Coluna da quarta-feira

Abacaxi doméstico para Lula descascar

Se já não bastassem as pesquisas mostrando o seu governo derretendo, conflitos na relação com o Congresso e uma reforma ministerial que está lhe roubando o sono, o presidente Lula (PT) deu murros na mesa, ontem, ao tomar conhecimento, de que a justiça federal acatou uma ação popular contra a primeira-dama Janja da Silva.

Segundo o jornal O Globo, o ministro Paulo Sérgio Domingues, do Superior Tribunal de Justiça, decidiu que a ação movida pelo vereador Guilherme Kilter (Novo), de Curitiba, vai ficar com a Justiça Federal do Distrito Federal. A iniciativa do parlamentar provocou um impasse na Justiça Federal, com jogo de empurra entre juízes de Curitiba e do DF sobre onde o processo deveria ser analisado, com os magistrados querendo jogar o caso no colo do outro.

Na ação, o vereador alega que a primeira-dama violou os princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade e da publicidade ao manter uma estrutura de ao menos 12 assessores que já gastou R$ 1,2 milhão em viagens desde o início do governo Lula. A primeira-dama, segundo reportagem do Estado de São Paulo, possui um gabinete no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros de distância do de Lula, onde mantém uma intensa agenda de despachos.

“Considerando que o presente conflito de competência é originário de ação popular em que se objetiva a proteção de dinheiro público que supostamente estaria sendo utilizado de forma ilegal e indevida pela primeira-dama da Presidência da República ao manter um ‘gabinete informal’ no Palácio do Planalto, é competente o foro do local dos fatos”, concluiu o ministro Domingues, ao decidir que é a Justiça Federal do DF que vai analisar a ação. 

Na decisão, o ministro do STJ aponta que “há casos em que o local em que se passam os fatos que serão analisados e eventualmente colhidas provas permitirá que se possa alcançar melhor resultado na avaliação da existência ou não do alegado dano que o autor popular pretende impedir ou mitigar”.

Logo após a reportagem do Estadão, o vereador acionou a Justiça Federal de Curitiba pedindo a imediata exoneração dos servidores que trabalham para Janja, assim como a desocupação do gabinete ocupado pela primeira-dama no terceiro andar do Palácio do Planalto, a poucos metros do de Lula, onde ela despacha.

AMEAÇA DE DESPEJO Na prática, se os pedidos forem aceitos, Janja não só perderá a estrutura que lhe presta assessoria diariamente, como seria desalojada do Palácio do Planalto. Kilter também quer o ressarcimento aos cofres públicos das despesas custeadas pelos cofres públicos com a equipe de Janja, incluindo passagens, diárias e remuneração de servidores. “Os servidores em questão, embora formalmente lotados na presidência da República, têm atuado a serviço exclusivo da primeira-dama, que não possui cargo ou função pública, uma vez que seu vínculo matrimonial com o presidente não lhe confere qualquer atribuição oficial”, afirma o vereador na ação.

Moraes não deu nome aos bois – Um dos primeiros parlamentares da base governista na Assembleia Legislativa a reconhecer a fragilidade do núcleo político do Governo na ponte com a Casa, o deputado Antônio Moraes (PP) tocou numa ferida que parece difícil de cicatrização, sobretudo depois que os partidos de oposição assumiram o controle das principais comissões temáticas. “Raquel precisa melhorar a articulação”, disse Moraes, numa entrevista à rádio JC. Em dia: quem faz a ponte do Governo com a Alepe é o secretário da Casa Civil, Túlio Villaça, preservado no desabafo feito pelo deputado.

Raquel lamenta chacina – A chacina em Abreu e Lima, resultado na morte de seis pessoas na mesma família, foi notícia nacional em todos os telejornais de ontem e levou a governadora Raquel Lyra (PSDB) a se pronunciar. Em entrevista à TV Globo, horas depois do crime, ela prestou solidariedade aos parentes das vítimas e informou que a Polícia Científica, o Instituto de Criminalística e a Polícia Civil recolheram todos os elementos de prova e estão com as linhas de investigação postas a partir dos fatos que foram narrados e das provas que foram identificadas no local.

