As raízes da minha carreira no jornalismo estão em Pernambuco, mas o alicerce, bruto e irretocável, foi construído pelas asas do tempo em Brasília, onde morei por 15 anos e praticamente continuo a habitar com vindas rotineiras a trabalho. Foi aqui, no Planalto Central, onde passo mais uma semana, que o tempo também, o senhor da razão, me abriu a janela para muitas amizades sólidas e perenes.
Amizades no jornalismo e fora da área. Ontem, quarta-feira, dia que Brasília, historicamente, fervilha, por ser o mais produtivo da semana, tive uma grande alegria e ao mesmo tempo uma profunda tristeza. Meu sorriso se abriu para um almoço agradável, papo inteligente e de ricos bastidores, com os jornalistas Anchieta Hélcias e Marcelo Tonghouse.
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Mas no final do dia meu coração se abateu e não contive o choro com uma notícia muito triste: a jovem Fabiana, esposa do meu amigo Gabriel Garcia, uma das revelações da nova safra dos repórteres bons de faro, verdadeiros perdigueiros da política nacional, teve que ser entubada como último recurso desesperador em busca de salvar sua vida do inimigo mortal da covid-19.
Fabiana está há mais de 40 dias internada num hospital de Brasília. Gabriel, que também foi infectado, mas já com o inimigo abatido, vive dias e noites enfrentando uma dor insuportável, a dor da tristeza e da aflição. “Só um milagre de Deus para salvar a Fabiana”, me disse, ontem, em lágrimas. Fabiana é uma jovem linda, inteligente, preparada, animada, de bem com a vida, servidora concursada do Senado.
Sempre que estou em Brasília ganho o privilégio da companhia do casal. Convidados por mim, Gabriel e Fabiana estiveram na festa dos 10 anos do meu blog, no Recife, conforme o registro desta foto durante almoço que ofereci a eles, um dia antes do evento, na capital pernambucana. Animados, foram os últimos a abandonar a memorável comemoração no Arcádia, em Boa Viagem.
Para Fabiana, por quem venho orando pela sua recuperação plena, lembro Luis Fernando Veríssimo, que disse que os tristes acham que o vento geme, enquanto os alegres acham que ele canta. Minha cantoria foi com Anchieta e Marcelo, durante o almoço. Meus gemidos, reproduzindo a dor, se reportam à batalha de Fabiana contra a covid-19.
Encerro, Fabiana e Gabriel, com um velho ensinamento de Ariano Suassuna: “Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver”.
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