Coluna da quarta-feira

MDB não aceita Raquel

Se a governadora Raquel Lyra (PSDB) optar mesmo pelo MDB, conforme antecipei ontem, com exclusividade, em razão da incorporação do PSDB ao MDB e não ao PSD, cenário inicial, não será bem recebida pelos atuais donatários da legenda no Estado. “Vamos reagir, não aceitamos nenhum tipo de decisão de cima para baixo”, diz o presidente do diretório estadual, Raul Henry.

A incorporação partidária no Brasil ocorre quando um partido é absorvido por outro e deixa de existir independentemente. O processo é regulamentado pela Lei nº 9.096/1995 e exige aprovação em convenção nacional do partido incorporado. Após o registro no TSE, o partido incorporador recebe o patrimônio e os filiados. Parlamentares do partido incorporado, por sua vez,  mantêm seus mandatos.

Raul Henry confirmou as articulações nacionais entre os dirigentes do seu partido e do PSDB para se incorporarem. Disse que o principal condutor por parte da legenda tucana é o ex-senador mineiro e agora deputado federal Aécio Neves. Aécio já foi a grande estrela do partido, pelo qual disputou a Presidência da República, mas depois perdeu musculatura, tragado pelos escândalos, entre eles o da Lava Jato.

De volta ao local do crime, como diria Geraldo Alckmin, quando alfinetou o hoje aliado Lula, então adversário, Aécio sonha em voltar a disputar uma eleição majoritária em Minas e para isso está à procura de um partido, tendo em vista que o PSDB, de quem foi um dos fundadores, está com os dias contados, literalmente no fundo do poço. Revigorado, tendo sido o terceiro partido que mais elegeu prefeitos, o MDB cai como uma luva para as pretensões de Aécio.

Mas para a governadora Raquel Lyra tende a se transformar num grande abacaxi. Henry disse que está disposto a enfrentar a mesma batalha de anos atrás, quando o grupo Coelho, então liderado pelo ex-senador Fernando Bezerra Coelho, tentou, a todo custo, tomar as rédeas do partido, mas acabou levando a pior na queda de braço com Henry, num momento em que Jarbas Vasconcelos, hoje aposentado, era uma liderança expressiva e respeitada.

“Já disse ao presidente Baleia Rossi que essa equação, o caso do núcleo do partido em Pernambuco é diferente do de Minas, Rio e São Paulo”, afirmou Henry, agora falando mais grosso na condição de secretário de Relações Institucionais do prefeito do Recife, João Campos.

SILENCIOU – Diferentemente de Henry, o senador Fernando Dueire, sucessor de Jarbas Vasconcelos na Casa Alta, evitou falar, ontem, sobre as negociações, bem avançadas, diga-se de passagem, entre os caciques nacionais do seu partido e do PSDB para selarem a incorporação. Ao lado do deputado estadual Jarbas Filho, herdeiro político do ex-senador e ex-governador, Dueire integra uma corrente no partido que diverge das orientações do comando de Raul Henry.

Conhecendo o parlamento por dentro – Dentre outras atribuições da Segunda-Secretaria da Câmara dos Deputados, agora ocupada pelo deputado pernambucano Lula da Fonte (PP), responde pelo programa de estágio universitário, uma iniciativa para dar oportunidades a jovens estudantes de conhecerem o funcionamento do Congresso Nacional. Também jovem, com apenas 24 anos, Lulinha, como é mais conhecido, disse, ontem, ao Frente a Frente, que pretende ampliar o programa, começando pelas universidades do Nordeste.

Errou feio – O deputado federal Valdemar Oliveira, o Dema (Avante), disse que a governadora Raquel Lyra foi amadora e agiu no calor da emoção ao proibir torcidas nos próximos cinco jogos do Sport e Santa. Ele comemorou a liminar obtida na justiça pela direção do Sport. “Foi uma desmoralização. A governadora, se fosse bem assessorada, poderia ter evitado esse desgaste desnecessário”, afirmou. Como vice-líder do Governo, Dema disse que ouviu na reunião dos líderes no Congresso muitas críticas à decisão da governadora.

O melhor – Pelo projeto de vida do pernambucano José Múcio Monteiro, a partir deste ano, se de fato estivesse fora do Ministério da Defesa, iria se dedicar à família, aproveitar os netos, já que a escravidão pública não lhe permitiu. Mas a pedido do presidente Lula (PT), a quem cumpriu uma missão recebida, a de pacificar as Forças Armadas, ficará no cargo por mais um ano. Jornalistas que cobrem o dia a dia do poder em Brasília dizem que Múcio é o mais articulado e competente integrante do primeiro escalão federal.

Caos na saúde de Araripina – O prefeito de Araripina, Evilásio Mateus (PDT), fez uma peregrinação pelos ministérios e o Congresso nos últimos dois dias, para tentar recursos federais e emendas parlamentares. Sua dor de cabeça, segundo revelou, ontem, ao Frente a Frente, está na área de saúde. “Meu antecessor deixou a saúde de Araripina na UTI. Só para deslocamentos de pacientes ao Recife e Ouricuri, em busca de tratamento, estamos gastando uma fortuna. A saída será melhorar o hospital”, revelou.

CURTAS

PELO RALO – Os gastos da União com diárias e passagens atingiram R$ 3,58 bilhões em 2024, na Presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo levantamento dos jornalistas Hamilton Ferrari e Houldine Nascimento, do site Poder360. Representa alta real (descontando a inflação) de 2,9% na comparação com o mesmo período em 2023, quando o governo gastou R$ 3,48 bilhões em valores corrigidos pela inflação. Trata-se do maior valor real desde 2014, no governo Dilma Rousseff (PT). Naquele ano, o custeio registrado foi de R$ 4,34 bilhões.

DÍVIDA RECORDE – Já a dívida pública federal, segundo Houldine Nascimento, terminou 2024 em R$ 7,3 trilhões. O estoque subiu 12,2% em relação a 2023, quando havia atingido R$ 6,52 trilhões. Em relação a novembro de 2024, subiu 1,6%. A dívida pública é emitida pelo governo federal para financiar o déficit orçamentário, ou seja, para cobrir as despesas que superam a arrecadação com impostos, contribuições e outras receitas.

CONFRA RETARDADA – Em razão da extensa agenda que cumpriu no fim do ano, o senador Humberto Costa (PT), eleito sábado passado segundo-vice-presidente da Casa Alta, reúne jornalistas pernambucanos, amanhã, no Recife, num almoço em clima de confraria, a partir das 13 horas.

Perguntar não ofende: Baleia Rossi está disposto a intervir no MDB de Pernambuco, caso haja uma rebelião contra a filiação da governadora?

Sem as rusgas de Lira, um Lula aliviado

Quem acompanhou de perto, ontem, o primeiro encontro protocolar entre o presidente Lula (PT) e os novos mandantes do Congresso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), percebeu claramente que o chefe da Nação não conseguiu disfarçar a alegria de ter se livrado da difícil e conflituosa convivência no dia a dia com o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Embora Lira tenha aprovado diversas pautas de grande interesse do Executivo e tenha se aproximado do petista, seus dois anos à frente da Câmara foram marcados por rusgas com o Planalto. Os pontos de atrito entre Lira e Lula começaram semanas depois da vitória do petista no segundo turno. Nos bastidores, o deputado alagoano deixou claro o incômodo com o empenho do presidente eleito em articular o fim do orçamento secreto junto a ministros do Supremo Tribunal Federal, que acabou extinto pela Corte em dezembro.

Ainda assim, o presidente da Câmara foi, no mesmo mês, fundamental para a aprovação da chamada PEC da Transição, que permitiu o aumento de gastos pelo governo federal em 2023. As rusgas prosseguiram na formação do Ministério. Aliado de Lira, Elmar Nascimento (União-BA) era favorito para a Integração Nacional, mas foi preterido em cima da hora por Waldez Góes (PDT-AP), indicado por Davi Alcolumbre (União-AP).

