Coluna da sexta-feira

Raquel e João se envolveram na chapa da Amupe

Antes vista como um provável duelo pelo controle da instituição, entre a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), que devem se enfrentar nas eleições para o Governo do Estado em 2026, a eleição para renovação da direção da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) teve um desfecho surpreendente: uma chapa consensual.

O atual presidente, Marcelo Gouveia (Podemos), ex-prefeito de Paudalho, levou a melhor: terá direito à reeleição, mas com um mandato encurtado de dois para um ano. O segundo ano do seu biênio ficará sob a responsabilidade do prefeito de Aliança, Pedro Freire (PP), que abriu mão da disputa em faixa própria para ser vice na chapa de unidade.

O martelo foi batido em Brasília no final da tarde da última quarta-feira, depois de um longo processo, quase sem fim, no qual estiveram envolvidos diretamente os dois figurões de olho no controle da entidade: Raquel e João Campos. Mas quem acabou sendo decisivo para superar os impasses foi o presidente do PP, deputado federal Eduardo da Fonte.

Padrinho da candidatura de Pedro Freire, Da Fonte aceitou seu aliado sair do páreo depois de uma conversa com João Campos. E por outro motivo também: Freire vai estar na presidência da Amupe no ano das eleições para governador, porque Marcelo é candidato a deputado federal e será obrigado a renunciar. A princípio, o prefeito recifense tentou emplacar na vice o prefeito de São Lourenço da Mata, Vinicius Labanca, que é do PSB e aliado da sua extrema confiança.

Mas a governadora não aceitou, o que levou João a um entendimento direto com Eduardo da Fonte, extremamente bem-sucedido, num encontro reservado que durou mais de duas horas. Entre mortos e feridos, portanto, todos se salvaram, mas teve outro personagem importante para o desfecho da chapa consensual: o prefeito de São Caetano, Josafá Almeida, presidente do Coniape, o consórcio de prefeitos mais robusto e importante do Estado.

Desde o início fechado com a reeleição de Marcelo Gouveia, Josafá foi chamado também para uma conversa com João Campos. Deu sugestões, abriu mão de uma posição mais destacada na chapa inicial de Gouveia e acabou sendo escolhido tesoureiro de forma consensual também na chapa da unidade.

COSTURA DIFÍCIL – Após retirar seu nome do páreo e aceitar compor a chapa de Marcelo Gouveia como vice da Amupe, o prefeito de Aliança, Pedro Freitas (PP), confirmou que Raquel Lyra e João Campos atuaram fortemente nos bastidores para a formação de uma chapa consensual. Citou ainda Eduardo da Fonte; o chefe da Casa Civil, Túlio Villaça; Josafá Almeida, presidente do Coniape; a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado; o prefeito de São Lourenço, Vinicius Labanca; e, por fim, a prefeita de Igarassu, Elcione Ramos. “A solução foi construída por uma dezena de mãos”, disse.

Zé Martins sai batendo – Voz destoante da chapa consensual para a Amupe, o prefeito de João Alfredo, Zé Martins (PSB), tão logo soube do entendimento entre Marcelo Gouveia e Pedro Freitas, fez uma carta à direção da entidade renunciando a uma das vagas no Conselho Eleitoral. “Nada contra Marcelo, mas acho um erro entregar o comando de uma entidade que cuida dos interesses dos prefeitos a um ex-prefeito. O presidente deveria ser um prefeito no exercício do seu mandato”, afirmou, adiantando que essa sua posição é antiga, quando divergiu do ex-presidente José Patriota, já falecido, responsável pela mudança no estatuto da Amupe para permitir a escolha de ex-prefeitos como presidentes.

Refinaria superfaturada – O Tribunal de Contas da União apontou, ontem, indício de superfaturamento no pagamento de indenizações por paralisações climáticas na refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP). A análise do contrato entre a Petrobras e o Consórcio Tomé-Technip revelou que a metodologia utilizada gerou sobrepreço de R$ 12,6 milhões. O acordo foi firmado em 2011 por R$ 1,16 bilhão para serviços de engenharia na refinaria. Nele, estava prevista uma cláusula de pagamento para custos decorrentes da paralisação das atividades devido às chuvas e descargas atmosféricas.

PF investiga desvio de emendas – Intitulada “EmendaFest”, a nova operação da Polícia Federal, deflagrada ontem pela manhã, virou um dos temas da reunião do colégio de líderes da Câmara dos Deputados. A operação, que investiga suposto desvio de emendas parlamentares destinadas ao Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul (RS), teve um assessor do deputado Afonso Motta (PDT-RS) entre os alvos. Na avaliação de caciques da Câmara, ao contrário de outras operações da PF, a “EmendaFest” ainda não “pegou no calcanhar” dos deputados, pois teve apenas um assessor como alvo, por ora.

Sem poder nas comissões – Depois de perder a indicação de dois conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, ser derrotada na escolha do primeiro-secretário da Assembleia Legislativa e sofrer outros reveses políticos, a governadora Raquel Lyra (PSDB) corre agora o risco, em nova medição de forças com o parlamento nos bastidores, a ficar sem o controle de nenhuma comissão temática da Casa. Seus aliados ficarão de fora das duas principais – Constituição e Justiça, e Finanças.

CURTAS

ASSOMBRAÇÃO – Aliado fervoroso da governadora Raquel Lyra (PSD), o deputado petista João Paulo, ex-prefeito do Recife, volta a perder o sono com uma assombração do passado desenterrada pelo Tribunal de Contas do Estado: irregularidades na contratação de uma consultoria em sua gestão, a Finatec. O processo exige dele a devolução de R$ 18 milhões.

TABATA MINISTRA 1 – O Globo trouxe, ontem, uma notícia que os leitores deste blog já estavam sabendo há dias: a possibilidade da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), namorada do prefeito João Campos, virar ministra de Ciência e Tecnologia. Segundo o jornal, o nome dela ganhou força após a declaração do presidente a respeito do “lenga-lenga do Ibama”. Tudo por causa do suplente dela na Câmara.

TABATA MINISTRA 2 – Se Tabata virar ministra de Lula, Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama acusado por Lula de ficar com “lenga-lenga” sobre a liberação de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, seria chamado a voltar à Câmara como deputado federal no lugar de Tabata. Rodrigo é o primeiro suplente da parlamentar.

Perguntar não ofende: Quantos ministros vão cair na tão propalada reforma de Lula?

Casuísmo imoral e desproposital 

Não há uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) mais desproposital, casuística e vergonhosa do que a do deputado mineiro e bolsonarista Eros Biondini (PL), que propõe reduzir de 35 para 30 anos a idade mínima para candidatos a presidente da República e a senador.

Já tem 101 assinaturas, mas, para começar a tramitar, são necessárias 171. Por trás do movimento que tenta emplacar a PEC, estão as ambições eleitorais de partidos e políticos com bom desempenho nas redes. Congressistas que apoiam o texto avaliam que, com a mudança, legendas conseguiriam eleger nomes impossibilitados pela idade mínima.

É o caso do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que fará 29 anos, que poderia alçar voos maiores dentro da sigla, como uma candidatura ao Senado ou até mesmo ao Planalto, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro não consiga restaurar sua elegibilidade. O propósito de Biondini tem direção certa: Nikolas, seu conterrâneo de Minas.

Para disfarçar, ele cita outro nome jovem, o do prefeito do Recife, João Campos (PSB), que completará 32 anos este ano. Mas o socialista nunca fez qualquer movimentação nesse sentido e, provavelmente, não conhece nem o autor da proposição, que acha a mudança oportuna por uma “óbvia necessidade de modernização da legislação eleitoral”.

Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, Eros Biondini afirmou que não há qualquer “interesse pessoal” no avanço da ideia. Ele disse que, caso virasse parte da Constituição, o texto “beneficiaria mais Nikolas”. Nas últimas décadas, a redução da barreira etária para candidaturas foi tema de outras propostas no Congresso. Na Câmara, uma PEC que reduzia a 30 anos a idade mínima para candidatos a presidente foi apresentada pela então deputada Manuela d’Ávila, em 2007.

