Coluna da segunda-feira

Um festival para chamar de seu

A governadora Raquel Lyra (PSDB) criou um festival para chamar de seu, como na canção “Mesmo que seja eu”, de Erasmo Carlos. Trata-se do duvidoso batismo de “Pernambuco Meu País”, cuja primeira etapa teve como cenário Taquaritinga do Norte, no último fim de semana.

Na verdade, é uma réplica mal copiada do Festival de Inverno criado pelo ex-governador Joaquim Francisco, em 1991, por sugestão de Marcílio Reinaux, de Garanhuns, por onde tudo começou tendo Jarbas Vasconcelos estendido a outras cidades com o batismo de Circuito do Frio. Envolveu mais outras cidades frias entre junho e julho, como Triunfo e a própria Taquaritinga.

Ambas concebidas dentro de uma visão de gestão pública para valorizar as cidades interioranas e movimentar a economia. Já a ideia de Raquel extrapola essa lógica, está além disso. É fruto do seu nariz enviesado e da sua forma de fazer política com o fígado. “Pernambuco meu País” foi criado para concorrer com o Festival de Inverno de Garanhuns, depois da briga dela com o prefeito Sivaldo Albino (PSB).

Até o mais ignorante e analfabeto político já entendeu assim. No ano passado, o Governo de Raquel tentou tirar os holofotes da Prefeitura de Garanhuns, parceira do Estado no Festival de Inverno desde a sua criação, em 91. Ignorou o prefeito, escolheu as atrações à sua revelia e, não se dando por satisfeita, ameaçou com um festival paralelo ao longo deste ano, o que realmente se concretizou.

Com um mês inteiro para fazer o festival que ela chamou de seu, deu a largada por Taquaritinga justamente na mesma data de Garanhuns. Transformou um evento, que seria para dar alegria ao povo, numa birra política. Tanto que políticos ligados à governadora, tradicionalmente e historicamente vistos no Festival de Inverno de Garanhuns, por lá não deram as caras, com receio de que suas presenças fossem interpretadas pela governadora como uma escolha de lado político.

Que horror! Nunca dantes na história de Pernambuco! Gestão não se faz com perseguições, picuinhas, pequenez, festas populares e canções. Também não se faz com sangue e ferro. Se faz com grandeza. Gestão é filha da política e a política, universalmente, é a ciência da liberdade.

Os excluídos – Ao invés de cuidar de festa, a governadora Raquel Lyra (PSDB) deveria olhar para o social, para quem mais precisa de governo e dar um puxão de orelha no secretário da Fazenda, Wilson de Paula, importado de fora, como a maioria do seu primeiro escalão, que excluiu 600 mil pessoas do auxílio do 13º salário pago pelo Estado no programa Bolsa Família, sob a alegação de ter feito um pente fino. O que dirão os que vão ficar sem esse extra?

Pequenez de alma – Se a governadora só deu uma nota insossa e sem emoção sobre a morte da viúva de Miguel Arraes, três vezes ex-primeira-dama do Estado, a vice-governadora Priscila Krause (Cidadania) fez pior: ignorou completamente a Dama da História, como assim ficou conhecida dona Mada, não registrando sequer um lamento de solidariedade pelas redes sociais. A grandeza ou pequenez do indivíduo, já li em algum lugar, deve ser medida pela grandeza ou pequenez da sua alma.

Estudantes abandonados – A Casa do Estudante de Pernambuco foi abandonada pelo Governo Raquel. Está há três meses sem receber os recursos que o Estado sempre repassou e que são usados pela instituição na alimentação dos estudantes, assistência odontológica e psicológica. “Muitos não têm condições de se manterem aqui. O ticket alimentação é o que mais impacta o dia a dia da gente. Quem estuda sabe que precisamos ganhar tempo, e sem o ticket fica complicado até para preparar as refeições. Nós compramos, temos que cozinhar em casa, mas não temos fogão a gás, tudo é feito na resistência elétrica e demora muito. E isso atrapalha muito o desempenho na rotina”, explicou um dos estudantes.

Defasagem orçamentária – O presidente da Casa do Estudante, João Novaes, revela que há uma defasagem muito grande no orçamento destinado à entidade. “A justificativa do governo estadual para o atraso nos repasses é que houve problemas burocráticos internos da própria Secretaria de Educação e Esportes. Uma das nossas principais reivindicações é o reajuste considerável do valor do contrato, que está defasado há anos. O valor ideal para custeio, considerando o valor de mercado, seria de quase R$ 5 milhões”, disse.

Atirador eleitor de Trump – Autoridades norte-americanas afirmaram que o homem que atirou no ex-presidente Donald Trump durante um comício na Pensilvânia, nos Estados Unidos (EUA), na tarde do último sábado, era um eleitor do Partido Republicano, da mesma sigla do candidato. Ele, porém, já doou dinheiro aos democratas, segundo informações da CNN Internacional. Identificado como Thomas Matthew Crooks, o atirador, de 20 anos, tinha registro de eleitor como republicano, de acordo com informações presentes no banco de dados de eleitores da Pensilvânia. Os dados batem com o nome, idade e endereço dele.

CURTAS

DEUS EVITOU – O ex-presidente Donald Trump afirmou, em nota, que “Deus evitou que o impensável acontecesse”. A declaração ocorreu após um homem armado atirar contra o candidato republicano em um comício na Pensilvânia, nos Estados Unidos (EUA).

REPÚDIO – O presidente Lula, ao ser informado do atentado nos Estados Unidos, assim reagiu pelas redes sociais: “O atentado contra o ex-presidente Donald Trump deve ser repudiado veementemente por todos os defensores da democracia e do diálogo na política”.

COMPARAÇÃO – Já o deputado federal André Janones (Avante-MG) comparou o ataque a tiros sofrido pelo ex-presidente Trump com a facada em Bolsonaro. “Agora sabemos o que o miliciano foi fazer nos EUA assim que deixou a presidência. É a ‘fakeada’ fazendo escola”, escreveu.

Perguntar não ofende: Se for colocada em votação hoje, os deputados aprovam a convocação extraordinária em plena véspera de feriado?

Raquel escorregou na grandeza

Jorge Luis Borges foi um escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino de muito sucesso, até morrer em 1986. Suas obras abrangem o caos que governa o mundo e o caráter de irrealidade em toda a literatura. Sua progressiva cegueira ajudou-o a criar novos símbolos literários por meio da imaginação, já que os poetas, como os cegos, podem ver no escuro.

É dele a frase “São poucos os políticos que sabem fazer política”. Com a chegada de Raquel Lyra ao poder estadual, o que se viu em Caruaru, seu laboratório em gestão pública como prefeita, se reproduz de forma mais drástica no Estado como governadora: a inabilidade para a arte da política. Com a morte de Magdalena Arraes, a Dama da História, conforme atesta o livro de Lailson de Holanda e Valda Colares, Raquel deu mais um atestado da sua burrice política.

De um episódio triste, a morte da viúva de Miguel Arraes, três vezes primeira-dama do Estado, casada com um político de projeção internacional, conquistada no seu exílio na África e forte inserção na França, Raquel deveria ter oferecido à família os salões do Palácio do Campo das Princesas para o velório. Com o gesto da mão estendida, teria dado uma lição de grandeza ao País, de inconteste desprendimento político, de alguém que não faz política com fígado, mas com postura de estadista.  

Mas não. Fez tudo errado, do começo ao fim. Só decretou luto oficial já no cair da tarde, mesmo sabendo da morte de Mada, como era conhecida a viúva de Arraes, ao raiar do dia. Postou uma nota insossa e sem emoção em suas redes sociais e, por fim, cometeu a indelicadeza de não passar no velório para confortar a família enlutada.

