Ato de Bolsonaro reúne 44,9 mil na Avenida Paulista, calcula pesquisa da USP

Do jornal O Globo

A manifestação realizada na tarde de hoje pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o pastor Silas Malafaia na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu 44,9 mil pessoas. O número é um cálculo feito com base em imagens aéreas pelo grupo de pesquisa “Monitor do debate político” do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da Universidade de São Paulo (USP), e pela ONG More in Common. A margem de erro do levantamento é de 2,2 mil pessoas para mais ou para menos.

A marca é mais que o dobro da aferição do ato realizado em Copacabana, no Rio de Janeiro, no 16 de março, que chegou a 18,3 mil participantes. A contagem foi realizada no horário considerado ápice da manifestação, às 15h44, a partir de fotos aéreas analisadas com o auxílio de inteligência artificial.

O mote da manifestação é pela anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro, projeto de lei na Câmara defendido por parlamentares do PL e ainda sem previsão de ser pautado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Em 7 de setembro de 2022, também na Praia de Copacabana, o grupo de pesquisadores da USP e do Cebrap calculou um encontro de 64,6 mil manifestantes, um patamar que é cinco vezes maior do que aferido em março. No mesmo dia, uma manifestação na Av. Paulista reuniu 32,6 mil pessoas.

Apesar de significativamente superior ao público registrado no último ato no Rio, a presença de apoiadores do ex-presidente foi bem inferior ao registrado em fevereiro de 2024, quando 185 mil pessoas apoiaram Bolsonaro em ato em meio às investigações da PF por suposta tentativa de golpe.

Veja o público das manifestações bolsonaristas, segundo pesquisadores da USP:

  • 18,3 mil em 16 de março de 2025 – Protesto de apoiadores de Bolsonaro em Copacabana. Foi marcado pelo pedido de anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro
  • 45,7 mil em 7/09 de 2024 – Protesto de apoiadores de Bolsonaro na Av. Paulista, em São Paulo. O ato pediu o impeachment de Alexandre de Moraes e teve público abaixo do esperado.
  • 32,7 mil em 21/4 de 2024- Ato em Copacabana no feriado de Tiradentes. Foi marcado por falas de cunho religioso e ataques a Lula.
  • 185 mil em 25/02 de 2024 – Ato na Av. Paulista. Evento foi em apoio a Bolsonaro, em meio às investigações da PF por suposta tentativa de golpe.
  • 32,6 mil em 7/09 de 2022 – Manifestação na Av. Paulista convocada por Bolsonaro para impulsionar a campanha à reeleição ao Planalto.
  • 64,6 mil em 7/09 de 2022 – Manifestação em Copacabana, no Rio. O ato em homenagem ao Bicentenário da Independência virou evento de campanha à reeleição.

O deputado estadual Coronel Feitosa (PL-PE) participou neste domingo (7) do ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, em defesa da anistia dos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023. A manifestação reuniu apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e teve como pauta central o apelo por liberdade para os condenados.

Feitosa esteve no local ao lado da esposa, Adellie Ramos, que levou um batom como símbolo de protesto em solidariedade às mulheres detidas na ocasião. O parlamentar tem feito menções frequentes ao tema na tribuna da Assembleia Legislativa de Pernambuco e também em suas redes sociais, onde divulga nomes e imagens de presas envolvidas nos atos.

“Lotamos a Paulista! É isso aqui que incomoda tanto a esquerda. Essa capacidade de mobilização, esse apoio popular voluntário e pacífico ao presidente Jair Bolsonaro. 2026 está chegando!”, afirmou o deputado durante o evento.

Do UOL

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou, hoje, em manifestação na avenida Paulista, em defesa da anistia dos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro, onde reciclou a declaração que fez quando se tornou réu por tentativa de golpe de Estado e disse que violação à democracia foi sua derrota na eleição de 2022.