À época, ela justificou que as regras desestimulavam a participação de jovens na política. Em 2015, o texto de Manuela foi anexado a um conjunto de propostas de alteração na Constituição que acabaram virando uma reforma política aprovada pelos deputados.

A PEC, aprovada em dois turnos pela Câmara em julho daquele ano, reduzia as idades mínimas para os cargos de deputado estadual ou federal; de senador e de governador. Todas essas mudanças acabaram caindo durante a análise da PEC pelo Senado, ainda em 2015. Os senadores decidiram votar essas alterações em uma proposta em separado, o que nunca ocorreu.

FRUSTRAÇÃO A CAMINHO – A aprovação de alterações na Constituição tem um longo caminho na Câmara e no Senado. Nas duas Casas, há uma barreira inicial para a apresentação de PECs, que determinam um número mínimo de apoios. Se não houver disposição do comando das Casas em acelerar a análise, há um amplo debate, que pode levar bastante tempo. Isso pode frustrar os planos de aliados de Nikolas. Na Câmara, após conquistar os apoios necessários e apresentar a proposta, a discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa é a primeira etapa do caminho até a aprovação.

Com ferro e fogo – Numa entrevista a este blogueiro, na última segunda-feira, o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), não apenas atacou o Governo Lula, ao qual se referiu sem nenhuma ação consistente, como pediu a cabeça do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. E por fim, foi o primeiro parlamentar da base lulista a ferir com ferro e brasa a primeira-dama Janja. “Toda mulher dá palpites, mas a do presidente fala demais”. Tira ministro, põe ministro, acho que o papel dela está um pouco exagerado”, afirmou, para irritação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A versão do autor – Na entrevista que concedeu, ontem, ao Frente a Frente, o deputado Eros Biondini (PL-MG) rechaçou a versão de que sua PEC de redução da idade para disputar os cargos de presidente e senador seja casuística. “Não há nada de casuístico. Trata-se de uma PEC justa e reparadora. No Brasil, o cenário atual ainda limita a representatividade jovem em cargos decisórios, o que pode causar um distanciamento entre os representantes eleitos e as demandas das novas gerações “, disse. Acredite se quiser!

Inspiração na filha – Eros Biondini é pai de Chiara Biondini, deputada estadual por Minas Gerais, considerada a mais jovem eleita no País para um parlamento estadual. Quando concorreu, em 2022, ela tinha 20 anos, e tomou posse no dia em que completou 21. Enquanto seus colegas assumiram o mandato em 1º de fevereiro de 2023, Chiara esperou o dia 22, já que é permitido pelo Regimento Interno da Assembleia mineira que a posse ocorra em até 30 dias a partir da primeira reunião da Casa. Chiara já foi citada pelo pai como inspiração para a mudança proposta.

Consenso – O consenso para a eleição da nova diretoria da Amupe foi definido ontem após intensas articulações em Brasília, resultando na recondução de Marcelo Gouveia à presidência e na escolha do prefeito de Aliança e aliado de Eduardo da Fonte, Pedro Freitas, como vice. No entanto, Gouveia deverá deixar o cargo em abril para disputar um mandato de deputado federal em 2026, passando o comando da entidade ao vice. Desta forma, Freitas assumirá também o processo eleitoral de 2026. A chapa contará, ainda, com a prefeita de Igarassu, Professora Elcione, o prefeito de Panelas, Ruben Lima, que assumirá a tesouraria, e Márcia Conrado, prefeita de Serra Talhada, à frente da Secretaria da Mulher da Amupe.

CURTAS

PRESSÃO – O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, aproveitou a presença de milhares de prefeitos, ontem, em Brasília, para pressionar o Congresso a colocar entre as pautas de urgência a aprovação da PEC da Sustentabilidade Fiscal, que prevê o parcelamento especial das dívidas dos municípios junto ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e aos respectivos Regimes Próprios da Previdência Social (RPPS).

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS – Outra urgência é a aprovação do PLP 141/2024, essencial para os municípios que possuem Organizações Sociais da Sociedade Civil (OSs). A proposta sugere alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para retirar esse tipo de cooperação dos gastos com pessoal a fim de viabilizar a gestão em cidades com esse perfil de colaboração.  Três mil municípios que têm esse tipo de convênio terão problemas com a LRF.

ÓCIO  – O deputado Waldemar Borges (PSB) disse que está ocioso na Alepe como parlamentar de oposição à governadora Raquel Lyra, porque os próprios aliados da gestora fazem as críticas ao governo dela. Ele se referiu ao discurso de Izaias Régis, que cobrou a construção do Hospital Mestre Dominguinhos.

Perguntar não ofende: Janja manda no Governo, como sugere o deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade?

Lula correndo atrás do prejuízo

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Com a popularidade abalada faltando menos de dois anos para as eleições, o presidente Lula (PT) já mostrou que está disposto a reverter esse cenário. Um passo importante é se reaproximar da população. Para isso, Lula deu início a uma agenda de viagens internas este ano e esteve no Rio de Janeiro e na Bahia. Ainda esta semana, vai ao Amapá e ao Pará, onde entregará unidades do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Também faz parte da estratégia de recuperação aproximar o Governo dos prefeitos, que são sempre fundamentais nas disputas para Presidência da República e pleitos estaduais. Depois dos vereadores, os prefeitos são os políticos que estão mais perto do povo, principalmente em cidades do interior. Lula sabe da importância de ganhar apoio entre os gestores.

Ontem (11), o petista esteve na abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, um evento promovido especialmente para eles e elas pelo Governo Federal, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF). Organizado pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, o encontro vai até amanhã (13).

O chefe do Poder Executivo convocou os 38 ministros para prestigiarem a abertura do evento e prometeu trabalhar para todos os gestores municipais, independente de coloração partidária. “Enquanto eu for presidente da República, nenhum prefeito ou prefeita vai ser discriminado por partido político ou por não ter votado em mim. Nós faremos para o povo, que escolheu o seu representante nas urnas”, garantiu Lula.

Além de fazer um gesto de valorização ao municipalismo, a fala de Lula foi importante também para jogar água na fervura da polarização que toma conta da política no Brasil, já que o presidente sinalizou que nem prefeitos bolsonaristas serão tratados mal pela sua gestão.

Ainda durante os três dias do encontro, o Governo Federal vai anunciar diversas bondades para os chefes dos municípios, como a segunda etapa do Novo PAC Seleções, que pretende destinar cerca de R$ 50 bilhões para obras de infraestrutura urbana, abastecimento de água, equipamentos da saúde, da educação, do esporte, além de empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida.

“LULINHA, FICA!” – O presidente ficou tão animado com o encontro dos prefeitos e prefeitas que até brincou. Disse que os gestores vão pedir para ele continuar, quando terminar seu terceiro mandato, em 2026. “Estejam certos, não precisa ninguém falar, eu sou muito humilde, mas eu duvido que, na história desse país, teve um presidente que já cuidou desses prefeitos como eu já cuidei. Quando eu terminar o meu mandato, vocês vão dizer: Lulinha, fica, porque nós precisamos de um presidente que goste de nós”, afirmou o chefe do Executivo.

Contrata+Brasil – Durante o evento com os gestores municipais, o presidente anunciou um programa que pretende reunir governos e prestadores de serviço de forma online. É o Contrata+Brasil, que vai funcionar como uma espécie de marketplace e deve reduzir a burocracia na contratação de pequenas reformas em prédios públicos, por exemplo. A medida vai priorizar microempreendedores individuais (MEIs). Para participar, órgãos públicos e fornecedores precisarão se cadastrar na plataforma.

