Coluna da terça-feira

Janja melou o G20

O affair de Janja com Elon Musk continua sendo o assunto mais dominante em Brasília. Nos bastidores, o que se diz é que o que mais irritou o entorno de Lula sobre as gafes em sequência de Janja na programação social do G20 não foi propriamente a repercussão do “fuck you, Elon Musk” na política internacional.

Embora a provocação da primeira-dama seja vista como um problema em potencial para a diplomacia, fontes próximas ao presidente afirmam que é possível contornar o estrago nas relações entre os dois países. O que frustrou o Palácio do Planalto foi o fato de que as falas de Janja ofuscaram o ato final do evento, programado para gerar manchetes positivas sobre o legado da presidência brasileira do G20.

De acordo com esses interlocutores do presidente, todo o evento — a primeira programação paralela a um evento do G20 destinada a organizações sociais — foi pensado para reforçar o discurso de Lula sobre o combate a fome e à desigualdade.

Mas, no dia em que os movimentos sociais entregaram ao presidente uma carta com propostas para os chefes de Estado que se reúnem desde ontem, no Rio de Janeiro, as principais manchetes sobre o G20 social no Brasil e no exterior são relacionadas a Janja.

A declaração causou tanto desconforto interno que até Lula a corrigiu em público, ao dizer, no evento em que recebeu a carta, que “não temos que xingar ninguém”. A atitude de Lula, que nunca tinha feito nenhum reparo público a Janja — e internamente também sempre se recusou a aceitar críticas a ela — surpreendeu alguns assessores.

REPASSE MINERAL – Entre janeiro e novembro deste ano, a Agência Nacional de Mineração (ANM) repassou cerca de R$ 5 bilhões aos estados, Distrito Federal e municípios produtores minerais, referente à Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM). Do total, mais de R$ 1 bilhão foi destinado aos estados e ao Distrito Federal, enquanto cerca de R$ 4 bilhões foram distribuídos entre os municípios. Fevereiro foi o mês com os maiores valores repassados, com cerca de R$ 109 milhões aos estados e mais de R$ 430 milhões aos municípios. Já o mês com os menores valores foi junho, com cerca de R$ 81 milhões aos estados e mais de R$ 320 milhões aos municípios.

O efeito vá se fuder – Janja se deu mal ao xingar Elon Musk, o bilionário americano dono do X, da Starlink e da Space X, escolhido para liderar o Departamento de Eficiência Governamental no governo Donald Trump. Ela deixou Lula em maus lençóis na comunidade internacional. Veículos de comunicação da Europa e Estados Unidos, como BBC, Reuters, Bloomberg, Deutsche Welle, Le Figaro e Bild, deram destaque ao incidente, destacando desde o histórico de tensões entre Musk e o governo brasileiro até preocupações com possíveis impactos diplomáticos do episódio.

Ministro puxa-saco – Mesmo após a bronca indireta de Lula na esposa, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), resolveu dobrar a aposta e elogiar o xingamento da primeira-dama Janja a Elon Musk. Pelas redes sociais, Teixeira afirmou que Janja falou o que “estava preso nas nossas gargantas”. “Esse é o sentimento sobre Elon Musk e sua interferência negativa na política internacional”, disparou.

Reflexo da eleição de Trump – Em entrevista ao Estadão, o economista Mendonça de Barros disse que a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos não foi boa para países emergentes como o Brasil – e que isso tornou o cenário externo muito mais desafiador. “Se tinha alguma dúvida, o resultado da eleição americana e o famoso “Trump trade”, que já vem sendo antecipado muito antes da eleição, mostra que, de fora, vem uma bucha de proporções razoáveis para países como o Brasil. Não tem como achar que daí vem qualquer coisa boa pra nós”, afirmou.

Ganhando corpo – O prefeito de Itapetim, Adelmo Moura (PSB), que emplacou o sucessor, já vem se movimentando de olho numa vaga na Assembleia Legislativa nas eleições de 2026. É visto como um nome que pode ocupar o vácuo no Sertão do Pajeú aberto com a morte do ex-deputado José Patriota. Moura tem a simpatia da cúpula do PSB estadual e de pelo menos cinco prefeitos da região. Bem articulado, Moura circula bem até nos corredores do poder no Congresso Nacional.

CURTAS

PREFEITOS – Coube ao presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, na abertura do treinamento dos prefeitos de Pernambuco, ontem, na sede da instituição, em Brasília, fazer advertências aos novos gestores sobre ajuste fiscal.

PESSOAL – Ziulkoski alertou também sobre a necessidade do cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal no que tange à folha de pessoal. Muitos prefeitos querem iniciar a gestão contratando servidores. Mesmo concursados, esses funcionários, segundo ele, podem comprometer o limite da folha.

LIMITES – A aplicação dos limites constitucionais, segundo ele, são itens de verificação anual dos Tribunais de Contas e podem resultar em aplicações de sanções severas aos gestores públicos. Entre essas, a rejeição de contas, multas, ressarcimentos, bloqueio de transferências voluntárias e constitucionais e até mesmo o contingenciamento do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

Perguntar não ofende: Qual vai ser a próxima descompostura de Janja?

O primeiro carão de Lula em Janja

Janja da Silva, primeira-dama do País, se envolveu em um episódio polêmico, sábado passado, ao xingar Elon Musk durante um evento sobre combate à desinformação. Enquanto falava, ela foi interrompida pelo som de um navio buzinando ao fundo e, brincando, disse: “Alô, acho que é o Elon Musk. Eu não tenho medo de você, inclusive, fuck you (Vá se fuder), Elon Musk.

A declaração gerou grande repercussão nas redes sociais, e Musk respondeu no X, afirmando que o presidente Lula “vai perder a próxima eleição”. Dono do X e homem mais rico do mundo, o bilionário Elon Musk fará parte do futuro governo americano sob a presidência de Donald Trump, de quem foi doador de campanha. Trump já anunciou que Musk será o chefe de seu Departamento de Eficiência Governamental, a ser criado no seu mandato.

Os departamentos, nos EUA, têm o status dos ministérios no Brasil. No mesmo evento, pouco tempo depois, o presidente Lula deu o primeiro carão em público na sua dama de ouro. Afirmou, durante o festival do G20 no Rio, que, na campanha pela Aliança Global Contra a Fome, não é necessário ofender ou xingar ninguém. Sua fala ocorreu algumas horas após a esposa, Janja da Silva, se envolver em uma polêmica ao xingar o empresário Elon Musk, dono do X.

“Eu queria dizer para vocês que essa é uma campanha em que a gente não tem que ofender ninguém, não temos que xingar ninguém. Nós precisamos apenas indignar a sociedade, indignar as pessoas que conquistaram o direito de comer, que a gente tem que trazer junto essas pessoas que não têm para comer”, disse Lula.