Além de ter ficado sem nenhuma nomeação no primeiro escalão, Lira amargou uma derrota dobrada na primeira semana de governo. Renan Filho (MDB-AL), herdeiro de seu ferrenho adversário estadual, Renan Calheiros (MDB-AL), ficou com o Ministério dos Transportes, pasta considerada um trunfo político por sua capilaridade e grande poder de realização. Em janeiro, na véspera da eleição na Câmara — em que acabou mantido no posto com apoio do PT —, Lira afirmou que tinha uma “relação tranquila e amistosa” com Lula. Ainda assim, após lembrar o fim do orçamento secreto, ele advertiu que o governo “perdeu metade da mobilidade” e que teria “muito mais trabalho” para compor uma base no Congresso.

Após uma curta trégua, Lira iniciou, em março, uma série de críticas à articulação política do Planalto, que, segundo ele, não tinha à altura votos “para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matérias de quórum constitucional”. O presidente da Câmara também afirmou que algumas declarações de Lula “só pioram o ambiente”.

A REAÇÃO MAIS DURA – No fim de abril do primeiro ano da gestão Lula, em entrevista ao jornal O GLOBO, o então presidente da Câmara, Arthur Lira, reclamou de um excesso de centralização nas negociações palacianas com o Congresso. Sobre acenos do Planalto, que havia mantido parentes seus em cargos na Codevasf e no Incra, retrucou: “E eu também não tenho gestos para o governo?”. Lira chegou a assegurar, na ocasião, que “não iria sacanear” a gestão petista.

Os desafios de Carlos Veras – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, direto de Brasília, o primeiro-secretário da Câmara dos Deputados, Carlos Veras (PT), disse que, a princípio, alguém pode se assustar com o orçamento da Casa, da ordem de R$ 8 bilhões, que passará a gerir. Ressalta, entretanto, que a dinheirama envolve não apenas a manutenção do Legislativo, cuja folha de pessoal é alta, mas também as despesas com obras em andamento, tanto no anexo III, o mais precário, cujos gabinetes dos deputados antes da primeira reforma sequer tinham banheiros privados, como em outras dependências da Casa. Ele disse que teve vários encontros com o antecessor Luciano Bivar (UB), uma espécie de transição, para se inteirar do quadro geral da Casa. Sobre pessoal, afirmou que qualquer decisão sobre cortes ou novo concurso passará pelo conjunto da Mesa e não apenas por ele como primeiro-secretário.

Influência do Centrão Mesmo com a demonstração de boa vontade com o Planalto, o presidente da Câmara, Hugo Motta, conquistou espaço para ter independência em relação ao governo. Com o voto de 444 deputados, terá autonomia para avançar em suas pautas. Por isso, mesmo que haja confiança mútua entre o governo e o deputado neste momento, aliados mais próximos de Lula observarão com lupa suas decisões. Há receio de forte influência do Centrão, que deverá ser liderado informalmente por Lira, que volta à planície da Câmara. E há desconfiança sobre até que ponto Motta manterá independência em relação ao grupo.

Prioridades e desconfiança – Na conversa com os novos presidentes do Senado e da Câmara, que durou mais tempo do que estava previsto, em razão do clima de descontração, o presidente Lula elencou as prioridades do seu governo para este ano: a votação do orçamento, a aprovação da proposta que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000, a discussão sobre a jornada de trabalho 5 x 3 e a formalização de motoristas de aplicativo. Um dos principais desafios do novo presidente logo no início do mandato será recuperar a credibilidade do governo perante os congressistas em relação às emendas. Isso porque o Congresso acredita que Lula teve influência nas decisões do ministro Flávio Dino, do STF. Ele cobrou explicações de deputados e senadores, alterou regras e suspendeu os pagamentos das emendas de agosto a dezembro.

Sport derruba Portaria – Depois de a governadora Raquel Lyra (PSDB) justificar a proibição de torcidas nos estádios com base em orientações do Ministério Público e diálogo com outros poderes, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) revogou a medida. O desembargador Fernando Cerqueira concedeu um mandado de segurança anulando a decisão do Executivo estadual, que impedia a presença de torcedores nos próximos cinco jogos de Sport e Santa Cruz. A decisão do TJPE atendeu a um pedido do Sport, que argumentou que a medida do governo foi tomada sem garantir o direito de defesa ao clube, configurando violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Com a liminar, os jogos poderão contar com torcida única, garantindo a presença de público, ainda que de forma restrita.

CURTAS

PARAÍBA PODEROSA – Não há nada mais festejado em Brasília entre os nordestinos do que o espaço conquistado pela Paraíba: a presidência da Câmara (Hugo Motta), a presidência do TCU (Vital do Rêgo), a presidência do Superior Tribunal de Justiça (Herman Benjamin), o presidente do Banco do Brasil (Carlos Vieira), a presidente da Caixa, Taciana Medeiros, a primeira-secretária do Senado, Daniela Ribeiro, o líder do Governo no Congresso, Aguinaldo Ribeiro, e o líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho.

ATRÁS DE GRANA – A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) promove, na próxima semana, o primeiro encontro entre os novos gestores do País, uma espécie de mini marcha dos prefeitos. Mas teve prefeito que preferiu cumprir agenda em Brasília esta semana, como Diego Cabral, de Camaragibe; Lula Cabral, do Cabo; e Evilásio Mateus, de Araripina.

GOLPE – Por falar em CNM, a entidade alertou, ontem, os prefeitos para uma nova modalidade de golpe: gente ligando para os prefeitos para informar que a Confederação vai custear as passagens para o encontro da próxima semana. “Se o gestor receber ligação suspeita, pode entrar em contato com a entidade pelo telefone (61) 2101-6000 e procurar as autoridades responsáveis para denunciar a tentativa de golpe. Destaca-se ainda, que a Central de Atendimento da CNM utiliza o telefone (61) 3770-3000.

Perguntar não ofende: Quem vai pagar o prejuízo do Santa e do Sport com a proibição de torcida em seus jogos?

André e Luciana em novos ministérios

Passadas as eleições para escolha dos novos mandatários do Congresso – o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UB-AP), e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) –, Brasília começa a ferver, hoje, com a mais demorada reforma ministerial de Lula, destinada a distribuir mais fatias de poder aos partidos aliados, sobretudo o Centrão.

Os ex-presidentes Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do Senado, e Arthur Lira (PP-Al), da Câmara, devem passar a despachar na Esplanada dos Ministérios. O primeiro está cotado para Indústria e Comércio, no lugar do vice-presidente Geraldo Alckmin, se este vier para a Defesa no lugar de José Múcio, que pediu a Lula para sair. Já Lira iria para Agricultura, substituindo Carlos Fávaro (PSD).

Entre os ministros pernambucanos, além da saída de José Múcio, nomeado dentro da cota pessoal do presidente, André de Paula seria remanejado da Pesca para o Ministério do Turismo, no lugar de Celso Sabino, do União Brasil. Já a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, seria remanejada para o Ministério da Mulher, sucedendo a Cida Gonçalves, do PT.

Cotado para Articulação Política, o ministro Sílvio Costa Filho deve permanecer em Portos e Aeroportos. Para o Ministério das Relações Institucionais, que faz a ponte do Planalto com o Congresso, estão cotados os deputados Zé Guimarães, do PT cearense, Aguinaldo Ribeiro, do PP paraibano, e Isnaldo Bulhões, do MDB alagoano. O atual chefe da pasta, Alexandre Padilha, iria para Saúde, no lugar de Nísia Trindade.

Fala-se também no remanejamento do Ricardo Lewandowski, da Justiça para Relações Exteriores. Rui Costa, da Casa Civil, seria substituído por Alexandre Silveira, atual ministro de Minas e Energia, cuja pasta seria entregue ao Centrão, estando cotados o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, e o senador Eduardo Braga, do MDB do Amazonas. Por fim, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, deve assumir a Secretaria Geral no lugar de Márcio Macêdo.

SAÚDE COM O PT – O Centrão está de olho no Ministério da Saúde, mas o PT não quer perder o controle das verbas bilionárias da pasta, daí a lembrança do nome de Alexandre Padilha. Embora Nísia, atual ministra, não seja filiada a nenhum partido, todas as secretarias dentro da sua estrutura são comandadas por petistas. Integrantes do Governo avaliam que a permanência de Padilha na articulação política seria positiva em razão da boa relação que ele tem com os novos presidentes da Câmara e do Senado.

