano.

Tentativa de desgastar
Basta olhar as últimas declarações de ACM Neto tentando desgastar Lula e seu partido. Todos nós sabemos que a eleição de 2026 na Bahia passará necessariamente pela disputa nacional. Com o presidente caindo na avaliação no estado que lhe garantiu a vitória no primeiro e no segundo turnos de 2022, o ex-prefeito e provável candidato do UB passou a “soltar o verbo” contra o presidente e o PT. O detalhe é que a queda na avaliação do governo federal impacta diretamente na reeleição do governador Jerônimo Rodrigues, que foi escolhido sob a batuta do líder maior do seu partido. O que se fala entre os políticos da oposição no estado é que “de nada vai adiantar o governador atuar politicamente para despistar as fragilidades da sua gestão”, até porque “Lula não é mais o mesmo e não terá o mesmo fôlego para embalar o candidato do seu partido”.

Agenda pelo interior
Dentro da estratégia de se consolidar como principal nome da oposição para 2026, ACM Neto anunciou, inclusive, que vai iniciar uma agenda de viagens pelo interior da Bahia. O objetivo, como disse no feriado na cidade de Santo Estêvão, é que as viagens marquem o início “de um novo ciclo de articulações políticas no estado”, com vistas às eleições do próximo ano. “Ainda esta semana vamos para Ilhéus, passaremos dois dias na região. A expectativa é que, a partir de agora, essas agendas aconteçam a cada 15 dias, ou mesmo semanalmente, a depender da velocidade dos ajustes que a gente vai fazer”, disse.

Ritmo intenso
No interior, ACM Neto já começou a propagar a maratona de viagens que pretende fazer nos próximos meses. “O começo ainda é de arrumação, mas a ideia é que o ritmo possa se intensificar, como fiz em 2021 e 2022”, explicou. O ex-prefeito de Salvador lembrou que, em 2021, a partir do segundo semestre, a agenda de viagens também foi turbinada. “Foram mais de 330 viagens na pré-campanha. Em 2022, foram 550 viagens, em mais de 330 municípios visitados. Vamos repetir, mantendo esse contato direto com o povo. Minha sustentação principal, aliança mais forte pensando em 2026, é com o povo da Bahia”, enfatizou.

Articulação para 2026
No último sábado (19), o ex-prefeito de Salvador recebeu em sua fazenda, no município de Cabaceiras do Paraguaçu, o deputado estadual Alan Sanches (União Brasil) e o empresário Ditinho Lemos, pré-candidatos a deputado federal e estadual, respectivamente. O encontro, que reuniu outras lideranças da oposição, teve como pauta central as articulações para 2026. Participaram também os prefeitos de Santo Antônio de Jesus, Genival Deolino (PSDB); de Santo Estevão, Tiago Dias (UB); Tote Fróes (UB), além dos deputados federais Leo Prates (PDT) e Dal Barreto (União Brasil) e do ex-prefeito de Governador Mangabeira, Marcelo Pedreira.

Reação ao apetite do PT
A decisão de ACM Neto, de dar início a uma agenda política no interior, é vista como uma reação à estratégia do governador Jerônimo de avançar sobre as bases oposicionistas no estado. Nos últimos meses, o petista intensificou a atração de prefeitos historicamente ligados ao União Brasil. Foi assim com Hildécio Meireles, de Cairu, e de Zé Cocar, de Jequié. Ontem, foi a vez de a prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos, também do União Brasil, ser recebida pelo governador e seu secretariado em audiência na Governadoria.

Avanços para Conquista
Na reunião de ontem, o governador Jerônimo Rodrigues discutiu com a prefeita Sheila Lemos pautas como a possibilidade de construção de uma nova maternidade ou de ampliação dos serviços de assistência neonatal no Hospital Esaú Matos. A reunião também contemplou temas como infraestrutura urbana e rural, além de medidas para melhorar o abastecimento de água em regiões que enfrentam dificuldades.