Recife deu exemplo – O Contrata+Brasil foi inspirado pela plataforma recifense GO MEI. A ferramenta permite que a Prefeitura da capital pernambucana contrate microempreendedores individuais diretamente para execução de pequenos serviços de pronto pagamento, como os dedicados à manutenção das unidades de atendimento à população (técnicos de refrigeração, pedreiros, eletricistas, gesseiros), eliminando a burocracia e dando mais agilidade nesses reparos. O prefeito João Campos, que está em Brasília, comemorou. “O Brasil inteiro terá acesso a essa solução criada pelo Governo Federal, com base numa iniciativa da Prefeitura do Recife. Isso não mostra apenas a dimensão de uma gestão municipal. Isso mostra a preocupação com quem está na ponta da economia para que o pequeno seja cuidado, atendido, visto. Vamos chegar àqueles que mais precisam através de uma ação de gestão digital”, ressaltou o prefeito.

Amupe marcou presença – O presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Marcelo Gouveia, também está em Brasília para o Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas. Gouveia ressaltou a importância do evento para alinhar ações que beneficiem os municípios pernambucanos. “Essa aproximação entre os prefeitos e o Governo Federal é fundamental para garantir avanços concretos nas pautas municipalistas. Estamos atentos às oportunidades e buscando soluções que fortaleçam nossas cidades”, afirmou Gouveia.

Recepção de Dueire – O senador Fernando Dueire (MDB) abriu as portas de seu gabinete em Brasília para receber prefeitos pernambucanos que participam do evento promovido pela Presidência da República. O local se tornou uma paradinha estratégica para refazer as forças e alimentar o corpo. Além de disponibilizar o espaço para reuniões e atendimentos, Dueire organizou uma recepção especial para os prefeitos, com um ambiente acolhedor e um buffet variado, incluindo café da manhã reforçado, salgados, cachorro-quente e refrigerantes. A atitude do senador busca oferecer um espaço de diálogo, fortalecer as relações institucionais e discutir demandas municipais. A iniciativa visa facilitar o acesso dos gestores a recursos e articulações políticas em prol de melhorias para seus municípios.

CURTAS

Time errado 1 – A governadora Raquel Lyra (PSDB) poderia ter um apoio importante no Sertão do Estado para a sua reeleição se lá atrás tivesse oferecido espaço no Governo ao ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, hoje presidente estadual do União Brasil. Mas a proposta da tucana veio no time errado e agora Miguel já consolidou a aliança com o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Não há vácuo na política. Miguel foi o primeiro a declarar apoio à Raquel no segundo turno, em 2022, mas, muito superior, como sempre, a governadora fez ouvido de mercador.

Time errado 2 – Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, ontem, Miguel disse, em outras palavras, que agora não quer mais. “Se houvesse qualquer tipo de proposta (de Raquel), não seria sequer considerada, porque não cabe no momento que estamos e não é do nosso interesse fazer qualquer tipo de mudança. Reitero, política se faz com gesto, confiança, respeito e reciprocidade”, ressaltou Coelho.

José Múcio no Roda Viva – O ministro da Defesa, José Múcio, foi entrevistado no Programa Roda Viva, na última segunda-feira (10), e confirmou que familiares seus estavam entre os manifestantes antidemocráticos em frente aos quartéis-generais. Perguntado se havia pessoas próximas a ele, Múcio respondeu: “tinha, tinha muita gente. Tinha irmão que gostava, que foi para frente de quartel e outros parentes, mas passou”.

Perguntar não ofende: o presidente Lula vai conseguir recuperar a popularidade a tempo de disputar as eleições em 2026?

Raquel tentou enciumar João

Somente no domingo passado, quase 20 dias após o encontro com a governadora Raquel Lyra (PSDB), o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), assumiu que esteve frente a frente com a tucana. Lá atrás, estranhamente, negou, porque havia acordado com a governadora sigilo absoluto.

Mas quem vazou, até para criar um clima de desconfiança por parte do prefeito João Campos (PSB) com o herdeiro político do ex-senador Fernando Bezerra Coelho, foi a própria governadora. E para dar a entender que estava se aliando a Miguel. Este, entretanto, só tomou conhecimento do vazamento quando estava participando de uma feira agrícola no exterior.

Raquel vazou porque saiu da conversa extremamente desapontada com Miguel, a quem ofereceu a Secretaria de Infraestrutura e outros espaços, sem que houvesse da parte do interlocutor qualquer interesse. Se tivesse beliscado a isca, aliás, o ex-prefeito petrolinense teria cometido um dos maiores erros da sua, até aqui, bem-sucedida carreira.

Mais popular prefeito de Petrolina, um dos mais aprovados na gestão de cidades de porte médio do País, Miguel foi candidato a governador nas eleições de 2022, mas não chegou ao segundo turno por uma fatalidade: a morte do marido de Raquel, no dia da eleição, fator que provocou uma grande emoção no Estado, arrastando a tucana para o poder.

Ela nunca admitiu esse episódio fatídico e lamentável, mas basta fazer uma simples consulta ao Google: mais de 400 mil pernambucanos foram buscar o número da candidata tucana no site de buscas no dia da eleição. Na chegada ao segundo turno, Raquel ganhou o apoio de Miguel no calor da comemoração do primeiro turno.

Um apoio que deu resultado: saiu de Petrolina com mais de 86 mil votos, enquanto no primeiro turno recebeu pouco mais de quatro mil votos. Os votos caíram no balaio de Raquel pela força de Miguel, porque o Sertão, com exceção de Petrolina, votou em peso em Marília Arraes, casando o voto com o do presidente Lula.

Passadas as eleições, Raquel esteve três vezes com Miguel e em todos os encontros não abriu o seu Governo para o ex-prefeito. Tergiversou o tempo todo e na hora dos finalmente não colocou nada na mesa, tudo porque temia sombra, como temeu a sombra de outros aliados, como Anderson Ferreira. Como disse, ontem, neste espaço, Raquel acha que o sol só brilha para ela.

RECADO DADO – Diferente do encontro sigiloso e mal explicado com a governadora, Miguel Coelho esteve, ontem, com João Campos no Recife e logo após o encontro o prefeito levou ao conhecimento público pelas redes sociais. Tudo, claro, para mostrar à governadora que ela não vai conseguir dividir as lideranças que João está arregimentando em torno da sua provável candidatura a governador nas eleições de 2026.

Dos três, vai sobrar um – Por falar em Miguel, o projeto do ex-prefeito de Petrolina é disputar uma vaga ao Senado na chapa de João Campos. Em 2026, estarão em jogo duas vagas para a Casa Alta. No campo da aliança com João, Miguel terá pela frente uma queda de braço com dois concorrentes que seriam candidatos naturais na chapa do socialista ao Palácio das Princesas: o senador Humberto Costa, que tem projeto de ir à reeleição, e o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

Presidencialismo moderno – Em entrevista à Folha e ao Frente a Frente, ontem, o deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), autor da proposta da adoção do semipresidencialismo, que já tem números de assinaturas suficientes para começar tramitar no Congresso, disse que a ideia não foi colocada para um plebiscito porque não se trata de uma mudança de regime, mas do aperfeiçoamento do presidencialismo.

Estado pode sofrer apagões – Pernambuco está incluso na lista dos 11 estados com riscos de sofrer apagão, segundo alerta Operador Nacional do Sistema Elétrico, o ONS. O motivo apresentado pelo órgão é a produção de energia por painéis solares em casas e comércios. No Nordeste, além de Pernambuco, estão ameaçados a Paraíba, Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte. O relatório recomenda que sejam traçadas estratégias para assegurar uma operação eficiente da malha energética com os desafios causados pela “crescente descentralização dos recursos de geração”.

Tabata ministra? – Corre nos bastidores de Brasília que a deputada Tabata Amaral, namorada do prefeito do Recife, pode despachar em breve na Esplanada dos Ministérios. Se couber ao PSB mais uma fatia de poder no bolo que os partidos aliados disputam junto a Lula, ela iria para o Ministério de Ciência e Tecnologia, hoje ocupado pela pernambucana Luciana Santos (PCdoB), que seria remanejada para o Ministério da Mulher.

CURTAS

REVOADA – Mais de 80 prefeitos pernambucanos desembarcaram, ontem, em Brasília, para um encontro promovido pelo Governo Federal no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O ponto alto será, hoje, com a presença do presidente Lula e uma penca de ministros.