Humberto pode comandar o PT – Com a ida da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para a Secretaria Geral da Presidência da República, o partido passaria a ser dirigido pelo deputado cearense José Guimarães, mas se este for escolhido para o Ministério das Relações Institucionais, como se especula, o senador pernambucano Humberto Costa, eleito para a segunda-vice-presidência do Senado, pela ordem sucessória no PT, comandaria o partido ao longo do primeiro semestre deste ano.

Largada será hoje – O presidente Lula começa a semana, hoje, recebendo os presidentes do Senado e da Câmara, Davi Alcolumbre e Hugo Motta, para dar o start da reforma ministerial. A conversa passa também pelas prioridades de votações no Congresso, como o orçamento da União ainda não discutido, nem posto na ordem do dia para aprovação. O que se diz em Brasília é que a reforma sai entre esta e a próxima semana, estando na dependência apenas das negociações com o Centrão, que anda com o olho muito esbugalhado.

Oligarquia e riqueza – Novo presidente da Câmara, o paraibano Hugo Motta (Republicanos), hoje com apenas 35 anos, já havia batido outro recorde etário: aos 21 anos, cumpriu seu primeiro mandato de deputado federal. Sua cultura política é a das velhas oligarquias nordestinas, adquirida na convivência com o avô, Nabor Wanderley da Nóbrega, que foi prefeito de Patos, e seu pai, Nabor Filho, atual prefeito de Patos pela quarta vez. A avó materna, Francisca Motta, foi deputada estadual por seis mandatos e, também, prefeita de Patos. Já o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, é rico. Sua família é dona de postos de gasolina, emissoras de TV (Band e SBT) e negócios agropecuários (terras, pecuária, papel e celulose).

Intervenção já na FPFPresidente estadual do PP, o deputado federal Eduardo da Fonte disse, ontem, ao blog, que já orientou a equipe jurídica do partido a formalizar um pedido de intervenção na Federação Pernambucana de Futebol. “A escalada de conflitos e a insegurança gerada pela barbárie nas ruas, sábado passado, coloca em risco a integridade da população”, disse Da Fonte. Para ele, a intervenção se justifica porque deixa de ser uma questão privada e passa a ser um drama público, exigindo uma resposta enérgica e coordenada dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

CURTAS

NÃO CUMPRE NADA – Em Brasília, não há um só deputado da bancada federal que confie cegamente no que a governadora promete nas conversas individuais. “Ela é ruim de cumprir a palavra, mas quando nos recebe é de uma docilidade impressionante. A gente sai do seu gabinete achando que está tudo resolvido, mas com o tempo nada anda”, desabafou um parlamentar.

QUEM FALA A VERDADE? – O ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, nega aos interlocutores mais próximos que tenha reatado suas relações pessoais e políticas com a governadora num recente encontro no qual fizeram a lavagem da roupa suja. Mas gente próxima a Raquel jura que eles se encontraram, sim.

SOBROU FEIO – O deputado federal Uchôa Júnior (PSB) não conseguiu emplacar uma suplência na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Como prêmio de consolação, recebeu a promessa de espaços para aliados no Departamento de Comunicação da Casa.

Perguntar não ofende: Quando Lula anuncia a reforma ministerial?

Ar de superioridade moral de Raquel e Priscila se diluiu com nomeações de ex-prefeitos e ex-vereadores

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

A governadora Raquel Lyra (PSDB) foi eleita em 2022 tendo como bandeira principal a mudança. Tanto é que, pouco depois de assumir Pernambuco, sua propaganda alardeava “Estado de Mudança”. Durante a campanha, quis se mostrar diferente do PSB em todos os aspectos, mesmo tendo sido socialista um dia.

O PSB, inclusive, é o mesmo partido que foi severamente criticado por anos e anos pela ex-deputada estadual Priscila Krause (Cidadania), hoje vice-governadora do Estado. O ex-governador Paulo Câmara e o ex-prefeito do Recife Geraldo Julio não tiveram sossego enquanto Priscila era deputada, como deve ser, aliás.

Enquanto parlamentar, Priscila exercia com zelo, eficiência e retidão o seu papel de fiscalizar. Foi fundamental para imprimir à chapa liderada por Raquel Lyra a imagem de mudança, espalhar o frescor dos novos tempos. Naquele pleito, em 2022, boa parte dos pernambucanos e pernambucanas esperava por essa renovação. Foram vitoriosas, as duas, Raquel e Priscila, se vendendo como superiores, palmatórias do mundo.

Assumiram e logo deram início ao discurso de herança maldita. Tudo que o PSB tinha deixado para trás era uma terra arrasada, segundo elas. Prometeram reconstruir, ajeitar o Estado, fazer uma política diferente, a nova política, cuidar bem de cada centavo do dinheiro público, “sem deixar ninguém para trás”, como repete sempre que pode a governadora.

Mas, estando no poder, entre o falar e o fazer há um abismo imenso. Dois anos depois, distribuem cargos comissionados para ex-prefeitos e ex-vereadores, alegando que serão seus assessores, que vão melhorar a articulação política em todas as regiões do Estado, todos pagos com aquele mesmo dinheiro público que Raquel diz que gosta tanto de cuidar com atenção. Realmente, não deixou “ninguém para trás”.

Quando alguém do Governo é questionado sobre o assunto, devolve o questionamento: “e João Campos? Vá ver quantos cargos ele criou na Prefeitura do Recife para acomodar aliados”. O que tem a ver João Campos nesse caso? João Campos é do PSB, aquele partido que Raquel e Priscila querem tanto se diferenciar de suas práticas.

O argumento dos governistas só falta dizer que se João Campos faz, Raquel Lyra também pode fazer. Cadê a mudança? Em 2026, Raquel e Priscila precisarão de outra bandeira, não mais a da mudança.

NATURAL DA POLÍTICA – Outro argumento dos apoiadores de Raquel e Priscila é de que as nomeações de ex-prefeitos e ex-vereadores são “naturais da política”, que não há nada de errado. Pode não ser errado tecnicamente, mas moralmente é difícil de explicar que a governadora contratou políticos pagando com dinheiro público para que eles façam sua articulação nas cidades. O clientelismo na política foi tão normalizado que muitos se referiram a esse episódio com uma verdadeira ginástica argumentativa, tentando dar outros nomes ao absurdo, como “movimento”, “contemplar aliados”, palavras que mascaram a verdadeira face abusiva dessas nomeações.

Desespero – A quantidade de políticos contratada pela governadora mais pareceu uma atitude desesperada, a quase dois anos da eleição. Muito se falou que desde que assumiu, Raquel Lyra não fez política. Aí quer dizer que quando resolveu fazer, agora, em 2025, foi na base do toma lá dá cá? Essa é a nova política dela? Outra coisa: se uma chefe do Poder Executivo precisa pagar para ter articulação, é porque na verdade não tem.

Reforma na Casa Civil – Tem gente se perguntando, inclusive, quando começa a reforma nas instalações da Secretaria da Casa Civil de Raquel, já que a pasta vai receber mais de trinta novos assessores. Vai ter lugar para esse povo todo sentar? E computador para trabalhar?

Coniape 1 – Por falar na articulação política de Raquel, a governadora tentou tirar o prefeito de São Caetano, no Agreste, Josafá Almeida (União Brasil), da presidência do Consórcio Público Intermunicipal do Agreste Pernambucano e Fronteiras (Coniape). A entidade é um dos consórcios mais importantes do Estado e agrega 34 prefeitos. Segundo fontes deste blog, o Governo estava telefonando para prefeitos da base e que já tinham se comprometido com Josafá na tentativa de reverter os apoios para Chaparral (União Brasil), prefeito de Surubim. Tudo na surdina.

Coniape 2 – Um dos prefeitos até chegou a responder à investida do Palácio assim: “tá certo, eu mudo meu voto, mas só se a própria governadora ligar para mim”. A articulação palaciana falhou e ontem Chaparral resolveu abrir mão da disputa pela presidência do consórcio. A eleição para o Coniape será realizada na próxima segunda-feira, a partir das 9h, no Centro de Treinamento e Desenvolvimento (CESPAM), na rua Visconde de Inhaúma, 410, Térreo, no Bairro Maurício de Nassau, em Caruaru, e vai reconduzir Josafá Almeida.

