Coluna da quarta-feira

PE só perde para BA em novos investimentos

Em outubro do ano passado, o Nordeste foi responsável pela criação de 59.905 empreendimentos, ranking liderado pela Bahia, com 16.816, representando um aumento de 12,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados são do Indicador de Nascimento de Empresas da Serasa Experian, a primeira e maior datatech do Brasil.

Datatech é um tipo de empresa que combina múltiplas fontes de dados usando diversas tecnologias de ponta, oferecendo soluções de inteligência analítica que ajudam pessoas e empresas a entender os riscos e as oportunidades na hora de tomar a melhor decisão em investimentos. No ranking, Pernambuco ficou em segundo lugar no Nordeste, com 10.696 atrações de investimentos, superando o Ceará (10.355), Estado que vinha em ascensão.

Em quarto lugar aparece o Maranhão, mas numa posição bem distante, com 4.735 empresas, enquanto a Paraíba, que parecia viver um boom, atraiu apenas 4.693 empreendimentos, posição que superou, entretanto, os demais estados – Rio Grande do Norte (3.899), Alagoas (3.557), Sergipe (2.678) e Piauí (2.676). Em todo o País, no mesmo período, foram registrados 394.710 novos CNPJs, o que equivale, em média, a uma nova empresa a cada cinco segundos.

Esse número representa um aumento de 16,5% em comparação ao mesmo período de 2023. Ainda segundo o levantamento, o Sudeste, região mais rica e estruturada do País, criou 204.791 empreendimentos, seguido pelo Sul (76.991), enquanto Centro-Oeste e Norte tiveram 34.835 e 18.188, respectivamente. No recorte estadual, São Paulo lidera o ranking, com a criação de 123.782 novas empresas.

Do total de empresas abertas em outubro de 2024 no País, 290 mil foram no setor de “Serviços”. Na sequência, 75.737 no de “Comércio”, 23.929 em “Indústria” e 4.963 na categoria “Demais”. No que diz respeito à natureza jurídica, os “Microempreendedores Individuais” (MEIs) representaram a maior parcela de empresas criadas, totalizando 282.204. As Sociedades Limitadas abriram 89.158 unidades, no segundo lugar. Na sequência, foram abertas 13.257 “Empresas Individuais” e 10.091 novos empreendimentos classificados como “Demais”.

POLÍTICAS DE APOIO “O ambiente de negócios dinâmico e as políticas de apoio ao empreendedorismo têm estimulado a abertura de novas empresas. A aceleração da transformação digital também permite que muitos empreendedores iniciem suas atividades com menos necessidade de capital inicial e enfrentam barreiras de entrada reduzidas. No entanto, para manter a saúde financeira dos negócios, é essencial ter acesso a recursos adequados, orientação assertiva e infraestrutura sólida para sustentar o crescimento a longo prazo e evitar riscos de insolvência”, analisa a economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack.

Prefeitos choramingam Fiz uma rápida incursão no Pajeú nos últimos dias e constatei como os prefeitos andam desapontados com o tratamento recebido pela governadora Raquel Lyra (PSDB). Prefeito de Santa Terezinha, Delson Lustosa (Podemos) disse que, em apenas dois anos, só recebeu quatro ônibus escolares. Já o prefeito de Brejinho, Gilson Bento (Republicanos), informou que a tucana fez apenas um gesto: contribuiu com a mobília de uma creche, enquanto a prefeita de Itapetim, Aline Karina (PSB), disse que sequer recebeu sementes para o plantio, com a chegada das chuvas. “Me informaram que amanhã (hoje), no IPA, em Afogados da Ingazeira, teremos notícias sobre sementes”, disse a socialista, que sucede a Adelmo Moura, eduardista histórico.

O alerta do bispo – Convocados pelo bispo da Diocese do Sertão do Pajeú, com sede em Afogados da Ingazeira, Dom Limacêdo Antônio, prefeitos dos 17 municípios se reúnem, amanhã, em Triunfo. No encontro, o bispo vai colocar em discussão a questão ambiental, tema da Campanha da Fraternidade deste ano. “Estamos no decênio decisivo para o planeta, com prenúncio de grandes catástrofes no País e não existe planeta reserva, só este”, disse Dom Limacêdo, para quem o Sertão também sofre ameaças de uma catástrofe pelo elevado nível de degradação da caatinga e do meio ambiente.

Impacto da dívida – O presidente Lula está diante de mais um problemão: a dívida dos Estados com a União. Segundo dados do Tesouro Nacional, atualmente a montanha de dinheiro devido pelos Estados está em torno de R$ 760 bilhões. Entre os Estados, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul são responsáveis por 90% desse montante. Sancionada pelo Governo na semana passada, a nova lei da renegociação provocará uma perda de até R$ 106 bilhões para o Tesouro Nacional em cinco anos.

A razão da emergência Chove intensamente em várias regiões do Estado, mas o Governo decretou estado de emergência em 118 municípios, dos quais 92 já estavam neste regime na área rural, por obra dos prefeitos. Segundo o presidente da Compesa, Alex Campos, o Estado decretou emergência em 42 municípios, mas exclusivamente na zona urbana. “Há registros de chuvas, é verdade, mas os mananciais que abastecem essas 42 cidades não receberam um volume de água suficiente para encher os reservatórios da rede mantida pela Compesa, como é o caso de Jucazinho, que abastece Caruaru e vários municípios do Agreste”, disse Alex.

CURTAS

BREJINHO 1 – O prefeito da pequena Brejinho, a 415 km do Recife, Gilson Bento (Republicanos), é o tipo do gestor que não fica esperando a boa vontade do Governo para resolver os problemas do município. Reeleito com 72% dos votos, no primeiro mandato fez uma intervenção hídrica, com recursos próprios e emendas federais, que resolveu em definitivo o grave problema de falta de água na zona urbana.

BREJINHO 2 – No segundo mandato, que começou em 1 de janeiro, Gilson quer dar um basta, igualmente, na falta de água na zona rural. “Água é vida”, diz ele. Também no primeiro mandato, com recursos de emendas, Gilson pavimentou praticamente todas as ruas da cidade e ainda tirou do papel uma estrada pavimentada até a divisa com a Paraíba.

TERCEIRA VIA – Se já estava animada, a eleição da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) ganhou um novo ingrediente: um candidato à presidência representando a terceira via, como carimbou o ex-prefeito de Carnaíba, Anchieta Patriota (PSB). Se topar, o candidato deve ser o prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB). Dois outros candidatos já estão em campanha: o atual presidente Marcelo Gouveia e o prefeito de Aliança, Pedro Freitas (PP).

Perguntar não ofende: Por que a governadora trata tão mal os prefeitos do campo adversário?

Lula, o maior marqueteiro de Bolsonaro

Vivendo o pior momento do seu terceiro mandato, com baixíssimos níveis de aprovação, o presidente Lula (PT) promoveu, ontem, a primeira reunião ministerial para choramingar. Falou que 2025 será o ano da afirmação da sua gestão, o ano das correções dos erros. Se o petista tivesse esquecido Bolsonaro, com certeza teria errado menos e provavelmente a popularidade estaria em alta.

O maior problema de Lula é que ele repete a ladainha de que tudo de ruim que não consegue superar no Brasil é culpa do ex-presidente. Em todas as suas falas, bate em Bolsonaro. Se Lula tivesse ignorado o ex-presidente, hoje ninguém mais lembraria dele. O maior marqueteiro de Bolsonaro é Lula. Toda vez que fala em Bolsonaro, reaviva a memória de alguém que a Nação rejeitou no voto e não queria mais ouvir falar.

Ao eleger Lula, o povo brasileiro fez a opção de andar para frente e não dar aval ao presidente para ficar só olhando para trás. Em qualquer governo, olho no retrovisor é retrocesso. Na reunião de ontem, o presidente, mais uma vez, tocou na sua ferida, Bolsonaro, quando deveria ter priorizado medidas para evitar o galope da inflação, que mais uma vez amedronta a Nação. Deveria discutir medidas para corrigir a besteira de vigiar as transferências do Pix.