PETRIBU – Pertence ao grupo Petribu a fábrica de cimento que encerrou suas atividades, definitivamente, em Carnaíba, no Sertão do Pajeú, jogando na rua da amargura mais de 40 trabalhadores. Com a marca “Cimento Pajeú”, a indústria ainda operou por 12 anos depois de identificar uma grande jazida da matéria prima naquele município.  

ACÓRDÃO – Na conversa com João Campos, Miguel Coelho antecipou o que veio a ser oficializado no início da noite: o controle do União Brasil no Estado, travado com o deputado Mendonça Filho, teria chegado a um bom termo, ele na presidência e Mendonça na vice.

Perguntar não ofende: Raquel vai para o MDB ou o PSD?

O sol só nasce para iluminar Raquel

Terra de Paulo Freire, patrono da educação brasileira, referência mundial na área, cujo legado transformou o ensino ao defender a educação como ferramenta de libertação e consciência crítica, Pernambuco passa a ter agora, na desastrosa gestão Raquel Lyra (PSDB), a Secretaria de Educação ocupada por um nome sem qualquer experiência no setor.

O novo secretário de Educação, Gilson Monteiro Filho, é mais um braço sem qualificação da extensão, lamentável, da chamada “República de Caruaru”. Uma pena para um Estado que já teve à frente da política educacional nomes de renome como José Jorge, hoje ministro aposentado do TCU; Silke Weber, pedagoga e socióloga; Mozart Ramos, ex-reitor da UFPE e ex-presidente da Fundação Ayrton Senna; e Raul Henry, que fez da Educação um dos pilares de sua trajetória política.

Em se tratando de Raquel Lyra, que tem medo de sombra, como disse pelas redes sociais o ex-secretário de Educação paulista que levou um chute no traseiro, ter um secretário numa das pastas mais importantes do Estado, sem qualquer vivência pedagógica, cuja atuação sempre esteve distante das salas de aula e das discussões sobre políticas educacionais, não surpreende.

A bem da verdade, sua maior credencial é ser o fiel executor das ordens e assinador de cheques de Raquel Lyra. Gilson já respondia, interinamente, pela pasta, desde janeiro, quando Alexandre Schneider, o paulista importado por sugestão de Gilberto Kassab, foi demitido, mas saiu com a versão de que pediu exoneração após apenas seis meses no cargo.

Nos bastidores, especula-se que Schneider foi afastado do governo por resistir a pedidos de interferência nos critérios do Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (IDEPE), um dos pilares da avaliação da qualidade do ensino no Estado. Agora, o posto máximo da Educação é ocupado por alguém que nunca teve protagonismo nas discussões pedagógicas ou nas políticas públicas para o setor, mas que se consolidou como homem de confiança de Raquel Lyra desde sua gestão em Caruaru.

A trajetória de Gilson Monteiro Filho passa longe das políticas educacionais. Formado em Direito pela Associação Caruaruense de Ensino Superior (Asces), atuou por dez anos como procurador do município de Caruaru, entre 2009 e 2019. Depois, ocupou cargos administrativos na gestão de Raquel Lyra na Prefeitura, sendo secretário executivo de Licitações e Contratos (2020-2021) e secretário de Administração (2022).

Em 2023, quando Raquel assumiu o Palácio do Campo das Princesas, ele foi integrado à equipe da Secretaria de Educação, mas em uma função estritamente burocrática: secretário executivo de Administração e Finanças. Gilson na Educação reforça a tese, corrente em todos os segmentos formadores de opinião, de que a governadora só escolhe secretários que não lhe façam a mínima ameaça de o sol deixar de nascer e brilhar apenas para ela.

CONTROLE ABSOLUTO – A escolha de Gilson para a Secretaria de Educação, o segundo maior orçamento do Estado, demonstra um movimento de controle político da pasta. Em um Estado que construiu um dos mais bem-sucedidos modelos de ensino médio público do País, com escolas em tempo integral e resultados expressivos em avaliações nacionais, o cargo mais estratégico da área foi entregue a alguém que tem apenas o histórico de ser, politicamente, alinhado à governadora.

Kits e merenda, eis o mistério! – A oficialização do novo secretário Gilson Monteiro Filho ocorre em meio a uma sucessão de crises na educação estadual. A pasta passou por duas trocas de comando em pouco mais de um ano, vem enfrentando o adiamento para compra de kits escolares e contestações na licitude para compra e distribuição da merenda escolar, em razão da dispensa emergencial para abastecer a rede estadual de ensino, conforme este blog antecipou com provas irrefutáveis.

Evangélicos: a ameaça à reeleição de Lula – O crescimento constante e o posicionamento político resistente ao PT dos evangélicos ameaçam as possibilidades de reeleição do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2026. Segundo estudo da Mar Asset Management, divulgado ontem pelo portal Poder360, mais de ⅓ da população brasileira (35,8%) será evangélica em 2026. Eram 32,1% em 2022. O PT e os partidos de esquerda têm menos votos em municípios com maior presença desse grupo.

Por que Tarcísio esconde o jogo? – A pelo menos uma alta autoridade da República, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), admitiu, numa conversa privada em Nova York, há cerca de dez dias, que nem sob tortura dirá em público neste momento que deve mesmo ser candidato à presidência em 2026, segundo a coluna de Lauro Jardim, de O Globo. Tudo isso, claro, porque o padrinho dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda alimenta esperanças de recuperar sua elegibilidade, o que não está fora de cogitação com a chegada do bolsonarista Hugo Motta (Republicanos-PB) à Presidência da Câmara.

O exemplo do Ceará – Diferente do que ocorreu em Pernambuco, sábado passado, em Fortaleza, 115 torcedores do Fortaleza e Ceará, que brigaram, ontem, pelas ruas da capital antes do jogo, foram presos imediatamente. E tudo se encerrou por ali mesmo, sem a barbárie do que rolou por aqui. Isso é prova de diferença de gestão, de pulso e capacidade de decidir. Em Pernambuco, lamentavelmente, o que se viu foi os clubes serem punidos, enquanto os delinquentes continuam soltos, prontos para desafiar a polícia e o governo mais uma vez.

CURTAS

PREFEITOS 1 – Aproveitando a presença de vários prefeitos em Brasília, hoje, convocados pelo presidente Lula, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, resolveu reunir o Conselho Político da entidade, que recentemente foi ampliado. Na pauta, está o que será prioridade para os municípios ao longo deste ano no Congresso e no Planalto.

PREFEITOS 2 – Entre o que é mais urgente, está a PEC que traz um pacote de medidas importantes para a previdência dos municípios. A proposta parcela as dívidas dos municípios em até 300 meses. Há ainda o novo regime especial de precatórios, com limite anual para pagamento; e a extensão da reforma previdenciária com as mesmas regras do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos servidores da União para os Municípios. São mais de R$ 330 bilhões em impacto aos municípios.

QUEM CALA, CONSENTE – O ex-prefeito de Salgueiro, Marcones Libório Sá (PSB), não deu um pio em relação ao rombo de R$ 20 milhões que teria deixado para o seu sucessor Fabinho Lisandro (PRD). Os detalhes da herança maldita foram apresentados pelo próprio Lisandro numa coletiva com jornalistas na última quinta-feira.

Perguntar não ofende: Com exceção de um seleto grupo de Caruaru, quem conhece o novo secretário de Educação de Raquel?

Hugo Motta e a bola fora da semana

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Mal assumiu a presidência da Câmara dos Deputados e o deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos) já deu uma bola fora. Disse que não houve tentativa de golpe no Brasil no dia 8 de janeiro de 2023. Segundo Motta, eram apenas “vândalos e baderneiros” criando confusão em Brasília.

A declaração foi dada em entrevista, ontem (7), à rádio Arapuan FM, de João Pessoa, capital da Paraíba, e teve péssima repercussão no meio político e na imprensa, principalmente porque a fala desmoraliza completamente o trabalho da Polícia Federal e ignora o trabalho minucioso da instituição.

“O que aconteceu não pode ser admitido que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições. Foi uma agressão inimaginável, ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer. Agora querer dizer que foi um golpe? Um golpe tem que ter um líder, tem que ter uma pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas e não teve isso”, declarou Motta.

