Raquel quer esmagar o bolsonarismo
Depois de se abraçar com a família Ferreira, braço do bolsonarismo em Pernambuco, no start da sua gestão, abrindo importantes espaços de poder, como a pasta da Educação e o Detran, a governadora Raquel Lyra (PSDB) dá demonstrações de arrependimento e atua agora para varrer do seu governo a influência do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Tudo leva a crer que se trata de uma estratégia para se aproximar, efetivamente, do presidente Lula. Os espaços do PL, partido bolsonarista, presidido no Estado pelo ex-prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira, tendem a ser ocupados pelo PP, do deputado federal Eduardo da Fonte, partido que está na base de sustentação do Governo Lula no Congresso.
Leia maisA governadora deu mais uma demonstração, ontem, de que deseja aniquilar o PL, ao interferir nas eleições em Olinda. Falou com o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, a quem entregou uma pasta em seu governo, para rifar o pré-candidato do partido no município, Manoel Sátiro, e apoiar a candidata do prefeito Lupércio, Mirela Almeida (PSD).
Em Olinda, a candidata mais prejudicada com essa intervenção da governadora foi Izabel Urquiza, do PL, que esperava contar com o apoio do PDT. Filha da ex-prefeita Jacilda Urquiza, Isabel tenta, pela terceira vez, chegar a governar o município, depois de se revelar, nas eleições passadas, uma candidata competitiva, prejudicada por outros fatores que fugiram ao seu controle.
Os bolsonaristas não entendem as razões de tamanha ira da governadora com os aliados de Bolsonaro que estiveram com ela no segundo turno das eleições de 2022. Até porque calculam que os votos dos eleitores afinados com o ex-presidente foram decisivos para a vitória dela no segundo turno, quando ficou em cima do muro, não assumindo nenhum dos lados – nem de Lula nem de Bolsonaro.
Se pudesse, a tucana, na verdade, também guerrearia em Caruaru, convencendo o mesmo Lupi a fritar a pré-candidatura de José Queiroz a prefeito, levando o PDT para a aliança em torno da reeleição do prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB). Equação impossível, tudo porque Queiroz é um militante histórico do partido, mas a governadora acha que pode tudo. E que faz a cabeça de Lupi com muita facilidade.
Tonca desapontado – Também de olho na Prefeitura de Olinda, o advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador Eduardo Campos, teria ouvido da governadora a promessa da sua interferência, junto ao presidente Carlos Lupi, para levar o PDT a apoiar seu projeto de disputar a Prefeitura da Marim dos Caetés. “Mas a palavra dela nunca foi cumprida”, chegou a desabafar Tonca, como é mais conhecido. Se tivesse sido alertado que a governadora é conhecida como Raquel Mandacaru (não dá sombra nem encosto a ninguém), o advogado não estaria hoje tão desapontado.
Gouveia insiste na desoneração– Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o presidente da Amupe, Marcelo Gouveia, disse que a maior conquista dos últimos 30 anos dos municípios foi a desoneração da folha de pagamento. “Precisamos nos unir, porque atingir a meta fiscal é muito importante, mas é muito mais importante garantir que haja medicamentos nos postos de saúde, merenda nas escolas, que os serviços públicos não sejam paralisados. Por isso, o Governo Federal tem que reabrir as negociações em torno da proposta da CNM de reduzir de 20% para 8% a alíquota do INSS paga pelos municípios”, afirmou.
Cassação de agressor – O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, entrará com um pedido de cassação do deputado federal Glauber Braga (PSol-RJ) após o parlamentar expulsar a chutes da Câmara um militante do MBL. O aviso foi dado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho “03” de Bolsonaro, após a briga envolvendo Braga e Gabriel Costenaro, ontem, no anexo II da Câmara, em Brasília. “O PL representará no conselho de ética contra o deputado. Ele quebrou o decoro parlamentar”, escreveu Eduardo em suas redes sociais.
São João prolongado – Anunciado, ontem, pelo prefeito João Campos (PSB), o São João do Recife terá 20 dias de programação com shows e apresentações culturais em 14 polos na cidade. Entre as atrações anunciadas estão os cantores Elba Ramalho, Dorgival Dantas e Flávio José, além dos homenageados da festa neste ano: Nádia Maia e Assisão. Estão previstos concursos de quadrilhas adultas e infanto-juvenis, procissão para os santos juninos, cortejo de sanfoneiro, festa para Xangô e exposição de culinária afro-brasileira. Ao todo, são cerca de 1,2 mil apresentações culturais entre os dias 11 e 30 de junho.
Afogados premiada – Uma das experiências bem-sucedidas nos municípios e premiadas no Congresso da Amupe, que se encerra, hoje, no Recife, vem de Afogados da Ingazeira, administrada pelo socialista Sandrinho Palmeira. Denominado “Zona Rural sem fronteiras”, o projeto envolve a produção e comercialização de 11 produtos na comunidade Opa, envolvendo 98 famílias na produção de geleia de jabuticaba, geleia de umbu, cocada de coco catolé, licor de jabuticaba, licor de caju, doce de coco catolé, doce de jabuticaba e doce de caju, além de biscoito de castanha de caju e rosário de coco catolé. Juntas, as 98 famílias produzem e comercializam 62 toneladas dos referidos produtos ao longo do ano.
CURTAS
DEGOLA DO PRIMO – O presidente Lula (PT) demitiu, ontem, o superintendente do Incra em Alagoas, Wilson César de Lira Santos. Ele é primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). A demissão de Wilson César de Lira Santos se deu por conta de atritos do superintendente com os movimentos sociais do campo, que fazem parte da base de apoio do governo Lula.
MURALHA – O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou, ontem, que empenhou R$ 37 milhões para a construção de uma muralha na Penitenciária Federal de Mossoró (RN). Os recursos virão do Fundo Penitenciário Nacional. A obra está prevista para ser concluída em 2025 e é uma resposta à fuga de dois presos do local em 14 de fevereiro.
DÍVIDA – A Dívida Bruta do Governo Geral subiu R$ 1,077 trilhão nos primeiros 14 meses do 3º mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Atingiu R$ 8,3 trilhões em fevereiro de 2024, segundo dados do BC (Banco Central). O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entregou a relação dívida-PIB em 71,7% em dezembro de 2022. De janeiro de 2023 a fevereiro de 2024, o percentual foi a 75,6% sob a gestão do petista.
Perguntar não ofende: Qual será a próxima vítima do PL fruto da ira da governadora?
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