Sua fala promoveu Bolsonaro quando disse: “Tenho uma causa e essa causa é o que vai me motivar em 2025. A causa é a gente não permitir, em hipótese alguma, que esse País volte ao horror do que foi o mandato do nosso antecessor. Para a gente garantir que a democracia vai prevalecer nesse País. Que a gente garanta perfeitamente com todo o nosso vigor que esse país vai continuar sendo um país democrático e que temos um compromisso de atender às pessoas mais necessitadas”.

Que leseira e despropósito! Lula não é dono da vontade de eleitor nenhum! Ele está tonto e perdido feito cego em tiroteio. Passa a impressão de que não se conforma com as pesquisas que já apontam Bolsonaro à frente dele. Se isso está acontecendo de fato, a culpa é do próprio Lula, que faz um governo chinfrim, vazio e sem sintonia com a sociedade brasileira.

BRONCA EM HADDAD Logo no início da reunião, Lula fez duras críticas ao desempenho do governo, cobrando mais entregas e afirmando que “2026 começou”. Também deu uma bronca indireta no ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que “nenhum ministro” vai poder fazer portaria “que depois arrebente na Presidência da República”, em referência à crise do Pix. Lula disse que torce pela gestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tomou posse ontem, e que espera manter uma boa relação com o País.

Recado aos ministros Em meio às discussões sobre reforma ministerial, Lula também disse que chamará ministros para conversas individuais. “O que eu quero dizer para vocês é que 2026 já começou e vou conversar individualmente com cada um de vocês, porque temos que trabalhar, capinar, tirar todos os carrapichos que tiver nas plantas que nós plantamos. Mas pelos adversários, a eleição do ano que vem já começou. É só ver o que vocês assistem na internet para vocês perceberem que eles já estão em campanha. E nós não podemos antecipar a campanha porque nós temos que trabalhar”, disse.

Bolsonaro diz que pode fugir Transtornado por não ter ido à posse de Donald Trump, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, ontem, que “poderia fugir agora” do Brasil, caso desejasse. Ele está com o passaporte internacional recolhido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) desde 2024, por ser investigado por tentativa de golpe de Estado. Em entrevista ao AuriVerde, Bolsonaro fez críticas à decisão do ministro Alexandre de Moraes, que o impediu de ir à posse do presidente norte-americano Donald Trump (Republicano). “Eu não sou réu. Eu posso fugir agora, qualquer um pode fugir”, disse o ex-presidente, ao criticar a retenção do seu documento.

São José 1 – O prefeito de São José do Egito, Fredson Brito (Republicanos), disse, ontem, ao blog, que está concluindo uma auditoria nas contas recebidas pelo ex-prefeito Evandro Valadares (PSB), com um passivo superior a R$10 milhões. Até à Compesa, o socialista não pagou o que o município deve, algo em torno de R$1,5 milhão. Valadares deixou duas folhas de servidores em aberto e entregou uma cidade literalmente no lixo.

São José 2 – Uma das primeiras medidas de Fredson foi fazer um aditivo ao contrato com a empresa responsável pelo recolhimento do lixo e de imediato começou uma verdadeira operação limpeza, o que repercutiu na população. Já para realizar a festa de Reis, a mais tradicional do município, o que valeu, na verdade, foi sua palavra de empresário sério. “Fiz quase tudo para pagar depois e todos confiaram, porque sabem que não sou de dar calote em ninguém”, afirmou.

Curtas

APOIO – Ex-prefeito de Itapetim e pré-candidato a deputado estadual em 2026, Adelmo Moura (PSB) ganhou um apoio importante na região do Pajeú para ocupar a vaga no Legislativo no vácuo do ex-deputado José Patriota. Ontem, na rádio Pajeú, o prefeito de Afogados da Ingazeira, Sandrinho Palmeira (PSB), cria de Patriota, declarou que Adelmo deve ser o seu candidato.

EMPRESA SUSPEITA – Com dois anos no poder, a governadora Raquel Lyra (PSDB) não comprou um só livro para abastecer a rede estadual de ensino, o que tem deixado professores e alunos inconformados. Ontem, entretanto, ela teria aderido a uma ata de uma empresa paulista para compra do kit escolar. Trata-se da mesma empresa envolvida com uma baita sonegação de impostos.

DISCRIMINAÇÃO – Raquel continua discriminando prefeitos do PSB. Pelos menos até ontem, a prefeita de Itapetim, Aline Karina, sucessora do histórico eduardista Adelmo Moura, não havia recebido sementes para o plantio da safra, como tem ocorrido em vários municípios geridos por prefeitos aliados da tucana.

Perguntar não ofende: Como se dará a relação diplomática entre os Estados Unidos e o Brasil a partir de agora, com a posse de Trump?

Com Governo desgastado, presidente Lula (PT) reúne time de ministros para cobranças

Por Larissa Rodrigues – repórter do blog

No mundo da política brasileira, a semana começa com a expectativa para a primeira reunião ministerial de 2025, convocada pelo presidente Lula (PT). O encontro será às 9h desta segunda-feira (20), na Granja do Torto, em Brasília, e deve contar com a presença de todos os 39 ministros, por ordem de Lula. O presidente teve a última reunião com ministros em 20 de dezembro de 2024, um dia depois de retornar para Brasília, de São Paulo, após passar por cirurgia para drenar um sangramento intracraniano.

De maneira geral, hoje o chefe do Poder Executivo vai cobrar resultados da equipe. Ainda enfrentando o desgaste da crise do Pix, o presidente quer mais ações práticas que beneficiem a população e gerem impacto positivo na popularidade. O episódio do Pix obrigou a Receita Federal a recuar do arrocho na fiscalização das transações financeiras digitais e deixou em maus lençóis o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e sua equipe, o que produziu um impacto negativo direto na imagem do presidente Lula.

Alguns detalhes chamam atenção para o encontro de hoje: será a primeira reunião ministerial do marqueteiro Sidônio Palmeira como novo chefe da Comunicação. Ele assumiu a pasta este mês diante das dificuldades do Governo Federal nessa área, sobretudo nas redes sociais. As mudanças na nova forma com a qual o Poder Executivo deve buscar se comunicar com a população, para evitar mais episódios semelhantes à crise do Pix, estarão na pauta.

Outro ponto a ser observado é que a reunião ministerial será realizada no mesmo dia da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem Lula não tem proximidade. Não estava nos planos do petista acompanhar o evento, mesmo que tivesse sido convidado, o que não aconteceu, até por razões de protocolo. A praxe estadunidense é enviar convites para as embaixadas, como foi feito.

Mas Lula não iria, tanto pelas posições políticas de Trump, quanto pela relação mais afinada com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Embora não havendo comprovação de que esse foi o objetivo, a reunião ministerial marcada exatamente para o dia da posse de Trump fará com que o evento dos Estados Unidos divida os holofotes na mídia brasileira com a repercussão do encontro entre os ministros e Lula. Fato é que também ainda não se sabe como ficará a relação entre Brasil e Estados Unidos sob o novo comando direitista.

Por fim, diante da expectativa de uma reforma na Esplanada dos Ministérios ainda no início deste ano, essa deverá ser a última reunião ministerial de alguns integrantes do time petista como titulares das pastas. O presidente Lula estuda uma maneira de contemplar mais aliados. Partidos como o PSD e o Republicanos, por exemplo, devem ganhar mais espaço, o que vai mexer com a vida de ministros pernambucanos, como André de Paula (PSD), da Pesca, e Silvio Costa Filho (Republicanos).

Governo do Estado – Já no estado de Pernambuco, a expectativa que ronda os envolvidos com a política local gira em torno dos anúncios que a governadora Raquel Lyra (PSDB) poderá fazer esta semana, como o nome escolhido para assumir a Secretaria de Educação do Estado. A governadora voltou do recesso na última sexta-feira (17), aumentando as especulações de que divulgará na semana que tem início hoje o novo ou nova integrante do time. Vale lembrar que a gestora tem ainda outras vagas do primeiro escalão para preencher, como a recém-criada Secretaria de Esportes; a Assessoria especial; e a pasta executiva de Defesa Animal.