A política é magia e Raquel não sabe disso. É mágica a quem, diferente dela, sabe invocar os poderes a que eles se curvam e obedecem. Demóstenes dizia ser necessário e imprescindível que os princípios de um gesto político fossem baseados na justiça e na verdade. Se tivesse dado o tratamento que a história de Magdalena impunha, a governadora teria sido justa.

Se tivesse ligado para a família e oferecido o Palácio teria sido, igualmente, verdadeira. Em O Príncipe, Maquiavel aconselhou que o grande líder deve estar acima das leis que regem a corte ou o Estado, por um motivo simples: a posição que ele ocupa, no topo da pirâmide hierárquica, o obriga a tomar decisões que vão além da tradição moral ou ética predominante.

Já o príncipe virtuoso, ensinava ele, deve privar pela qualidade na governança, agir sem interesses próprios, construir a harmonia e a paz.

A CANÇÃO DO AMOR – A família Arraes viveu um momento de muita emoção, ontem, no enterro da Dama da História, no cemitério de Santo Amaro. Antes de o caixão descer à sepultura, filhos, netos e bisnetos cantaram a música preferida de Magdalena Arraes: La Vie em rose, da cantora e compositora Edith Piaf. A expressão, em tradução para o português, significa ‘A vida em cor-de-rosa’. É usada para representar a visão da pessoa apaixonada pela vida, como era Mada: tudo fica mais colorido – ou cor de rosa. Então, La Vie En Rose é definitivamente uma canção de amor.

A única coisa capaz de colorir a vida – Entre um de seus legados, em 1945, Piaf escreveu uma de suas primeiras canções: La Vie EN Rose, a canção mais célebre dela e seu grande clássico, que a consagrou mundialmente. Depois de tanto sofrimento em vida, Édith ainda conseguiu transmitir o que há de mais belo na vida: o amor! Na época em que a música foi escrita, a Segunda Guerra Mundial tinha acabado de passar. Inúmeras pessoas haviam perdido amigos e familiares e esperaram reencontrar os entes queridos. Por isso, a sensação enérgica de romantismo que a música transmite, representava o sentimento que os casais estavam sentindo naquele momento, de que o amor era a única coisa capaz de colorir a vida – deixá-la em cor-de-rosa.

Uma força interior incomparável – Entre os depoimentos mais emocionantes que se ouviu, ontem, no adeus a Magdalena Arraes foi o do seu enteado Lula Arraes: “Ela tinha o que se chama de uma força tranquila, ela tinha uma força interior que era muito forte, que nos protegia, nos amparava. Ela conheceu meu pai, um homem com oito filhos, teve mais dois filhos. Recriou essa família de 10 filhos com muita harmonia e muito carinho. Soube ser a grande companheira do meu pai nas horas difíceis, nas horas menos difíceis”, destacou Lula, sem conseguir segurar as lágrimas.

Ato contra Lula – A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) publicou um vídeo em suas redes sociais convocando para um ato contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Paulo. A manifestação está prevista para amanhã, às 14 horas, com concentração em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo). É organizada pelo Movimento Liberdade. “Um dia que vai ficar marcado na memória da busca pela democracia, pela redemocratização do nosso país. Essa democracia jovem, mas que já foi perdida algumas vezes e dessa vez parece que se não lutarmos com muita força, vai ser perdida de uma vez por todas”, declarou.

O gesto do pai da governadora – Pai da governadora Raquel Lyra, o ex-governador João Lyra Neto fez questão de ir ao velório, ontem, em Santo Amaro, de Magdalena Arraes. Emocionado, fez uma fala destacando os momentos que conviveu com ela, ao lado de Miguel Arraes, seja como prefeito de Caruaru, vice-governador de Eduardo Campos e depois governador em mandato tampão de nove meses. “Foi uma grande mulher, uma mulher de história e de grandes serviços prestados a Pernambuco”, afirmou em entrevistas aos jornalistas que cobriram os funerais.

CURTAS

INVESTIGADO – A Polícia Civil solicitou mais 90 dias para investigar o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB), por tentativa de homicídio privilegiado. O inquérito policial apura a responsabilidade de Marçal por liderar um grupo de 32 pessoas em uma escalada, sem equipamentos e durante um vendaval, do Pico dos Marins em janeiro de 2022.

O CASO – Na ocasião da escalada, diversas pessoas do grupo liderado por Marçal passaram mal. Os integrantes da excursão precisaram ser resgatados pelo Corpo de Bombeiros. O pré-candidato, que à época era coach e cobrava R$ 3 mil pelo treinamento na montanha, nega sua responsabilidade.

PL JOVEM – deputado federal mais votado do País nas eleições passadas, o mineiro Nikolas Ferreira (PL) será a principal estrela, hoje, no Recife, do encontro do PL Jovem, evento programado pela manhã no Clube Internacional. Também estarão presentes Gilson Machado, deputado federal Pastor Eurico e os deputados estaduais Abimael Santos e Alberto Feitosa, além do presidente estadual, Anderson Ferreira.

Perguntar não ofende: Raquel vai conseguir quórum na Alepe para aprovar a convocação extraordinária? 

Montanhas, pedras e flores

Ao saber, ontem, e postar em primeira mão neste blog, logo cedo, a morte de dona Magdalena Arraes, aos 95 anos, viúva do ex-governador Miguel Arraes, primeira-dama mais longeva do Estado, três mandatos conferidos pelo povo pernambucano ao seu marido, fiquei a matutar. O que escrever sobre a Dama da História, como a carimbou para a eternidade o jornalista e chargista Lailson de Holanda em seu livro em parceria com a historiadora Valda Colares?

Ela viu a França vencer o nazismo estrutural, escreveu, comovido, o publicitário baiano, meu amigo Edson Barbosa, que conviveu de perto com o neto dela, o ex-governador Eduardo Campos. Eu digo mais: dona Magdalena era como Cora Coralina, uma mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida e não desistir da luta, nem mesmo quando Miguel Arraes foi golpeado pelos militares, exilando-se na Argélia.

Como Cora, ela recomeçou na derrota, renunciando às palavras e pensamentos negativos. Acreditou nos valores humanos de forma tão intensa, numa paixão tão avassaladora por Arraes, que foi mais do que madrasta dos oito filhos que já encontrou em seu novo lar, em razão da viuvez do amor da sua vida, que conheceu num outono da romântica e aconchegante Paris.

Não convivi com Magdalena, mas de tão guerreira, passou a impressão de ter sido um espelho aos homens, por possuir o poder mágico e delicioso de refletir uma imagem do homem duas vezes maior que o natural. Sua família – filhos, enteados, netos e bisnetos – poderia escrever na lápide dela: “Eu fui aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”.

A frase, poética, também é de Cora Coralina, mas acho que a poetisa goiana escreveu por linhas tortas em homenagem à Dama da História pernambucana. As lutas e pedras removidas por Dona Magdalena Arraes nos servem de lições para o resto da vida, nos ajudam a aprender a viver.

Prêmio Nobel da Paz por seu serviço aos pobres, Madre Teresa de Calcutá, albanesa naturalizada indiana, fundadora da congregação das Missionárias da Caridade, tornou-se conhecida ainda em vida pelo codinome de “Santa das Sarjetas”. Ela ensinou que ser mulher é acreditar sempre. Dona Magdalena se inspirava em Madre Teresa.

Como ela, seguiu em frente quando todos pararam. Acariciou oito filhos adotados e deu colo a mais dois filhos legítimos com Arraes. Dividiu-se em muitas, sem deixar de ser uma. Foi uma mulher encantadora. Nasceu forte, floresceu guerreira, cuidou, criou, sentiu, beijou, escutou, brincou com a vida. Foi uma mulher que respeitou seus próprios limites sem se sufocar.