CONSTRANGIMENTO – Em meio a um dos eventos ligados ao G20, no Rio de Janeiro, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, se incomodou com a resposta de uma mulher da plateia que chamou o festival de música que ela ajudou a promover de “Janjapalooza”. Após o comentário, Janja corrigiu a participante e disse que a iniciativa se chama Aliança Global Festival Contra a Fome e a Pobreza. “Não, filha, é Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Vamos ver se consegue entender a mensagem, tá?”, respondeu a primeira-dama à mulher.

A reação inteligente de Musk – O empresário americano Elon Musk reagiu de imediato a declaração ofensiva que a primeira-dama brasileira, Janja Silva, fez contra ele durante um painel do G20 Social. Foi na mosca, certeiro, o que a irritou profundamente e também ao presidente Lula, que não alimentou a polêmica: “Eles vão perder a próxima eleição”, disse Musk, ao responder no X a um vídeo com o registro da fala da socióloga.

Problema diplomático – Políticos da oposição também foram às redes sociais para repudiar a atitude desrespeitosa da primeira-dama. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) postou um print da resposta de Musk e afirmou que “temos mais um problema diplomático”. O deputado federal Marcel van Hatten (Novo-RS) disse que protocolou junto à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara um pedido de convocação do chanceler Mauro Vieira. Segundo ele, o ministro deve prestar esclarecimentos sobre “os impactos diplomáticos da declaração ‘cheia de classe’ e irresponsável de Janja”.

Sem postura e sem nível – A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) definiu a atitude da socióloga como “inaceitável, inacreditável e vergonhosa”. “O Itamaraty ainda não entendeu que a atual primeira-dama do Brasil não tem nenhuma condição intelectual ou postura para participar de eventos internacionais?”, disse. Nikolas Ferreira, deputado federal pelo PL de Minas Gerais, publicou, em inglês, a seguinte mensagem: “Janja da Silva, mulher de Lula, acabou de dizer ‘F*, Elon Musk, durante o painel social do G20. Esta é a esquerda ‘tolerante’”.

Passou do ponto – De acordo com o site Metrópoles, ministros e diplomatas brasileiros criticaram, nos bastidores, o ataque de Janja Silva contra Elon Musk, que foi um dos principais aliados de Donald Trump na corrida presidencial americana e vai assumir um cargo no governo dos EUA. Alguns chefes do primeiro escalão do governo concordaram que a primeira-dama “passou do ponto” dessa vez. Já integrantes do Itamaraty afirmaram que a fala foi “desnecessária” e pode prejudicar a relação, já desgastada, entre Lula e Donald Trump.

CURTAS

EMBARAÇO – “Uma primeira-dama que muito fala em público pode causar embaraços a quem governa. Janja criou mais um, ontem, ao mandar se foder Elon Musk (‘fuck you’), o atual queridinho de Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos”, escreveu em sua coluna no site Metrópoles o jornalista Ricardo Noblat.

TIRO NO PÉ – “Não interessa ao Brasil abrir uma frente de tensão com o novo governo norte-americano. Lula foi um dos primeiros chefes de Estado a parabenizar Trump por sua eleição. Diplomatas consideram que a fala de Janja foi um tiro no pé – não no dela, mas no de Lula”, completou Noblat.

TREINAMENTO – Grande parte dos prefeitos eleitos de Pernambuco chega a Brasília, hoje, para um treinamento de dois dias na Confederação Nacional dos Municípios (CNM). São orientações sobre procedimentos dos órgãos de controle. Também irão tomar conhecimento das lutas da CNM pelos municípios nas recentes marchas a Brasília.

Perguntar não ofende: O Brasil já teve uma primeira-dama de nível tão rasteiro?

Holofotes se voltam para as eleições da OAB-PE

Por Larissa Rodrigues

Repórter do blog

Na próxima segunda-feira (18), a advocacia pernambucana vai votar para escolher quem presidirá a Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB-PE), no triênio 2025/2027.

Independente do resultado, a eleição deste ano já é histórica por dois motivos: é a primeira vez em que há uma candidata mulher concorrendo ao cargo mais importante da instituição. Pela primeira vez, também, a votação será eletrônica e online.

Caso algum advogado ou advogada tenha dificuldade em acessar os dispositivos, haverá, nas 29 subseções, um ponto físico com computadores à disposição dos eleitores. O passo a passo está no site da OAB.

Com histórico de disputas acirradas, a presidência da OAB é sempre bastante cobiçada porque é um cargo de grande visibilidade, sendo um espaço que tem voz e a atenção da sociedade civil.

A instituição, em Pernambuco, tem 93 anos de história. A quantidade de filiados à Ordem no Estado é maior do que o número de eleitores em muitas cidades do Interior. São 42.925 advogadas e advogados vinculados à OAB-PE. Cerca de 29 mil estão aptos a votar presencialmente ou online.

Os nomes que disputam este ano já são conhecidos da advocacia pernambucana. Ingrid Zanella é vice-presidente da Ordem e candidata, obviamente, apoiada pelo atual presidente, Fernando Ribeiro Lins.

Almir Reis, o representante da oposição, foi candidato a presidente da OAB-PE em 2021 e não conseguiu ser eleito por uma diferença de apenas 1,5%. Já o candidato Fernando Santos Júnior se colocou como a terceira via e representa um projeto que vem do Interior. Ele é presidente da subseção de Caruaru, no Agreste.

Números – A OAB-PE teve ao todo 32 presidentes. A única mulher a chegar perto do posto mais alto da Ordem foi a advogada Margarida Cantarelli, que foi vice-presidente da instituição em 1974, depois da mobilização de um grupo de mulheres lideradas por Nair Andrade.

Brasil – Durante o mês de novembro, haverá eleições nas Ordens em outros estados. Na Bahia, o pleito será na próxima terça-feira (19). Em São Paulo, a votação é na próxima quinta-feira (21). No Rio Grande do Sul, o pleito será realizado na sexta-feira (22).

Presidente – O presidente do Conselho Federal, Beto Simonetti, reforçou a importância da votação como compromisso com o fortalecimento da classe. Em em artigo publicado no site  Consultor Jurídico, ele afirmou: “Cada voto expressa a voz e a força da advocacia. A participação de cada advogada e de cada advogado na eleição da Ordem é ainda mais necessária no atual contexto de ataques e ameaças constantes contra nossa profissão.”

Movimento – “A OAB ainda representa um dos poucos movimentos orgânicos da sociedade civil que pleiteia ações e tem uma agenda constituída perante a sociedade. O Brasil, historicamente, passou por um processo de esvaziamento da sociedade civil. Muitas vezes, a OAB cumpre o papel de questionar o Estado Democrático de Direito”, opina a cientista política Priscila Lapa.