CURTAS

Professores cansados de passar raiva – Os professores da Rede Estadual de Educação continuam com as mãos na cabeça. Cada salário é um susto e uma raiva. Não sabem quando terão paz na gestão Raquel Lyra. O Sintepe denunciou ontem (31) no Instagram que os valores de janeiro novamente estão errados. “O Governo do Estado novamente expõe a categoria ao constrangimento de receber seu salário com erros. O Sintepe já procurou o TCE e o MPPE e vai liderar um processo judicial contra o Estado”, informou o sindicato.

Brasília ferve 1 – A Câmara dos Deputados e o Senado escolhem, neste sábado, as novas Mesas Diretoras para os próximos dois anos. Antes nas mãos do Partido Progressistas (PP), com o deputado Arthur Lira (PP-AL), a presidência da Câmara deverá passar para o Republicanos, do ministro de Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho.

Brasília ferve 2 – Na Câmara, depois de meses de articulações e com o próprio Silvio Filho trabalhando nos bastidores, o favorito é o deputado paraibano Hugo Motta (RP-PB), que pode se tornar o mais jovem presidente da Casa, com 34 anos. Já no Senado, o PSD, do ministro da Pesca, André de Paula, deve passar a cadeira para o União Brasil, já que o favorito é o senador Davi Alcolumbre (UB-AP). O atual presidente é o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Perguntar não ofende: a governadora vai distribuir mais quantos cargos comissionados para políticos até a eleição de 2026?

O Magno jornalista e o Magno cachorro

Por José Nivaldo Júnior
Jornal O Poder

O Poder, segundo o Google Analytics, tem leitores em rigorosamente todos os Estados do Brasil e em cerca de 40 países. Então, para Pernambuco a notícia não é nova. Mas talvez seja para o mundo. Vem de março do ano passado, na esteira do sucesso nacional do seu arqui-adversário João Campos, prefeito do Recife, que fez sucesso nacional com o cabelo nevado, no Carnaval.

Raquel, ou seus marqueteiros, quem sabe, acharam ter encontrado um revide. A governadora acolheu um cachorro na rua, durante uma solenidade, e o batizou de Magno, buscando sucesso nas redes sociais. Magno Martins é um jornalista conceituado nacionalmente. Dirige o blog que leva o seu nome, líder de ponta a ponta de audiência no Norte/Nordeste.

Ancora o Frente a Frente, programa de rádio mais reproduzido da região, com mais de 50 emissoras distribuídas em quatro ou cinco Estados, com cerca de cinco milhões de ouvintes. Magno marca de perto o governo de Raquel. Qualquer falha detectada, é criticada. Qualquer irregularidade, cometida ou articulada, vazou, é objeto de denúncias fundamentadas e implacáveis.

E, até agora, irrespondíveis. Algumas demissões no primeiro escalão do governo podem ser diretamente atribuídas a denúncias de Magno. O jornalista, claro. Já o cachorro Magno foi acolhido, jocosamente batizado, e entregue a treinamento pelo qualificado, há décadas, canil da Polícia Militar. Às custas do contribuinte, o canino foi docilizado, adestrado e educado como uma antiga debutante da Socila, uma entidade dos velhos tempos que treinava moças casadoiras da elite em pendores domésticos.

Esta semana, quando o Magno jornalista despejava mais uma saraivada de críticas sobre o governo Raquel, o Magno cachorro regressou em grande estilo aos braços da governadora, do poder e do Palácio do Campo das Princesas. Recebido como herói, foi entronizado como mascote do governo Raquel Lyra.

Freud explica? – Bom, agora Magno, o canino, reina no Palácio. Magno, o jornalista, mantém seus dentes afiados, mordendo o governo nos seus pontos mais sensíveis. Em dois anos e quase um mês do governo Raquel, nenhuma mordida do Magno, jornalista, foi contestada com argumento irrefutável. Ao levar Magno, o cão, para compartilhar espaço no Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo de Pernambuco, Raquel propagou esse feito através da imprensa e suas redes sociais. Assim, mantém ao seu lado o crítico mais implacável. Os marqueteiros geniais da governadora podem explicar. Freud teria dificuldades. O Magno da governadora não morde mais. O Magno jornalista mantém seus caninos cada vez mais afiados.

Altinho, do cantor Jorge, aposta no social Jorge de Altinho virou celebridade na música nacional com a canção Petrolina-Juazeiro. Seu sobrenome reproduz e propaga o nome da sua cidade, Altinho, encravada no Agreste, com apenas 27 mil habitantes. Desde 1º de janeiro, a cidade natal e do coração de Jorge passou a ser gerida por um homem de origem humilde, negro, alto e magro, mas ligado na tomada do social 24 horas: Marivaldo Pena. Com apenas 45 anos, ele chega ao poder depois de ingressar na vida pública como conselheiro tutelar, há mais de 30 anos. Foi vereador, secretário da gestão anterior e colocou na cabeça que Altinho pode até não ter obras estruturadoras, mas em breve será referência estadual em programas sociais, conforme destacou, ontem, em entrevista ao Frente a Frente. “Meu social é o do combate à fome, da redução das desigualdades”, cravou. Amigo e conterrâneo do Jorge famoso, ressalta que em breve o artista vai se orgulhar da sua cidade natal como laboratório de grandes iniciativas sociais.

Reação indignada da Bahia – Não foi apenas José Nivaldo Júnior que reagiu contestando a exploração, por parte da governadora, do meu nome batizado em um cachorro recolhido das ruas e adotado pela tucana. De Juazeiro, Sertão da Bahia, o advogado Henrique Rosa igualmente fez o seu protesto. “O cachorro Magno reapareceu pelas redes sociais adestrado para suportar a gritaria do povo do Palácio suplicando por saúde e segurança pública. O Pernambuco de Raquel não é o Pernambuco de Cid Sampaio, Marco Maciel, Jarbas e Eduardo. Nenhum desses mostrou cachorro e sim obras estruturantes”, escreveu, em artigo postado neste blog.

Ação na justiça – Ao promover, em apenas dois dias, 37 ex-prefeitos e ex-vereadores com uma sinecura polpuda, a governadora Raquel Lyra (PSDB) mexeu num vespeiro: já tem muita gente se movimentando para entrar na justiça com uma ação de danos ao tesouro estadual. A tucana estaria usando dinheiro público, de forma irresponsável e eleitoreira, de olho no apoio dessas supostas lideranças ao projeto de sua reeleição em 2026. Isso, segundo advogados consultados pelo blog, se caracteriza como gravíssimo crime: abuso de poder econômico.

Derrota de Lula – O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB-SP), disse, ontem, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perderia as eleições caso o pleito fosse realizado hoje. A declaração foi feita em entrevista à rádio Nova Brasil. “E, em 2026, [Lula] perde por uma margem maior ainda. Porque a economia não está indo bem”, afirmou. “Eu creio que o presidente Lula vai ter muita dificuldade [em se reeleger], ainda mais com os nomes que devem estar vindo aí”, acrescentou. Para Nunes, o PT não estaria na condição de favorito, mas na condição de derrotado. Não vejo uma articulação para reverter essa tendência de piora no cenário. Não vejo nenhuma marca boa, como teve FHC e o Lula nos primeiros mandatos”, assinalou.

CURTAS

AFAGOS – Na entrevista que concedeu, ontem, a um grupo de jornalistas em Brasília, o presidente Lula (PT) afagou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que sofreu um dos maiores bombardeios, há dois dias, por parte do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que o tachou de fraco.

TAXA SELIC – Lula afirmou também que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, vai entregar a inflação e a taxa de juros mais baixas possíveis”. Na estreia de Gabriel Galípolo na liderança do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano, e reafirmou a previsão de nova alta na próxima reunião, que será realizada em março.

ISENÇÃO DO IR – Lula afirmou ainda que faltam apenas alguns ajustes para que o governo envie ao Congresso a proposta que vai prever isenção de Imposto de Renda a quem ganha até R$ 5 mil. Sem entrar em detalhes, o petista disse que os ajustes dizem respeito à compensação que será feita para que a medida não prejudique as contas públicas.

Perguntar não ofende: Quem está mais em baixa: Lula ou Raquel?