PAIXÃO AVASSALADORA – Num belo depoimento postado, ontem, neste blog, o jornalista Ítalo Rocha, contemporâneo de faculdade e assessor de Imprensa de Miguel Arraes, contou que dona Magdalena conheceu Arraes, o grande amor da sua vida, na casa de Violeta Arraes, irmã do ex-governador, em Paris, na França, ele na condição de prefeito do Recife. A paixão foi tão avassaladora que um ano depois se casaram e constituíram uma linda família, de dez filhos, sendo oito adotados pela Dama da História.

A mulher que dobrava Arraes – Magdalena Arraes exerceu uma forte influência sobre Arraes em todas as fases da sua vida pública, principalmente no momento mais difícil, a cassação do seu mandato de governador em 1964 pelo regime de exceção. Discreta, dava opiniões nas campanhas de Arraes nas horas certas e sabia como ninguém o interpretar até pelo olhar. “Poucas pessoas fizeram tão bem ao mundo quanto ela fez. À frente do seu tempo, corajosa, de uma generosidade e um senso de justiça imensos”, escreveu sua neta, Marília, nas redes sociais.

O lamento de Lula – Apesar da morte de Magdalena Arraes ter repercutido no País e até no exterior, a governadora Raquel Lyra (PSDB) só decretou luto oficial no final do dia. Apenas lamentou pelas redes sociais. Já o presidente Lula mandou uma mensagem à família, ressaltando que ela deixou um legado de compromisso social e um caminho trilhado por sua inspiradora generosidade. “Nesse momento de despedida, meus sentimentos aos familiares, em especial aos filhos, netos e bisnetos e aos muitos amigos e admiradores de Dona Magdalena”, escreveu o chefe da Nação.

Trajetória, filhos e netos – Quando Magdalena conheceu Miguel Arraes, no começo dos anos 1960, ele já era viúvo e tinha oito filhos da primeira esposa, Célia Arraes, todos menores de idade. No relacionamento com Miguel, teve ainda mais dois filhos: Mariana e Pedro. Magdalena era avó das deputadas Marília Arraes, Maria Arraes, do advogado Antônio Campos e bisavó do prefeito do Recife, João Campos, e do deputado Pedro Campos. Enquanto primeira-dama de Pernambuco, nos três mandatos de Arraes, presidiu a extinta Cruzada de Ação Social e se destacou no trabalho em projetos do Governo estadual voltado para a população mais necessitada.

O choro do bisneto – Emocionado, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), prestou a última homenagem a sua bisavó Magdalena Arraes com o seguinte depoimento: “Hoje, é um daqueles dias difíceis. Me despedir da minha bisavó Magdalena aperta o peito e nos faz lembrar de tanta coisa, de tanto exemplo, do tanto que nos ensinou. Ela sempre foi um pilar de força em nossa família, uma mulher altiva, sensível e firme, sobretudo nos momentos mais difíceis. Liderou processos e inspirou transformações que até hoje nos influenciam. Neste momento de luto, nos unimos em lembrança e gratidão por tudo que ela representou e nos ensinou. Que Deus possa realizar o seu reencontro com o meu bisavô Miguel Arraes no céu”.

CURTAS

DESPEDIDA – Embora Magdalena Arraes tenha morrido, ontem, pela madrugada, a família resolveu só fazer os funerais hoje. O velório começa às 8 horas, na capela do cemitério de Santa Amaro, onde o corpo será sepultado às 11 horas, no mesmo jazigo de Miguel Arraes.

INSTITUTO – A viúva de Arraes sofria do Mal de Alzheimer há mais de dez anos, tendo seu estado de saúde se complicado nos últimos seis meses. Segundo familiares, nos últimos dias estava em estado vegetativo. Em vida, entretanto, foi ativa até quando passou dos 80 anos. Foi dela a iniciativa da criação do Instituto Miguel Arraes.

POLIGLOTA – Maria Magdalena Fiúza Arraes de Alencar nasceu em Fortaleza no dia 14 de dezembro de 1928. Aos oito anos, mudou-se para o Rio de Janeiro e lá cursou letras na então Universidade Católica Brasileira. Ela era especializada em latim e foi professora do idioma na capital fluminense. Também se especializou em grego e português.

Perguntar não ofende: Por que a governadora demorou tanto a decretar luto oficial pela morte de Magdalena?

Convenções concentradas em agosto

As convenções partidárias de homologação dos candidatos que vão disputar as eleições municipais de outubro começam no próximo dia 20, mas pelo menos no Recife, centro irradiador para todo o Estado, a concentração dos atos partidários se dará no prazo final, na semana que vai de 1 a 5 de agosto.

Como o dia 5 cai numa segunda-feira, provavelmente seja o escolhido por João Campos (PSB), que disputa a reeleição, e pelos seus dois adversários – Daniel Coelho (PSD), o candidato da governadora Raquel Lyra, e Gilson Machado (PL), alternativa do bolsonarismo na capital.

Mesmo que esta seja a data escolhida por João, a partir de agora ele só terá, teoricamente, 12 dias para acabar com o mistério do anúncio do seu vice, porque o prazo legal para o start das convenções se dá no dia 20 e, naturalmente, se ele até lá não se posicionar, ficará com pouco tempo para aparar arestas que naturalmente irão surgir.

Especialmente por parte do PT, que, por incrível que pareça, ainda alimenta a esperança de indicar o nome que irá compor a chapa do prefeito. Aliás, o partido se uniu em torno de Mozart Sales, que se afastou da equipe do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para ficar apto, caso João mude de ideia.

As chances de o PT ser contemplado com a vice, entretanto, são quase zero. João vai lançar mão de um nome da sua própria equipe. O processo se afunilou entre o ex-chefe de gabinete, Victor Marques, que ingressou no PCdoB, e a ex-secretária de Infraestrutura, Marília Dantas.

Mas, a julgar pelos elogios que fez a Victor no discurso durante a inauguração do Parque da Tamarineira, sexta-feira passada, João já o escolheu como seu companheiro de chapa. “Victor teve um papel fundamental em tudo que podemos fazer pelo Recife”, disse, chamando a atenção dos presentes, especialmente de Marília Dantas, a quem também agradeceu, mas não se derramou tanto em elogios quanto em relação a Victor.

PROIBIÇÕES – Além da proibição de estarem presentes em inauguração de obras, desde sábado passado, os pré-candidatos a prefeito também estão impedidos de contratar shows artísticos, veicular nomes, slogans e símbolos em sites, canais e outros meios de informação oficial. A União também não pode mais fazer transferências de recursos públicos, está vedado também publicidade institucional, nomeação ou exoneração de servidores públicos. A fiscalização ficará sob a responsabilidade do Tribunal Regional Eleitoral.

Gadelha se alia a Daniel – Rifado como pré-candidato da federação Rede-Psol, que optou pela deputada Dani Portela (Psol), só restará ao deputado Túlio Gadelha (Rede) se abraçar com o pré-candidato Daniel Coelho (PSD), das forças que estão no guarda-chuva da governadora Raquel Lyra (PSDB). O namorado de Fátima Bernardes ainda não enveredou por esse caminho porque recorreu à direção nacional da federação Rede-Psol para anular a convenção que escolheu Dani.

Cabo eleitoral fraco – Pelos menos até o momento, o presidente Lula não se revela num potencial cabo eleitoral nas eleições no Recife. Enquanto a gestão de João Campos tem aprovação de 68%, a do petista na capital é de apenas 45%, segundo levantamento do Datafolha. Entre os entrevistados, 28% consideram “ruim ou péssimo” e 27%, regular. A pesquisa foi realizada presencialmente, com 616 eleitores recifenses nos dias 2 a 4 de julho. A margem de erro é de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.