No entanto, a Polícia Federal (PF) indiciou 40 pessoas no total e imputou a elas os crimes de abolição do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. Entre os indiciados, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o seu ex-candidato a vice, o general Braga Netto, que segue preso desde dezembro, a pedido da própria Polícia Federal, por suspeita de estar coagindo testemunhas do caso.

Ao contrário do que disse Hugo Motta, as investigações da PF apontaram que havia, sim, um líder tentando o golpe: Jair Bolsonaro. Também havia pessoas estimulando esse mesmo golpe: generais do Exército e um almirante da Marinha, além de outros aliados de Bolsonaro. As instituições do Exército e Marinha como um todo não aderiram à tentativa, mas membros fizeram parte daquele projeto de impedir a posse do governo eleito.

Além de descredenciar publicamente o trabalho da PF, Hugo Motta fez um claro aceno à extrema-direita brasileira e passou a imagem de que estava apenas esperando ser eleito presidente da Câmara, com os votos da esquerda e o apoio do presidente Lula (PT), para começar a dar dor de cabeça ao Poder Executivo, visto que hoje completam apenas oito dias da sua eleição.

QUEM É O VERDADEIRO HUGO MOTTA ? – A declaração do deputado deixou a dúvida de quem é ele verdadeiramente, já que no discurso de posse, há apenas oito dias, o parlamentar lembrou Ulysses Guimarães, defendeu a democracia e exibiu um exemplar da Constituição brasileira. Hugo Motta chegou a repetir a frase de Guimarães “tenho ódio e nojo à ditadura”, sendo aplaudido pelo plenário da Câmara. Mas, uma semana depois, minimizou a maior tentativa de ruptura democrática no Brasil desde a década de 1960.

Ainda estou aqui – Vale lembrar que, também na posse, o parlamentar também fez referência ao filme Ainda Estou Aqui, que conta a história do ex-deputado federal Rubens Paiva, preso e morto pela ditadura, o que certamente aconteceria com outros deputados se um novo golpe fosse dado no País, como queriam os baderneiros os quais ele minimizou as ações. Hugo Motta precisa decidir quem ele é e o que ele defende. Ele defende a democracia ou ele passa pano para golpistas? As duas coisas não dá.

Preparando o terreno – A fala do deputado foi interpretada por alguns como uma tentativa de preparar o terreno na sociedade para um possível projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro, que conta com a resistência da esquerda. Sobre o assunto, ele disse: “não posso chegar aqui e dizer que vou pautar a anistia semana que vem, ou não vamos pautar. Será um tema que vamos analisando, digerindo”.

Programa Terra Plantar – Agricultores estão insatisfeitos com a distribuição de sementes para plantio, no Sertão de Pernambuco. De acordo com denúncias dos trabalhadores, o Governo do Estado, além de entregar o material com atraso, mandou sementes sem qualidade. Alguns entraram em contato com a Rádio Pajeú para reclamar da situação do milho distribuído no programa Terra Plantar, do IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco). A queixa é de que as sementes só têm qualidade para ração, sem condições de plantio. Contactada pela produção do programa Manhã Total, a gerência regional do IPA disse estar em contato com a direção estadual para uma solução rápida, diante da volta das chuvas.

Escola da gestão de Paulo Câmara – Líder do PSB na Assembleia Legislativa, o deputado Sileno Guedes celebrou, ontem, a entrega da Escola de Referência em Ensino Médio Tristão Ferreira Bessa, em Lagoa de Itaenga, na Mata Norte de Pernambuco, demanda cobrada pelo seu mandato em outubro do ano passado. O parlamentar criticou, porém, o fato de a governadora Raquel Lyra (PSDB) omitir que, embora a unidade já tivesse sido praticamente concluída pela gestão anterior, do ex-governador Paulo Câmara, passou os últimos dois anos sem ser inaugurada por “descaso do atual Governo”. Nesse período, o prédio ficou tomado pelo mato enquanto mais de mil alunos estavam à espera do espaço.

CURTAS

Partido Liberal em 2026 – Membros do PL em Pernambuco vem aos poucos defendendo uma candidatura de terceira via para o Governo de Pernambuco, em 2026. O deputado estadual Renato Antunes (PL) já havia dito que o partido precisa de um “jogador para o jogo de 2026”. Ontem, foi a vez do deputado estadual Alberto Feitosa (PL) reforçar a ideia. Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, o parlamentar afirmou que a eleição deve ter influência direta do pleito nacional, advertindo que pode ser um cenário polarizado entre o atual governo e um representante da direita bolsonarista. “Não só tem espaço, como tem a necessidade de uma terceira via. A eleição vai ser nacionalizada”, cravou.

Dema na Alepe – Homem forte da primeira gestão do prefeito João Campos (PSB), o ex-secretário de Governo do Recife, Aldemar Santos, o Dema, é o novo superintendente geral da Assembleia Legislativa. Ele teve a nomeação para o cargo publicada no Diário Oficial de ontem, substituindo o ex-deputado Isaltino Nascimento, que assumiu a Secretaria de Educação do Cabo de Santo Agostinho, cidade da Região Metropolitana.

Manual da Amupe – A Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) lançou, ontem, o Manual do Programa Replica Boas Práticas, iniciativa estratégica que visa reconhecer e divulgar experiências bem-sucedidas dos municípios pernambucanos. O programa convida as gestões a cadastrarem suas ações em um banco de boas práticas, com a oportunidade de terem suas iniciativas apresentadas durante o 8º Congresso Pernambucano de Municípios, que acontecerá em abril deste ano. O atual presidente da Amupe é Marcelo Gouveia, que buscará a reeleição este mês.

Perguntar não ofende: quando a governadora Raquel Lyra vai anunciar seu novo partido?

Oito deputados de PE querem semipresidencialismo

Oito dos 25 deputados pernambucanos que integram a bancada na Câmara dos Deputados assinaram a proposta de emenda à Constituição (PEC) que institui o semipresidencialismo no País. De iniciativa do deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), obteve, ontem, o quórum de assinaturas necessário para começar a tramitar na Câmara.

Assinaram o requerimento 179 parlamentares, quando seriam necessárias apenas 171 assinaturas para começar a tramitar. Da bancada federal do Estado assinaram Augusto Coutinho (Republicanos), Eduardo da Fonte (PP), Fernando Filho (UB), Fernando Monteiro (PP), Fernando Rodolfo (PL), Lula da Fonte (PP), Mendonça Filho (UB) e Pastor Eurico (PL).

Embora o texto já ultrapasse a exigência de 171 signatários para começar a tramitar, o autor diz que só protocolará a proposta com ao menos 300 assinaturas, de forma a demonstrar apoio ao tema. O semipresidencialismo é um modelo alternativo ao presidencialismo que vigora no País.

Os exemplos mais famosos de países semipresidencialistas são Portugal e França. Se aprovado, um presidente da República eleito pelo voto direto dividiria poderes com um primeiro-ministro. O modelo proposto por Hauly dá ao presidente a prerrogativa de nomear o primeiro-ministro, mas, por outro lado, empodera a Câmara, dando aos parlamentares mais atribuições para definir o plano de governo e o Orçamento.

O presidente mantém as prerrogativas de nomear ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de tribunais superiores, além de chefes de missão diplomática, presidente e diretores do Banco Central (BC), o procurador-geral da República e o advogado-geral da União. Enquanto República, o Brasil já adotou o modelo parlamentarista entre setembro de 1961 a janeiro de 1963. O sistema, adotado como resolução da crise provocada pela renúncia à Presidência de Jânio Quadros, foi descontinuado após um referendo com ampla rejeição ao modelo.

Um novo referendo sobre o modelo de governo foi realizado em 1993, no qual o parlamentarismo voltou a ser rejeitado. O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Casa, é um dos signatários da proposta. O partido de Motta conta com o maior número de adeptos à medida, somando 35 assinaturas, seguido pelo PL, com 33 apoios, e pelo União Brasil, com 28.