A maior e mais vergonhosa sinecura do País

Em um movimento político explícito e sem disfarces, a governadora Raquel Lyra (PSDB) nomeou, ontem, com uma só canetada, 22 ex-prefeitos como assessores especiais da Casa Civil. Na prática, o maior trem da alegria da história entre todos os chefes de Estado que já bateram ponto no Palácio do Campo das Princesas. Nem na ditadura, quando os favorecimentos e os privilégios eram tão usuais, nunca se viu nada igual.

Trata-se da maior e mais escancarada sinecura (emprego bem remunerado sem precisar bater ponto) do País. Quem vai pagar a conta, claro, é o contribuinte pernambucano. A farra vai representar R$ 168 mil por mês aos cofres públicos e, até 2026, ultrapassará a bagatela em torno de R$ 4 milhões. Raquel adoçou as bocas dos ex-prefeitos sem nenhum critério. Até quem apoiou candidatos rejeitados pelo eleitorado nas eleições do ano passado ganhou uma “boquinha”.

Como é o caso, por exemplo, do ex-prefeito de Araripina, Raimundo Pimentel (Podemos), cujo grupo político sofreu uma acachapante derrota nas eleições municipais para o prefeito Evilásio Mateus (PDT), seu ex-vice-prefeito, com quem rompeu para apoiar a candidatura da vereadora Camila Modesto (Podemos). Também entre os “escolhidos a dedo”, o ex-prefeito de Águas Belas, Luiz Aroldo, do PT, certamente na tentativa de agradar uma corrente petista.

Com isso, Raquel reforça a estratégia da tucana de ampliar sua base política visando a reeleição, mas, em contrapartida, expõe o distanciamento entre as promessas de uma gestão técnica e ética com a realidade de um governo que vem tropeçando nas ações e na avaliação da opinião pública. No desespero, passa a impressão de que recorreu ao mais nefasto e repugnante fisiologismo para garantir apoios à sua reeleição.

A lista de beneficiados contempla ainda o Professor Lupércio (PSD), ex-prefeito de Olinda, e Nadegi Queiroz, ex-prefeita de Camaragibe, que se mantêm no poder porque elegeram aliados. Nadegi, especialmente, elegeu uma filha vereadora do Recife, já tendo um filho deputado estadual. Entre os que fracassaram como cabos eleitorais, a ex-prefeita de Ipojuca, Célia Sales (PP). O peso eleitoral de cada um, ao que tudo indica, vale, naturalmente, mais do que qualquer critério técnico.

Entre os nomeados, nove ex-prefeitos assumem como assessores especiais de relações institucionais, oito ficam com a articulação e acompanhamento, e cinco alocados na coordenação estratégica. No entanto, a despesa gerada não é pequena. Se a governadora mantiver essa estrutura até o final do mandato, o custo total ultrapassará R$ 4 milhões, valor que ajudaria muito a melhorar a estrutura dos hospitais estaduais, que agonizam.

ADEPTA DO LOTEAMENTO A decisão ocorre no momento em que a gestão enfrenta uma onda de críticas pela falta de investimentos estratégicos, falta de entregas à população nas mais diversas áreas e pela crise instalada na Educação, onde não há sequer um secretário titular no comando. Além disso, a governadora precisa lidar com questionamentos sobre a real efetividade desses cargos, que, na prática, servem apenas para acomodar aliados e garantir suporte político nos municípios. A ofensiva dela contrasta com o discurso que adotou ao longo da campanha e nos primeiros meses de Governo. Raquel prometeu uma gestão técnica, baseada na meritocracia, mas, na prática, segue o velho modelo de loteamento de cargos para aliados. O mais curioso é que, enquanto reforça o palanque, a tucana se mantém distante das demandas mais urgentes da população.

Candidato consensual Um dos mais importantes instrumentos para ações conjuntas entre gestores municipais do Estado, o Consórcio Dom Mariano (Condomar), que reúne municípios importantes, como Pesqueira, no Agreste, e Arcoverde, no Sertão, está com eleição para renovação da sua diretoria marcada para a próxima segunda-feira. O nome natural para presidente é o do prefeito de Sanharó, César Freitas (PCdoB). Mas ele não quer saber de disputa. “Só serei candidato se houver consenso em torno do meu nome”, avisou.

Duelo de gigantes Diferente do Condomar, o Coniape, consórcio que agrega 34 prefeitos das mais diversas regiões do Estado, também realiza eleição na próxima segunda-feira, mas num clima de disputa acirrada. Presidente, o prefeito de São Caetano, Josafá Almeida (UB), bate chapa com o prefeito de Surubim, Cléber Chaparral, que conta com o apoio amplo e irrestrito da governadora Raquel Lyra (PSDB).

Tucana com Josafá – Embora tucana, a prefeita de Tacaimbó, Joelda Pereira, disse, ontem, ao blog, que na eleição para presidente do Coniape votará pela reeleição do presidente Josafá Almeida e não no candidato palaciano Cleber Chaparral. “Voto em Josafá porque ele foi o primeiro a pedir o meu voto e sou uma pessoa que quando dá a palavra não volta atrás”, afirmou. A Casa Civil montou um QG no Palácio das Princesas para pressionar o voto em Chaparral, mas Joelda nega que tenha sido sondada sobre eleição no Coniape. “Desconheço qualquer pedido nesse sentido”, observou.

Prefeito e vereadores garantem reajustes Escalado pelo presidente da Câmara de Arcoverde, Luciano Pacheco (MDB), o advogado João Batista Rodrigues, ex-prefeito de Triunfo, derrubou, ontem, no pleno do Tribunal de Contas do Estado, a cautelar que suspendia o reajuste dos subsídios dos vereadores do município e do salário do prefeito, Zeca Cavalcanti (Podemos). Com isso, o subsídio dos parlamentares municipais passa para R$ 13.909,00 e o salário do prefeito sai de R$ 18 mil para R$ 30 mil. O TCE entendeu que ambos os reajustes foram aprovados pela Câmara dentro do prazo legal e de uma legislatura para outra, conforme diz a lei.

CURTAS

SEMENTE ZERO – Pelo menos no Agreste, onde as chuvas chegaram com intensidade, as sementes para plantio, historicamente distribuídas pelo Estado, através do IPA, não chegaram aos pequenos produtores e agricultores. “Aqui, não chegou uma semente”, diz o prefeito de Sanharó, César Freitas (PCdoB), informação ratificada também pela prefeita de Tacaimbó, Joelda Pereira (PSDB).

DÉFICIT DE AUDITORES – Dos 634 auditores fiscais ativos na Secretaria da Fazenda, 282 estão em abono de permanência, aptos a se aposentar a qualquer momento, o que equivale a 50% do efetivo, segundo o presidente do Fenafisco e do Sindifisco, Francelino Valença.

SÓ 70 NOMEADOS – Valença alerta ainda que após 20 anos, apenas 70 auditores foram nomeados, sendo 50 do concurso de 2014 e 20 do certamente de 2022. “O restante do quadro é composto majoritariamente por servidores de concursos realizados em 1992 ou antes”, diz o representante dos auditores do Estado.

Perguntar não ofende: Governadora, é verdade que vem por aí um novo trem da alegria de ex-prefeitos?

Crise na educação de Pernambuco: professores contratados acionam Ministério Público

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Em meio à crise na Educação de Pernambuco, com a proximidade do retorno das aulas sem que a governadora Raquel Lyra (PSDB) escolha um novo secretário ou secretária para a pasta, um grupo de professores entrou com uma ação no Ministério Público para que a substituição de profissionais contratados por concursados seja analisada pelo órgão.

De acordo com os docentes, o processo de substituição dos professores contratados por aqueles que serão efetivos está ocorrendo sem planejamento e transparência, o que pode gerar um verdadeiro caos nas escolas a partir do início do ano letivo, em 5 de fevereiro. Cerca de 4.106 professores contratados terão os vínculos encerrados com o Estado no próximo dia 31.

Apesar de apoiarem a nomeação dos novos profissionais, os docentes alertam para algumas questões. Segundo eles, a troca em massa, sem critérios claros e em um curto período de tempo pode levar à falta de professores em diversas disciplinas, prejudicando diretamente a qualidade do ensino e o direito dos alunos à educação.

“É preciso que a Secretaria de Educação reveja essa decisão e estabeleça um plano de transição mais gradual e organizado, garantindo a continuidade do ensino e o bem-estar dos contratados. Afinal, são esses profissionais que têm mantido as aulas na longa ausência de concursos públicos para ocupação dessas vagas, que são uma reivindicação histórica da nossa categoria”, defende o grupo.