Estudante corajosa – A estudante de Direito Jamilly Fernandes Assis cobrou publicamente do presidente Lula (PT) uma série de obras que não foram finalizadas em sua universidade. Durante o evento de inauguração do novo campus da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), em Osasco (SP), na sexta-feira passada, ela disse que “depois de muita luta e 14 anos de espera”, finalmente estava “presenciando a inauguração oficial de apenas metade da Unifesp Quitaúna”. A universitária, que deixou Lula e Janja constrangidos no palanque, ainda pediu a instalação de uma moradia estudantil para os alunos que moram fora da cidade e foi muito aplaudida ao encerrar sua fala.

O palanque de João em Camaragibe – O PSB, de João Campos, e o Republicanos, do ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), estão alinhados também em Camaragibe. Lá, João anunciou apoio ao pré-candidato Diego Cabral (Republicanos), nome indicado pela prefeita Doutora Nadegi. “Diego está comprometido com os avanços em Camaragibe. Tem perfil trabalhador, é dedicado e se alinha perfeitamente com os valores que defendemos no PSB”, disse o socialista, que, apesar da maratona de inauguração de obras na semana passada, ainda encontrou tempo em sua agenda para abraçar Diego.

CURTAS

PROTESTOS – O Brasil teve 37 ônibus queimados no 1º semestre de 2024. Houve uma queda em relação ao ano anterior, quando 46 veículos foram destruídos no mesmo período. Entretanto, houve um aumento em relação aos 29 ônibus incendiados nos primeiros 6 meses de 2022.  As informações são de um levantamento da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) enviado com exclusividade ao site Poder360.

MAIS UM – Em São José do Egito, o pré-candidato do Republicanos, Fredson Brito, arrebatou, ontem, o apoio do presidente da Câmara de Vereadores, João de Maria, arrastando para o seu palanque mais um político desapontado com a gestão do prefeito Evandro Valadares (PSB).

REDUÇÃO – A Operação Festejos Juninos, feita pela Polícia Rodoviária Federal, constatou uma redução de 41% no número de mortes nas estradas em Pernambuco durante o São João e São Pedro. Mas houve aumento de 6% no número de sinistros. A PRF foi acionada para 279 ocorrências.

Perguntar não ofende: Até quando o Brasil vai suportar essa grotesca e chata polarização do lulismo x bolsonarismo?

PT sem prefeitos nas capitais

Apesar da volta ao poder central com Lula, o PT não elegeria, hoje, nenhum prefeito nas principais capitais. Entre os maiores centros e grandes colégios eleitorais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, e Recife, nem chegaria ao segundo turno, conforme pesquisas trazidas ontem pelo Datafolha.

Maior contingente eleitoral do País, em São Paulo o PT não tem sequer candidato, faz uma aposta em Boulos (Psol), que aparece empatado com o prefeito Ricardo Nunes (MDB). No Rio, Datafolha mostra o prefeito Eduardo Paes (PSD) num cenário bem favorável a emplacar a reeleição logo no primeiro turno.

Paes aparece com 53% das intenções de voto, bem distante do segundo, o candidato do Psol, Tarcísio Motta, com 9%. Em Belo Horizonte, o prefeito Mauro Tramonte (Republicanos) lidera com 19% e em segundo vem o tucano João Leite, com 12%. O postulante do PT, Rogério Correia, tem apenas 8%.

Já no Recife, a única do Nordeste no conjunto das pesquisas que foram divulgadas ontem, o prefeito João Campos (PSB) é o mais bem posicionado entre todos. Se as eleições fossem hoje, o socialista teria 75% dos votos, sendo reeleito tranquilamente. Em segundo lugar, Daniel Coelho (PSD), o candidato da governadora Raquel Lyra (PSDB) pontua com apenas 7%.

A grande surpresa recaiu no pré-candidato do PL, Gilson Machado, abaixo de Daniel, com 6%, levando-se em conta que na pesquisa do Atlas Intel apareceu com impressionantes 21%. Segundo um marqueteiro e especialista em pesquisa, o levantamento do Atlas Intel teria sido digital, muito parecido com uma enquete, fruto da mobilização dos bolsonaristas.

BALDE DE GELO – Os novos números do Datafolha no Recife caíram como uma ducha fria entre as principais lideranças do PT que ainda alimentam esperanças de que João Campos abra o espaço da vice em sua chapa para o partido. Essa novela, entretanto, está bem próxima de acabar: as convenções partidárias para homologação dos pré-candidatos a prefeito e vereador nas eleições deste ano começam no próximo dia 20 e se estendem até 5 de agosto. Antes disso, João anuncia o vice. O mais cotado é o seu chefe de gabinete afastado, Vitor Marques, filiado ao PCdoB, partido integrante da federação que inclui ainda PT e PV. Também é cogitada o nome da ex-secretária de Infraestrutura, Marília Dantas.

Com Gadêlha – O Datafolha também trouxe um segundo cenário na disputa pela Prefeitura do Recife, com o deputado Túlio Gadêlha (Rede) no lugar de Dani Portela (PSOL). Dani, que apareceu com apenas 3%, foi lançada como pré-candidata pelo diretório municipal da federação PSOL/Rede, mas a instância municipal da Rede lançou o nome do deputado federal Túlio Gadêlha. Mas com Gadêlha, nada muda, porque pontua também os mesmos 3% de Dani.

Aprovação de 69% – O Datafolha aferiu também a avaliação da gestão de João Campos pelos recifenses, faltando apenas três meses para as eleições. Segundo o levantamento, a aprovação do seu trabalho é de 69%, enquanto a reprovação atinge apenas 6%. Com esses números, o socialista se mantém como o prefeito mais popular do País, o que lhe confere condições naturais para uma reeleição tranquila, a não ser que ocorra um fato muito preponderante que repercuta ao longo da campanha de forma negativa.

Janja numa saia justa – A temática da virilidade sexual no seio da vida pública voltou a ser usada, ontem, pelo presidente Lula, mas bem diferente do seu antecessor Jair Bolsonaro, que num determinado momento da campanha presidencial de 2022 chegou a sugerir que era “imbrochável”. Ao mandar um recado aos que o acham cansado, aos 78 anos, Lula repetiu Bolsonaro, mas de uma forma menos agressiva aos ouvidos da sociedade, principalmente das mulheres. “Quem achar que o Lulinha está cansado, pergunte para a Janja. Ela é testemunha ocular”, disse.

Segurança zero – Apesar da sua frequente presença nas redes sociais, tentando mostrar que faz uma boa gestão, a governadora Raquel Lyra (PSDB) não conseguiu ainda construir nem uma política de segurança que retire o Estado da lista dos mais violentos do País. Após encerrar o primeiro ano com um aumento de 6,2% nas taxas de homicídios em comparação com 2022, seu governo está encerrando o primeiro semestre de 2024 com os números em alta. Foram 1.825 assassinatos nos primeiros seis meses do ano ante 1.792 no ano passado, aumento de 1,8%.

Curtas

EM SAMPA – Na pesquisa do Datafolha para prefeito de São Paulo, a deputada Tabata Amaral, namorada do prefeito João Campos e pré-candidata pelo PSB, aparece com apenas 7% das intenções de voto, abaixo de Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB), que pontuam 11% e 10%, respectivamente.