PT NÃO ASSINA – O PT ficou ausente da lista de signatários, mas há adesões do “núcleo duro” da base de sustentação ao governo, como sete assinaturas do PDT e duas do PSB, sigla do vica-presidente Geraldo Alckmin. Além disso, PCdoB e PV, legendas federadas ao PT, registram um apoio cada. Os petistas se recusaram a assinar para não constranger o presidente Lula, adepto do presidencialismo e que tem projeto para disputar a reeleição em 2026. Na prática, os signatários da proposta querem instituir o sistema parlamentarista.

Motta fala em longo prazo – Um dos signatários da proposta do semipresidencialismo, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defende a adoção do modelo parlamentarista no Brasil com uma implementação a ser feita a longo prazo. “A discussão sobre o parlamentarismo deve existir no Congresso, mas não para 2026. A discussão se faz necessária por um período, até para que a população entenda. Já temos esse modelo em vários países, na Europa. O Brasil não tem condições de discutir isso agora, mas a longo prazo”, afirmou.

PSB quer mais espaços Hoje com dois ministérios – Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), comandado pelo também vice-presidente, Geraldo Alckmin; e o do Empreendedorismo, com Márcio França – o PSB está na expectativa de conquistar mais espaço e poder na reforma ministerial. Dentro do partido, a reclamação é antiga de que o espaço é minúsculo. O PSB começou 2023 chefiando outras duas pastas, além da de Alckmin: a do Ministério da Justiça, com agora ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino, que era filiado ao PSB; e a de Portos e Aeroportos, que antes de ser do Republicanos estava com França.

Alckmin esvaziado – Cresce a possibilidade de Geraldo Alckmin ficar apenas na vice-presidência e deixar o MDIC. Um dos cálculos é que o cargo pode ser dado ao ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Reservadamente, parlamentares do PSB dizem ser mais um esvaziamento do partido. “Um absurdo por tudo que o PSB fez antes mesmo do presidente Lula ser eleito. Nós fomos decisivos na vitória de Lula. Caso o PT ouse fazer isso [retirar o PSB da Esplanada], defendo que deixemos todos os espaços no Governo Federal e fiquemos independentes”, disse um socialista graúdo. A insatisfação de partidos mais alinhados historicamente ao governo Lula se agrava diante das cobranças de partidos do Centrão para ocuparem mais espaço – uma conta difícil de fechar.

Pedro prioriza isenção do IR – O novo líder do PSB na Câmara dos Deputados, Pedro Campos, irmão do prefeito do Recife, João Campos, disse que sua bancada vai estar ao lado do governo nas pautas importantes do País. “Nós temos a expectativa de que a reforma do Imposto de Renda chegue à Câmara neste ano, para que a gente possa aumentar a isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil”, disse. Sobre seu trabalho na condução da bancada de 15 deputados, afirmou que quer estimular o trabalho dos deputados, que é muito plural. “O primeiro ponto que a gente vai potencializar são os mandatos que atuam na área de educação, da agricultura familiar e na área das pessoas com deficiência, como é o meu caso e do deputado Duarte Jr. (PSB-MA). Além disso, esse vai ser um ano importante para o Brasil,” afirmou.

CURTAS

RAQUEL NO MDB – Diferente do presidente estadual do MDB, Raul Henry, o ex-prefeito de Lagoa Grande, Vilmar Cappellaro, disse que vai atuar para, no caso da incorporação do PSDB ao MDB, a governadora Raquel Lyra ingresse na legenda “Caso se confirme a incorporação, a chegada da governadora será muito bem-vinda”, destacou.

SALGUEIRO 1 – Numa entrevista coletiva, ontem, o prefeito de Salgueiro, Fabinho Lisandro (PRD), apresentou o rombo financeiro da herança maldita deixada pelo ex-prefeito Marcones Sá (PSB). “São R$ 19,5 milhões em restos a pagar e mais de R$ 5 milhões em débitos não reconhecidos”, afirmou.

SALGUEIRO 2 – Entre as dívidas listadas pelo prefeito salgueirense não reconhecidas estão empréstimos consignados a servidores descontados em folha, mas não repassados ao banco. “Isso é apropriação indevida. O servidor pagou e o seu empréstimo e o município não fez a transferência às instituições financeiras. Isso é crime”, acrescentou Fabinho.

Perguntar não ofende: Incorporação ou fusão ao MDB, qual será o destino do PSDB?

O “fico” por Lula e pela escola

Na entrevista que me concedeu, ontem, em Brasília, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, passou a impressão que, além de atender a um pedido do presidente Lula (PT), aceitou permanecer por mais um ano na pasta para não deixar escapar do seu controle a oportunidade de o Estado sediar a Escola de Sargentos, investimento de R$ 1,8 bilhão.

O Ceará é o Estado que ameaça “roubar” o projeto. Já ganhou uma unidade do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, investimento de R$ 180 milhões, cujas obras andam bem avançadas, mas quer também a Escola de Sargento. Segundo José Múcio, diferentemente de Pernambuco, o Ceará abraçou o novo campus do ITA e as obras estão a todo vapor, enquanto a unidade do Exército empaca.

“Se eu saísse, com certeza Pernambuco correria um grande risco de perder a escola”, disse Múcio. Embora tenha se referido apenas às dificuldades ambientais, para não se melindrar com a governadora Raquel Lyra (PSDB), o ministro e até as paredes do seu Ministério sabem que o projeto não saiu do lugar por desinteresse da governadora e da falta de decisão política.

Logo no início, quando o ministro reuniu a cúpula do Exército em Brasília para apresentar o projeto da escola à bancada federal, a governadora, convidada, estava em Brasília, mas não deu o ar na sua graça. Da bancada, o que se viu foi uma única voz destoante, a do deputado federal Túlio Gadelha (Rede), representante da governadora, que levantou vários questionamentos ambientais.

O empreendimento será o maior projeto do Exército desde a construção da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), na década de 1940. Apenas em sua construção, deve gerar mais de 11 mil empregos diretos e 17 mil empregos indiretos. Pernambucanos e demais nordestinos que queriam ingressar na carreira militar tinham que ir para o Sul ou Sudeste para receber sua formação.

A nova escola representará o movimento inverso: brasileiros de todos os estados estarão em Pernambuco movimentando a economia e explorando a cultura regional. Trata-se de um marco na formação de militares no Brasil.

MEGA ESTRUTURA – Atualmente, a formação de sargentos do Exército acontece em 16 diferentes locais no País. Já a formação de oficiais é centralizada no município de Resende (RJ). Com a construção da Escola de Sargentos, todas as 16 locações serão descontinuadas. Ao todo, 6,2 mil pessoas vão residir na área da escola — que dispõe de uma base de suporte localizada em Recife que inclui atendimentos médicos e hospitalares, depósito de suprimentos e espaço para familiares. O terreno reservado à obra tem 7.549 hectares, e 90 hectares serão ocupados com a construção da escola. Serão cerca de 2,2 mil alunos, formados em 16 especialidades distintas, em dois anos de preparação, com uma educação superior de nível tecnólogo.

Reforma de acomodações – Na mesma entrevista, José Múcio tratou de outros assuntos, entre eles, a reforma ministerial. Seu sentimento, depois da conversa que teve com o presidente Lula, é de que as mudanças não serão tão amplas como a mídia tem tratado. “Acho que será apenas uma reforma para acomodações políticas”, disse o ministro, referindo-se ao novo arco de alianças no Congresso com a eleição dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), cardeais do Centrão, movimento conservador do Congresso que exige ministérios mais robustos.

O tempo dirá O deputado Túlio Gadelha negou, ontem, que esteja de volta ao PDT. Sugeriu que teria sido uma “fake” do blog, mas, na verdade, a informação partiu do presidente nacional da legenda, Carlos Lupi, compartilhada com senadores pedetistas, deputados federais e até prefeitos. As tratativas já vinham rolando há muito tempo, tudo porque Gadelha está numa posição desconfortável na Rede Sustentabilidade, onde não tem sequer o controle do diretório municipal do Recife.