O bicho vai pegar – O ministro Flávio Dino, do STF, azedou ainda mais a relação do Judiciário com o Legislativo. Pediu, ontem, que a Controladoria Geral da União faça uma nova auditoria de R$ 469 milhões em emendas referentes a 2024. O foco da análise serão as emendas de congressistas cujos recursos não têm um plano de trabalho cadastrado. Dino deu 60 dias (até 19 de abril) para a controladoria apresentar os resultados. Segundo o magistrado, há 644 emendas sem detalhamento na plataforma Transfere.gov. O sistema é usado para registrar a movimentação de transferências do Orçamento da União.

Fusão irreversível – As principais lideranças políticas do Estado ligadas ao PSDB e ao Podemos informam que avançaram muito as tratativas para fusão ou incorporação da legenda tucana ao Podemos. Dizem que o anúncio formal deve ser feito ainda este mês pelos presidentes nacionais dos partidos. O maior entrave já foi superado: a má-vontade do deputado mineiro Aécio Neves, que ainda exerce forte influência na executiva nacional do PSDB. Já teria se entendido com o presidente Marconi Perillo, após perder a batalha pela fusão ao MDB.

CURTAS

CARNAVAL – A partir de amanhã, Arcoverde vive seu carnaval de rua antecipado. Reeditando a festa mais popular, o prefeito Zeca Cavalcanti (Podemos) leva ao município grandes atrações do frevo pernambucano, como André Rio, Almir Rouche e Marrom Brasileiro. E como plus, o rei do forró Alcymar Monteiro, principal atração do sábado.

APOLOGIA – Presidente da Comissão de Justiça na Alepe, o deputado Alberto Feitosa (PL) votou contra o projeto que cria o Dia Estadual da Cannabis Medicinal. “Não sou contra o uso medicinal, mas criar uma data seria a mesma coisa que fazer apologia do nome cannabis”, disse, adiantando que como presidente não era obrigado a votar, mas quis marcar a sua posição.

BREJINHO – O prefeito de Brejinho, no Sertão do Pajeú, Gilson Bento (Republicanos), abriu no Recife uma nova casa de apoio para os pacientes do município que viajam ao Recife em busca de tratamento de saúde. “O ambiente tem mais estrutura e é muito mais acolhedor”, diz Bento.

Perguntar não ofende: Afinal, os 184 ônibus escolares que a governadora distribuiu com cada município foram comprados com recursos do tesouro estadual ou uma parceria com o Governo Federal?

PSDB desiste de PSD e flerta com Podemos

Nem PSD nem tampouco MDB. Temendo virar uma legenda nanica, o PSDB estuda agora uma fusão com o Podemos, partido com viés e ideologia semelhantes. Um sinal nessa direção foi dado com a troca partidária dos senadores Styvenson Valentim (RN) e Oriovisto Guimarães (PR) do Podemos para o PSDB.

A mudança teria como pano de fundo as negociações de fusão entre as duas siglas. Segundo articuladores do Podemos, as desfiliações se deram de forma pacífica, como um aceno aos tucanos, em prol do desejo de uma união. Publicamente, os dois parlamentares têm afirmado manter uma boa relação com o Podemos, onde ambos permaneceram por seis anos.

Acrescentam, ainda, que a desfiliação se deu por um projeto comum em Brasília. Nos bastidores, Oriovisto teria participado das negociações recentes pela fusão. A justificativa para a união é o tamanho similar dos partidos, bem como os planos que não colidem entre si. A presidente nacional do Podemos, Renata Abreu (SP), tem bom relacionamento com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e daria apoio a uma eventual disputa pela Presidência da República.

Fontes ligadas ao diretório nacional tucano reconhecem o avanço das tratativas com o Podemos, mas dizem que as duas novas filiações são desconexas a elas. Na visão do PSDB, os senadores teriam se somado ao partido em busca de mais destaque na Casa Legislativa. Nos bastidores, além do Podemos, o partido tem conversas com MDB, PSD e Solidariedade.