SEM PICANHA – internautas criticaram a não isenção de carnes e Viagra no PLP (projeto de lei complementar) 68 de 2024, que regulamenta a unificação dos impostos da reforma tributária. A carga tributária em bebidas alcoólicas também foi uma das reclamações. O PLP não trará inicialmente a isenção para as carnes, como queria o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

SEM VIAGRA – Já o Ministério da Fazenda retirou a substância citrato de sildenafila, um dos ativos centrais do Viagra, da lista de medicamentos desonerados. E as bebidas alcoólicas terão uma carga tributária composta pela junção da tributação por volume (quantidade) e pelo teor de álcool.

Perguntar não ofende: Depois da pesquisa Datafolha, João antecipa o anúncio do seu vice?

Revolução processual na justiça

O Brasil conta com mais de 83 milhões de processos judiciais em tramitação. Em 2023, o País teve o maior aumento da série histórica: mais de 35 milhões de processos novos. Esses dados estão disponíveis no relatório Justiça em Números 2023 do Conselho Nacional de Justiça, divulgado ontem em diversas plataformas online.

Esses números, segundo a juíza Caroline Santos Lima, instrutora no STF e mestre em direito pelo UniCEUB, demonstram que cada vez mais as pessoas recorrem ao Poder Judiciário para solução de seus conflitos. Essa corrida ao Judiciário tem um custo elevado para toda a sociedade e isso não pode ser desconsiderado. É dinheiro gasto que poderia ser investido em outras políticas públicas.

“Além do custo econômico, há o desgaste pessoal das partes envolvidas e a longa espera pela solução, que pode demorar meses ou até anos. Com a finalidade de melhorar esse quadro de congestionamento e sobrecarga do Poder Judiciário a adoção de novas tecnologias pode oferecer caminhos alternativos e mais eficientes”, diz ela.

Conforme adiantou, isso é o que vem sendo chamado de On-line Dispute Resolution (ODR) e significa solução de litígios com o auxílio de tecnologia, em ambiente digital. A resolução de conflitos on-line é um novo paradigma para mitigar a crescente judicialização. Hoje em dia há plataformas públicas e privadas que podem ser utilizadas, não havendo necessidade de contratação de advogado.

“O prazo de solução é de poucas semanas e tudo é negociado em ambiente virtual, sem necessidade de comparecimento pessoal a audiências. Para que o uso das plataformas se torne mais popular é fundamental que as empresas mais acionadas na Justiça (planos de saúde, companhias aéreas, redes de varejo) invistam e valorizem o incremento dessas soluções”, destacou.

LITÍGIOS DE MASSA – Segundo Caroline, a cultura da negociação em ambiente virtual precisa ser uma prioridade para as grandes empresas, responsáveis pelos litígios de massa e pelo crescente número de processos em nosso país. “Um investimento inicial para a operacionalização de plataformas digitais de solução de conflitos pode ser elevado, mas no médio prazo representará economia de gastos imprevisíveis com demandas judiciais”, disse, adiantando que adiantando que, além disso, empresas que adotam soluções próprias para a resolução de problemas com seus clientes costumam deixá-los mais satisfeitos, além de contarem com melhor imagem no mercado.

Jornalismo se faz assim – Com base em postagem neste blog, apontando o abandono criminal do mais que centenário prédio do Diario de Pernambuco, na Pracinha da Independência, o advogado Henrique Rosa, de Petrolina, ingressou com uma ação popular na justiça e ontem o juiz Augusto Napoleão Sampaio Angelim, da 5ª Vara da Fazenda Pública do Recife, concedeu liminar obrigando o Governo do Estado a proteger o patrimônio público, recuperá-lo e transformá-lo no Arquivo Público do Estado, conforme objeto da compra pelo então governador Jarbas Vasconcelos no valor de R$ 2 milhões.

Repasse para Fundarpe – O juiz determinou, ainda, que o Governo de Pernambuco publique edital de licitação com vistas a contratação dos serviços de recuperação do imóvel e, ao final, seja o mesmo entregue à Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), para que o órgão possa, enfim, promover a instalação do arquivo estadual, que sempre fora a ideia. Jornal mais antigo em circulação na América Latina, com quase 200 anos, o DP ocupou o prédio até 2004, quando se transferiu para o bairro de Santo Amaro.

Despista bem – Na sabatina com o portal UOL, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), escondeu o jogo quando disse que, se reeleito, não será candidato a governador. Fugindo da resposta, saiu assim pela tangente: “Meu foco está na gestão, nos cuidados das pessoas, poder consolidar políticas públicas no Recife. Naturalmente, sou pré-candidato à reeleição e só serei candidato após as convenções. No Recife, quero consolidar muitas coisas que estamos fazendo nas áreas de infraestrutura, educação e saúde”.

Sorriso largo – O prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSDB), não para de receber congratulações pelo sucesso dos festejos juninos deste ano. Também pudera, além de contar com o apoio do Estado, que liberou R$ 4 milhões, atraiu patrocínios de várias instituições e estatais, como a Petrobras, Banco do Nordeste, Banco do Brasil, Devassa, Coca-Cola, Aposta Ganha, Nescafé, Deline, Pitú, Americanas, Loterias Caixa, Bradesco e Ballantine’s. A festa teve um custo de R$ 14,7 milhões e recebeu em torno de 3,5 milhões de turistas em 70 dias.

Curtas

GUARDA –Ainda durante a sabatina, João revelou planos para um gradual armamento da Guarda Municipal da cidade, um tema que tem ganhado destaque em meio aos desafios crescentes de segurança pública no País. Recife é uma das poucas capitais brasileiras onde a guarda municipal não é armada, mas segundo o prefeito, isso pode mudar em breve.

SEM ISENÇÃO – O projeto de lei complementar que regulamenta a unificação dos impostos da reforma tributária não trará inicialmente a isenção para as carnes, como queria o governo. Segundo os deputados que integram o grupo de trabalho para a formulação do texto, o Ministério da Fazenda concordou com o parecer apresentado. O deputado Augusto Coutinho (Republicanos) declarou que isentar a carne teria impacto “muito substancial” na alíquota padrão do imposto.

PERDA – Roberto Magalhães perdeu, ontem, um dos seus mais leais amigos, o advogado Paulo Oliveira, que morreu vítima de complicações depois de um AVC. Quando prefeito do Recife, Magalhães delegou tarefas quase impossíveis a Paulinho, como o chamava, que foram exitosas.

Perguntar não ofende: Qual será o próximo secretário importado por Raquel a tomar posse em sua equipe?

Raquel num baile de fome

O ex-governador Joaquim Francisco, de quem fui secretário de Imprensa, regia sua vida pública por uma filosofia criada por um primo bem matutão e grosseiro de Macaparana, que a ele ensinou muitos procedimentos práticos. Para evitar vexames, por exemplo, dizia que não se deve ir a um baile de fome fantasiado de coxinha de galinha, para não ser comido por todos.

Mais uma vez, a governadora Raquel Lyra (PSDB) foi a um baile de fome fantasiada de coxinha de galinha – a entrega, ontem, dos conjuntos habitacionais Vila Brasil I e II, na Zona Sul do Recife. As casas têm o DNA de João Campos, a festa foi preparada por ele para receber o presidente da República e aliado político.

Raquel sabia disso e, certamente, foi para se apropriar da obra alheia. Levou a pior. Como das outras vezes em que Lula esteve no Estado, levou uma estrondosa vaia. Poderia ter evitado o vexame, porque na agenda do presidente havia outro compromisso que dizia respeito exclusivamente ao Estado e não ao Governo Municipal.

A vaia foi tão grande que Lula teve que se levantar e ficar ao lado dela, como se sua presença fosse inibir os inconformados com a gestão grotesca que Raquel empreende no Estado. O Governo dela é uma obra-prima dantesca. Na visita ao Sertão do Pajeú, na semana passada, entregou uma estrada de 9 km viabilizada com emendas de deputados federais.