O Governo do Estado alega que está cumprindo uma ordem do Tribunal de Contas (TCE), que determinou a substituição gradual dos contratos temporários por servidores concursados, até o final de 2024. Para obedecer essa determinação, o Governo elaborou uma lista indicando nominalmente os professores contratados a serem substituídos pelos novos efetivos, alguns com contrato até o final de janeiro de 2025 e outros até o final de setembro do mesmo ano.

O problema, de acordo com os docentes que procuraram o Ministério Público, é a ausência de critérios para a criação dessa lista. A lista foi criada na relação de um professor nomeado substituindo um contratado, só que na prática essa relação não é direta, por causa das especificidades da categoria.

DESLIGAMENTOS DESNECESSÁRIOS – Os professores podem contrair mais de um contrato efetivo, direito garantido pela Constituição de 1988. Eles podem ser concursados tanto no Estado quanto em cidades, ao mesmo tempo. Então, é possível que em vários casos, no momento da posse, os concursados assumam somente de forma parcial a carga horária dos contratados ou mesmo não se aloquem na escola para a qual foram designados, procurando outros espaços para a sua efetiva localização. Isso acarretará em carência de professores na escola e no desligamento desnecessário do contratado, que, na maioria dos casos, entrou no Estado por seleção pública simplificada válida até 2026.

Sintepe está acompanhando – O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe) está acompanhando toda a situação e representantes da entidade devem se reunir com integrantes da Secretaria de Educação na próxima sexta-feira (31). Já houve uma conversa entre as duas partes, mas sem muita esperança para o lado dos professores. O grupo ainda não tem, por exemplo, a informação de quantos concursados devem assumir seus postos a partir do dia 31 de janeiro, para saber se as demissões dos contratados são realmente necessárias. Antes dessa lista, quando os concursados eram efetivados, os contratados voltavam para as Gerências Regionais para saberem se havia vaga em alguma outra escola. Depois da lista, explicaram os professores, o vínculo simplesmente será encerrado.

Uma esperança chamada Paulo Dutra – Com todos os problemas que a área vem enfrentando, a governadora Raquel Lyra recorreu a um antigo auxiliar do ex-governador Paulo Câmara, ex-PSB e sempre tão criticado por Raquel. Trata-se de Paulo Dutra, que foi secretário executivo da Câmara e, agora, volta ao posto para ajudar a governadora a ajeitar a bagunça instalada na Secretaria de Educação. Pessoas ligadas à área deram graças a Deus, porque, finalmente, alguém que entende do assunto vai entrar na gestão.

Outra nomeação – Outra nomeação anunciada ontem foi a da gerente regional de Educação da (GRE) Agreste Centro Norte, Ana Lúcia Barbosa. Ela foi designada para responder pelo expediente da Secretaria Executiva de Desenvolvimento da Educação. Além de gestora da GRE, ela já foi secretária de Educação das cidades de Brejo da Madre de Deus e Toritama. A GRE Agreste Centro Norte tem sede em Caruaru e abrange 15 municípios do Agreste Central. O professor Cícero José da Silva, antes gestor da ETE Nelson Barbalho, também em Caruaru, foi vai responder pela gerência.

PP na Alepe – Um movimento do Partido Progressista na Assembleia Legislativa (Alepe), ontem, chamou atenção. O PP, de Dudu da Fonte, entregou um documento formalizando a saída da sigla do bloco formado por partidos que integram a base da governadora Raquel Lyra na Casa. Mas os integrantes garantem que a estratégia vai fortalecer a tucana. À Folha de Pernambuco, o deputado estadual Kaio Maniçoba, disse que a iniciativa foi articulada em conjunto com o Governo e busca ampliar a atuação e os espaços na Alepe e fortalecer a base da governadora.

CURTAS

Noronha – Também chamou atenção, ontem, a mais nova baixa na gestão da governadora Raquel Lyra. O Diário Oficial do Estado trouxe a demissão da administradora de Fernando de Noronha, Thallyta Figuerôa, uma das pessoas mais próximas à tucana, tendo trabalhando com ela em Caruaru, sendo sempre bastante elogiada pela gestora. Foi nomeado para o lugar  o biólogo e advogado Walber Santana.

Toritama – Por 6 votos a 1, o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) cassou os mandatos dos vereadores de Toritama Birino do São João (PSDB) e Edijan Enildo (PSDB), em sessão realizada na manhã de ontem. Com isso, os suplentes Valmir da Saúde (PSDB) e Paulo Tavares (PL), devem assumir as cadeiras na Câmara Municipal, após recontagem dos votos. Os vereadores Edijan e Birino, em campanha para reeleição, teriam entregado vantagens financeiras em troca de votos.

Advocacia – O advogado Maurício Albuquerque, com mais de 50 anos dedicados à advocacia em Pernambuco, foi eleito, por unanimidade, para o cargo de conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A eleição foi realizada pelo Conselho Pleno da Seccional Pernambuco. Maurício Albuquerque é pai do deputado federal Eduardo da Fonte e avô do deputado federal Lula da Fonte. Ele atuará ao lado da presidente Ingrid Zanella, contribuindo para fortalecer a atuação da instituição.

Perguntar não ofende: quem vai ser o próximo ex-PSB a entrar na gestão de Raquel Lyra?

Coveiro do Pix despenca no Nordeste

Na pesquisa da Genial Quaest, a pior notícia para o presidente Lula não foi a constatação do estrago da imagem do seu Governo pela tentativa desastrosa de mudar as regras do Pix, de quem virou o verdadeiro coveiro, mas a perda de 10 pontos no seu santuário eleitoral – o Nordeste. Isso, certamente, vai dar muito mais dor de cabeça ao petista e ao novo comando da comunicação do Planalto, à frente o publicitário Sidônio Palmeira.

Entre os que desaprovam no Nordeste, o índice passou de 26% para 37%, 11% a mais em relação ao levantamento anterior. Lula também viu sua aprovação despencar neste mês no eleitorado feminino. De acordo com a pesquisa, 49% das mulheres afirmam agora aprovar o governo, contra 54% em dezembro.

Já o índice de desaprovação, em trajetória de alta entre as mulheres desde julho de 2024, passou de 44% para 47% neste último mês. Outro grupo que ajuda a explicar a queda na aprovação do presidente em janeiro é o eleitorado mais pobre, com renda mensal de até dois salários-mínimos. Nesta faixa, 56% disseram aprovar o governo neste mês; em dezembro, eram 63%.

A pesquisa também constatou que a atuação do governo Lula na crise do Pix teve repercussão amplamente negativa entre os entrevistados. A controvérsia, que terminou em recuo do governo no início deste mês, teve início na publicação de um ato normativo da Receita Federal que estipulou novas regras para a coleta de informações de transações financeiras junto a instituições bancárias.

A oposição ao governo Lula aproveitou a menção específica ao monitoramento de transações via Pix para aventar a hipótese de que o governo passaria a taxar essa modalidade, embora essa previsão não constasse na norma da Receita. Impactado com a repercussão do discurso, o governo inicialmente tentou defender a resolução, mas optou posteriormente por revogá-la.

O levantamento da Quaest indica que a avaliação do governo Lula teve mudanças bastante distintas entre eleitores petistas e entre o grupo que diz ter votado no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022. De acordo com a pesquisa, a desaprovação de Lula entre os eleitores de Bolsonaro, que era de 80% em dezembro, passou a 88% neste mês. Já a aprovação recuou na mesma medida, de 18% para 10%.

LADEIRA ABAIXO Nos 12 levantamentos sobre a avaliação do governo Lula realizados periodicamente pela Quaest desde fevereiro de 2023, essa foi a primeira vez em que o percentual de desaprovação superou o de aprovação. Segundo a pesquisa, os grupos em que o balanço é mais desfavorável ao presidente são os evangélicos, onde 59% desaprovam o governo e 37% aprovam; e os autodeclarados brancos, entre os quais 60% dizem reprovar a atual gestão, contra 38% que afirmam aprová-la.