Nome técnico tem chance maior – Existe a aposta entre os aliados da governadora de que ela colocará um técnico para substituir o ex-secretário Alexandre Schneider, porque a tucana quer evitar mais mudanças. Caso escolha um nome político, como algum deputado, essa pessoa pode querer renovar o mandato em 2026, o que faria Raquel precisar ter um quarto secretário de Educação. Em dois anos, dois titulares já saíram da pasta, causando instabilidade na área em Pernambuco, sobretudo por ser a Educação uma secretaria complicada, que demanda trabalho contínuo para mostrar resultados. Outros dizem que Raquel também não quer perder deputados aliados na Assembleia Legislativa (Alepe), como Débora Almeida (PSDB), que preside a Comissão de Finanças da Casa.

Humberto Costa e Raquel Lyra – O senador Humberto Costa (PT) também volta do recesso esta semana e terá reunião com a governadora Raquel Lyra. Nos bastidores, há a expectativa de que aconteça um convite formal da gestora para que o PT possa, enfim, embarcar de vez no Governo do Estado. O deputado João Paulo (PT) já defendeu publicamente várias vezes que o partido precisa rever o direcionamento de oposição à Raquel, que na prática não existe.

Lula Cabral elogiou João Campos – O ex-deputado estadual e agora prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral (SD), avalia que o prefeito do Recife, João Campos (PSB), fez uma jogada de mestre na eleição para renovação da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, levando o PSB a fazer a maioria dos cargos. “João faz a política com maestria. Não interferiu na eleição do presidente Álvaro Porto, ligado ao ministro Sílvio Costa Filho. Com isso, fez Rodrigo Farias ser eleito primeiro vice, Aglailson Victor segundo vice e Francismar Pontes primeiro secretário, todos do PSB, que detém a maioria absoluta dos cargos da mesa”, afirmou.

João Campos, Lula Cabral e Dema – Lula Cabral disse ainda que colaborou com João Campos e que o prefeito do Recife fez Aldemar Santos, o Dema, superintendente Geral da Alepe com a sua decisão de nomear o ex-deputado Isaltino Nascimento para secretário no Cabo. Isaltino estava ocupando a função que Dema ocupará em fevereiro. “No cargo, Dema passa a ter espaços para fazer a boa política de relacionamento com todos os deputados na condição de fiel interlocutor de João”, avaliou Lula Cabral.

CURTAS

Mano Medeiros – O prefeito reeleito de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros (PL), disse que a cidade tem o mesmo prefeito, mas uma nova gestão. Ele reuniu o secretariado municipal na última sexta-feira para traçar as metas da gestão para os primeiros 100 dias de governo. “Tenho dito que é o mesmo prefeito, mas não a mesma gestão. Vou cobrar resultados, porque as quase 181 mil pessoas que confiaram a mim o seu voto precisam de respostas, de ações concretas”, declarou Mano Medeiros.

Os Gilsons nos EUA – O vereador do Recife Gilson Filho (PL) e seu pai, o ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL), embarcaram na última sexta-feira para Washington (DC) onde participarão da cerimônia de posse do presidente eleito norte-americano, Donald Trump. “É uma honra estar ao lado de grandes líderes internacionais e representar nossa cidade e nosso país em um evento de tamanha magnitude”, declarou o vereador.

Magno de volta – O titular deste blog volta do recesso hoje e vai assumir novamente a coluna de política diária mais lida do Estado. Foi uma honra e um prazer imenso substituir o chefe nesses primeiros quinze dias de janeiro de 2025 neste espaço. A partir desta semana, volto a fazer apenas a coluna do sabadão e estarei na reportagem nos demais dias. Obrigada a todos e todas, fontes, colegas, enfim, amigos e amigas que acompanham meu trabalho, pelos feedbacks carinhosos.

Perguntar não ofende: a governadora Raquel Lyra vai importar da região Sudeste o próximo titular da Educação ou vai dar chance a algum pernambucano?

Em 2026, Lula deve repetir estratégia de 2006 e subir em dois palanques em Pernambuco

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

A última semana foi de movimentações na política pernambucana, com o PT no centro dos debates para as eleições de 2026. Ao contrário do que os políticos gostam de dizer, as articulações para o próximo ano já estão a todo vapor e os possíveis candidatos tentam garantir as melhores condições para seus grupos, tanto o presidente Lula (PT), quanto a governadora Raquel Lyra (PSDB), como o prefeito do Recife, João Campos (PSB).

A conclusão que dá para chegar neste momento é a seguinte: para a disputa pelo Governo do Estado, tanto a governadora Raquel Lyra quanto o prefeito João Campos estão interessados em ter o presidente Lula nos seus palanques, mesmo que isso signifique dividir o petista com o grupo adversário e esteja Raquel Lyra em qual partido estiver até lá. Apesar da popularidade em queda, Lula ainda é o maior cabo eleitoral de Pernambuco.

No Nordeste, o presidente é imbatível e é preciso considerar que até a eleição do ano que vem, ele ainda tem tempo de recuperar a imagem, fazer entregas, viajar e conversar pessoalmente com os eleitores. Além disso, nenhum outro nome lidera as intenções de voto do campo progressista hoje no Brasil como o de Lula.

É interessante tanto para Raquel quanto para João ter o presidente em seus palanques. Mais do que isso: é muito pouco provável que, o presidente escolhendo um lado ou outro no pleito, quem supostamente ficasse de fora não fosse pedir votos para Lula em 2026, já que o petista ajudou as duas administrações, de Pernambuco e do Recife, com milhões em recursos e com a atenção de ministros que vieram pessoalmente várias vezes ao Estado, nos últimos dois anos.

Tanto é verdade que, na mesma semana em que o titular deste blog revelou que o poderoso ministro da Casa Civil de Lula, Rui Costa, quer Raquel Lyra no PT, João Campos cuidou logo de garantir a foto com o presidente em visita à Brasília. Já a governadora Raquel Lyra não disse nada, mas também não “desdisse”.

O presidente Lula, por sua vez, sabe que a eleição de 2026 não vai ser fácil para a esquerda e também tem interesse em ter os dois principais palanques do pleito pernambucano abertos para ele. Habilidoso e experiente, Lula não vai se fazer de rogado se precisar subir nos dois palanques e agradar todo mundo, como já fez na eleição de 2006, quando apoiou as candidaturas de Eduardo Campos e de Humberto Costa ao Estado.

LULA QUER RESULTADOS – Também pensando em 2026, o presidente vai cobrar mais resultados dos ministros. Ainda em meio a uma espécie de ressaca da “crise do Pix”, Lula vai passar o recado para a equipe na próxima segunda-feira (20). Ele quer ações concretas das pastas para mostrar serviço à população. Vai ser a primeira reunião ministerial do ano e ele pediu aos ministros que apresentem no encontro uma lista do que será entregue por cada um em 2025. Existe um clima de otimismo com a chegada do novo titular da Comunicação, Sidônio Palmeira. Aliados do Governo, no entanto, alertam para a necessidade de o time de Lula colaborar com medidas que beneficiem a população, para que as mudanças na comunicação tenham consequência prática na popularidade do líder petista.

Popularidade em baixa – O presidente vem, desde o ano passado, com a popularidade despencando. A mais recente pesquisa, da Gerp, foi divulgada ontem (17). O governo é aprovado por 38% dos brasileiros e reprovado por 50%, segundo o levantamento. Cerca de 12% dos entrevistados não sabem ou não responderam. As informações são do portal Exame. A pesquisa foi conduzida entre os dias 11 e 15 de janeiro e indica que acontecimentos recentes, como as normas da Receita Federal aumentando a fiscalização das operações financeiras e a disseminação de mentiras sobre a suposta taxação do Pix, podem ter influenciado na avaliação.

Bolsonaro não vai ver Trump – Já o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não vai conseguir ver a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, na próxima semana. O ministro do STF Alexandre de Moraes rejeitou, ontem, o recurso da defesa de Bolsonaro para liberá-lo a ir ao evento. O ex-chefe de Estado argumentou que cumpre integralmente as medidas cautelares desde as suas imposições e que “nada indica” que a devolução do passaporte por um período delimitado e justificado possa trazer riscos. Mas Alexandre de Moraes alegou que poderia haver fuga em caso de prisão decretada no inquérito da tentativa de golpe de Estado, em 2022.

Mas os deputados bolsonaristas vão – Ao contrário de Bolsonaro, um grupo de ao menos 20 deputados federais deve participar da posse de Donald Trump. O principal organizador da delegação de parlamentares é o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), um dos filhos do ex-presidente e atual secretário de relações institucionais e internacionais do partido. Eduardo mantém relação com aliados de Trump e esteve nos Estados Unidos para acompanhar a eleição, em novembro passado. Ele inclusive participou de um jantar na casa de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida.