QUEDA DE BRAÇO As tratativas com MDB e PSD, contudo, enfrentam entraves com dois tucanos importantes — o presidente nacional, Marconi Perillo, e o deputado federal Aécio Neves (MG), que travam uma queda de braço. A definição deve ocorrer até março. A aproximação com o partido de Gilberto Kassab, que hoje integra a base do governo federal, desagrada a Aécio. A avaliação é de que esta união poderia dificultar seus planos de concorrer ao Senado no próximo ano. Em Minas Gerais, seu Estado de origem, o PSD tem em seu quadro o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Aécio que ser senador e Perillo governador – Enquanto Aécio Neves está de olho na disputa pelo Senado em Minas Gerais, nas eleições do próximo ano, para voltar a ser uma liderança destacada em nacional, como foi no passado, quando chegou a disputar à Presidência da República, Marconi Perillo, presidente da legenda tucana, nutre o desejo de voltar a governar Goiás, e no MDB enfrentaria um candidato já colocado — o vice-governador Daniel Vilela, que representa o projeto de um de seus maiores rivais, o atual governador Ronaldo Caiado (União).

Lula tenta se livrar da alta dos combustíveis – Na tentativa de reverter seu derretimento nas pesquisas, o presidente Lula (PT) tentou eximir, ontem, numa fala em Angra dos Reis, a responsabilidade do seu Governo pela alta dos combustíveis. “O povo não sabe que a gasolina sai da Petrobras a R$ 3,04, e que na bomba ela é vendida a R$ 6,49. Ou seja, é vendida pelo dobro do que ela saiu da Petrobras. Mas quando sai o aumento, o povo pensa que foi a Petrobras que aumentou. E nem sempre é a Petrobras, porque cada Estado e cada posto têm liberdade de aumentar na hora que quer. E os impostos pagos são ICMS para os Estados, como ICMS que teve agora”, afirmou.

Aposta no social – A governadora Raquel Lyra (PSDB) anunciou, ontem, que o Estado terá R$ 111 milhões em investimentos para as políticas públicas de assistência social e segurança alimentar e nutricional ao longo deste ano. O anúncio foi feito durante a 230ª reunião ordinária da Comissão Inter Gestores Bipartite de Pernambuco (CIB-PE), no Recife, que reuniu representantes de 160 municípios. O valor, segundo o governo, corresponde a um aumento de 30,4% em relação ao repasse de 2024.

A chiadeira dos aliados – Em off, os próprios deputados que integram a base de apoio da governadora Raquel Lyra (PSDB) na Assembleia Legislativa atribuem à falta de diálogo da tucana a derrota que sofreu na composição das principais comissões técnicas da Casa. As críticas não se resumem apenas ao estilo truculento dela. Chegam, principalmente, ao secretário da Casa Civil, Túlio Villaça, que, segundo três deputados ouvidos pela coluna, não resolve nem 10% das demandas que chegam ao seu gabinete.

CURTAS

DEFESA 1 – Em entrevista ao Frente a Frente de ontem, o novo presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa, Alberto Feitosa (PL), defendeu o presidente interino da Casa, Rodrigo Farias (PSB), acusado de rasgar o regimento interno para, num sábado, eleger os presidentes de comissões.

DEFESA 2 – “O regimento não violado em nenhum instante”, disse Feitosa, para quem Farias agiu em sintonia com o presidente Álvaro Porto (PSDB), que mesmo em viagem ao exterior, não deixou, em nenhum instante, de acompanhar e dar opinião sobre os desdobramentos de todo o processo da eleição dos presidentes de comissões.

IGUARACY” – O prefeito de Iguaracy, no Sertão do Pajeú, Pedro Alves (PSDB), se antecipou aos demais colegas da região e anunciou o reajuste obrigatório para os professores do município em 6,27%. O aumento se dá sobre o valor do piso da categoria no exercício de 2025 e abrange também os professores aposentados e os pensionistas que percebem proventos integrais inferiores ao piso vigente.