O que aconteceu

Apesar da temática do evento ser o perdão aos acusados de participarem dos atos golpistas, Bolsonaro pouco falou sobre o assunto nos quase 25 minutos em que discursou. Na maior parte do tempo, o ex-presidente defendeu a própria inocência e uma eventual candidatura nas próximas eleições. “Eleições 2026 sem Jair Bolsonaro é negar a democracia, escancarar a ditadura no Brasil. Se o voto é a alma da democracia, a contagem pública do mesmo se faz necessária”, afirmou.

O voto no Brasil é seguro e auditável, como já mostraram relatórios do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e TCU (Tribunal de Contas da União). Desde 1996, início da utilização da urna eletrônica, nunca houve fraude comprovada.

Ex-presidente também disse que não houve “ato preparatório” para um eventual golpe, apesar de já ter admitido que “discutiu hipóteses” com militares. “O primeiro movimento para um estado de sítio, de defesa, é convocar os conselhos. Nenhum conselho foi convocado, então, nem ato preparatório houve”, declarou.

Ato era “teste de força”

Após o protesto esvaziado no Rio e com o assunto travado na Câmara, a estratégia do bolsonarismo é mostrar que a anistia tem força nas ruas. Apesar da pressão bolsonarista, os caciques da Câmara sinalizam que a anistia não é prioridade. O presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) tem focado em outros assuntos, como a comissão que vai discutir a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 por mês, e foi alvo de alguns dos discursos no ato deste domingo.

Fotos mostram que o ato ocupou os dois lados da avenida por cerca de dois quarteirões, em frente ao Masp até o parque do Trianon. Ainda não há estimativa do número de participantes.

Pesquisa mostra que maioria dos brasileiros rejeita proposta de anistia. Levantamento Genial/Quaest publicado hoje mostrou que 56% acham que os envolvidos no 8 de Janeiro devem continuar presos. Já 34% defendem que eles sejam soltos: 18% acreditam que eles nem deveriam ter sido presos e 16% pensam que devem ser soltos porque já estão presos há tempo demais.

Sete governadores foram à manifestação. Romeu Zema (Novo-MG), Jorginho Mello (PL-SC), Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União-GO), Wilson Lima (PL-AM), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Mauro Mendes (União-MT) posaram ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro em foto divulgada pelo líder da bancada evangélica na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).

Cláudio Castro (PL) havia confirmado presença, mas cancelou após fortes chuvas desabrigarem centenas de pessoas no Rio. Mais de 300 pessoas tiveram de deixar suas casas em Angra dos Reis, onde o volume de chuva em dois dias foi mais que o dobro da média para o mês inteiro.

Ratinho Júnior (PSD) disse que não iria, mas apareceu. Depois de almoçar com Bolsonaro em Curitiba na sexta-feira, o governador paranaense falou que não poderia vir ao evento porque viajaria aos Estados Unidos. Ontem, ele participou do lançamento de um livro junto com o presidente do PSD, o ex-governador Gilberto Kassab, como mostrou a coluna de Mônica Bergamo no jornal Folha de S.Paulo.

Ronaldo Caiado lançou pré-candidatura à Presidência na sexta, dois dias antes de dividir palco com Bolsonaro. Tanto o ex-presidente quanto o governador goiano estão atualmente inelegíveis. Decisão da Justiça Eleitoral de Goiás de dezembro passado condenou Caiado a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder político, mas ele ainda pode recorrer da decisão.

Reunião de governadores acontece em meio a disputa por protagonismo na direita. Com Bolsonaro inelegível, os nomes de vários dos presentes hoje na manifestação têm sido aventados como eventuais substitutos. O mais competitivo, segundo pesquisa Datafolha divulgada hoje, é o governador paulista Tarcísio de Freitas — que tem repetido, em público, que não será candidato ao Executivo federal no ano que vem.