Comemorou – A deputada federal Clarissa Tércio (PP) celebrou a decisão do Governo Lula de revogar a nova medida da Receita Federal que ampliava o monitoramento e controle das transações realizadas pelo Pix. Para Clarissa Tércio, a revogação enfatiza a importância da mobilização popular e o papel das redes sociais na influência das decisões governamentais. “Esta vitória é do povo brasileiro, que não aceita ser fiscalizado de maneira opressiva e sem transparência. A revogação desta norma mostra que quando nos unimos e usamos nossa voz, podemos fazer o Governo recuar de medidas que prejudicam a população”, afirmou.

CURTAS

Educação de Pernambuco 1 – Este blog divulgou com exclusividade, ontem, que a Secretaria de Educação do Governo Raquel Lyra pagou com recursos da própria pasta R$3 milhões para a União Nacional de Estudantes (UNE) realizar a 14ª Bienal de Arte e Cultura da UNE. O pagamento ocorreu após a saída conturbada do ex-secretário Alexandre Schneider, que pediu as contas e voltou para São Paulo.

Educação de Pernambuco 2 – O dinheiro enviado à UNE inicialmente seria pago pela Secretaria Estadual da Criança e Juventude, mas cinco dias após a saída de Schneider, houve a mudança e os recursos sairão da Secretaria de Educação, por meio de um “termo de execução descentralizada” dos recursos. A medida revoltou professores e chamou atenção porque chegou após o ex-secretário enviar a nota de despedida para governadora dizendo textualmente que “há valores que são inegociáveis”.

Dificuldade financeira – A prefeita de Sertânia, Pollyanna Abreu (PSDB), reuniu a imprensa, ontem, e afirmou que o quadro financeiro da cidade é crítico. Segundo ela, o ambiente deixado pela gestão do ex-prefeito Ângelo Ferreira (PSB) é de dívidas superiores a R$ 10 milhões, incluindo débitos com fornecedores e pendências previdenciárias. De acordo com a prefeita, a nova equipe encontrou o saldo de apenas R$22 mil no Instituto de Previdência dos Servidores de Sertânia, que antes contava com R$18 milhões. Apesar da situação, Pollyanna garantiu que fará o aporte necessário para assegurar o pagamento dos aposentados.

Perguntar não ofende: o ano letivo em Pernambuco vai começar sem que haja um novo secretário de Educação?

Você conhece o Drex, primo do Pix?

Por Larissa Rodrigues – repórter do Blog

Boa parte da crise do Pix se deu pela falta de transparência do Governo Federal ao não responder, de forma simples, as dúvidas da população que temia pagar mais impostos, entrando na faixa de 27,5% do Imposto de Renda, e também ter sua vida financeira bisbilhotada, mais do que já é, pela Receita Federal.

A estratégia foi insistir durante dias que o Pix não seria taxado e bagunçar a cabeça do povo dizendo que era tudo fake news, quando na verdade não era. Havia, sim, o desejo da equipe econômica do presidente Lula (PT) de monitorar mais severamente os ganhos informais para forçar à formalização de negócios e, assim, ampliar a quantidade de pessoas que pagam o Imposto de Renda.

O Governo diz que já fiscalizava o Pix. Segundo o discurso oficial, a Receita Federal já recebia dados sobre as transações em Pix dos bancos tradicionais (por exemplo, Caixa Econômica, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú), portanto não mudaria nada.

Porém, estavam fora do radar as novas instituições financeiras que surgiram com a tecnologia e caíram no gosto do povão, as chamadas fintechs (Nubank, Mercado Pago, PicPay, C6 Bank e Banco Inter), que já atingem 80% da população brasileira.

As novas regras, revogadas depois da repercussão negativa, passariam a obrigar que as fintechs também informassem à Receita Federal sobre as operações em Pix, o que colocaria uma lupa em cima de quem usa esses serviços em negócios informais. Mas a população mostrou que não receberá bem nenhuma iniciativa que aumente o controle do Estado em cima da renda suada de cada dia.

Com o episódio, já deu para perceber que os brasileiros e brasileiras estarão atentos às mudanças que o Drex poderá trazer às suas vidas e não aceitará mais regulação no seu bolso sem ter todas as informações das quais precisa. Mas afinal, o que é o Drex? O Drex é a nova moeda digital que será emitida pelo Banco Central do Brasil e está em desenvolvimento desde 2020. A sigla Drex significa “Digital Real Eletrônico”. A letra x passa a ideia de modernização e conexão.

A moeda digital deverá substituir o real – O Drex seria uma espécie de continuação das soluções virtuais oficiais que começaram com o Pix. Segundo o Banco Central, a moeda digital terá o mesmo valor do real tradicional e será emitida apenas na plataforma do Drex. A nova moeda, segundo a explicação do Banco Central, vai permitir vários tipos de transações financeiras seguras com ativos digitais. Atualmente, está na segunda fase de testes e pode estar disponível para a população até o final de 2025.

Questionamentos – O formato, entretanto, tem levantado questionamentos, por causa das amplas possibilidades que vão oferecer à autoridade monetária, no caso, o Banco Central. Segundo os críticos dessa novidade, o Drex pode levar à violações de liberdade individuais e maior fiscalização de como as pessoas fazem renda, como gastam seu dinheiro. Não está claro ainda se o uso da moeda digital será obrigatório ou se haverá a opção de não utilizar. Também não se sabe se ela vai substituir o Pix. As informações relacionadas ao assunto dão conta de que o Drex não é a mesma coisa do Pix, que seria só uma ferramenta de transferência. O Drex é o próprio real, só que digital.

Transparência não é favor, mas obrigação – O avanço das moedas digitais em todo o mundo é uma realidade, mas traz a preocupação sobre o controle quase absoluto que essas ferramentas podem dar ao Estado. Se a população brasileira foi contra uma maior fiscalização do Pix, principalmente por não receber do Governo Federal as informações das quais precisava sobre como esse monitoramento mudaria suas vidas em 2026, imagine quando for anunciada a implementação do Drex. É bom que todas as autoridades monetárias e o próprio Governo Federal tenham aprendido com o episódio do Pix que transparência não é favor, mas uma obrigação, sobretudo quando se trata de mexer no bolso das pessoas.

Voltando ao Pix – É impressionante, que mesmo depois de tudo, membros do Governo continuaram insistindo no discurso de que a medida que ampliava a fiscalização das transações foi revogada por causa da onda de fake news, o que não é verdade. O Governo voltou atrás por causa da repercussão negativa em cima da possibilidade de forçar inúmeras pessoas a pagarem Imposto de Renda ano que vem. Se deu conta de que a nova fiscalização era impopular demais e não teve o impacto político avaliado pela equipe econômica. Imagina em 2026, ano da eleição presidencial, um monte de gente recebendo cartinhas da Receita Federal para explicarem seus Pix. O problema nunca foi de comunicação, mas de falta de sensibilidade. A medida era desastrada e impopular desde o começo, não tinha marketeiro que desse jeito.

Reforma tributária – O presidente Lula (PT) sancionou, ontem (16), com vetos, o projeto de lei complementar 68 de 2024, principal texto de regulamentação da reforma tributária. As regras de transição passam a valer a partir de 2026. Já os vetos, que são pontuais e não alteram significativamente o texto, serão analisados pelo Congresso. O texto principal foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 16 de dezembro de 2024 e trata da unificação dos impostos para a criação do IBS (Impostos sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), que vão compor o IVA (Imposto sobre Valor Agregado).

CURTAS

REUNIÃO MINISTERIAL – Lula convocou, também ontem, uma reunião ministerial para a próxima segunda-feira (20). O chefe do Executivo determinou a interrupção de férias de 3 ministros: Márcio Macêdo (Secretaria Geral), Marcos Antônio Amaro (Gabinete de Segurança Institucional) e Carlos Lupi (Previdência Social). A expectativa é que todos os ministros participem.

BOLSONARO E TRUMP – A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recorreu, ontem, ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do ministro Alexandre de Moraes que não permite que ele compareça à posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Bolsonaro pretende reverter essa decisão. Os advogados dizem que o ex-presidente tem cumprido corretamente as medidas impostas a ele, investigado em inquéritos no STF.