Isso é surfar em obra alheia. Nos últimos dois meses, a governadora se transferiu de mala e cuia, literalmente, para os rincões do Estado, para anunciar obras nanicas numa tentativa de reverter, do Sertão para o Litoral, os índices de expectativas de poder positivos que tinha antes de assumir e realizar um dos governos mais desastrosos da história de Pernambuco.

Rabo da gata em avaliação entre os 27 governadores, segundo levantamento do Atlas Intel, Raquel acha que, agradando aos cidadãos distantes da Região Metropolitana, onde se concentra quase metade do eleitorado do Estado, com um toque de mágica, vai virar pop star.

Agamenon Magalhães dizia que a ilusão da política é pior do que a do amor.

VEXAME – Se não tivesse ido ao baile de fome fantasiada de coxinha, a governadora não teria, igualmente, de ter passado pelo constrangimento de assistir, de cara feia, o público saudar João Campos, seu provável adversário em 2026, como o “melhor prefeito do Brasil”. Aliados de João, como o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos), fizeram questão de mostrar satisfação com o ocorrido. Silvinho replicou a “titularidade” durante a saudação, dizendo que o gestor recifense é um dos melhores prefeitos do País.

A reação de Anderson – Numa conversa, ontem, com este blogueiro, o presidente estadual do PL, Anderson Ferreira, rompeu o silêncio em relação à limpa que a governadora promoveu em sua equipe, demitindo liberais indicados por ele. “Nunca pedimos cargos. Fomos convocados a ajudar Pernambuco e nunca nos negamos a isso. As mudanças são sempre naturais e isso não nos preocupa. Vamos continuar ajudando Pernambuco, mesmo dentro de um ambiente plural no partido”, afirmou.

Decisões só após as eleições – Anderson disse, também, que há um consenso interno de que o PL só fará um debate sobre o futuro em Pernambuco após as eleições municipais. Segundo ele, a sigla é a única que terá candidato nas principais cidades nas próximas eleições, e essa estratégia passa por consolidar o crescimento, mas sobretudo pensando em 2026, onde o liberal não tem dúvidas de que o grupo será protagonista novamente nos cenários nacional e estadual. “Queremos crescer, mas também levar a nossa mensagem a todos os cantos do Estado. Estamos construindo candidaturas competitivas”, assinalou. Acrescentou que o partido hoje tem expressivas lideranças, entre elas Gilson Machado, Mano Medeiros, Izabel Urquiza e Fernando Rodolfo, além de novos nomes que vêm se formando, entre os quais Joel da Harpa, Alessandra Vieira e Lara Cavalcanti e muitos outros. “Somos um partido plural, o que vai fazer com que sejamos cada dia mais fortes”, destacou.

Maternidades – Presente na delegação de Lula, ontem, no Recife, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que está extremamente desgastada por causa da falta de políticas e ações efetivas para controlar o avanço da dengue, anunciou a liberação a construção de duas maternidades em parceria com o Estado, em Ouricuri, no Sertão, e Garanhuns, no Agreste. “Fazem parte do nosso PAC para garantir condições seguras e adequadas e os cuidados que as mulheres devem ter, para reduzir a mortalidade materna”, disse.

Alta do dólar provoca reunião – Depois do bombardeio ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, cujo mandato vence em dezembro, o presidente Lula que fará uma reunião, hoje, com auxiliares, para elaborar uma solução contra as altas do dólar frente ao real nos últimos dias. Ele rejeita a ideia de que as subidas têm relação com as falas dele em entrevistas. “Obviamente, me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação. Há um jogo especulativo contra o real no País”, avaliou em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA). “Tenho conversado com as pessoas, temos uma reunião para avaliar isso, que não é normal”, afirmou.

Curtas

REAÇÃO – Questionado sobre possíveis soluções para conter a valorização do dólar, Lula respondeu: “Temos de fazer alguma coisa. Não posso falar, senão estou alertando meus adversários. Mas, se pegar dados da economia, vai perceber que o PIB [Produto Interno Bruto] está crescendo mais do que a previsão do mercado, o desemprego cai mais do que a previsão do mercado, a massa salarial cresce mais do que a previsão do mercado”.

FISCAL – O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, disse ter uma agenda “exclusivamente” fiscal com Lula nesta quarta-feira. “Não sei de onde saiu esse rumor. Aqui na Fazenda, estamos trabalhando uma agenda eminentemente fiscal para apresentar ao presidente propostas para cumprimento do arcabouço 2024, 2025 e 2026”, relatou.

MELHOR QUE O PAI – No discurso que fez no Recife, Lula constrangeu Raquel ao se derramar em elogios a João Campos: “Eu sei que Eduardo Campos está lá no céu se mexendo, pois esse moleque vai ser melhor do que ele”, disse o presidente, diante de um João visivelmente emocionado e uma governadora constrangida.

Perguntar não ofende: Onde e quando será a nova vaia?

Raquel se distancia do bolsonarismo

Após ter afastado do Detran todos os indicados pelo ex-prefeito do Jaboatão dos Guararapes e presidente estadual do PL, Anderson Ferreira, a governadora Raquel Lyra (PSDB) deu, ontem, o tiro de misericórdia no agora ex-aliado bolsonarista, demitindo a secretária de Educação e Esportes, Ivaneide Dantas.

Aos que nunca ouviram falar em Ivaneide, até porque também é quase impossível um secretário de Raquel se destacar, tendo luz própria, ela foi o braço direito de Anderson durante os dois mandatos dele como prefeito do Jaboatão dos Guararapes e uma das maiores propagadoras das causas bolsonaristas.

Ainda que viesse a gozar da confiança da governadora, que ao escolhê-la deu como justificativa suas qualidades técnicas, Ivaneide era presidente municipal era do PL em Jaboatão e se afastou para assumir o comando da Educação no Governo tucano por intervenção direta de Anderson, que ainda indicou o advogado Anselmo Araújo para a Secretaria-Executiva de Justiça e Promoção dos Direitos do Consumidor.

Casado com Mariana Inojosa, irmã do prefeito do Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros (PL), Anselmo permanece no cargo na cota do PL, mas até quando não se sabe. Com a exoneração de Ivaneide, Raquel deu uma verdadeira enquadrada no clã Ferreira, responsável pelo Partido Liberal em Pernambuco.

Nos bastidores, a leitura é de que siglas da base de apoio ao Palácio do Campo das Princesas têm cobrado espaços ainda ocupados pelo PL, tendo em vista que os deputados estaduais e federais liberais agem como grandes opositores ao governo Raquel Lyra. Diante da saída de Ivaneide, assume a secretaria o consultor, professor e pesquisador Alexandre Schneider, doutor em Administração Pública e Governo pela Fundação Getúlio Vargas e ex-secretário de Educação da Prefeitura de São Paulo.

MAIS UM ET – Se não bastassem tantos secretários importados, como o da Fazenda, que veio de Brasília, e o de Defesa, que serviu ao Governo do PSB, mas estava afastado do Estado, Raquel, cuja gestão é maciçamente também recrutada no País de Caruaru, agora importou mais um paulista: o professor Alexandre Schneider, que certamente não sabe nem onde fica Caruaru. Soube que foi uma indicação do PSD, via Gilberto Kassab, de quem ele foi secretário em sua gestão.

Só falta perder o PL – Anderson Ferreira esteve com a governadora na semana passada, conforme antecipei. Provavelmente para ser informado do pé no traseiro que sua aliada poderosa na pasta de Educação iria levar. Para onde vai caminhar a família Ferreira, liderada por Anderson? Fácil matar a charada: para os braços do pré-candidato do PL a prefeito do Recife, Gilson Machado, não porque queira, mas para não perder sua última fatia de poder no Estado: o comando do Partido Liberal.