Do jornal O Globo

Governadores, políticos e líderes da direita e próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizam hoje, na Avenida Paulista, São Paulo, novo ato. O mote, segundo a organização, é pela anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro, projeto de lei na Câmara defendido por parlamentares do PL e ainda sem previsão de ser pautado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Bolsonaro chegou à manifestação por volta das 13h45, acompanhado de aliados. A expectativa é que dez pessoas discursem durante o ato. A manifestação começou às 14h com a execução do hino nacional. Bolsonaro estava no trio elétrico acompanhado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, do governador de Minas Gerais Romeu Zema, e parlamentares como a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

Os organizadores divulgaram em listas no dia anterior confirmando a presença de 117 políticos da direita ou próximos ao ex-presidente. Além de Bolsonaro estão em São Paulo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o presidente do PL Valdemar Costa Neto, além de sete governadores, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), senadores, deputados federais e estaduais, e vereadores da capital e do interior do estado.

Antes do ato, Valdemar Costa Neto reiterou que Bolsonaro é um “fenômeno” e que todos estão na Paulista para trabalhar pela anistia. Apesar da inelegibilidade do ex-presidente até 2030, Valdemar insistiu que o ex-presidente é o único candidato nas eleições de 2026.

— Todos nós vamos fazer esse trabalho. Queremos anistia. Vamos trabalhar para isso. É por isso que estamos fazendo esses encontros — disse Valdemar, afirmando que o ato de hoje não é sobre a eleição de 2026. — Primeiro nós precisamos ver como é que fica a situação do Bolsonaro. Mas eu tenho certeza que o Bolsonaro vai ser candidato. Tenho certeza.

O cacique do PL também comentou a pesquisa Datafolha, divulgada neste domingo, apontando que 67% dos eleitores não querem Bolsonaro como candidato:

— Para nós é o Bolsonaro o candidato. É o melhor. Para nós não têm outra opção. Tem que ser o Bolsonaro. E eu tenho certeza que ele vai conseguir isso ainda. Nós vamos trabalhar muito para conseguir isso.

Outra pesquisa divulgada neste domingo foi a Quaest, publicada inicialmente pelo colunista Lauro Jardim. Segundo o levantamento, 56% dos entrevistados defendem que “os envolvidos nas invasões de 8 de janeiro” devem “continuar presos por mais tempo cumprindo suas penas”. Entre os entrevistados, 34% acham que eles nem deveriam ter sido presos ou “já estão presos por tempo demais”.

Cinco presidenciáveis

Antes mesmo do ato na Paulista, o ex-presidente posou para algumas fotos com políticos da direita. O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que hospedou Bolsonaro no Palácio Bandeirantes, publicou uma imagem ao lado do aliado e outros seis governadores em seu perfil nas redes — Romeu Zema (MG), Jorginho Mello (SC), Ronaldo Caiado (GO), Wilson Lima (AM), Ratinho Júnior (PR) e Mauro Mendes (MT). O governador do Rio, Cláudio Castro, que havia confirmado participação, se ausentou devido às chuvas no estado, mas postou um vídeo nas redes sociais citando seu apoio “à causa (da anistia)”.

Caiado afirmou que veio à manifestação porque é um movimento nacional pela “justiça”, e afirmou ser um dos cinco presidenciáveis presentes hoje na Paulista. O governador goiano lançou na última sexta-feira sua pré-candidatura ao posto pelo União Brasil, em um evento em Salvador.

— Não tem sentido essa situação que leva a um sentimento de total descompasso com aquilo imputado em relação às penas. O Estado não pode vingar, ele tem que julgar. Então este é o momento de julgar com equilíbrio, com apoderação. É a hora de nós caminharmos para pacificar o Brasil.

Ele afirma que sua pré-candidatura à presidência não fragmenta a direita.

— Olha, hoje aqui nós estamos em Caiado presidenciável, Zema presidenciável, Ratinho presidenciável, Tarcísio presidenciável, Bolsonaro presidenciável. Hoje nós somos cinco. Não fragmenta a direita, mas é a realidade. Essa realidade vai trabalhar.