AVIAÇÃO BOMBANDO – Nos últimos dois anos, a aviação civil brasileira inseriu mais de 20 milhões de passageiros, de acordo com dados divulgados esta semana pelos ministérios de Portos e Aeroportos, Turismo, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Embratur. De janeiro a dezembro de 2024, mais de 118 milhões de pessoas utilizaram o modal aéreo. O número representa aumento de cerca de 5% em relação ao ano anterior. Os dados estão na atualização do relatório de demanda e oferta da Anac.

Perguntar não ofende: haverá transparência na implementação do Drex?

Faltou objetividade e transparência do Governo Federal na crise do Pix

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Desde que começou a crise do Pix, há alguns dias, existem dúvidas que o Governo Federal nunca respondeu de forma objetiva: o que aconteceria com quem recebesse mais de R$5 mil reais por mês no Pix, no caso de pessoa física, e R$15 mil, pessoa jurídica? Qual o motivo de colocar uma lupa em cima de transações a partir desses valores, com as novas regras de fiscalização da Receita Federal?

O presidente Lula (PT), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e todos os aliados passaram dias e mais dias repetindo o mantra de que não haveria taxação do Pix. Mas a preocupação dos trabalhadores brasileiros era outra, sejam os autônomos, os informais, os CLTs que complementam a renda prestando algum serviço nos finais de semana e cobrando via Pix, os pequenos comerciantes ou os microempreendedores.

O povo queria saber se as novas regras de monitoramento da Receita iriam fazer com que essas pessoas pagassem Imposto de Renda a partir de 2026. O Governo sabia disso e ficou “se fazendo de louco”, falando em taxação, em fake news e repetindo que nada mudaria na vida do contribuinte com o aumento da fiscalização.

Como não? Se ganhando informalmente a partir de R$5 mil você seria obrigado a explicar sua renda para a Receita, em 2026? Alguns podem argumentar que já é assim, que o funcionário CLT com salário de R$5 mil já declara esse valor. Mas os autônomos e informais não têm os mesmos direitos do CLT, como férias, décimo terceiro, horas extras e, muitas vezes, chegam nesse valor sacrificando momentos de folga, horas de sono.

Essa estratégia do Governo de não responder com objetividade que sim, está de olho em quem não está declarando renda e colocar a culpa de tudo na oposição e nas fake news só piorou a crise. Faltou coragem de admitir que o objetivo era aumentar a base de arrecadação fiscal com essa fatia da população, que percebeu que, no fim das contas, acabaria pagando mais imposto em 2026.

A incompetência do Governo nesse episódio foi tanta que a Receita nem vai conseguir pegar os grandes sonegadores, já que foi obrigada a recuar nas novas medidas, fortaleceu a imagem de “taxador” insensível de Fernando Haddad, derrubou de forma histórica as transações do Pix e ainda deixou que um cara como Nikolas Ferreira (PL), que nunca esteve ao lado de trabalhador pobre desse País, saísse de herói.

O ESTRAGO JÁ FOI FEITO – O discurso do Governo é de que revogou a medida para evitar mais fake news. Mas recuou porque percebeu que uma fatia gorda da população, a da classe média e da classe média baixa, entendeu o que aconteceria em 2026, ano eleitoral, e se voltou contra as novas medidas e contra o Governo, mais do que já estava. Não adianta se esconder atrás de fake news. O povo percebeu a estratégia e a já abalada imagem do Poder Executivo ficou ainda mais corroída. A verdade é que Lula (PT) sentiu a pressão da repercussão negativa entre uma parte da população com a qual a esquerda deixou de dialogar há muito tempo.

Povão que faz seus corres – É uma professora aposentada que faz bolos e recebe via Pix para complementar a renda. É um motoboy que cruza a cidade dez doze horas por dia e recebe seus R$5 mil via Pix, mas não declara, porque precisa sustentar dois filhos e uma mãe doente. É um fisioterapeuta mal remunerado na CLT que completa o orçamento trabalhando freelancer após o expediente e cobra no Pix. É um pintor de paredes que abre mão de ter um dia de descanso semanal e trabalha de domingo a domingo nas casas do bairro, muitas vezes oito ou dez horas por dia, recebendo via Pix dos clientes. A partir de 2026, seriam todos obrigados a entregar uma parte de suas rendas sacrificadas para o Governo, porque a sanha de aumentar a arrecadação desse país é insaciável e só estoura nas costas do trabalhador.

Depois da crise – O Governo editará uma MP (Medida Provisória) que vai tentar equiparar os pagamentos no Pix e em dinheiro. A norma protegerá o método de pagamento digital de taxações e de quebras de sigilo bancário. O anúncio foi feito ontem (15) pelo ministro Fernando Haddad, depois de dias de fritura e crise por falta de transparência e comunicação ineficaz no episódio da crise do Pix. Na prática, informou Haddad, cobranças extras em pagamentos utilizando Pix estarão vedadas. “O que você cobra em dinheiro, você vai poder cobrar em Pix. Você não vai poder cobrar a mais”, afirmou.

Polícia Federal atenta – O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que a Polícia Federal seria notificada ainda ontem para abrir um inquérito com o objetivo de identificar os autores de notícias e golpes envolvendo o Pix. Segundo Messias, foi criada uma “desordem informacional” sobre o tema. As declarações foram dadas a jornalistas no Palácio do Planalto depois do anúncio da derrubada das novas medidas de fiscalização do Pix. A Advocacia Geral da União disse ter identificado crimes contra a economia popular e com o uso das logomarcas do Governo do presidente Lula, do Ministério da Fazenda e da Receita Federal. Messias disse que “pessoas de boa-fé caíram em golpes, estimulados pela mentira produzida por esses políticos, por essas pessoas, por esses criminosos”.

Queda do número de transações – Com a crise do Pix, o sistema registrou nos primeiros dias de janeiro a maior queda em relação ao mês anterior desde o lançamento da ferramenta de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central, em novembro de 2020. O levantamento realizado pelo GLOBO com base nos dados do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) do BC, mostrou que a quantidade de operações Pix entre 4 e 10 de janeiro somou 1,250 bilhão, uma queda de 10,9% ante o mesmo período de dezembro. Antes disso, o maior recuo no número de transações nesse intervalo havia ocorrido em janeiro de 2022 na comparação com o mês anterior (-7,5%).

CURTAS

André de Paula 1 – Em entrevista à Rádio Folha FM, ontem, o ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula (PSD), declarou seu desejo de ver a governadora Raquel Lyra (PSDB) no PSD, ao comentar sobre a possibilidade de fusões e alianças entre partidos.

André de Paula 2 – “Se a gente pode somar forças políticas de dois ou três partidos importantes, se é possível fazer convergir com um objetivo comum, de região para região, essa é uma construção política que exige muita habilidade. Se for possível, eu olho com bons olhos. Independente de ser entre o PSD e o PSDB, eu sonho em ter a governadora Raquel Lyra no PSD”, afirmou o ministro.

Câmara do Recife – Os vereadores da capital aprovaram em segunda discussão o projeto do prefeito João Campos (PSB) que reestrutura as competências e cargos do Recife após a reforma que modificou a configuração da gestão do município. A proposta recebeu 25 votos favoráveis e seis contrários.

Perguntar não ofende: qual será a próxima crise de imagem do Governo Lula?

A crise do Pix e a desconexão da esquerda com o povo

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

As novas regras de fiscalização da Receita Federal para transferências financeiras, que passaram a valer no primeiro dia deste ano, se tornaram uma dor de cabeça imensa para o Governo Lula (PT) e sua equipe econômica. Tudo o que a gestão petista não precisava neste momento.

O anúncio de mais rigor no monitoramento de transações que somem R$5 mil por mês para pessoas físicas ou R$15 mil para empresas caiu como uma bomba na cabeça de parte da população brasileira.

O objetivo da Receita é ampliar o controle sobre operações realizadas via Pix, cartões, Ted, saques e depósitos, evitando sonegação de impostos e crimes como lavagem de dinheiro. A medida tem preocupado profissionais autônomos, trabalhadores informais, pequenos comerciantes e microempreendedores, prestadores de serviço de maneira geral, que temem entrar na faixa passível de pagamento do Imposto de Renda.