Distanciamento irreversível – O que corre nos bastidores também é o distanciamento do clã Ferreira do prefeito de Jaboatão, Mano Medeiros (PL), candidato à reeleição. Até as paredes do gabinete onde ele bate ponto já sabem que está em curso um rompimento irreversível. Isso, entretanto, dificilmente virá a público antes das eleições em outubro. Mano pode até ser reeleito, mas os louros não serão mais dos Ferreira.

Caçula na disputa – Filho “04” de Jair Bolsonaro, Jair Renan foi exonerado, onhem, do cargo comissionado que ocupava no gabinete do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC). Seif explicou ao site Metrópoles que Jair Renan foi exonerado para disputar as eleições municipais deste ano, quando concorrerá a uma vaga de vereador em Balneário Camboriú (SC).

A lista é grande – O primeiro secretário a provar do veneno de Raquel foi Silvério Pessoa, da Cultura, que nunca abriu o bico para contar as verdades da sua exoneração. Depois, caiu Aloísio Ferraz, da Agricultura, em seguida Regina Célia, da pasta da Mulher, e pouco tempo depois Evandro Avelar, de Infraestrutura, este indicado pelo pai da governadora, o ex-governador João Lyra Neto. Outra que confiou em Raquel e se deu mal foi Carla Patrícia, sua colega de PF, afastada da Defesa. Também foi afastada Lucinha Mota, de Justiça,

Curtas

MAIS MUDANÇAS 1 – Em novembro passado, Carolina Cabral, secretária de Desenvolvimento Social, Criança, Juventude e Prevenção à Violência e às Drogas, assumiu a Secretaria de Projetos Estratégicos, ocupada de forma interina desde o início da gestão por Marcelo Bruto, que fez parte de gestões do PSB. No lugar dela, assumiu interinamente o secretário executivo de Assistência Social, Carlos Braga.

MAIS MUDANÇAS 2 Em fevereiro, a governadora tucana anunciou o engenheiro civil Rodrigo Ribeiro para chefiar a Secretaria de Projetos Estratégicos, após Carolina Cabral pedir para deixar o cargo. Na verdade, ela não pediu. Segundo versão que corre nos bastidores, foi forçada a pedir.

MAIS MUDANÇAS 3 – Nome ligado ao PDT, partido da vice-prefeita do Recife, Isabella de Roldão, o administrador de empresas Ismênio Bezerra assumiu Criança e Juventude, área que estava sendo gerida de forma interina por Carlos Braga e que foi desmembrada da secretaria de Assistência Social, Combate à Fome e Política sobre Drogas.

Perguntar não ofende: Qual será o próximo secretário que vai cair no Governo Raquel?

As últimas entregas de João

Candidato à reeleição, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), só pode inaugurar obras até a próxima sexta-feira, dia 5, quando se encerra o prazo previsto na legislação para gestores que disputam a reeleição participarem de eventos dessa natureza. Com investimentos que somam R$ 2,5 bilhões, até o momento, João acelerou o passo para uma verdadeira maratona de entregas de obras.

Cumprindo esse cronograma, somente nos três últimos dias o prefeito inaugurou três unidades de saúde requalificadas, duas creches, uma central de capacitação para empreendedores, o Compaz Leda Alves, no Pina, seis ruas calçadas, os primeiros quiosques da orla de Boa Viagem, a milésima escadaria da sua gestão e 1,5 mil títulos de posse de terra.

Com o pé no acelerador, até sexta-feira entrega os conjuntos habitacionais da Vila Brasil I e II, evento que terá a presença do presidente Lula. Encerra essa período entregando a primeira etapa do Parque da Tamarineira, na Zona Norte da capital pernambucana. E tem mais inaugurações, entre elas o Jardim do Poço, um abrigo para idosos, uma central de formação para mulheres vítimas de violência e mais cinco unidades de saúde requalificadas, além de um conjunto de obras de encostas nos morros.

“O Parque da Tamarineira terá três praças, uma delas com o padrão da Praça da Infância; uma super quadra esportiva e academia para a Terceira Idade; pista de cooper; um jardim drenante que também vai ajudar na drenagem da região; e um labirinto de vegetação para as crianças, com o plantio de 140 novas árvores e fonte interativa”, comentou João em suas redes sociais.

Segundo ele, a Prefeitura teve a preocupação de fazer o Parque da Tamarineira, promessa de campanha dele, preservando o patrimônio físico e cultural, sem interferir no funcionamento do hospital estadual.

MAIS DE MIL OBRAS – Nas últimas entrevistas que concedeu, João Campos fez um balanço da sua gestão citando que só este ano entregará mais de mil obras ao Recife. “A gente entrega mais de mil obras, só em 2024. E obras de grande porte. Estamos falando de dois Compaz, mil unidades residenciais, a Ponte Engenheiro Jaime Gusmão, que liga Iputinga e Monteiro, mais de 150 ruas calçadas, 120 praças reformadas, 60 grandes obras de encostas e muitas outras”, afirmou numa longa entrevista ao Diário de Pernambuco.

No final da prorrogação – Na seara do campo político, o prefeito recifense já disse, reiteradas vezes, que só vai anunciar o seu candidato bem próximo ao último minuto da prorrogação do prazo para as convenções, que começam no próximo dia 20 e se encerram em 5 de agosto. Mas o nome já está definido: será o seu chefe de gabinete Victor Marques, filiado ao PCdoB, partido que integra a federação liderada pelo PT, que até hoje sonha em participar da chapa.

Prefeitos nadam em dinheiro – Os prefeitos não têm do que reclamar: o repasse do FPM de sexta-feira passada, o último de junho, chegou com 14% de aumento. Ao todo, o valor a ser dividido entre os municípios foi de R$ 4.797.750.976,54, já descontada a retenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Em valores brutos, incluindo o Fundeb, o montante é de R$ 5.997.188.720,68. Considerando o ano de 2024, o volume dos repasses do FPM cresceu, em termos nominais, 14,51% em relação ao mesmo período do ano anterior.  Já ao comparar com o mesmo período do ano passado, o valor apresenta um crescimento de 34,41% em termos nominais. Com relação ao acumulado do mês, o valor registra crescimento de 27,90%, também em relação ao mesmo período do ano anterior.

Parlamentares na berlinda – O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados vive uma explosão de denúncias contra os parlamentares. Na atual legislatura, que engloba todo o ano de 2023 e o primeiro semestre de 2024, já são 34 representações com instauração de procedimento disciplinar para apurar descumprimento de decoro parlamentar. O número é maior do que em três legislaturas completas, entre 2007 e 2019. Na última, houve aumento de 200% das denúncias em relação ao período entre 2011 e 2015.

Baixaria sem limites – A maior parte das acusações contra a ética de deputados acaba sendo filmada e compartilhada nas redes sociais. Uma confusão na Comissão de Trabalho entre Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Dionilso Marcon (PT-RS) em 2023, por exemplo, viralizou. O petista disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) havia levado uma facada “fake”, fazendo referência ao crime de Adélio Bispo. Eduardo partiu para cima de Marcon, o chamou de “veado” e “filho da put*”, e precisou ser contido. A representação do PT contra o deputado do PL acabou arquivada naquele mesmo ano.

CURTAS

BEM PIOR – Além de dar um bolo no pré-candidato do PSD a prefeito de Afogados da Ingazeira, Danilo de Gisa, não indo ao ato do seu lançamento, sexta-feira passada, a governadora Raquel Lyra (PSDB) deixou vazar a versão de que não havia confirmado sua presença e que o aliado de mentirinha se apressou em divulgar. Se isso for verdade, pior ainda para Danilo.