Só os lulistas aprovam Entre os eleitores de Lula, a situação foi inversa: a aprovação oscilou positivamente de 77% para 81%, ao passo que a desaprovação, que era de 22% em dezembro, passou para 17% neste mês. Entre os que votaram em branco ou anularam no segundo turno de 2022, a desaprovação a Lula registra viés de alta desde outubro do ano passado, quando era de 46%. Agora, aparece em 55%. Já a aprovação ao governo neste grupo, que era de 49% há cerca de três meses, hoje está em 38%.

Sinal verde para viagens O presidente Lula (PT) está liberado para fazer viagens de avião e exercícios físicos de maior esforço depois de nova tomografia realizada ontem. De acordo com o boletim médico, o exame mostrou redução no líquido intracraniano. “O exame mostra nova redução da coleção, compatível com progressiva melhora do quadro. O Presidente foi liberado plenamente para exercer sua rotina habitual de vida, como viagens e atividade física”, informa o documento.

O astronauta azarão – Na eleição de renovação da mesa diretora do Senado, no próximo sábado, surgiu a candidatura de um azarão para competir com o favorito Davi Alcolumbre (UB-AP): a candidatura avulsa do senador-astronauta Marcos Pontes (PL-SP), que pode rachar o PL, cuja bancada, a segunda maior da chamada Casa Alta, pressiona pelo impeachment de ministros do STF – uma bandeira defendida pelo ex-ministro de Bolsonaro. Alcolumbre tem o apoio de 10 bancadas partidárias. Se for eleito com um número consideravelmente inferior ao esperado, chegará menor à presidência.

Fabiano pega embalo Pré-candidato à presidência da Amupe, o prefeito de Petrolândia, Fabiano Marques (Republicanos), já contactou mais de 40 prefeitos nas últimas 72 horas, após ser lançado como uma alternativa do Sertão. A eleição está marcada para 27 de fevereiro e até ele espera atrair, inclusive, o apoio de pré-candidatos. “A Amupe precisa de uma oxigenação e é isso que tenho sentido e ouvido de todos os colegas prefeitos”, disse. Além de Fabiano, estão no páreo Marcelo Gouveia, atual presidente; Márcia Conrado, prefeita de Serra Talhada; Pedro Freitas, prefeito de Aliança, e Jandelson Gouveia, ex-prefeito de Escada.

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LABANCA VICE – Na tentativa de se fortalecer e ganhar o apoio do PSB com vistas à sua reeleição para presidente da Amupe, o ex-prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia (Podemos), chegou a cogitar em abrir a vaga de vice para o prefeito de São Lourenço da Mata, Vinicius Labanca. Se colar e ele for eleito, Labanca assume o comando da instituição a partir de abril, porque Marcelo se afastará para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.

O ESCUDEIRO – Ainda sobre a eleição na Amupe, um dos maiores entusiastas da candidatura de Márcia Conrado (PT), prefeita de Serra Talhada, é o prefeito de João Alfredo, Zé Martins, uma das principais lideranças do PSB no Agreste. Para ele, a petista é o nome com maior lastro e poder de agregação.  

IMORALIDADE – Ninguém entendeu a decisão do Tribunal de Contas de suspender em Arcoverde apenas o aumento do salário dos vereadores, preservando o reajuste do prefeito Zeca Cavalcanti (Podemos), que também foi imoral.

Perguntar não ofende: Até quando Lula vai continuar crescendo feito rabo de cavalo – para baixo?

Temendo nova derrota, Raquel ignora Amupe

Candidatos que ensaiam disputar a presidência da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), na eleição marcada para fim de fevereiro, de olho no apoio da governadora Raquel Lyra (PSDB), que providenciem tirar o cavalinho da chuva. A tucana vai ficar, literalmente, de fora.

Não por falta de interesse em interferir para ter um aliado no comando da instituição, mas temendo sair arranhada. Afinal, ela tem um histórico de derrotas que a desaconselham a ousar no campo movediço da seara política. Se não, vejamos: é a única governadora da história pernambucana que não conseguiu emplacar um conselheiro do Tribunal de Contas.

Nas duas vagas abertas – Teresa Dueire e Carlos Porto – perdeu as duas. Sucessor de Dueire, o ex-deputado Rodrigo Novaes derrotou o deputado Joaquim Lira, apoiado pela governadora, por 30 votos a 18. A segunda vaga, a de Porto, a tucana sequer se mexeu para fazer alguém, temendo uma derrota mais acachapante. Foi escolhido Eduardo Porto, sobrinho do presidente da Assembleia, Álvaro Porto.

Recentemente, a governadora fez de tudo para reeleger Gustavo Gouveia primeiro-secretário da Alepe, mas acabou derrotada por uma aliança fechada pelo presidente do PP, Eduardo da Fonte, com o socialista Francismar Pontes, mesmo este não tendo o apoio oficial do seu partido, o PSB. A governadora, certamente mal orientada, tentou interferir no consórcio dos prefeitos do Pajeú, apoiando o prefeito de Tuparetama, Diógenes Patriota (PSDB), contra Luciano Torres (PSB), prefeito de Ingazeira e candidato à reeleição.

Para não sofrer uma nova derrota, aceitou uma composição, na qual o prefeito de Tuparetama virou vice. E por falar em consórcio, Raquel escalou o prefeito de Surubim, Cléber Chaparral, aliado do União Brasil, para duelar com o prefeito de São Caetano, Josafá Almeida (UB), que é candidato à reeleição. O consórcio é formado por 34 prefeitos, Josafá já registrou a sua chapa, mas não se tem notícia da chapa de Chaparral, que diz ter apoio de 24 dos 34 prefeitos associados.

No quesito eleições majoritárias, a do Recife foi a derrota mais vergonhosa sofrida pela governadora. Escalou e apoiou o ex-deputado Daniel Coelho (PSD) para tentar derrotar João Campos (PSB). Quando as urnas falaram, o prefeito foi reeleito com 78,11% dos votos, enquanto o candidato da governadora sofreu o maior vexame da sua trajetória política: teve apenas 3,21% dos votos, sendo lanterninha entre todos os candidatos da oposição.

Em ano pré-eleitoral, com índices de desaprovação astronômicos, certamente a governadora não quer ilustrar ainda mais esse currículo de frustrações eleitorais apoiando um candidato que venha a ser esmagado na disputa pela presidência da Amupe.

Maquiavel tinha razão: “Todos veem o que pareces, poucos percebem o que és”.

CINCO CANDIDATOS – No sábado passado, surgiu mais um candidato à presidência da Amupe: o prefeito de Petrolândia, Fabiano Marques (Republicanos), ligado ao grupo do ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Com ele, sobe para cinco o número de pré-candidatos. São eles: Marcelo Gouveia (Podemos), atual presidente; Paulo Freitas (PP), prefeito de Aliança; Márcia Conrado (PT), prefeita de Serra Talhada; e Marcos Patriota (UB), prefeito de Jupi. Presidente do Conselho Eleitoral da Amupe, o prefeito do Cabo, Lula Cabral (SD), insiste na tese de um candidato consensual, difícil de prosperar.

O mistério Márcia Conrado – Ninguém sabe explicar a decisão da prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), de colocar o seu nome na disputa pela presidência. Prefeitos ouvidos pelo blog, no anonimato, dizem que ela quer compor para ser vice de Marcelo Gouveia, que, se eleito, ficaria apenas um ano e pouco no mandato, porque teria que se afastar em abril do próximo ano para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Outros já acham que a petista quer se vingar de Marcelo, que não teria cumprido o acordo pelo qual a candidata seria ela. Procurada, Márcia não atendeu às ligações nem retornou.

João no Globo 1 – Não teve um assunto mais comentado, ontem, nas rodas políticas do Estado, no plano nacional e nos bastidores do que o amplo espaço que o jornal O Globo abriu, na sua edição domingueira impressa e online, para o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Tudo por causa dos pitacos que deu ao presidente Lula e ao novo ministro das Comunicações, Sidônio Palmeira, revelando verdadeiros truques para se manter uma poderosa comunicação pelas redes sociais.

João no Globo 2 – No jornal carioca, João foi batizado de “prefeito Tik Tok”. O repórter diz que ele foi chamado a Brasília e deu pitacos na área em que ostenta números relevantes. “São 2,8 milhões de seguidores no Instagram, o maior montante entre todos os comandantes de cidades do Brasil e quase o dobro da população recifense, que é de 1,5 milhão de pessoas. Integrantes da equipe de João passaram a compor o time do novo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, e o estrategista de sua campanha de reeleição, Rafael Marroquim, também desembarcou por uma semana na capital federal para ajudar o Planalto”, informa um dos maiores jornais do País.