Na prática é isso mesmo que vai acontecer. Com o aumento da fiscalização, a Receita ficará mais atenta às transações que antes ficavam fora do radar, principalmente aquelas realizadas via Pix, o meio de pagamento que substituiu nos últimos anos as operações em dinheiro físico no Brasil.

Se a Receita entender que você, pessoa física, ganhou mais de R$5 mil reais por mês, você vai precisar explicar esse rendimento. O mesmo serve para as pessoas jurídicas que obtiverem mais de R$15 mil mensais. Isso já acontecia, mas quem recebia esses valores via Pix não era obrigado a declarar. Agora, será.

Só que a população está com medo de uma coisa e o Governo se esforça para explicar outra, aumentando a confusão em torno do assunto e gerando mais desgaste. Enquanto o povo está temeroso de ver o pagamento de bicos informais ser monitorado pela Receita, colocando um monte de gente na faixa de 27,5% do pagamento do Imposto de Renda, Lula e equipe se esforçam para dizer que o Pix não vai ser taxado.

É VERDADE, O PIX NÃO VAI SER TAXADO – Sim, a oposição se aproveitou do desgaste e espalhou fake news de que haveria taxação em cima do Pix, o que a rigor não vai acontecer. O Governo tem tentado disseminar a verdadeira informação e até o presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, gravaram vídeos para as redes sociais desmentindo a inverdade. Só que a preocupação que ronda os trabalhadores é com a possível entrada na faixa de 27,5% do Imposto de Renda. Antes do Pix, um pedreiro, eletricista, design de sobrancelha, manicure, pintor e outros prestadores de serviço, por exemplo, costumavam receber sempre em dinheiro. Com a popularização do uso do Pix, eles passaram a ter toda a renda registrada e atrelada aos seus CPFs. O Governo acordou para isso e colocou uma lupa em cima.

Desconexão com o povo – Uma das análises que se faz nos últimos anos no meio político é de que as esquerdas no Brasil perderam a capacidade de se conectar com uma parte da população, justamente com a classe média baixa, com os autônomos, os informais. O próprio Guilherme Boulos (PSOL) disse, durante a campanha para a Prefeitura de São Paulo, ano passado, que “a esquerda deixou de falar com uma parcela dos trabalhadores que buscou sua prosperidade de outra forma”.

Comerciantes passam a exigir dinheiro vivo – Essa desconexão é exatamente o que revela o Governo Lula ao decidir vigiar quem consegue fazer renda de R$5 mil com o Pix. Nos sonhos dourados dos técnicos da Fazenda que vivem em escritórios refrigerados, o povo vai ser obrigado a formalizar negócios e ampliar a base de arrecadação fiscal. Na realidade dura da vida, os comerciantes da Feira de Caruaru, por exemplo, já estão colocando plaquinhas nos bancos de madeira avisando que só aceitam dinheiro em espécie. Ninguém quer ficar na mira da Receita, principalmente porque já se paga muito imposto no Brasil e não se tem a sensação de que aquele recurso retorna em serviços públicos.

Péssimo momento para ampliar o poder do “Leão” – O Governo Lula iniciou 2025 com índices de popularidade preocupantes, indicando que escolheu um péssimo momento para anunciar mais fiscalização da Receita Federal. De acordo com o PoderData, por exemplo, o trabalho do presidente era avaliado como “bom” ou “ótimo” por 43% dos eleitores em janeiro de 2023, mas caiu para 27% em dezembro de 2024. É muita ingenuidade achar que iria botar uma lupa no Pix e não teria consequências. A crise de imagem, inclusive, afeta também o ministro Fernando Haddad, que, já sentindo a fritura, tentou amenizar o desgaste, ontem (14), dizendo que a gestão analisa aumentar de R$ 2.824 para R$ 3.036 mensais a isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física, em 2025.

O novo ministro faz milagre? – O novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Sidônio Palmeira, tomou posse ontem e chegou com as missões de revolucionar a forma como o Governo Lula se comunica com a população, combater fake news e fazer com que a gestão melhore no ambiente digital. Não adiantará de nada se na prática a vida do povo ficar mais difícil com novas regras como as anunciadas pela equipe econômica, que ampliam a fiscalização da Receita. A não ser que o novo ministro faça milagre.

CURTAS

Povo lembra da CPMF – As campanhas do Governo Federal têm afirmado que “não existe tributação sobre Pix e nunca vai existir, até porque a Constituição Federal não autoriza imposto sobre movimentação financeira”. No entanto, a população mais velha ainda lembra da famigerada CPMF, a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira. Quando os políticos querem, a Constituição não vale de nada.

Concessão parcial da Compesa – Será realizada na manhã de hoje (15) a audiência pública que tratará da concessão parcial da Compesa, empresa de saneamento e distribuição de água de Pernambuco. O projeto está sendo desenvolvido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com o Estado. A audiência será na sede da Fiepe, na Avenida Cruz Cabugá, 767, bairro de Santo Amaro, a partir das 9h.

Prefeitos e prefeitas já receberam informações – A equipe da governadora Raquel Lyra (PSDB) apresentou, ontem, o projeto de concessão da Compesa para prefeitos e prefeitas do Estado, em assembleia extraordinária da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). O secretário de Recursos Hídricos e Saneamento, Almir Cirilo, o secretário de Projetos Estratégicos, Rodrigo Ribeiro, e o secretário executivo de Parcerias e Projetos Estratégicos, Marcelo Bruto, responderam aos questionamentos dos gestores.

Perguntar não ofende: quando a esquerda brasileira vai voltar a falar a língua do povo?

Quem vai comandar o orçamento da Educação, o maior de Pernambuco?

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

A política pernambucana está atenta esta semana às mudanças que a governadora Raquel Lyra (PSDB) fará na sua equipe. A Secretaria da Educação é o espaço de maior visibilidade no qual haverá uma nova indicação. É grande a expectativa da classe política e das pessoas ligadas a essa área para saber qual será o movimento que Raquel vai fazer ao escolher um nome para assumir a pasta.

O orçamento da Educação é o maior entre todas as secretarias estaduais. Somente para 2025, o valor chega a R$8,5 bilhões. O montante supera o orçamento dos municípios do Estado e se aproxima do orçamento de 2025 da Prefeitura do Recife, que é de R$9,2 bilhões.

Para além do poder econômico da Educação, está a capilaridade indiscutível da pasta, que possui cerca de 40 mil funcionários espalhados por Pernambuco, sendo 30 mil professores, e conta, ainda, com sete secretarias executivas e 16 gerências regionais. São 1550 escolas administradas pela rede estadual.

Sem dúvida alguma, é um espaço de muito prestígio e que faria brilhar os olhos de qualquer político. Agradaria qualquer partido. Quem assumir terá a chance de ter contato com todas as regiões do Estado.

Mas a governadora precisa ser muito estratégica nessa escolha, tanto pelo imenso poder que ela vai dar ao próximo secretário ou secretária, quanto pelo pouco tempo que tem para mostrar resultados. Como a secretaria é gigante, a próxima pessoa que assumir vai levar um tempo para assimilar o tamanho e as especificidades da rede, caso nunca tenha passado por lá.

É natural que o novo titular da pasta demore alguns meses para compreender e começar a destravar o trabalho. Mas, depois de dois secretários terem saído em dois anos de gestão, essa demora pode impactar nas entregas de Raquel Lyra para a área. Daqui que chegue alguém, se acomode, entenda e comece a enfim prosseguir com as demandas, acabou 2025 e chegou o ano eleitoral de 2026 sem ter o que mostrar.

RAQUEL NÃO GOSTA DE SOMBRA – Desde a semana passada, quando surgiu a notícia da demissão do ex-secretário Alexandre Schneider, o nome do deputado federal Mendonça Filho (União Brasil) tem circulado nos bastidores como cotado para a substituição. Fontes ligadas ao Palácio afirmaram a este blog que não entendem o motivo de a governadora ainda não ter anunciado Mendonça como novo secretário, já que ele entende da área, porque já foi ministro da Educação, é leal a ela e ainda resolveria uma parte do União Brasil na base do governo tucano. É simples: Raquel não gosta de sombra. Desde o início da escolha do seu secretariado, ela não optou por nenhum nome que fosse maior do que o dela, ou que tivesse a possibilidade de fazer sombra para ela. O perfil da governadora é de quem prefere que o Governo gire em torno do próprio nome, sem holofote para nenhum subordinado.