Federação descartada – O Republicanos decidiu rejeitar, em reunião da bancada federal, uma federação com o União Brasil e o PP, interrompendo os planos de algumas lideranças do Centrão em formar um grupo com mais de 150 deputados e 17 senadores. Cerca de 90% da bancada é contrária à união temporária entre os partidos, segundo o deputado Lafayette Andrada (Republicanos-MG). A federação entre as siglas comandadas por Antônio Rueda (União), Marcos Pereira (Republicanos) e Ciro Nogueira (PP) teria que atuar em conjunto durante os próximos quatro anos.

Encontro com Lula atrai 82 prefeitos de PE – O encontro dos prefeitos em Brasília, entre segunda e quarta-feira da próxima semana, não é uma iniciativa da Confederação Nacional dos Municípios, mas do Governo Federal. A abertura, na segunda-feira, no Centro de Convenções, contará, inclusive, com a presença do presidente Lula. Pelo menos até ontem, de Pernambuco, estavam confirmados 82 gestores municipais, a maioria do Agreste e Sertão. João Campos (PSB) não confirmou. Da Região Metropolitana, apenas a prefeita de Igarassu, Professora Elcione (PSDB).

CURTAS

CONSÓRCIOS – A Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e o Sebrae promovem em Petrolina, na próxima terça-feira, na sede do Sebrae, uma capacitação para técnicos que atuam em consórcios municipais. Trata-se de uma iniciativa para dar continuidade às políticas tratadas no Seminário de Novos Gestores, em outubro do ano passado, preparando novas equipes nos municípios.

CONTINUAM DISTANTES – Uma fonte garantiu que o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), teve, sim, há 10 dias, um encontro com a governadora Raquel Lyra (PSDB), mas sem chegar a um entendimento com vistas a uma possível reaproximação.

NEPOTISMO AO QUADRADO – Além de patrocinar o trem da alegria dos ex-prefeitos, a governadora Raquel Lyra se curvou ao nepotismo do secretário de Infraestrutura, Diogo Bezerra, nomeado sua esposa Sanny Diniz, gerente geral de planejamento sustentável da Secretaria de Meio Ambiente, com salário de R$ 8 mil. Achando pouco, ainda nomeou o ex-vereador Nelson Diz, pai da mulher do secretário, como assessor da Casa Civil com salário de R$ 7,8 mil.

Perguntar não ofende: Raquel ainda vai nomear o secretário da Educação?

MDB não aceita Raquel

Se a governadora Raquel Lyra (PSDB) optar mesmo pelo MDB, conforme antecipei ontem, com exclusividade, em razão da incorporação do PSDB ao MDB e não ao PSD, cenário inicial, não será bem recebida pelos atuais donatários da legenda no Estado. “Vamos reagir, não aceitamos nenhum tipo de decisão de cima para baixo”, diz o presidente do diretório estadual, Raul Henry.

A incorporação partidária no Brasil ocorre quando um partido é absorvido por outro e deixa de existir independentemente. O processo é regulamentado pela Lei nº 9.096/1995 e exige aprovação em convenção nacional do partido incorporado. Após o registro no TSE, o partido incorporador recebe o patrimônio e os filiados. Parlamentares do partido incorporado, por sua vez,  mantêm seus mandatos.

Raul Henry confirmou as articulações nacionais entre os dirigentes do seu partido e do PSDB para se incorporarem. Disse que o principal condutor por parte da legenda tucana é o ex-senador mineiro e agora deputado federal Aécio Neves. Aécio já foi a grande estrela do partido, pelo qual disputou a Presidência da República, mas depois perdeu musculatura, tragado pelos escândalos, entre eles o da Lava Jato.

De volta ao local do crime, como diria Geraldo Alckmin, quando alfinetou o hoje aliado Lula, então adversário, Aécio sonha em voltar a disputar uma eleição majoritária em Minas e para isso está à procura de um partido, tendo em vista que o PSDB, de quem foi um dos fundadores, está com os dias contados, literalmente no fundo do poço. Revigorado, tendo sido o terceiro partido que mais elegeu prefeitos, o MDB cai como uma luva para as pretensões de Aécio.

Mas para a governadora Raquel Lyra tende a se transformar num grande abacaxi. Henry disse que está disposto a enfrentar a mesma batalha de anos atrás, quando o grupo Coelho, então liderado pelo ex-senador Fernando Bezerra Coelho, tentou, a todo custo, tomar as rédeas do partido, mas acabou levando a pior na queda de braço com Henry, num momento em que Jarbas Vasconcelos, hoje aposentado, era uma liderança expressiva e respeitada.

“Já disse ao presidente Baleia Rossi que essa equação, o caso do núcleo do partido em Pernambuco é diferente do de Minas, Rio e São Paulo”, afirmou Henry, agora falando mais grosso na condição de secretário de Relações Institucionais do prefeito do Recife, João Campos.

SILENCIOU – Diferentemente de Henry, o senador Fernando Dueire, sucessor de Jarbas Vasconcelos na Casa Alta, evitou falar, ontem, sobre as negociações, bem avançadas, diga-se de passagem, entre os caciques nacionais do seu partido e do PSDB para selarem a incorporação. Ao lado do deputado estadual Jarbas Filho, herdeiro político do ex-senador e ex-governador, Dueire integra uma corrente no partido que diverge das orientações do comando de Raul Henry.

Conhecendo o parlamento por dentro – Dentre outras atribuições da Segunda-Secretaria da Câmara dos Deputados, agora ocupada pelo deputado pernambucano Lula da Fonte (PP), responde pelo programa de estágio universitário, uma iniciativa para dar oportunidades a jovens estudantes de conhecerem o funcionamento do Congresso Nacional. Também jovem, com apenas 24 anos, Lulinha, como é mais conhecido, disse, ontem, ao Frente a Frente, que pretende ampliar o programa, começando pelas universidades do Nordeste.

Errou feio – O deputado federal Valdemar Oliveira, o Dema (Avante), disse que a governadora Raquel Lyra foi amadora e agiu no calor da emoção ao proibir torcidas nos próximos cinco jogos do Sport e Santa. Ele comemorou a liminar obtida na justiça pela direção do Sport. “Foi uma desmoralização. A governadora, se fosse bem assessorada, poderia ter evitado esse desgaste desnecessário”, afirmou. Como vice-líder do Governo, Dema disse que ouviu na reunião dos líderes no Congresso muitas críticas à decisão da governadora.

O melhor – Pelo projeto de vida do pernambucano José Múcio Monteiro, a partir deste ano, se de fato estivesse fora do Ministério da Defesa, iria se dedicar à família, aproveitar os netos, já que a escravidão pública não lhe permitiu. Mas a pedido do presidente Lula (PT), a quem cumpriu uma missão recebida, a de pacificar as Forças Armadas, ficará no cargo por mais um ano. Jornalistas que cobrem o dia a dia do poder em Brasília dizem que Múcio é o mais articulado e competente integrante do primeiro escalão federal.

Caos na saúde de Araripina – O prefeito de Araripina, Evilásio Mateus (PDT), fez uma peregrinação pelos ministérios e o Congresso nos últimos dois dias, para tentar recursos federais e emendas parlamentares. Sua dor de cabeça, segundo revelou, ontem, ao Frente a Frente, está na área de saúde. “Meu antecessor deixou a saúde de Araripina na UTI. Só para deslocamentos de pacientes ao Recife e Ouricuri, em busca de tratamento, estamos gastando uma fortuna. A saída será melhorar o hospital”, revelou.

CURTAS

PELO RALO – Os gastos da União com diárias e passagens atingiram R$ 3,58 bilhões em 2024, na Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo levantamento dos jornalistas Hamilton Ferrari e Houldine Nascimento, do site Poder360. Representa alta real (descontando a inflação) de 2,9% na comparação com o mesmo período em 2023, quando o governo gastou R$ 3,48 bilhões em valores corrigidos pela inflação. Trata-se do maior valor real desde 2014, no governo Dilma Rousseff (PT). Naquele ano, o custeio registrado foi de R$ 4,34 bilhões.