Guardião – “É por isso que a escolha de um representante que vá conduzir a OAB chama tanta atenção, porque é uma das poucas instituições que representam os interesses legítimos da sociedade civil, que contrapõe, muitas vezes, a atuação do próprio Estado, do Poder Legislativo, do Poder Executivo, do Poder Judiciário, consegue ser um guardião do Estado Democrático de Direito”, acrescenta Lapa.

CURTAS

OBSERVADOR – O presidente da Comissão Eleitoral Nacional da OAB, Marco Aurélio de Lima Choy, determinou, na última quinta-feira (14), o envio de um observador externo para acompanhar a eleição da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Pernambuco (OAB-PE). 

ATENTADO 1 – Depois que Donald Trump foi eleito pela segunda vez presidente dos Estados Unidos, no último dia 5, o ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL) viu uma oportunidade de fortalecer o projeto da extrema direita no País. O atentado com bombas na Praça dos Três Poderes, na noite da última quarta-feira (13), no entanto, jogou um balde de água fria nas intenções bolsonaristas por ter sido ação justamente de um seguidor das ideias do grupo, por mais que os aliados de Bolsonaro façam ginásticas narrativas para negar esse fato.

ATENTADO 2 – Não restam dúvidas de que o homem-bomba Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, que se explodiu em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), incorporou o discurso bolsonarista contra as instituições brasileiras e o ideal disseminado pela extrema direita de que o descontentamento com a política se resolve por meio de violência. Com o ato extremo, a única coisa que Francisco Wanderley conseguiu, além de tirar a própria vida, foi reforçar a pecha de intolerância que assombra Bolsonaro e aliados e jogar uma pá de cal no projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro.

Perguntar não ofende: Bolsonaro vai continuar chamando Francisco Wanderley de “maluco” como se nunca tivesse falado em “fuzilar” opositores?

Maluco ou terrorista?

Ao final da sessão do STF na última quarta-feira, duas fortes explosões foram ouvidas na região da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Os ministros foram retirados do prédio em segurança. Na frente do Supremo, um homem morreu. A Polícia Civil do Distrito Federal disse que se trata de Francisco Wanderley Luiz (PL). Conhecido como Tiü França, o ex-candidato a vereador pelo Partido Liberal (PL) em Santa Catarina foi o responsável pelas explosões, que tiraram a sua vida.

O primeiro estrondo aconteceu nas proximidades do Supremo Tribunal Federal (STF). Depois, um carro explodiu perto do Anexo IV, da Câmara dos Deputados. Segundo informações do porta-voz da PM-DF, Major Rafael Broocke, havia vários explosivos no local. Contudo, não se sabe a quantidade exata de dispositivos que foram detonados e o tipo dos artefatos ainda são desconhecidos.

Um detalhe preocupante é a presença de um timer junto ao corpo da vítima, o que, segundo o porta-voz, pode indicar a possibilidade de acionamento remoto de explosivos adicionais. O jornalista João Rosa, da CNN em Brasília, apurou que havia uma “espécie de bomba caseira que não conseguiu ter uma ignição total” dentro do carro. Ele ainda afirmou que fogos de artifício, tijolos, fogos, pólvora estavam presentes no veículo.

Um sargento da PM no local disse que caso a bomba tivesse sido acionada, “teriam sido espalhados estilhaços para todos os lados” que poderiam ter ocasionado feridos. Francisco é proprietário do veículo encontrado na cena do crime. Ele havia alertado em redes sociais que cometeria um atentado. 

Não se sabe quando ou porque o homem foi à Brasília. Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, era de Santa Catarina. Suspeito de cometer o atentado contra o Supremo Tribunal Federal, ele tinha passagem pela polícia e foi preso em dezembro de 2012.

PL lava as mãos – O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou à CNN que o homem que morreu não era conhecido pela cúpula do partido. Costa Neto acrescentou que conversou com o deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC), que esteve com o homem na tarde da última quarta-feira, na Câmara, para obter mais informações. Goetten foi filiado ao PL até o início deste ano e recebeu a visita do homem horas antes do episódio.

Ministro radicaliza – O ministro Alexandre de Moraes, do STF, voltou a se manifestar, ontem, a respeito das explosões na Praça dos Três Poderes que deixaram um homem morto na noite anterior. Segundo ele, o episódio deve ser considerado um ato terrorista. Ele lamentou a “mediocridade” daqueles que banalizam o ato por conta de opiniões ideológicas. “Eu não poderia deixar de lamentar a mediocridade de várias pessoas que continuam querendo banalizar um gravíssimo ato terrorista. No mundo todo, alguém que coloca na cintura artefatos para explodir pessoas é considerado um terrorista”, afirmou.

Fim da anistia – O impacto do atentado também deve se estender ao cenário político, afetando especialmente o projeto de anistia atualmente em tramitação no Congresso. O ataque deve tornar ainda mais difícil a aprovação de qualquer medida que vise anistiar indivíduos envolvidos em atos antidemocráticos, como os que ocorreram em 8 de janeiro de 2023. O plano de explosão do aeroporto de Brasília e os ataques a torres de energia após a eleição de 2022, que a direita tenta desvincular dos eventos de 8 de janeiro, ganham nova relevância após as explosões em frente ao STF.

Constrangimento internacional – O episódio na Praça dos Três Poderes cria duplo constrangimento internacional. O atentado acontece às vésperas de o Brasil receber 55 delegações com 26 líderes das maiores economias do mundo no Rio de Janeiro para a cúpula do G20 (18-19/11), e de o presidente Lula receber Xi Jinping em visita de Estado (20/11). O protocolo em encontro desta monta significa que o chefe de Estado visitante seja recebido pelos representantes dos três poderes, o que coloca em evidência a questão da segurança.

Mandato em risco – A candidatura do deputado Francismar Pontes (PSB) à Primeira-Secretaria da Alepe levantou dúvidas entre os mais céticos, mas foram, ontem, completamente afastadas quando assinou o documento, na presença da cúpula do PP, no qual coloca em risco o seu mandato. Garante que jamais sairá do páreo e como prova prometeu renunciar ao mandato se isso vier a acontecer. Juntando os votos da bancada do PSB, que tem 14 deputados, com os 8 da bancada do PP, Francismar já parte com 22 votos no enfrentamento a Gustavo Gouveia (SD), que tenta a reeleição.

CURTAS

DESCULPA – Nos grupos de direita, as explosões foram vistas como a “desculpa que Xandão queria” para perseguir Bolsonaro e os demais “patriotas”. Entre perfis de esquerda, a leitura foi semelhante, mas sem a mesma adjetivação: uma oportunidade para se contrapor à vitimização da direita, que seria a responsável pelos atos de violência contra a democracia.

OPERAÇÃO 1 – A Praça Dom Vital, em frente ao Mercado de São José, na área central do Recife, foi o local escolhido pela Polícia Militar para o lançamento da Operação Papai Noel. Um reforço de efetivo foi anunciado para garantir a segurança de consumidores e comerciantes na área central do Recife.