Sem espaço para brilho próprio – O currículo de Mendonça Filho é bem conhecido dos pernambucanos. Foi vice-governador do Estado e candidato a governador. É mínima a chance de Raquel o escolher para a Educação. Pode acontecer? Pode, porque só a governadora sabe o que se passa na própria cabeça. Mas seria uma exceção ao que ela tem demonstrado.

Nomes ligados à política, mas com perfil técnico – Até agora, as escolhas de Raquel para a Educação foram nomes técnicos, mas que também guardavam ligações políticas. Na primeira aposta, com Ivaneide Dantas, agradou ao grupo dos Ferreira de Jaboatão dos Guararapes (RMR). Ela havia sido secretária da mesma área na gestão do ex-prefeito Anderson Ferreira (PL). A segunda jogada da governadora, Alexandre Schneider, fez um gesto ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, já que ele foi secretário de Educação em São Paulo na gestão de Kassab.

Débora Almeida – Ontem (13), outro possível nome cotado para a pasta passou a circular nos bastidores da política, o da deputada estadual Débora Almeida (PSDB). A parlamentar é uma fiel escudeira de Raquel Lyra na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Por isso mesmo, algumas fontes ligadas ao blog duvidam que Raquel possa abrir mão de Débora na Casa. Atualmente, ela é presidente da Comissão de Finanças. Mas tem experiência em gestão, já que foi prefeita de São Bento do Una, no Agreste. A deputada também é advogada por formação e procuradora federal.

João Paulo diz que não quer – Já o deputado estadual e ex-prefeito do Recife, João Paulo (PT), apesar de também ter o seu nome circulando e ganhado força nos últimos dias para eventualmente ocupar a Educação, disse que não quer a vaga e que está muito bem na Alepe. “Não há um desejo meu de ser secretário. Esse é o melhor mandato que já fiz, reconhecido pela luta em defesa dos trabalhadores, da moradia, da saúde e educação para o povo pernambucano”, afirmou em nota postada no Instagram, ontem.

CURTAS

PT não faz oposição a Raquel – Em conversa com este blog, ontem, João Paulo disse que o seu nome sempre aparece nas especulações políticas, já está acostumado. O parlamentar defende que o Diretório Estadual do PT reveja seu posicionamento oficial de oposição a Raquel Lyra, já que na prática o partido não está contra ela. “Os dois senadores (Humberto Costa e Teresa Leitão) não fazem oposição. O deputado federal Carlos Veras, também não. Os estaduais e as vereadoras (Liana Cirne e Kari Santos), também não”, destacou.

Por falar em educação – O presidente Lula (PT) sancionou sem vetos o projeto que limita o uso de celulares nas escolas públicas e privadas de todo o País, ontem. A nova lei proíbe o uso dos smartphones durante a aula, mas também no recreio ou nos intervalos entre os cursos. O texto da lei determina que a regra vale para educação básica, que abrange pré-escola, ensino fundamental e ensino médio. A sanção ocorreu em cerimônia fechada no Palácio do Planalto, com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, e de outros ministros, secretários e profissionais da área, além da primeira-dama, Janja da Silva.

Nordeste nota mil – Um estudante de Pernambuco tirou nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, segundo o ministro da Educação, Camilo Santana. Em todo o Brasil, foram 12 notas máximas na produção do texto dissertativo-argumentativo, que teve como tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. O Nordeste teve cinco notas 1.000. Além de Pernambuco, alunos de Alagoas, Ceará, Maranhão e Rio Grande do Norte receberam a pontuação máxima na redação.

Perguntar não ofende: o Governo Raquel Lyra vai ter tempo de entregar algum resultado concreto na Educação?

Qual o cálculo de João Campos ao deixar Dema de fora do secretariado?

Por Larissa Rodrigues – repórter do blog

Na política não existe espaço vazio, não existe vácuo. Quando o prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), resolveu abrir mão de seu secretário de Governo, Aldemar Santos, o Dema, extinguindo a histórica e importante Secretaria de Governo do Recife, na verdade, “colocou no mercado” um quadro que claramente ganhou notoriedade pela sua desenvoltura e jeito de ser.

A presença de Dema, extremamente positiva na gestão do socialista e durante a campanha para reeleição do prefeito, vinha, óbvio, sendo observada por outras lideranças políticas de todo o Estado. O risco de ele ser capturado para outro espaço ao não integrar o secretariado de João era imenso.

Atento ao cenário político, o recém eleito primeiro secretário da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado Francismar Pontes (PSB), antevendo a possibilidade de que Dema não estaria na relação dos escolhidos pelo prefeito para o seu novo mandato, foi lá e o convidou para assumir a Superintendência Geral da Casa. O espaço é um dos mais importantes cargos do Poder Legislativo.

Apesar do fato de que Dema continua muito ligado a João Campos, Aldemar Santos reforçou, em conversa com este blog, que chega na Assembleia “não a serviço de lado A ou B da política, nem a favor de João, nem de José e nem de Maria, mas sim somando àquele Poder”.

O fato é que Dema leva para o Poder Legislativo todas as qualidades que o fizeram ser conhecido na política como um “construtor de viadutos”, como bem definiu o titular deste blog em texto no dia em que Dema anunciou no Instagram que encerrava sua missão na Prefeitura do Recife. Tem a capacidade de juntar pessoas, de resolver problemas e de conversar.

A dúvida que fica é se o prefeito não considerou essas virtudes na montagem do seu novo secretariado e Dema foi escolha livre de Francismar Pontes, ou se João Campos, conhecedor de tais virtudes, influenciou nessa escolha, indicando o seu ex-secretário de Governo para essa missão.

JOÃO CAMPOS FEZ A CONTA CERTA? – Para quem acompanha de perto a política em Pernambuco, não duvida de que a chegada de Dema na Alepe é boa para aquela casa legislativa. Sugere um clima de muito diálogo entre a Presidência, a primeira-secretaria e todos os lados da política do Estado ali representados. Resta saber se João Campos fez a conta certa. Resta saber se Dema, de fato, não vai fazer falta à gestão do prefeito.

Conciliador – Uma das características do próximo superintendente geral da Assembleia é a capacidade de conversar com todos os lados da política. Já foi recebido pelo presidente Lula (PT) em Brasília e, desde o início da gestão da governadora Raquel Lyra (PSDB), por exemplo, teve inúmeras conversas com a Casa Civil de Raquel. Como secretário de João, Dema também tinha a missão de dialogar com os partidos e com a Câmara de Vereadores, algo que ainda não se sabe exatamente quem vai fazer no novo mandato do prefeito.

Agora o diálogo é estadual – Se antes a atuação de Dema estava, de maneira geral, restrita aos limites da capital, a partir do momento em que assumir a Superintendência Geral da Alepe, vai passar a ter diálogo frequente com todos os cantos de Pernambuco, que são representados pelos deputados. Como diria o matuto, cada deputado tem junto uma “tuia” de prefeitos e de vereadores, ou seja, Dema vai ficar ainda mais visível para as diversas lideranças estaduais. Por isso que fica a dúvida se João considerou todos esses aspectos ao escolher não o manter no seu primeiro escalão ou se foi realmente uma jogada.

João vai precisar de gente – Por falar na montagem do time de João Campos, vale lembrar que ele vai precisar ampliar a quantidade de pessoas de confiança e articuladas no seu entorno, caso se consolide mesmo como liderança nacional. Com o resultado da última pesquisa AtlasIntel, divulgada na sexta-feira passada (10), o prefeito está posicionado como o segundo nome mais bem avaliado pelos eleitores de esquerda para liderar o campo progressista nos próximos anos. O levantamento aponta João com 18,3% das intenções. Ele ficou atrás apenas do presidente Lula (PT), que lidera com ampla vantagem de 61,5%. Como não poderia ser diferente, se torna alvo fácil de outros partidos que não querem abrir mão do poder.