Já o mineiro Romeu Zema (Novo) voltou a fazer acenos a Bolsonaro e minimizou a fragmentação de candidatos:

— A proposta da direita é muito semelhante. Eu já disse que eu quero somar com o projeto Brasil. Em Minas nós fizemos a diferença e eu quero estar contribuindo. E a definição (sobre a candidatura) vai ser feita mais adiante. Nós estamos mostrando aqui hoje que estamos juntos, unidos, sete governadores. Como eu falei, eu quero contribuir com a direita, com o Brasil. A posição para mim é secundária, eu quero contribuir e ajudar.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ausente no ato realizado há poucas semanas no Rio de Janeiro, posou ao lado de outras mulheres, como a mulher do governador de Goiás, Gracinha Caiado.

O deputado Nikolas Ferreira, que divulgou na quinta-feira um vídeo sobre a Anistia e que rendeu mais de 50 milhões de visualizações em dois dias, destacou a força de convergência do ex-presidente, mesmo inelegível, em reunir nomes da direita:

— Que bom que ele tem conseguido ser um líder de convergência. São quase 10 governadores, centenas de deputados, senadores unidos. E isso tem mostrado que o cara que está inelegível tem mais força política do que o atual presidente.

Varal de mártires e trap

Nas primeiras horas da manifestação, apoiadores do ex-presidente já faziam volume na Avenida Paulista, mesmo sem a presença de nenhuma autoridade. Nas placas, pedidos de anistia e o uso do batom como “símbolo de resistência”. “Cuidado ao usar essa arma, te condena há 14 anos” diziam placas com o objeto.

A referência é a condenação de Débora Rodrigues dos Santos, responsável por pichar a estátua que fica em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Além de um “varal de mártires” com imagens de pessoa presas por tentativa de golpe, a manifestação também contou com músicas originais. Uma delas, um trap. “Não houve golpe, nem tentativa de golpe, só tinha mulheres”, dizia a letra. Músicas em sertanejo e pop com a mesma temática também foram tocadas.

Por Bela Megale

Do jornal O Globo

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que as falas de Jair Bolsonaro e do pastor Silas Malafaia, os organizadores do ato pela anistia em São Paulo, trará “mais do mesmo”. O foco dos magistrados está voltado para o discurso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Visto como moderado e com postura mais ao centro pela maioria da corte, Tarcísio enfrentou desgaste junto aos magistrados por causa de sua fala no ato de Copacabana, em 16 de março. Ministros, inclusive Alexandre de Moraes, com quem o governador mantém bom trânsito e diálogo, se queixaram do tom adotado pelo pupilo de Bolsonaro, para defender os condenados pelo 8 de janeiro.

No carro de som no Rio de Janeiro, Tarcísio classificou os réus dos ataques golpistas como “inocentes que receberam penas desarrazoadas” e disse que a anistia aos envolvidos nos ataques golpistas seria um caminho para pacificar o país.

A leitura dos ministros do Supremo é que Bolsonaro e Malafaia seguirão o mesmo roteiro das manifestações anteriores, inclusive com ataques diretos ao STF e a Moraes. A dúvida, porém, é se Tarcísio vai amenizar a fala ou subir o tom para defender a anistia.

Como informou a coluna, ministros da corte têm mostrado descontentamento com a postura de Tarcísio, de ficar com um pé em cada canoa. A avaliação feita é que o governador tem pesado nos gestos ao bolsonarismo. A portas fechadas, Tarcísio também tem aumentado suas críticas ao STF.

Do portal Metrópoles

Uma mulher que gritou “sem anistia” e “Bolsonaro na Papuda” na Avenida Paulista, em São Paulo, foi hostilizada por manifestantes bolsonaristas na manhã deste domingo (6), antes do ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela anistia aos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023.

A confusão foi registrada pelo Metrópoles (veja vídeo abaixo). Nas imagens é possível ver que a mulher está na calçada, próximo ao local onde está o caminhão de som que deve receber Bolsonaro a partir das 14h, e começa a gritar em direção aos manifestantes bolsonaristas. Um deles, um homem que veste camisa amarela, reage, dando início a uma discussão tensa.

O rapaz manda a mulher ir embora. “Tá maluca! Mete o pé”, diz ele. Ela segue gritando “sem anistia”, e o apoiador de Bolsonaro se aproxima dela, xingando. “Tá achando que está falando com quem? Vai tomar no cu, caralho.” Quando o homem se retira, outras pessoas portando bandeiras do Brasil e usando chapéus e camisetas da seleção cercam a mulher e gritam: “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”.