OPERAÇÃO 2 – Para viabilizar a operação sem comprometer o serviço prestado no restante do ano, o Centro ganhará reforço de diversas unidades da Diretoria Integrada Metropolitana (DIM) e da Diretoria Integrada Especializada (DIRESP). Serão empregados 180 lançamentos diários, até 31 de dezembro, nos bairros de Santo Antônio, São José, Ilha Joana Bezerra, Boa Vista, Coelhos, Santo Amaro e Recife Antigo.

Perguntar não ofende: A anistia política aos terroristas do 8 de janeiro foi para as cucuias?

A rejeição de Raquel

Antes de fechar o segundo ano de gestão, com data marcada para 1º de janeiro próximo, a governadora Raquel Lyra (PSDB) apareceu, inicialmente, na lanterna entre os 27 governadores mais bem avaliados do País, pelo Atlas Intel, e pelo mesmo instituto, recentemente, a pior do Nordeste.

Os números colhidos pelo Instituto Opinião, em parceria com este blog, publicados em matéria abaixo, se não são impactantes, como o levantamento do Atlas Intel, são, no mínimo, preocupantes para a gestora. Não apenas por ter mais da metade dos pernambucanos insatisfeitos com o seu Governo, mas pelo olhômetro da estratificação da pesquisa.

Raquel está mal no povão. Suas maiores taxas de desaprovação aparecem entre os pernambucanos com renda familiar até dois salários. Neste segmento, 55,1% mandam um recado: não apenas estão insatisfeitos, mas também não concordam com o seu estilo de governar, o que parece mais grave.

Entre os que têm apenas formação escolar até a 9ª série representam 54,9% dos pernambucanos. Quanto à faixa etária, os mais insatisfeitos são os que têm entre 35 e 44 anos. Quase 60% desse segmento eleitoral, exatamente 58,4%, estão extremamente desapontados, não enxergam as mudanças que o slogan da gestão tucana prega.

Raquel tem tempo ainda para se recuperar? Evidentemente que sim, mas pouco. Somente um ano, o de 2025, porque o próximo é o da sua reeleição, onde cumpre restrições da lei para fazer propaganda das suas realizações. Enquanto isso, seu provável adversário, o prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), vive uma lua de mel com a população.

O resultado da pesquisa, na qual abre 60 pontos de vantagem sobre Raquel em 2026, é resultado, sem dúvida, de uma onda que caiu no gosto da população, que se disseminou do Recife até os grotões sertanejos. João não apenas bate Raquel, hoje, em todas as regiões do Estado, como abre uma distância acima de 50 pontos até no Agreste, região da governadora.

ALÉM DA FRONTEIRA – A onda João, aliás, já extrapolou as fronteiras de Pernambuco. Uma pesquisa divulgada pelo site Metrópoles, um dos mais lidos do País, dá ao prefeito recifense 12,5% das intenções de voto para presidente da República, num cenário em que o presidente Lula não vá à reeleição. Mas João está impedido de entrar numa disputa presidencial por causa do fator idade: em 2026, não terá ainda 35 anos, idade mínima exigida para presidente da República.

PP com Francismar – A nova eleição para Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, que será realizada provavelmente entre os dias 1 e 2 do próximo mês, segundo revelou um parlamentar, ganhou um fato novo ontem: ao invés de lançar um nome para a Primeira-Secretaria, hoje ocupada por Gustavo Gouveia (SD), o PP anunciou apoio ao deputado Francismar Pontes, da bancada do PSB, que já havia sinalizado, através do deputado Sileno Guedes, apoio à reeleição de Gouveia.

PSB agrega mais – Conforme apurei nos bastidores que envolvem a disputa pela Primeira-Secretaria da Alepe, o PP desistiu de lançar um nome próprio da bancada de dez deputados, a segunda maior da Casa, porque o partido encontrou dificuldades em somar os 25 votos necessários para derrotar Gustavo. “A gente se juntou ao PSB por uma questão estratégica. Trata-se de uma bancada grande na Casa e que tem mais chances de atrair apoios com mais facilidade do que a gente”, disse um parlamentar do PP, partido no Estado liderado pelo deputado federal Eduardo da Fonte.

Lula pode perder MDB – Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) anunciou, ontem, um movimento para tirar o partido do Governo Lula e do palanque da reeleição dele, em 2026. Disse que já conversou com o prefeito reeleito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), sobre o movimento, mesmo com o partido ocupando três ministérios no governo petista. Ele ainda revelou ter esperado uma conversa de Simone Tebet em 2022, antes dela anunciar o apoio a Lula, então candidato à Presidência.

PT apoia Alcolumbre pela segunda-vice – A bancada do PT no Senado fechou, ontem, acordo para apoiar o senador Davi Alcolumbre (União-AP) na eleição para a presidência da Casa. Ele é o favorito para assumir o cargo em fevereiro do próximo ano. O apoio do PT a Alcolumbre já tinha sido anunciado, mas o partido ainda negociava com o candidato os termos do acordo. A sigla tem nove senadores na atual legislatura. O partido vai ocupar a segunda vice-presidência da Casa e duas comissões, sendo uma delas a de Educação. A bancada vai se reunir, nas próximas semanas, para definir os nomes que ocuparão os cargos.

CURTAS

ELMAR COM HUGO – O União Brasil oficializou, ontem, o apoio do partido ao líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), para a presidência da Câmara. No mesmo anúncio, o líder do União na Câmara, deputado Elmar Nascimento (BA), tornou pública sua desistência da corrida.

EXPLOSÃO 1 – O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse, ontem, que a legenda vai “explodir” nas eleições de 2026. Ele fez um paralelo entre a eleição de Donald Trump (Partido Republicano) nos Estados Unidos e o desempenho de seu partido nas eleições municipais de 2024.

EXPLOSÃO 2 – “Essa eleição nos Estados Unidos para mim foi surpresa, nem eu esperava que ocorresse dessa maneira. Como nós tivemos a nossa eleição para prefeito e vereador e tivemos a eleição nos Estados Unidos agora, vocês não tenham dúvida, em 2026, nós vamos explodir”, disse Costa Neto.

Perguntar não ofende: Qual estratégia Raquel vai adotar para virar a curva da desaprovação?

Marçal já é lembrado no Nordeste

Fato novo e polêmico na disputa pela Prefeitura de São Paulo, o ex-coach Pablo Marçal, que disputou na capital paulista pelo minúsculo PRTB, sem sequer ter direito a propaganda no rádio e na TV, tende a ser personagem em provável ascensão na eleição presidencial de 2026.