Boulos em terceiro – Além de Lula e João Campos, o ranking AtlasIntel mostrou as opções no cenário político nacional para esquerda. Guilherme Boulos (PSOL), mesmo com toda a projeção que ganhou nas últimas eleições, aparece em terceiro lugar, com 10,7%, seguido pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, com 2%. Vale lembrar, ainda, que Boulos já criticou João Campos, afirmando que o prefeito do Recife construiu sua trajetória política por herança familiar.

CURTAS

Clodoaldo e o PV – Aliado da governadora Raquel Lyra, o deputado federal Clodoaldo Magalhães foi eleito, no último sábado (11), como vice-presidente nacional do Partido Verde (PV). Ele também mantém a presidência estadual do PV em Pernambuco. Na nova função, Clodoaldo Magalhães terá a missão de promover o crescimento do partido e fortalecer suas bandeiras em todo o País.

Auxílio aos municípios – Uma das pautas da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) na reunião que fará com os prefeitos e prefeitas do Estado, nesta terça-feira (14), é a proposta para a criação do setor de engenharia da entidade. O objetivo é que a associação possa auxiliar os municípios de pequeno porte na elaboração de projetos. A assembleia extraordinária será na sede da Amupe, no bairro de Jardim São Paulo, no Recife, a partir das 9h.

Se inspirou em Raquel? – A prefeita de Sertânia, Pollyanna Abreu (PSDB), assinou seu primeiro decreto com medidas para o funcionalismo público municipal. O documento determinou a exoneração de todos os servidores comissionados da administração direta e indireta, além da rescisão de contratos, exceto para médicos e enfermeiros que atuam no Pronto Atendimento Municipal e nos Postos de Saúde da Família (PSF). Lembrou a canetada do fim do mundo de Raquel Lyra, no início de janeiro de 2023.

Perguntar não ofende: com a reforma ministerial de Lula prevista para este mês, como o presidente vai mexer com a vida dos vários pernambucanos que estão no time?

Pedir para sair se torna padrão nas gestões de Raquel Lyra

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

A queda do segundo secretário de Educação do Governo Raquel Lyra (PSDB) em dois anos de gestão, notícia que sacudiu a política pernambucana na última semana, repete um padrão nas administrações da tucana, algo que vem da época em que ela era prefeita de Caruaru, no Agreste.

Além dos secretários que nos últimos dois anos também pediram para sair do Estado, o episódio de Alexandre Schneider, vale recordar, foi muito parecido com a saída da ex-secretária de Educação de Caruaru, Raquel de Oliveira, logo no início da segunda gestão da então prefeita reeleita Raquel Lyra.

Com menos de dois meses à frente da pasta, a secretária pediu demissão. No dia 24 de fevereiro de 2021, a Prefeitura de Caruaru enviou nota à imprensa informando que a exoneração havia sido solicitada pela própria secretária, devido a questões pessoais. Assim como Alexandre Schneider, Raquel de Oliveira veio de fora de Pernambuco. É carioca e acumula vasta experiência como pesquisadora da área.

Em conversa com este blog, ontem, Raquel de Oliveira destacou que “a governança executiva no Brasil confunde Secretaria de Educação com autarquia subordinada à Administração e à Fazenda, ou, ainda, a reduz como campo para propaganda da Comunicação. É algo estrutural na governança executiva Brasileira dos Estados e municípios”.

A crise da última semana, logo nos primeiros dias do ano, voltou os holofotes para dificuldades pelas quais a Secretaria de Educação pernambucana tem passado, segundo relatos internos, além de ter aberto espaço para críticas da oposição.

O NÓ DAS LICITAÇÕES QUE TRAVA TUDO – Um dos perrengues da pasta também ocorre nas outras secretarias, por uma escolha da própria governadora. Trata-se da dificuldade para fazer uma licitação, seja de médio ou grande porte, já que na gestão tucana todos os processos foram concentrados na Secretaria de Administração do Estado (SAD). Sem realizar a licitação para a merenda de 135 escolas da rede a tempo, o Estado precisou fazer contratos emergenciais milionários para a compra dos alimentos, evitando que os estudantes voltassem às aulas no início de fevereiro desabastecidos. O episódio teria sido a pá de cal na relação já abalada entre Raquel Lyra e o ex-secretário Alexandre Schneider, amigo do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

Resultado “pífio” – Como não poderia ser diferente, a confusão levantou a voz dos oposicionistas, que acusam a governadora Raquel Lyra de resultado “pífio” na área, além de se apropriar de programas das gestões anteriores e bagunçar todo um trabalho que era prioridade nos governos do PSB. A oposição defende que nas gestões socialistas foram consolidadas políticas públicas importantes para a Educação. Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado estadual Waldemar Borges (PSB) afirmou: “apropriar-se de uma iniciativa que não criou é lamentável e mostra a falta de resultados próprios para apresentar”.

Ganhe o Mundo e Investe Escola – Um dos programas criados nos governos do PSB foi o Ganhe o Mundo, iniciado em 2011, na época do então governador Eduardo Campos, e que oferece intercâmbio para alunos da rede pública. No Governo Paulo Câmara, a iniciativa foi incrementada com o Ganhe o Mundo Professor, versão voltada para os docentes, durante a gestão do ex-secretário Marcelo Barros. Outro programa também do Governo Paulo Câmara e que marcou a passagem de Marcelo Barros pela pasta foi o Investe Escola, que facilita a chegada de recursos para a manutenção das unidades de ensino. Só que o Ganhe o Mundo, o Ganhe o Mundo Professor e o Investe Escola foram divulgados pelo Governo Raquel Lyra como se fossem novidades da gestão dela.

Ao invés de ganhar o mundo, estudantes ganharam dores de cabeça – Sobre o Programa Ganhe o Mundo (PGM), há inúmeras queixas de estudantes e pais de alunos a respeito da desorganização do Governo. “Estudantes selecionados do PGM não têm data, previsão, nem qualquer tipo de informação sobre o embarque. Já não bastaram os erros da seleção”, diz um relato recebido pelo blog. Mais uma vez, a iniciativa esbarra na questão das licitações. Em mensagem enviada para pais e alunos no grupo do programa, na última quarta-feira (8), um funcionário do Governo informou: “como muitos já sabem, a primeira licitação para o intercâmbio do Canadá e EUA fracassou e o Estado teve que abrir nova licitação que ocorreu em dezembro do ano passado. Agora estamos aguardando a conclusão do processo licitatório”.

Líder da oposição na Alepe – O deputado estadual Diogo Moraes (PSB) criticou o que considera “falta de compromisso da gestão estadual com o futuro da educação no Estado”. “A saída do secretário Alexandre Schneider precisa ser melhor explicada. Faltando menos de um mês para o início das aulas, a imprensa revela um novo episódio do desastre que é a gestão atual: a ausência de licitação para merenda de 135 escolas leva o governo a contratar, via dispensa de licitação, um item fundamental dos nossos estudantes, que é a alimentação”, destacou.

CURTAS

Relembrar é viver – O primeiro secretário a desembarcar do Governo Raquel Lyra foi Silvério Pessoa, da Cultura. Em seguida, Aloísio Ferraz, da Agricultura, Carla Patrícia, da Defesa Social, e Evandro Avelar, da Infraestrutura. Depois, Regina Célia, da Mulher, sendo substituída por Mariana Melo, que foi vice de Daniel Coelho e não voltou nunca mais.

Mais saídas – O governo ainda acumula uma troca na Secretaria de Turismo, já que Daniel Coelho saiu para concorrer ao Recife, mas também não retornou. Houve, ainda, a saída de Lucinha Mota, secretária de Justiça, que preferiu voltar a ser vereadora de Petrolina, no Sertão, a ficar no time. Assim como ela, a secretária de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, Carolina Cabral, e o secretário da Assessoria Especial da governadora, Fernando Holanda, também deixaram as pastas.

Amupe realiza encontro – Em meio às disputas nos bastidores para a eleição da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), em fevereiro, a entidade realizará, na próxima terça-feira (14), em sua sede (na Avenida Recife, em Jardim São Paulo), a primeira assembleia extraordinária de prefeitos e prefeitas de 2025. O encontro reunirá os gestores que tomaram posse no dia 1º de janeiro. Na ocasião, a assembleia também abordará o processo de eleição da nova diretoria executiva e conselho fiscal, incluindo a escolha e homologação da Comissão Eleitoral.

Perguntar não ofende: qual partido vai conseguir a pasta da Educação de Raquel Lyra?