Veja:

Do portal Metrópoles

Apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) ocupam a Avenida Paulista, na região central de São Paulo, desde a manhã deste domingo (6) para a manifestação convocada pelo ex-presidente em defesa da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas.

Mais de 500 pessoas já foram condenadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participação nos atos antidemocráticos. As penas variam de três a 17 anos de prisão. Os crimes pelos quais foram condenados são: tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio público.

Os bolsonaristas consideram que o Supremo, na figura do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, está perseguindo os apoiadores do ex-presidente e que as penas impostas são exageradas. Por isso, articulam a aprovação de um projeto de lei no Congresso para anistiar todos os envolvidos nos atos de 8/1.

A anistia virou pauta única da manifestação deste domingo, ao contrário do que ocorreu em Copacabana, no Rio de Janeiro, há três semanas. E o batom, usado por Michelle Bolsonaro (PL) em um vídeo de convocação para a Paulista, virou o símbolo do ato de São Paulo.

O símbolo faz alusão ao caso da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, de 39 anos, que usou um batom para escrever a frase “Perdeu, mané” na escultura “A Justiça”, em frente ao STF, durante os atos de 8 de Janeiro. Ela ficou dois anos presa e agora está em prisão domiciliar, no interior paulista.

Neste domingo, vários manifestantes levaram batom para a Avenida Paulista, dizendo que essa é a “arma” usada pelos bolsonaristas e pela qual Débora pode pegar 14 anos de prisão — os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino já votaram pela condenação por essa pena, mas o julgamento dela foi suspenso após pedido de vista do ministro Luiz Fux.

Os manifestantes que se aglomeravam na Paulista desde cedo pediam a volta de Jair Bolsonaro à Presidência da República e cantavam uma música que virou símbolo das manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2025: “Vamos pra rua pra derrubar o PT”.

São Paulo maior que o Rio

Embora não faça estimativa de público, o pastor Silas Malafaia, principal organizador da manifestação, aposta que o ato da Paulista será muito maior do que o de Copacabana, há três semanas.

Entre os motivos, ele aponta o fato de a capital paulista ter uma população muito maior do que a do Rio, a Avenida Paulista ser o grande palco de manifestações políticas do país, e o horário da manifestação, prevista para começar às 14h — no Rio, o ato foi de manhã por causa do jogo da final do Campeonato Carioca. “Tinha final de Fla-Flu e a gente não pôde fazer à tarde. Tivemos que fazer de manhã, o que é um pouco mais difícil aqui no Rio”, afirmou o pastor.

Para o professor da Universidade de São Paulo (USP) Pablo Ortellado, que faz o monitoramento das manifestações por meio do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), o ato de Copacabana teve problemas de organização que podem ter atrapalhado o engajamento. Segundo o monitoramento dele, o ato na capital fluminense reuniu 18,3 mil pessoas. O Instituto Datafolha estimou o público em 30 mil, enquanto a Secretaria da Segurança Pública do Rio divulgou 400 mil presentes.

“Supondo que o problema de convocação foi o que fez com que aquele número fosse baixo, eu acho que pode ser que a gente tenha uma mobilização bem significativa aqui na Avenida Paulista, alguma coisa aí entre 40 e 60 mil, que é o patamar de mobilização que os bolsonaristas têm conseguido”, prevê o professor da USP.

Da Folha de S.Paulo

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) iniciou, ontem, as invasões de terra do Abril Vermelho em Minas Gerais e Pernambuco. A mobilização tem como objetivo pressionar o governo Lula a acelerar a reforma agrária, avaliada como tímida pelo grupo.

Em Goiana (PE), cerca de 800 famílias invadiram a Usina Santa Teresa. Em Frei Inocêncio (MG), a ação de 400 famílias ocorreu em fazenda às margens da BR-116, segundo o movimento.