APROPRIOU-SE– Por falar em Raquel, os 9 km da estrada que inaugurou no Pajeú, na semana passada, no trecho que liga Brejinho a Vila de Fátima, além de ser obra que se arrasta desde Paulo Câmara, foi viabilizada com recursos repassados via emendas por deputados federais.

PÓRTICO – O prefeito de Afogados da Ingazeira, Sandrinho Palmeira (PSB), entregou um pórtico de entrada da cidade, a 500 metros da entrada do hotel Brotas. À noite, com suas belas colunas iluminadas, passou a ser parada obrigatória de turistas para fotos.

Perguntar não ofende: Qual será o próximo aliado de Raquel a levar “bolo”?

O que a presidente do PT fez pelo Recife?

Na entrega do título de Cidadã do Recife à presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, quinta-feira passada, na Câmara do Recife, só havia mesmo público no plenário. As galerias ficaram às moscas. Bem-feito! O que esta senhora já fez em favor da capital pernambucana?

Cidadania é um reconhecimento a quem presta relevantes serviços a um Estado ou município. Tenho impressão de que, além de não ter trazido nada que venha acrescentar à melhoria de qualidade de vida do recifense, essa senhora não conhece sequer a Avenida Agamenon Magalhães, símbolo do Recife. Imagine Dois Unidos!

Cidadão é toda e qualquer pessoa que atue na vida da cidade e de alguma maneira tenha contribuído ou contribua com a história do município. Mesmo não sendo um cidadão civil, ser um cidadão honorário não é para qualquer um. Para receber esse título, é preciso que a pessoa tenha realizado algum ato relevante sem visar lucros, interesses pessoais ou profissionais.

Infelizmente, essa honraria se vulgarizou com o passar dos anos. Não sou contra a honraria, até porque já sou cidadão de mais de 70 municípios de Pernambuco, mas tudo em função de bandeiras que defendo com o jornalismo do combate ao bom combate. Neste momento, por exemplo, abrimos uma frente em defesa da Missa do Vaqueiro.

Tem algo mais valioso? Só gostaria de saber, sinceramente, uma causa que esta“nobre” presidente nacional do PT abraçou em favor do Recife, da sua população pobre e esquecida dos morros, dos bairros que se confundem com a história libertária de 487 anos de lutas.

Tenho certeza de que a mandachuva do PT não sabe nem que Recife é a mais antiga entre as capitais estaduais brasileiras, surgida como “Ribeira de Mar dos Arrecifes dos Navios”, no ano de 1537, sendo a principal área portuária da Capitania de Pernambuco, a mais rica capitania do Brasil Colônia, conhecida em todo o mundo comercial da época graças à cultura da cana-de-açúcar e ao pau-brasil.

Não sabe Gleisi que, no século XVII, Recife foi por 24 anos a sede da colônia de Nova Holanda, que teve como um dos administradores o conde Maurício de Nassau. Após a expulsão dos neerlandeses, feita na Insurreição Pernambucana, o Recife emerge como a cidade mais importante de Pernambuco, tendo uma grande vocação comercial influenciada principalmente pelos comerciantes portugueses, os chamados “mascates”.

Foi palco de muitos dos primeiros fatos históricos do Novo Mundo: no Cabo de Santo Agostinho ocorreu o descobrimento do Brasil pelo navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón no dia 26 de janeiro de 1500; na Ilha de Itamaracá estabeleceu-se, em 1516, o primeiro “Governador das Partes do Brasil”, Pero Capico, que ali construiu o primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia na América portuguesa.

Dentre as suas muitas alcunhas atribuídas, “Veneza Brasileira” é a mais conhecida. O romancista francês Albert Camus esteve no Recife em 1949 e comparou a capital pernambucana a outra cidade italiana ao descrevê-la, em seu livro Diário de Viagem, como a “Florença dos Trópicos”. O Centro Histórico do Recife — em que pesem as demolições e descaracterizações — representa em conjunto com os sítios históricos de Olinda, Igarassu e dos Guararapes um dos mais valiosos patrimônios barrocos do Brasil.

QUE EXTRAORDINÁRIO ARGUMENTO! – Veja que notável e profundo argumento da autora da proposta, a vereadora Liana Cirne (PT), para justificar o título de Cidadã do Recife à presidente nacional do seu partido, Gleisi Hoffmann: “Quando a gente olha para você, Gleisi, a gente entende que não vamos aceitar ser um milímetro a menos do que sabemos que somos. Você enfrentou o lavajatismo numa época em que queriam caçar o registro do nosso partido. Foi presidente do PT enquanto nosso maior líder (Lula) estava preso”.

Que discurso, dá inveja! – Na síntese do seu “profundo” discurso em agradecimento ao título de Cidadão do Recife, a presidente nacional do PT disse: “É muito significativo para esta paranaense, que vem lá da outra ponta do Brasil, ser acolhida de forma tão generosa pela capital de Pernambuco, terra marcada por sua tradição libertária, cidade sempre rebelde contra injustiça, de gente corajosa, criativa e solidária”.

PT insiste na vice – Na passagem pelo Recife, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, oficializou o nome do ex-vereador Mozart Sales como indicado do partido para ocupar a vaga de vice na chapa liderada pelo prefeito João Campos, que busca a reeleição. “Política é uma construção. Aqui não tem imposição, aqui não tem nenhum método diferente que não seja o da conversa”, disse, ao justificar seu respaldo à tese encampada pelo PT para emplacar a vice de João, que tem amplas chances de ser reeleito e se transformar em candidato natural da Frente Popular a governador nas eleições de 2026.

Ainda há prazo – Ainda sobre o respaldo da direção nacional do PT à indicação do vice de João, Gleisi foi mais além: “A gente teve recentemente essa definição. Então, ficou difícil uma definição do PSB sem uma definição do PT. Acho que, a partir de agora, tendo apresentado os nomes, a gente tem que compor, conversar com essa frente. Então, tem que ter o tempo, agora, para a gente conversar. É natural do processo. Ainda temos um prazo até as convenções para isso”.

E agora, Raquel? – Diante da divisão do PDT em Araripina, só restou ao prefeito Raimundo Pimentel jogar o abacaxi que administra no colo da governadora Raquel Lyra (PSDB). Pelo que deixou a entender, ontem, numa entrevista a uma emissora de rádio, se não conseguir emplacar a sua candidata a culpada será a governadora. “Estamos com o PDT porque a governadora disse que tinha o seu controle e o respaldo do presidente nacional, Carlos Lupi. Esta não é uma questão minha, mas da governadora Raquel Lyra”, disse.

Curtas

POLUIÇÃO – Uma pesquisa do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI) mostrou que a praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, apresentou a maior quantidade de microplásticos (695 fragmentos no total), superando até mesmo praias com maior atividade turística, como Porto de Galinhas (320 fragmentos).

PEGOU MAL 1- Na passagem, ontem, pelo Sertão do Pajeú, a governadora Raquel Lyra (PSDB) deu uma tremenda pisada de bola ao querer passar a impressão que está atraindo prefeitos do PSB: posou ao lado de Evandro Valadares, de São José do Egito, o gestor campeão em rejeição no Sertão.

PEGOU MAL 2 – Já em Afogados da Ingazeira, a tucana esteve presente no ato de lançamento do pré-candidato Danilo de Gisa, do seu partido, que sequer pontua nas pesquisas. Ali, o favorito é o prefeito Sandrinho Palmeira (PSB), fiel aliado do deputado e ex-prefeito José Patriota (PSB).

Perguntar não ofende: Gleisi Hoffmann sabe onde fica os Torrões?