Um dos recados a Lula – Entre tantos assuntos que abordou na entrevista ao Globo, ainda na comunicação, o prefeito João Campos ensinou: “O principal é ter conexão e sinergia com o povo, e Lula tem isso como poucos. O desafio é entender que no mundo de hoje é preciso ser mais rápido, mais simbólico, não tem direito a falhas. Estamos falando de um tempo na comunicação digital que tem a força do Reels, de um bumper, uma propaganda de cinco segundos no máximo no YouTube. Se você fizer um pronunciamento de uma hora, ninguém vai ver o que você falou, mas vão ver a falha de cinco segundos que cometeu”.

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RECADO – Na entrevista, João mandou recados para Raquel, entre os quais este: “As pessoas querem resultados. Estamos num tempo em que o simbólico é muito importante, mas o concreto também. Não adianta falar e não fazer. As pessoas querem ver o resultado. Isso faz toda a diferença na hora da indicação de voto. Eleição é comparação”.

ALCKMIN VICE – Sobre a manutenção da aliança nacional do PSB com o PT com Alckmin na vice, afirmou: “Isso é uma prioridade do partido. Quando fizemos a aliança com Lula, o maior partido a apoiá-lo foi o PSB. Nenhum dos grandes partidos que hoje têm ministérios apoiou Lula. E tenho certeza de que muitos também não coligarão no ano que vem”.

ZÉ DANTAS – O ex-deputado Tony Gel (MDB) ficou emocionado com a crônica domingueira que escrevi, ontem, focada no personagem Zé Dantas. “Crônica maravilhosa! É para ser lida e estudada”, disse Gel. Segundo ele, Zé Dantas é, por lei, o patrono dos compositores pernambucanos, graças a um projeto de autoria dele quando deputado estadual.

Perguntar não ofende: A governadora vai começar mais uma semana sem secretário de Educação?

Por Marcelo Tognozzi

Colunista do Poder360

O governo Lula 3 perdeu o principal ativo dos mandatos anteriores: o encantamento. Esfumou-se. De 2003 a 2011, o presidente comandou um país muito diferente do Brasil de hoje. O país é outro, novos atores, novas demandas.

A realidade se impõe sem nunca precisar pedir licença. Simplesmente acontece e pronto. E a realidade de Lula 3 é muito distinta daquela dos tempos de Dilma Rousseff, Michel Temer ou mesmo Jair Bolsonaro. Não foi só o Brasil a mudar, mas o mundo todo. O que tinha relevância há 20 anos, hoje serve para muito pouco ou quase nada.

As pessoas estão deixando de usar papel moeda, de assistir TV aberta com a mesma frequência de antes, quando era possível ouvir um uníssono bip bip da Globo nos intervalos do Jornal Nacional nos bairros mais povoados, seja na Selva de Pedra do Leblon ou na Cidade de Deus, em Jacarepaguá. O brasileiro de 2025 se informa pelas redes sociais, portais de notícias, assiste YouTube, Netflix e Prime, passa muitas horas colado no celular. Sabe o que é e gosta da liberdade de expressão.

As transformações não param. A diplomacia de Lula 3 remou contra a maré, alinhando-se ao Irã, aos terroristas do Hezbollah e do Hamas, tolerando ditaduras como a de Maduro, na Venezuela, e Daniel Ortega, na Nicarágua, ou defendendo o regime cubano. O muro de Berlim, símbolo da guerra fria, durou 28 anos (1961-1989), a ditadura Cubana já dura 66, completados neste mês de janeiro.

Lula e sua diplomacia acreditaram que iriam mudar o mundo, mas veio o presidente da Ucrânia, deu um freio de arrumação e afirmou aos jornalistas, durante coletiva em Davos, que o presidente brasileiro perdeu o encanto e “não é ator relevante na solução do conflito com a Rússia e nem será com o retorno de Donald Trump”.

O amigo de Trump é Javier Milei, cujo governo vem revertendo o quadro desastroso deixado pelas sucessivas administrações peronistas. Milei, diferentemente de Lula, tem colhido resultados muito melhores com sua diplomacia, que o aproximou de Trump, de Giorgia Meloni, Elon Musk e os grandes players internacionais. A inflação argentina está caindo e o Estado encolhendo, diferentemente do que estamos vendo e vivendo no Brasil.

Uma série de infográficos produzidos por este Poder360 mostra a realidade nua e crua do que tem sido este 3º governo Lula para o Brasil e os brasileiros. Um deles mostra um aumento de 414% de mortes por dengue. Em 2024, o mosquito matou mais do que o vírus da covid-19.

O mais incrível é que temos uma ministra da Saúde vinda da Fundação Oswaldo Cruz, cujo fundador erradicou a febre amarela no Rio há mais de 100 anos, combatendo justamente um mosquito. Infelizmente, não existe vacina para a incompetência.

Há outros recordes tão ou mais sinistros, como o aumento das queimadas depois da volta de Marina Silva ao comando do Ministério do Meio Ambiente. Só no Pantanal a alta foi de 1.037%, quando a promessa era fogo zero.

Prejuízo recorde nas estatais, com rombo de mais de 9 bilhões, o maior do século.

A última foi a decisão do TCU em suspender os repasses para o programa Pé de Meia, criado pelo ministro da Educação Camilo Santana. O ministro foi governador do Ceará, eleito e reeleito, não poderia jamais dar uma derrapada destas. O Pé de Meia, principal entrega do seu ministério (o ministro deu a Lula no Natal um par de meias com o logotipo do programa), acabou atropelado pela ineficiência, como mostrou o TCU.

Lula não tem herdeiro político. Nunca teve, seguindo a tradição da política brasileira. Getúlio não teve herdeiro político, assim como JK, Jânio, Carlos Lacerda, João Goulart, Leonel Brizola, FHC, Collor e tantos outros atores políticos dos últimos 100 anos.

Lula voltou ao governo porque era o único capaz de vencer Bolsonaro, o político que deu relevância à direita brasileira, até então sustentada por políticos sem votos. Tivemos uma direita patricinha de Luiz Eduardo Magalhães e Cesar Maia, transformada em povão por Bolsonaro.

Ele tem seus herdeiros políticos, a começar pelo governador de São Paulo Tarcísio de Freitas, além dos filhos, claro, e outros filhotes como Pablo Marçal. Lula não tem, o que deixa a esquerda dependente de um homem com quase 80 anos e problemas de saúde. É o político mais experiente em atividade no país, sabe que sua maior chance é um outro confronto direto com Bolsonaro. Por isso, fala do adversário dia sim e outro também. Mas o que será de um governo comandado por um Lula com mais de 80?

A realidade de 2025 é completamente diferente daquela de 2006 ou 2010, quando o presidente estava no auge do seu vigor físico e mental. Lula deu nó em pingo de éter com luva de boxe ao escapar do escândalo do Mensalão, que carregou meio mundo político a começar por José Dirceu. Foi reeleito na sequência e fez Dilma, um poste de saias, sua sucessora. Hoje, enfrenta uma oposição aguerrida e um deputado de 28 anos consegue atordoar o governo com apenas um vídeo.

Ao voltar para o governo, Lula não virou orixá como Sarney, FHC e até mesmo Itamar Franco. Sarney continua sendo um oráculo, uma espécie de Delfos brasileiro onde gente de todos os partidos vai beber da sua lucidez. Lula poderia ter sido maior ainda, mas preferiu outro caminho ou foi obrigado a segui-lo, sei lá por quais motivos, acordos ou supremos entendimentos. Um dia esta história será contada em detalhes.

Enquanto isso, Lula 3 se parece cada vez mais com um rei Lear do século 21, aquela história de Shakespeare repleta de confusão, traições, ambições e no fim todo mundo morre ou sai perdendo.

Muito provavelmente levado por seu instinto, Lula tem pensado numa reforma ministerial mais ampla, na qual o Centrão tenha lugar de honra, partidos como o PSD, o PP e o Republicanos ganhem relevância, porque 2026 está logo ali. Será que ainda dá tempo?