Em nota, o braço mineiro do MST deu sinais de alerta em relação à atuação do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que no início da semana publicou um vídeo em que aparece com um boné com a escrita “abril verde”, em referência à mobilização do MST. A fala é parte da estratégia para se posicionar como opositor do presidente e pré-candidato à Presidência.

“Qualquer ação violenta contra as famílias pobres que lutam pela terra é de responsabilidade do governador Romeu Zema, que incita o ódio e a violência no campo com falas inflamadas e irresponsáveis, criminalizando nossas famílias”, afirmou a direção do MST-MG.

Zema também anunciou um novo modelo de policiamento rural que leva em conta o calendário agrícola e tem agentes especializados para a segurança do campo. Em outras ocasiões, Zema disse que o governo de Minas tem tolerância zero com invasores de terra.

Em nota, a PM-MG afirmou que “a segurança da área ocupada pelo MST está a cargo exclusivo do governo federal, por se tratar de ‘faixa de domínio’ do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)”.

Em Pernambuco, a direção do movimento afirma que a ação na usina evita que o terreno seja vendido pela massa falida da empresa. O local já tem dez acampamentos e a intenção é destinar para a reforma agrária toda a área da antiga empresa.

Em abril, o MST intensifica não só invasões, mas bloqueios de rodovias, protestos, mutirões de cadastramento de famílias e outras ações — o que deve se repetir em 2025.

O mês foi escolhido porque, em 17 de abril de 1996, ocorreu o massacre de Eldorado do Carajás, no Pará, quando a Polícia Militar assassinou 19 militantes do movimento e deixou outros 69 feridos durante um protesto — até hoje, apenas dois policiais, de 155 envolvidos, acabaram condenados.

Para 2025, o lema escolhido foi “ocupar para o Brasil alimentar”. Há previsão de ações nos 26 estados e no Distrito Federal, com foco em terras propícias à produção de alimentos.

As manifestações acontecem em meio ao descontentamento do movimento com o terceiro mandato de Lula e com o andamento da reforma agrária.

Segundo o MST, quando o petista assumiu a Presidência, cerca de 65 mil famílias do movimento cadastradas pelo Incra aguardavam em acampamentos para serem assentadas.

“O andamento está muito aquém da demanda acumulada nos últimos dez anos, desde o impeachment da [ex-presidente] Dilma Rousseff, passando pelo governo Temer e pelo período de Bolsonaro”, disse José Damasceno, da direção nacional do MST.

No terceiro ano do mandato, esse passivo cresceu, segundo ele, para cerca de 100 mil. Se considerados outros grupos que atuam na causa, a projeção subiria para 140 mil.

Do Estadão Conteúdo

O governo do Rio de Janeiro informou, na noite de ontem, que diversas cidades do estado fluminense estão em risco muito alto (o mais alto da escala de cinco níveis) para ocorrências hidrológicas e geológicas. Diferentes partes do Rio, incluindo a região serrana, metropolitana e litoral, próximo de São Paulo, foram castigadas pelas fortes chuvas que caem desde a última sexta-feira (4).

As chuvas podem perder força ao longo de hoje, mas o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu alerta de perigo para algumas partes do Estado. O aviso é válido até o período da manhã. Os temporais poderão ter um volume entre 30 e 60 mm/h ou 50 e 100 mm/dia, com ventos que podem chegar a 100 km/h.

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“Há risco de corte de energia elétrica, queda de galhos de árvores, alagamentos e de descargas elétricas”, diz o Inmet. O alerta vale para as seguintes regiões: Central Espírito-santense, Sul Espírito-santense, Zona da Mata, Sul Fluminense, Noroeste Fluminense, Vale do Paraíba Paulista, Centro Fluminense, Metropolitana do Rio de Janeiro, Sul/Sudoeste de Minas, Norte Fluminense, Vale do Rio Doce.

Conforme divulgado pelo Governo do Rio de Janeiro:

– Petrópolis e Angra dos Reis estão sob o risco máximo de ocorrências geológicas, conforme apontou a gestão estadual, por volta das 20h40, nas redes sociais, com base em informações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, o Cemaden. “Risco muito alto para deslizamentos”, indicou o governo.