Investimentos milionários
O pacote de ações prevê investimentos milionários para atender demandas históricas do município. Só para a implantação de sete novas Unidades Básicas de Saúde (UBS) na cidade, a previsão é que sejam investidos cerca de R$ 20 milhões. No encontro, a prefeita tratou de dar uma conotação institucional, sem espaço para firulas políticas. “É fundamental que possamos discutir as necessidades de nosso município de forma clara e objetiva, buscando encaminhamentos que atendam aos interesses da população”.

Arrocho na Sefaz
Parece que as dificuldades nas finanças da Prefeitura de Salvador vão além do déficit na área de saúde. Segundo informação recebida pela Coluna Vixe!, a crise atinge também a Secretaria Municipal da Fazenda. Auditores fiscais da Sefaz estão desde o ano passado sem receber seus proventos, referentes à conversão da licença prêmio em pecúnia. “Mesmo com parecer favorável da Procuradoria Geral do Município e processo administrativo concluído, a secretária Giovanna Victer resiste em liberar os recursos”, como disseram dois servidores da pasta, ao relembrar o déficit da saúde de mais de R$700 milhões, que, somados a outros setores, passa de R$1 bilhão”. É muita informação!

O caminho de volta do PDT
Aliado do União Brasil em Salvador, o PDT está prestes a deixar a posição de independência no estado e voltar a se aliar ao PT. Segundo o presidente estadual do partido, deputado Félix Mendonça Júnior, as conversas com o governador Jerônimo Rodrigues estão acontecendo, através da articulação direta dos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Carlos Lupi (Trabalho). Na Bahia, o partido está na oposição aos governos petistas há mais de dez anos. A expectativa, inclusive, é que as tratativas avancem nos próximos dias já que, no dia 2 de maio, Lupi estará em terras baianas, quando deverá formalizar o ingresso do partido na base governista.

Base será ouvida
Antes disso, a executiva do PDT deve realizar um encontro para ouvir prefeitos e lideranças da sigla, antes de bater o martelo sobre a mudança de lado na política. Segundo Félix, entre os pedetistas o sentimento é que os prefeitos deverão reafirmar o desejo de marchar com o PT em 2026. Na eleição de 2022, o partido de Lupi apoiou a eleição do ex-prefeito ACM Neto. No entanto, a relação entre o dirigente e o possível candidato do União Brasil azedou. O ápice da crise foi a mudança da agora prefeita de Lauro de Freitas, Débora Regis, que deixou o PDT para disputar a última eleição pelo União Brasil. A movimentação foi vista como uma traição pelo presidente estadual da sigla.

Cargos não estão na pauta
Segundo Félix, no momento, não há pretensão de o PDT pleitear espaços na administração estadual. “Caso seja confirmada a aliança, isso se dará em 2026. Não estamos pedindo participação na atual gestão, pois nos elegemos na oposição. Mas, claro, se houver interesse do governo, a gente pode conversar sobre isso também. A princípio, espaço no governo não é foco do nosso diálogo”, garantiu. Além de Rui e Carlos Lupi, o secretário estadual de Relações Institucionais, Adolpho Loyola, também tem se debruçado sobre a costura com os pedetistas.

Um pé lá e outro cá
Uma vez o PDT decidindo marchar com o PT, a dúvida é se essa mudança vai criar mal-estar ou tensionamento na relação com o prefeito Bruno Reis e o União Brasil. A vice-prefeita de Salvador, inclusive, é a pedetista Ana Paula Matos. “Da nossa parte, não. Isso aí vai caber à Prefeitura. Nós já fizemos a nossa parte, que foi apoiar Bruno, que foi votar junto com o prefeito. Portanto, da nossa parte altera nada em relação a Salvador. Caso aconteça [algum rompimento], será uma questão unilateral e a gente vai respeitar”, disse Félix.