Pelo menos em Pernambuco, segundo se constatou na pesquisa para presidente feita pelo Opinião, em parceria com este blog. Com Bolsonaro excluído do páreo por causa da perda dos seus direitos políticos, Marçal já aparece em segundo lugar na sondagem eleitoral no Estado, com 8,8% das intenções de voto, mesmo percentual do governador de São Paulo, Tarcisio Freitas (Republicanos).

Na disputa pela Prefeitura de São Paulo, os aliados de Pablo Marçal apontam um fator decisivo para o ex-coach não chegar ao segundo turno: a derrapada crucial da divulgação do laudo falso com o objetivo de associar Guilherme Boulos, candidato do PCdoB derrotado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB),  ao uso de cocaína, às vésperas do pleito.

O presidente Lula continua na liderança absoluta, mas caiu. Não tem índices avassaladores como no passado, superando a casa dos 80%. No levantamento, publicado em matéria abaixo, aparece com 56,6%, um dos mais baixos dos últimos dois anos. Outra notícia ruim para o petista é que, depois de Marçal, é o que apresenta a maior taxa de rejeição.

Entre os entrevistados, 21,8% disseram que não votariam nele de jeito nenhum, três pontos apenas abaixo de Marçal, o mais rejeitado. No Nordeste, Lula já reinou muito mais forte, especialmente em Pernambuco, seu Estado natal. Isso pode ser um indicativo de que, vindo a disputar a reeleição, tende a não repetir a expressiva votação da eleição passada.

A PAULEIRA DE MALAFAIA – Em uma das eleições mais apertadas da história de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB) enfrentou um crítico voraz no primeiro turno: Silas Malafaia. O líder religioso fez campanha diária para frear o avanço do ex-coach, sobretudo no segmento evangélico. Com Pablo Marçal ultrapassado por Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSol), Malafaia disparou, após o resultado do primeiro turno: “Desejo que Pablo Marçal volte a ser um verdadeiro cristão, algo que ele abandonou. Desejo que ele volte para a igreja, pare de mentir e de querer manipular as pessoas. Ele aprendeu a verdade na igreja, mas abandonou. Desejo também que Marçal procure um psiquiatra com urgência”.

Presença discreta na eleição de Olinda – Nas eleições municipais em Pernambuco, a imagem de Pablo Marçal, como verdadeiro fenômeno eleitoral em São Paulo, foi destacada apenas numa única cidade: Olinda. Mesmo assim, discreta, sem muita intensidade. Ali, o advogado Antônio Campos, candidato do PRTB, o mesmo partido do ex-coach, exibiu falas de Marçal pedindo voto para ele em suas redes sociais. Tonca, como é mais conhecido, também não teve, como Marçal em São Paulo, tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV, em razão da falta de representação do PRTB no Congresso Nacional.

Mais um vereador vítima da violência – A violência sem controle pelo Governo Raquel fez, ontem, mais uma vítima na área política: o vereador reeleito Renato Virgulino Rodrigues (Republicanos), 42 anos, da Câmara de São João, no Agreste. Seu corpo foi encontrado em frente a uma casa localizada no sítio de sua propriedade. A polícia confirmou a morte, logo cedo, mas sem dar maiores informações sobre a motivação ou autoria do crime. Em nota, o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), cobrou empenho do Estado na elucidação do crime.

Promessa renovada – A retomada da Ferrovia Transnordestina no trecho entre os municípios pernambucanos de Salgueiro e Ipojuca foi garantida, ontem, pelo ministro dos transportes, Renan Filho. “O presidente Lula garantiu os recursos, já temos R$ 500 milhões no Orçamento, já estamos adequando o projeto que era privado para a lógica pública, para fazer a licitação. A gente espera, já no próximo ano, retomar as obras também no Estado de Pernambuco. No Ceará e no Piauí as obras estão andando. Nós temos quase quatro mil pessoas trabalhando nas obras da ferrovia e vamos colocá-la em Pernambuco também”, afirmou o ministro.

É mais fácil Raquel desistir, reage Borges – Do deputado estadual Waldemar Borges, uma das vozes mais críticas ao Governo Raquel na Alpe, ao comentar o resultado da pesquisa do Instituto Opinião para governador, na qual João Campos abriu uma vantagem de 60 pontos para Raquel: “ O resultado deixa clara a razão do pavor que esse pessoal da governadora tem quando pensa no enfrentamento a João em 26. Por isso, inventaram a lorota de que João talvez não disputasse. Na verdade, essa turma está apavorada com o fantasma de Daniel Coelho. É grande o receio de que a tragédia do Recife se repita em nível estadual. Pelo que os números mostram, é mais fácil a governadora desistir da reeleição e se candidatar a outro cargo”.

CURTAS

AVALIAÇÃO 1 – Uma das partes da pesquisa do Instituto Opinião mais aguardadas, a que mostra o nível de satisfação do eleitor pernambucano com a governadora Raquel Lyra (PSDB), será divulgada à meia-noite de hoje. Traz a soma dos índices de ótimo com bom e de ruim com péssimo.

AVALIAÇÃO 2 – A avaliação do pernambucano virá também por regiões, da Metropolitana até o Sertão do São Francisco. Trata-se do julgamento dos dois primeiros anos da gestão tucana – 2023 e 2024.

CONFIANÇA – O Opinião ouviu dois mil pernambucanos durante quatro dias em 80 municípios do Estado, universo bastante amplo. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos. Há 30 anos no mercado, o Opinião, cuja sede é em Campina Grande (PB), foi o único instituto a acertar o resultado da eleição de segundo turno em Olinda.

Perguntar não ofende: Quem fará uma reforma maior em sua equipe: Lula ou Raquel?

Briga para o Senado promete

Na sequência da divulgação da primeira pesquisa do Instituto Opinião antecipando os cenários das eleições de 2026 em Pernambuco, com exclusividade para este blog, os números para a corrida ao Senado, entre os nomes postos para avaliação dos dois mil eleitores entrevistados em 80 municípios do Estado, não são muito distantes um do outro.

Em 2026, estarão em jogo duas vagas de senador. A pesquisa traz a totalidade das intenções de cada provável postulante, tanto como escolha para a primeira vaga quanto opção para a segunda. Com exceção do senador Fernando Dueire (MDB), que ocupa a vaga de Jarbas Vasconcelos e aparece em último lugar, com apenas 1,7% das intenções de voto, sendo 0,5% como opção da primeira vaga e 1,2% para a segunda, a briga promete.

Por estar no exercício do mandato, Humberto Costa (PT) está na dianteira, com uma soma de 25,5% como primeiro e segundo votos. Ex-senador e candidato a governador derrotado em duas eleições, Armando Monteiro Neto é o segundo, com 17,8%, situação quase de empate técnico com Humberto. É seguido de perto pelo ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), com 15,9% e Eduardo da Fonte (PP), que também aparece bem, totalizando 12,8% como primeiro ou segundo voto entre os entrevistados.