Perguntar não ofende: A baixa aprovação de Lula e seu Governo antecipa reforma ministerial?

O brinquedo aéreo (caríssimo) de Raquel

Como se o Estado não tivesse o desafio de melhorar os graves problemas na saúde, na segurança e nas estradas, a governadora Raquel Lyra (PSDB) tomou uma decisão de que o seu Governo não tem de fato prioridades voltadas para os segmentos mais necessitados da população: a compra de um avião, já batizado pela oposição de “Aeroquel”.

No último fim de semana, o Diário Oficial trouxe a publicação da licitação para compra de um avião de pequeno porte seminovo, cujo valor máximo está estimado em R$ 67,8 milhões. Além de ser empregado em operações de órgãos das forças de segurança, o edital frisa que a aeronave também servirá para uso da governadora.

Segundo o certame, o equipamento licitado é o modelo King Air 260, uma configuração de luxo segundo especialistas de mercado de aeromodelos, com capacidade para transportar até sete passageiros. A análise das propostas será no próximo dia 28, a chamada sexta-feira gorda da folia, que antecede o início dos festejos do momo no Estado.

De acordo com informações do edital, disponibilizado no Portal de Compras, do Governo Federal, o Governo de Pernambuco vai escolher a empresa que apresentar o menor valor. Entre as condições da licitação, a aeronave deve ter no máximo quatro anos de uso e há um limite de valor estabelecido para cada ano de fabricação.

Para fundamentar a aquisição milionária, o Governo de Pernambuco destaca a necessidade de disponibilizar a aeronave para uso direto da governadora Raquel Lyra “em missões de interesse governamental, dentro e fora de Pernambuco”, também ficando à disposição do Grupamento Tático Aéreo (GTA), vinculado à Secretaria de Defesa Social (SDS).

“É notória a existência de demandas reprimidas para o uso desta aeronave, tais como: operações aéreas policiais, busca e salvamento, resgates e remoções aeromédicas, ações em situações de calamidades públicas e de defesa civil, apoio ao Governador do Estado em missões de interesse governamental, dentro e fora de Pernambuco e a Órgãos Governamentais Federais e Municipais”, frisa um trecho do edital de licitação.

DINHEIRO A RODO – O avião não é a primeira aquisição milionária do Governo de Pernambuco nos últimos anos. No final do ano passado, a gestão da governadora Raquel Lyra adquiriu um helicóptero Airbus H135, de origem europeia, ao custo de mais de 8,1 milhões de euros, que, na cotação de hoje, custaria cerca de R$ 48,4 milhões, para uso do mesmo grupamento tático da Secretaria de Defesa Social. Além disso, destinou mais de R$ 4,3 milhões para a locação anual dos veículos terrestres – R$ 2,5 milhões voltados às caminhonetes 4×4 e R$ 1,8 milhão às motocicletas. De fato, os cofres palacianos estão abarrotados de dinheiro.

Como votará o pleno do TJ? – Ainda sobre a polêmica decisão do presidente interino da Assembleia Legislativa, Rodrigo Farias (PSB), de antecipar a eleição para escolha dos novos dirigentes das principais comissões técnicas da Casa, o que se deu no último sábado, a semana começa com a expectativa do posicionamento do pleno do Tribunal de Justiça sobre a liminar negada pelo desembargador Carlos Moraes, também no sábado, em resposta ao mandado de segurança impetrado por três deputados governistas para barrar o processo eleitoral nas comissões.

Oposição assume comissões – O mandado de segurança foi impetrado pelos deputados Antônio Moraes (PP), Débora Almeida e Joaquim Lira (PV) no plantão noturno do Tribunal de Justiça, caindo a relatoria no colo do desembargador Carlos Moraes. Quando a liminar desfavorável ao Governo chegou ao conhecimento público, os deputados da oposição, sem a presença de um só parlamentar da base governista, já haviam escolhido os presidentes das principais comissão: Alberto Feitosa (PL), na Comissão de Constituição e Justiça; Antônio Coelho (UB), na Comissão de Finanças; e Waldemar Borges (PSB), na Comissão de Administração.