DÍVIDA RECORDE – Já a dívida pública federal, segundo Houldine Nascimento, terminou 2024 em R$ 7,3 trilhões. O estoque subiu 12,2% em relação a 2023, quando havia atingido R$ 6,52 trilhões. Em relação a novembro de 2024, subiu 1,6%. A dívida pública é emitida pelo governo federal para financiar o déficit orçamentário, ou seja, para cobrir as despesas que superam a arrecadação com impostos, contribuições e outras receitas.

CONFRA RETARDADA – Em razão da extensa agenda que cumpriu no fim do ano, o senador Humberto Costa (PT), eleito sábado passado segundo-vice-presidente da Casa Alta, reúne jornalistas pernambucanos, amanhã, no Recife, num almoço em clima de confraria, a partir das 13 horas.

Perguntar não ofende: Baleia Rossi está disposto a intervir no MDB de Pernambuco, caso haja uma rebelião contra a filiação da governadora?

Sem as rusgas de Lira, um Lula aliviado

Quem acompanhou de perto, ontem, o primeiro encontro protocolar entre o presidente Lula (PT) e os novos mandantes do Congresso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), percebeu claramente que o chefe da Nação não conseguiu disfarçar a alegria de ter se livrado da difícil e conflituosa convivência no dia a dia com o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Embora Lira tenha aprovado diversas pautas de grande interesse do Executivo e tenha se aproximado do petista, seus dois anos à frente da Câmara foram marcados por rusgas com o Planalto. Os pontos de atrito entre Lira e Lula começaram semanas depois da vitória do petista no segundo turno. Nos bastidores, o deputado alagoano deixou claro o incômodo com o empenho do presidente eleito em articular o fim do orçamento secreto junto a ministros do Supremo Tribunal Federal, que acabou extinto pela Corte em dezembro.

Ainda assim, o presidente da Câmara foi, no mesmo mês, fundamental para a aprovação da chamada PEC da Transição, que permitiu o aumento de gastos pelo governo federal em 2023. As rusgas prosseguiram na formação do Ministério. Aliado de Lira, Elmar Nascimento (União-BA) era favorito para a Integração Nacional, mas foi preterido em cima da hora por Waldez Góes (PDT-AP), indicado por Davi Alcolumbre (União-AP).

Além de ter ficado sem nenhuma nomeação no primeiro escalão, Lira amargou uma derrota dobrada na primeira semana de governo. Renan Filho (MDB-AL), herdeiro de seu ferrenho adversário estadual, Renan Calheiros (MDB-AL), ficou com o Ministério dos Transportes, pasta considerada um trunfo político por sua capilaridade e grande poder de realização. Em janeiro, na véspera da eleição na Câmara — em que acabou mantido no posto com apoio do PT —, Lira afirmou que tinha uma “relação tranquila e amistosa” com Lula. Ainda assim, após lembrar o fim do orçamento secreto, ele advertiu que o governo “perdeu metade da mobilidade” e que teria “muito mais trabalho” para compor uma base no Congresso.

Após uma curta trégua, Lira iniciou, em março, uma série de críticas à articulação política do Planalto, que, segundo ele, não tinha à altura votos “para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matérias de quórum constitucional”. O presidente da Câmara também afirmou que algumas declarações de Lula “só pioram o ambiente”.

A REAÇÃO MAIS DURA – No fim de abril do primeiro ano da gestão Lula, em entrevista ao jornal O GLOBO, o então presidente da Câmara, Arthur Lira, reclamou de um excesso de centralização nas negociações palacianas com o Congresso. Sobre acenos do Planalto, que havia mantido parentes seus em cargos na Codevasf e no Incra, retrucou: “E eu também não tenho gestos para o governo?”. Lira chegou a assegurar, na ocasião, que “não iria sacanear” a gestão petista.

Os desafios de Carlos Veras – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, direto de Brasília, o primeiro-secretário da Câmara dos Deputados, Carlos Veras (PT), disse que, a princípio, alguém pode se assustar com o orçamento da Casa, da ordem de R$ 8 bilhões, que passará a gerir. Ressalta, entretanto, que a dinheirama envolve não apenas a manutenção do Legislativo, cuja folha de pessoal é alta, mas também as despesas com obras em andamento, tanto no anexo III, o mais precário, cujos gabinetes dos deputados antes da primeira reforma sequer tinham banheiros privados, como em outras dependências da Casa. Ele disse que teve vários encontros com o antecessor Luciano Bivar (UB), uma espécie de transição, para se inteirar do quadro geral da Casa. Sobre pessoal, afirmou que qualquer decisão sobre cortes ou novo concurso passará pelo conjunto da Mesa e não apenas por ele como primeiro-secretário.

Influência do Centrão Mesmo com a demonstração de boa vontade com o Planalto, o presidente da Câmara, Hugo Motta, conquistou espaço para ter independência em relação ao governo. Com o voto de 444 deputados, terá autonomia para avançar em suas pautas. Por isso, mesmo que haja confiança mútua entre o governo e o deputado neste momento, aliados mais próximos de Lula observarão com lupa suas decisões. Há receio de forte influência do Centrão, que deverá ser liderado informalmente por Lira, que volta à planície da Câmara. E há desconfiança sobre até que ponto Motta manterá independência em relação ao grupo.

Prioridades e desconfiança – Na conversa com os novos presidentes do Senado e da Câmara, que durou mais tempo do que estava previsto, em razão do clima de descontração, o presidente Lula elencou as prioridades do seu governo para este ano: a votação do orçamento, a aprovação da proposta que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, a discussão sobre a jornada de trabalho 5 x 3 e a formalização de motoristas de aplicativo. Um dos principais desafios do novo presidente logo no início do mandato será recuperar a credibilidade do governo perante os congressistas em relação às emendas. Isso porque o Congresso acredita que Lula teve influência nas decisões do ministro Flávio Dino, do STF. Ele cobrou explicações de deputados e senadores, alterou regras e suspendeu os pagamentos das emendas de agosto a dezembro.

Sport derruba Portaria – Depois de a governadora Raquel Lyra (PSDB) justificar a proibição de torcidas nos estádios com base em orientações do Ministério Público e diálogo com outros poderes, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) revogou a medida. O desembargador Fernando Cerqueira concedeu um mandado de segurança anulando a decisão do Executivo estadual, que impedia a presença de torcedores nos próximos cinco jogos de Sport e Santa Cruz. A decisão do TJPE atendeu a um pedido do Sport, que argumentou que a medida do governo foi tomada sem garantir o direito de defesa ao clube, configurando violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Com a liminar, os jogos poderão contar com torcida única, garantindo a presença de público, ainda que de forma restrita.

CURTAS

PARAÍBA PODEROSA – Não há nada mais festejado em Brasília entre os nordestinos do que o espaço conquistado pela Paraíba: a presidência da Câmara (Hugo Motta), a presidência do TCU (Vital do Rêgo), a presidência do Superior Tribunal de Justiça (Herman Benjamin), o presidente do Banco do Brasil (Carlos Vieira), a presidente da Caixa, Taciana Medeiros, a primeira-secretária do Senado, Daniela Ribeiro, o líder do Governo no Congresso, Aguinaldo Ribeiro, e o líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho.

ATRÁS DE GRANA – A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) promove, na próxima semana, o primeiro encontro entre os novos gestores do País, uma espécie de mini marcha dos prefeitos. Mas teve prefeito que preferiu cumprir agenda em Brasília esta semana, como Diego Cabral, de Camaragibe; Lula Cabral, do Cabo; e Evilásio Mateus, de Araripina.

GOLPE – Por falar em CNM, a entidade alertou, ontem, os prefeitos para uma nova modalidade de golpe: gente ligando para os prefeitos para informar que a Confederação vai custear as passagens para o encontro da próxima semana. “Se o gestor receber ligação suspeita, pode entrar em contato com a entidade pelo telefone (61) 2101-6000 e procurar as autoridades responsáveis para denunciar a tentativa de golpe. Destaca-se ainda, que a Central de Atendimento da CNM utiliza o telefone (61) 3770-3000.

Perguntar não ofende: Quem vai pagar o prejuízo do Santa e do Sport com a proibição de torcida em seus jogos?