Respondendo pelo Ministério dos Portos e Aeroportos, alternativa para a chapa de João Campos, caso o prefeito reeleito do Recife venha disputar o Governo do Estado, Sílvio Costa Filho (Republicanos) também pontuou bem – 10,1%, acima do ex-ministro Gilson Machado Neto (PL), que aparece com 9,1%. O também ministro, André de Paula (Pesca), pontuou 8,6%, percentual também muito bom.

A eleição de senador, entretanto, está condicionada à força de quem lidera a chapa majoritária, no caso o candidato a governador. Se vier mesmo a entrar no páreo, João tem três alternativas muito boas – Humberto, candidato natural à reeleição, Silvio Costa Filho e Miguel Coelho. Já Raquel, conta com Armando Neto e Eduardo da Fonte como os nomes mais competitivos, seguidos bem de perto por André de Paula.

INDECISOS ASSUSTAM – O que espanta, ainda em relação aos números para o Senado, é a altíssima taxa de indecisos. Pelo levantamento do Opinião, 61% dos entrevistados não sabem em quem votar, enquanto a soma dos brancos e nulos chega a 25,2%. Isso, no entanto, se explica por dois fatores: primeiro, a distância que separa o eleitor da urna, ainda de dois anos. E segundo, historicamente, o eleitor só decide o voto para senador em sintonia com o candidato que escolhe para governador.

Só um lembrete – Aos que se assustaram pelo massacre eleitoral imposto pelo prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), ante a governadora Raquel Lyra (PSDB), de 60 pontos de dianteira na primeira pesquisa majoritária no Estado (76,2% a 15,8%): o Instituto Opinião, parceiro deste blog há 16 anos, tem um histórico de 98% de acerto nos seus levantamentos, atuando na Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte. Foi o único que previu, no segundo turno, a vitória de Mirella, prefeita eleita de Olinda – exatamente 1 ponto percentual de diferença.

Intenção de voto para presidente – Na sequência, este blog traz, amanhã, os números do Opinião para presidente da República em Pernambuco e na quarta a avaliação da gestão Lula no Estado. Por fim, na quinta-feira, será encerrada a fase de revelação dos números do levantamento com a avaliação do Governo Raquel Lyra – a soma dos percentuais de ótimo e bom e ruim e péssimo, além dos números aprova e desaprova.

Pesquisa roubou a cena – Coincidentemente, o resultado da primeira pesquisa para governador de Pernambuco chegou ao conhecimento da população, ontem, no mesmo dia em que foi aberto o congresso dos prefeitos eleitos e reeleitos, em Gravatá, promoção da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). A propósito, não se falou em outra coisa nos bastidores do evento. É claro que os aliados de João apareceram com sorriso largo, enquanto os prefeitos mais próximos da governadora não conseguiam esconder tamanha desapontamento pela ampla distância de João para Raquel – 60 pontos.

Bombou meu Instagram – Ainda sobre a primeira parte da pesquisa do Opinião, com os números para governador, as redes sociais foram bombardeadas. Ocupou espaço, ainda, com destaque, em todos os blogs e portais do Interior, destacada também nos mais diversos programas de TV e rádio. A repercussão foi de tal magnitude que só pelo Instagram do blog a pesquisa foi vista por quase 160 mil leitores. Como diria o filósofo Luiz Inácio Lula da Silva, nunca dantes na história deste Estado.

CURTAS

SEM PALMAS – A governadora aproveitou o encontro com os prefeitos, ontem, em Gravatá, para mostrar o que fez nos primeiros dois anos do seu mandato. Fez um datashow extremamente prolongado, mas os aplausos por parte da plateia, quase não foram ouvidos, prevalecendo um silêncio sepulcral.

HORA DO RELAX – Ao final do primeiro dia do encontro dos prefeitos, ontem, em Gravatá, extremamente concorrido, o advogado Bruno Monteiro ofereceu um jantar aos gestores em sua bela casa na Suiça pernambucana, com um serviço irrepreensível. Teve de tudo, até prefeito revelando seus dotes musicais.

REPÚBLICA DE CARUARU – Na mesa redonda que participou, ontem, no Frente a Frente, na condição de prefeito representante do Agreste, Gilvandro Estrela (UB) afirmou, categoricamente, ao avaliar a pesquisa do Opinião: “Chegou a hora de Raquel reformar seu secretariado e acabar com a República de Caruaru”.

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Luz amarela para Raquel

Em parceria com este blog, o instituto Opinião, de Campina Grande (PB), foi a campo, nos últimos quatro dias, em 80 municípios, entrevistando dois mil eleitores, para levantar o primeiro cenário da disputa ao Governo do Estado em 2026. Os números acendem uma luz amarela, de advertência, para a governadora Raquel Lyra (PSDB). Candidata à reeleição, a tucana levaria uma derrota acachapante se a eleição fosse hoje e não daqui a dois anos.

João abre uma frente de 60 pontos e ganha em todas as regiões do Estado, inclusive no Agreste Central, região de Caruaru, município que Raquel governou em dois mandatos, tendo o último renunciado para concorrer ao Palácio do Campo das Princesas. O maior massacre eleitoral revelado pela pesquisa se reflete na Região Metropolitana, que concentra 42% do eleitorado do Estado, quase metade.

Neste maior colégio eleitoral, João tem a preferência de 81% dos eleitores ante 11% da governadora. A vantagem avassaladora se repete da Zona da Mata aos Sertões, desde Arcoverde, considerada a porta do semiárido, até o São Francisco. Para complicar a situação da tucana, no quesito rejeição – os eleitores que dizem não votar nela de jeito nenhum – 60% dos entrevistados disseram que não dariam um novo mandato à gestora. João tem apenas 10% dos entrevistados que disseram que não votariam nele de jeito nenhum.

Raquel está numa tremenda encruzilhada, correndo contra o tempo para tentar se recuperar. Na prática, tem apenas um ano, o próximo, para mostrar a que veio, entregar obras e convencer. O ano seguinte, 2026, é o da reeleição, e pouco ou quase nada pode fazer, embora seu caixa, segundo seus aliados e adversários, esteja entupido de dinheiro para concluir obras em andamento e iniciar outras promessas de campanha que ainda não foram possíveis de cumprir.

A GRANDE INCÓGNITA – A pergunta que mais se ouve nos bastidores diz respeito às chances da governadora se recuperar. Quando se fala em recuperação, entenda-se por melhoria da imagem do seu governo e dela própria. Seu Governo ainda não tem uma cara. Diz que é de mudanças, mas se existem de fato essas transformações não chegaram ainda ao conhecimento por parte da esmagadora maioria dos pernambucanos.