– Com relação a riscos hidrológicos, que incluem transbordamento de rios e alagamentos de vias, mais munícipios estão sob o mesmo alerta máximo. São os casos da capital Angra dos Reis, Mangaratiba, Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Queimados, Belford Roxo, Duque de Caxias, Magé, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo.

Petrópolis registra mais de 300 mm de chuva

A cidade de Petrópolis registrou mais de 300 mm de chuva ontem, e a prefeitura local decretou situação de emergência por conta dos fortes temporais. A Defesa Civil do municípios atendeu 99 chamados por conta das chuvas, incluindo ocorrências de deslizamentos, quedas de árvores, rolamento de blocos, problemas em vias, queda de postes, e alagamento. Não há vítimas, segundo a administração municipal.

O prefeito Hingo Hammes (PP) disse que será necessário recursos “principalmente do Governo Federal” para o restabelecimento da cidade. O governador Claudio Castro (PL) também esteve na cidade e, em coletiva de imprensa, informou que o processo de limpeza da cidade começará após a passagem da chuva e diminuição dos riscos geológicos. “Pedimos para que a população respeite os avisos da Defesa Civil”, disse o governador.

Conforme boletim meteorológico da cidade, válido até meio-dia deste domingo (6), a previsão do tempo na cidade é de céu nublado a encoberto, com pancadas de chuvas moderada a forte, com a possibilidade de serem “muito fortes” e acompanhadas de raios e rajadas de vento. A temperatura máxima é de 19°C e temperatura mínima de 15°C

Angra dos Reis

A cidade de Angra dos Reis, no litoral sul fluminense, também foi fortemente atingida pelas chuvas, cujo volume ultrapassou os 324 mm, entre sexta e sábado. Até a última atualização da administração municipal, 346 pessoas estavam desalojadas. A prefeitura decretou situação de emergência (o que dá o direito da cidade acessar recursos estaduais e federais de forma mais ágil), e registrou deslizamentos transbordamento de rios e “danos em diversas áreas da cidade”. Caminhões e retroescavadeiras foram utilizados para limpeza e desobstrução de vias e córregos.

Teresópolis

Teresópolis, também na região serrana do Rio, sofreu com os impactos das chuvas. A cidade permanece em estado de alerta e a prefeitura avisa sobre os riscos de deslizamentos, apesar de a previsão apontar diminuição das chuvas nas próximas horas. A administração municipal também orientou para que os lojistas fechassem o comércio mais cedo. Registros postados nas redes sociais mostram enxurradas e vários locais do municípios embaixo d’água.

Capital aciona sirenes

A capital também registrou vários pontos de alagamentos e acumulados de mais de 100 mm em regiões como Alto da Boa Vista (moradores de lá foram alertados para o risco de deslizamentos), Anchieta, Tijuca e no Grajaú.

No início da manhã, a Defesa Civil Municipal acionou dez sirenes do Sistema de Alerta e Alarme nas comunidades da Formiga, Andaraí e Borel, na Grande Tijuca. Às 11 horas, as sirenes voltaram a ser acionadas no Andaraí e no Borel devido ao risco de deslizamentos. A Defesa Civil atendeu chamados para quedas de árvores, alagamentos, deslizamentos e desabamentos, todos sem vítimas.

No Morro do Andaraí, uma escadaria de acesso às casas desmoronou. Em Anchieta, uma casa caiu e fez com que imóveis vizinhos também fossem interditados. Um aviso de ressaca emitido pela Marinha do Brasil está em vigor até a manhã deste domingo. Por conta disso, a ciclovia Tim Maia foi fechada preventivamente e só será reaberta após cessar a ressaca.

Duque de Caxias entra em alerta máximo

A cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, entrou em alerta máximo (nível 5) devido às chuvas que atingem a cidade e o risco de deslizamentos. A prefeitura usou as redes sociais para pedir à população que evite deslocamentos desnecessários. “A previsão indica mais pancadas de moderadas a fortes nas próximas horas. A Defesa Civil segue monitorando a situação e pode emitir novos avisos a qualquer momento”, diz o município.