Influência zero – Na eleição de segundo turno em Olinda e Paulista, os candidatos de Raquel saíram vitoriosos, mas não por força e prestígio dela. No caso de Olinda, a diferença foi de um ponto, ou seja, Mirella, apoiada pela governadora, venceu na raça, mérito dela e do seu padrinho, o prefeito Lupércio. Já em Paulista, o tucano Severino Ramos viveu um céu de brigadeiro eleitoral graças as cifras astronômicas de rejeição do seu adversário, o ex-prefeito Júnior Matuto (PSB), apoiado por João Campos.

Estratégia errada 1 – De olho na reeleição, Raquel adotou uma estratégia errada: abrir espaço no seu Governo para o PT, achando que o presidente Lula terá dois palanques no Estado – o de João e o dela. Tudo bem, isso até é possível, mas acontece que, pensando assim, a governadora vai perder fortemente o eleitorado bolsonarista, responsável pela sua vitória em 2022, quando deu uma de Diana, não assumindo nenhum dos candidatos ao Planalto – nem Lula nem Bolsonaro.

Estratégia errada 2 – As chances, entretanto, de Lula subir em dois palanques em Pernambuco são poucas. Na eleição de 2006, quando esteve nos palanques de Humberto Costa e Eduardo Campos, as circunstâncias eram diferentes. Humberto e Eduardo eram do mesmo lado, atuavam no campo da esquerda, diferente de Raquel, que está filiada ao PSDB, que faz oposição a Lula. E se vier a optar pelo PSD, corre o risco da legenda, comandada com mão de ferro por Kassab, apoiar a candidatura de Tarcísio de Freitas para presidente. Kassab, é bom lembrar, é o coordenador político do governador paulista.

Política é soma, não subtração – Por fim, dois palanques para Lula no Estado correm os riscos de virar letra morta por causa da insistente polarização no plano nacional entre o petista, de um lado, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, de outro. Se tudo isso não fossem pedras no caminho da tucana, há o agravante da sua resistência a governar não fazendo política, ampliando, como João está fazendo, e não subtraindo, marca do início da sua gestão quando abriu atritos com a Assembleia Legislativa.

CURTAS

ENCONTRO – Mais de 150 prefeitos se encontram, hoje, em Gravatá, para o primeiro seminário dos gestores eleitos promovido pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). O evento, no hotel Canarius, será aberto pela governadora.

TREINAMENTO – Já na próxima semana, os prefeitos eleitos de Pernambuco farão um treinamento na Confederação Nacional dos Municípios durante dois dias – segunda e terça. Servirá algumas advertências, como a bola de neve que virou a dívida previdenciária, além da polêmica do fim das emendas Pix. 

FRENTE A FRENTE – O Frente a Frente de hoje, programa que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, será feito direto de Gravatá, com os prefeitos Lula Cabral (Cabo), Gilvandro Estrela (Belo Jardim) e Evilásio Mateus (Araripina). A transmissão e produção será da parceira Cidade FM 99,7, de Caruaru. No debate, contarei também com os jornalistas Mário Flávio e Renata Torres, âncoras da Cidade.

Perguntar não ofende: Por que João Campos larga com uma diferença tão grande?

Por Larissa Rodrigues

Repórter do blog

O que Raquel deseja exigindo a volta dos servidores?

Com o fim das gestões municipais se aproximando, em 31 de dezembro, uma dúvida paira no ar: a governadora Raquel Lyra (PSDB) vai pedir de volta os servidores estaduais cedidos de todas as prefeituras do Estado, ou vai solicitar a devolução apenas dos que integram a gestão do prefeito reeleito do Recife, seu possível opositor em 2026, João Campos (PSB)?

Alguns prefeitos já sinalizaram que levarão o assunto para a reunião com Raquel, na próxima semana, quando a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) realiza o primeiro encontro dos eleitos e reeleitos, segunda e terça, em Gravatá, no Agreste pernambucano.

Um dos gestores preocupados é o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros (PL), aliado da governadora, que tem pelo menos seis funcionários estratégicos da gestão e que são servidores do Estado cedidos. Entre eles, o presidente da Empresa Municipal de Energia e Iluminação Pública de Jaboatão (EMLUME), Paulo Roberto Sales Lages.

Outros integram as secretarias da Fazenda, de Infraestrutura e de Administração do município. Não só Jaboatão, mas outras prefeituras hoje com gestões aliadas do Governo do Estado também contam com trabalhadores cedidos, como Caruaru e Olinda.

A governadora sinalizou, na última semana, que pretende chamar todos de volta, justificando que o volume de investimentos que tem sido feito em Pernambuco, boa parte pelo Governo Federal, precisa de gente para atuar e que o Estado quer economizar nas contratações, uma vez que já tem os servidores.

Por outro lado, membros das gestões alegam que nas primeiras canetadas, no início do ano, solicitando o pessoal que estava nas prefeituras, a desorganização foi tanta que funcionários que eram estratégicos nas cidades acabaram voltando para o Estado sem ter uma mesa nem um computador para trabalhar, resultando na perda de uma mão de obra importante que ficou sem servir aos municípios e acabou sem ajudar também ao Estado.

Silêncio – Questionada sobre quais medidas irá tomar para não perder quatro secretários (Educação, Finanças, Habitação e Ciência e Tecnologia), e diversos outros trabalhadores estratégicos no segundo e terceiro escalões, a Prefeitura do Recife não quis se manifestar, assim como a Prefeitura de Jaboatão.

Desafio – No Recife, a bomba está chiando nas mãos do vice-prefeito eleito, Victor Marques (PCdoB), que recebeu de João Campos a missão de redesenhar o secretariado para o governo que começa em 2025 sem saber se vai poder contar com uma parte dos secretários e dos executivos, assim como diversos outros cargos.

Governança – Quando o Pleno do Tribunal de Contas do Estado (TCE) aprovou, no dia 7 de fevereiro deste ano, a medida cautelar mantendo os servidores do Estado cedidos à Prefeitura do Recife em suas funções, a iniciativa serviu de parâmetro para outras cidades. O relator, conselheiro Eduardo Porto, argumentou que a decisão buscava evitar prejuízos às políticas públicas. “O retorno abrupto, sem fundamentação plausível, tem capacidade de prejudicar a governança”, destacou o relator na época.

Dema – Nos bastidores, circula a informação de que se Raquel Lyra pudesse, também mandava voltar o secretário de Governo do Recife e um dos grandes articuladores de João Campos, Aldemar Santos, o Dema. Porém, ele é servidor do Tribunal de Contas do Estado, a quem cabe ceder, nesse caso.

CURTAS

O FERA – O deputado Renato Antunes (PL) enfrenta mais uma maratona de provas no próximo domingo, no segundo dia de ENEM. O parlamentar está participando do exame para vivenciar a realidade dos estudantes do Ensino Médio. Disse que domingo vai de ônibus, pra ficar mais real ainda. Antunes tem visitado as escolas públicas em todas as regiões de Pernambuco com a Caravana Por Mais Educação. A expectativa é que o deputado apresente um relatório com indicações e sugestões que melhorem a vida dos estudantes para os próximos concursos.