Do Poder360

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realiza hoje um ato com apoiadores na av. Paulista, em São Paulo. A manifestação está marcada para 14h e vai reunir aliados como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Jr. (PSD-PR) – cotados para disputar o Planalto em 2026, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e congressistas como o senador Rogério Marinho (PL-RN) e o deputado Nikolas Ferreira (PL) também devem estar.

Ausente no ato de Copacabana, no Rio, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro está confirmada. No entanto, haverá um esquema de segurança especial. Motivo: a mulher de Bolsonaro foi submetida a um procedimento cirúrgico de redução das próteses nas mamas e segue em recuperação. Uma “bolha” ao seu redor servirá para evitar empurrões e abraços de apoiadores.

Adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em São Paulo. O petista chegou na noite de sexta-feira (4) e passa o final de semana na capital paulista.

Ontem, ele e Janja visitaram dom Angélico, que celebrou o casamento do presidente com a socióloga em maio de 2022. Amanhã, Lula terá compromissos em Montes Claros (MG) e em Cajamar (SP).

Será o primeiro ato do ex-presidente depois de virar réu com outros sete aliados no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.

A pauta do ato na av. Paulista não mudou: a anistia para os presos e investigados nos atos de 8 de Janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas em Brasília.

Os Bolsonaros e Nikolas Ferreira têm usado o caso de Débora Rodrigues dos Santos, a mulher que pichou com batom vermelho a estátua “A Justiça”, em frente ao prédio do STF, para defender o perdão. Michelle pediu que as mulheres levem batom ao ato.

• Em que pé está o projeto da anistia – o PL segue pressionando o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar o requerimento de urgência do texto. Motta resiste. O líder do partido na Casa, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), afirmou em 3 de abril que mudou sua estratégia e coletará as assinaturas individualmente para incluir a urgência automaticamente em votação. Ele precisa de 257 deputados –afirmou ter 165.

Assista ao vídeo de Michelle chamando para o ato:

A manifestação deste domingo é organizada e financiada pelo pastor evangélico e aliado de Bolsonaro de longa data, Silas Malafaia. Ele contratou dois trios elétricos, cada um com capacidade aproximada para comportar 100 pessoas. Bolsonaro, Michelle e os principais nomes do PL devem ficar em um deles – que será considerado o principal.

Além de Bolsonaro e Michelle, Tarcísio, Nikolas, Marinho e a deputada Carol de Toni (PL-SC) devem discursar. Os trios ficarão estacionados no cruzamento da av. Paulista com a rua Peixoto Gomide, próximo ao Masp. Malafaia também contratou câmeras e drones para transmitir o ato e fazer imagens aéreas.

Expectativa de público

Aliados de Bolsonaro falaram em levar 500 mil pessoas à av. Paulista. Trata-se de uma expectativa otimista. No Rio, foram cerca de 26.000 apoiadores. O Poder360 apurou que as provocações do deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) impulsionaram a mobilização.

O deputado comandou uma manifestação da esquerda em 30 de março, uma semana atrás. Cerca de 5.500 pessoas participaram. Em nota, o deputado declarou ter visto 25.000 manifestantes, sem explicar qual foi a metodologia usada na contagem.

Relembre outros atos de Bolsonaro

A manifestação deste domingo (6) é a quinta que Bolsonaro participa e convoca desde que deixou a Presidência da República. A última foi realizada em 16 de março de 2025, em Copacabana no Rio. Relembre abaixo os atos de Bolsonaro desde 2023:

16 de março de 2025 – reuniu 26.000 em Copacabana, no Rio;

7 de setembro de 2024 – reuniu 58.000 na av. Paulista, em SP;

25 de fevereiro de 2024 – reuniu de 300 mil a 350 mil na av. Paulista, em SP;

21 de abril de 2024 – reuniu de 40.000 a 45.000 em Copacabana, no Rio.