SEGURANÇA – A deputada Gleide Ângelo (PSB) está fazendo um levantamento das emendas parlamentares destinadas à segurança pública em Pernambuco. Uma parcial já aponta que o Governo do Estado rejeitou R$ 80 milhões em emendas à LOA feitas pela parlamentar. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Policiais Penais do Estado. A verba, que seria utilizada para a nomeação de quase 1.400 novos policiais, não foi executada. A delegada promete fazer novo repasse para a área — além de pedidos de informação ao Executivo a respeito da execução das demais emendas destinadas por ela para as pastas que tratam da segurança.

OAB – Um grupo de advogados jovens do Recife afirmou em reserva a este blog que não vai votar em ninguém nas eleições da Ordem, que serão realizadas no dia 18 de novembro. Segundo os jovens, eles não se identificam com nenhum dos postulantes porque “esses candidatos não vieram de baixo, todos já começaram de cima, não sabem o que é ser redator e não sabem a realidade dos advogados que estão começando.”

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Prefeitos vão cair na real

Os novos prefeitos e os reeleitos estão sendo convocados pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) para o primeiro encontro da categoria pós-eleição, segunda e terça, em Gravatá. Na prática, os gestores vão se deparar com uma dura e cruel realidade, diga-se de passagem. “A lua de mel acabou”, diz o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski.

Falando para prefeitos no primeiro treinamento com os novos gestores, no início desta semana, Ziulkoski fez alguns alertas aos que vão governar seus municípios pela primeira vez. Disse que as dívidas previdenciárias, precatórios e a extensão das novas regras trazidas pela Reforma da Previdência federal aos funcionários municipais se constituem num dos maiores problemas.

“Quanto vocês acham que é a dívida dos municípios que estão no Regime Geral?”, perguntou Ziulkoski. Segundo ele, 4,2 mil Prefeituras devem R$ 250 bilhões ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). “Essas dívidas são impagáveis”, alertou. Os municípios estão encalacrados, muitos não conseguem pagar os parcelamentos já feitos”, afirmou ao contar um caso de uma Prefeitura que deve R$ 200 milhões e tem apenas R$ 100 milhões de receita corrente líquida anual.

Ele mostrou que 4,9 mil municípios têm precatórios, dívidas de R$ 100 bilhões e prazo final para liquidar em 2029. Segundo ele, o tema Reforma Tributária e a mudança em relação aos cinco impostos cobrados no consumo também preocupam. “Essa PEC está na pauta e os novos gestores devem entrar nessa luta, porque estamos falando de mais de R$ 400 bilhões. Isso não é pouca coisa, pode viabilizar o mandato”, apontou ao dizer que 38% dos municípios estão no vermelho.

ROYALTIES – Um imbróglio que se arrasta há mais de uma década foi mostrado, a luta por justiça na distribuição dos royalties do pré-sal, também fez parte da apresentação ocorrida na parte da manhã. Ganharam destaque o intenso trabalho do movimento municipalista para aprovar a distribuição dos royalties de petróleo, das plataformas em alto mar, pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM). “Os valores são enormes, quase R$ 100 bilhões. E é uma excrescência, um município com 80 mil habitantes receber bilhões de royalties e os outros não”, exemplificou ao reclamar da liminar monocrática sem julgamento do plenário há mais de 11 anos.

Parcerias na folha – Uma preocupação específica foi compartilhada, a normativa federal que inclui os valores destinados a parcerias nos limites da despesa com pessoal. Segundo Ziulkoski, os prefeitos foram incentivados a promover parcerias e agora esses gastos serão considerados na folha. Mas a CNM tem trabalhado para garantir a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 141/2024 – antigo PLP 98/2023 – e retirar os valores de parcerias ou de contratações do cômputo dos limites de despesa com pessoal. A matéria tramita no Senado Federal, assim como a PEC 66.

Fichas sujas amanhã – “Se não votar isso, todos os prefeitos serão ficha suja e podem ser condenados”, prevê Ziulkoski. Ao longo da apresentação para os novos prefeitos no encontro da CNM, especialistas e consultores fizeram apartes importantes e Ziulkoski abriu espaço para perguntas. Ele fez questão de reforçar: “Todos os que estão aqui serão ex-prefeitos amanhã, então temos que nos unir e nos ajudar”, reforçou ao lembrá-los da falta de estrutura de defesa para quem exerceu o cargo.

Novo imposto sobre serviços – Em meio ao treinamento que prefeitos eleitos estão fazendo na Confederação Nacional dos Municípios (CNM), o presidente da instituição, Paulo Ziulkoski, anunciou a criação do “Pré-Comitê Gestor” do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Trata-se de uma saída que a entidade encontrou para garantir que os Estados, Distrito Federal e Municípios tenham direito de editar o regulamento do IBS proposto na reforma tributária. A estrutura administrativa contará com representantes dos Estados e dos Municípios para assegurar uma gestão eficiente do tributo.

Raquel participa, João fica de fora – Batizado de “Gestão que transforma”, o primeiro encontro dos prefeitos de Pernambuco, iniciativa da Amupe, segunda e terça, será realizado no hotel Canarius. A abertura será feita pelo presidente da instituição, Marcelo Gouveia (Podemos). Segundo ele, a governadora Raquel Lyra (PSDB) confirmou presença, mas não se sabe ainda se na instalação, na segunda-feira, ou se no encerramento, no final da tarde de terça-feira. Já o prefeito do Recife, João Campos (PSB), estará fora do Estado e por isso não confirmou sua presença.

CURTAS

POSSE – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, ontem, que pedirá ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que o autorize a comparecer à posse de Donald Trump (Partido Republicano) como presidente dos EUA. A cerimônia está marcada para 20 de janeiro nos Estados Unidos.  “Se o Trump me convidar, eu vou peticionar ao TSE e ao STF”, disse.

POSTE – O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não será preso. Mas afirmou que, caso aconteça, conseguiria eleger “até um poste” para a Presidência em 2026. “Eu não acredito que o Bolsonaro seja preso. Se for preso, elege até um poste de dentro da cadeia. Eles não vão fazer isso com ele. Não há motivos para isso. Bolsonaro não é uma pessoa normal, é diferente de todos nós”, disse, em entrevista ao portal UOL.

CONFLITO – Muitos ministros têm reclamado da relação difícil e conflituosa com Fernando Haddad (Fazenda). “Haddad “quer estourar o champanhe com a garrafa dos outros” a fim de mostrar resultados para Lula e para o mercado, sem combinar com os ministérios afetados”, revelou um ministro do grupo dos descontentes.

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