Governistas falam em golpe – Insatisfeitos, os deputados da base do Governo na Alepe classificaram a manobra da oposição como golpe, dado num sábado, dia incomum de trabalho na Casa. “Basta fazer uma simples consulta ao Google para constatar que a Assembleia Legislativa de Pernambuco nunca foi aberta para o trabalho parlamentar num sábado”, diz o deputado Eduardo da Fonte, presidente estadual do PP, um dos partidos signatários do mandado de segurança na justiça como recurso para anular a eleição dos dirigentes de comissões temáticas.

Pix derrete popularidade – Há uma série de fatores para explicar a derretida popularidade do presidente Lula e da sua gestão, que chegou ao nível mais baixo de aprovação: apenas 24%, segundo o Datafolha. Entre os que mais pesaram, a alta dos preços, a falta de uma política econômica que reduza os juros, o contexto internacional, o cansaço com o governo, que parece velho, mas, principalmente, a crise do pix. Neste quesito, a população entendeu que o Governo quis tirar do povo um direito conquistado que facilitou a vida econômica do povo, uma moeda muito mais forte que o Real.

CURTAS

SEM REELEIÇÃO – Outra péssima notícia para Lula, desta feita em outra pesquisa, a do Ipec (ex-Ibope): 62% acham que ele não deveria tentar a reeleição. Entre os motivos que levaram os entrevistados ao posicionamento contrário, 36% disseram que Lula não está fazendo um bom trabalho. E 20% disseram que é corrupto, ladrão e desonesto.

VIROU MEME – Nas redes sociais, os internautas contrários ao governo Lula aproveitaram a baixa popularidade da gestão e do petista para criar memes. Muitos fizeram montagens com o rosto do presidente e frases sobre o aumento dos preços dos alimentos, entre eles o “Come zero” – Programa de Educação Alimentar.

O “CRAQUE” – Políticos de oposição e críticos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão usando seus perfis nas redes sociais para ironizar o trabalho do ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Sidônio Palmeira. Chamam o publicitário, no cargo desde 14 de janeiro de 2025, de “craque do jogo”. Sidônio assumiu a Secom com a missão de alavancar a popularidade de Lula, que demitiu Paulo Pimenta (RS) no início do ano.

Perguntar não ofende: O Governo Lula ainda tem salvação?

Raquel em mais uma queda de braço com a Alepe

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Os bastidores da política pernambucana estão pegando fogo, desde ontem (14), com mais um episódio da difícil relação entre o Governo Raquel Lyra (PSDB) e a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

Em uma manobra bem articulada, a oposição na Casa poderá impor à tucana a derrota na eleição das presidências das principais comissões temáticas para o biênio 2025/2026, o que, na prática, significa que a gestora poderá ter a governabilidade abalada nos dois anos que faltam para a disputa estadual.

Presidente em exercício na Alepe, o deputado Rodrigo Farias (PSB) publicou uma edição extra do Diário Oficial convocando as instalações das comissões e eleições de presidentes e vices, deixando a bancada governista sem tempo para negociar mais e trocar membros nos grupos, o que poderia reverter a desvantagem no número de aliados do Palácio integrando os colegiados.

A tarde e a noite de ontem foram de muita negociação e a nova líder da bancada governista, Socorro Pimentel (União Brasil), protocolou um recurso na Casa contrário ao ato de Rodrigo Farias. “Manter a confiança e o respeito às instituições é a base fundamental da nossa democracia. A convocação foi feita às pressas, ao apagar das luzes, surpreendendo a todos os deputados e deputadas. Claramente, os atos descumprem o Regimento Interno da Casa de Joaquim Nabuco. Não há justificativa para a urgência e observamos desrespeito à normatividade interna da Assembleia”, afirmou a parlamentar.

O documento também foi assinado pelos deputados Joãozinho Tenório (PRD), Kaio Maniçoba (PP), Romero Sales Filho (UB), Débora Almeida (PSDB), Antônio Moraes (PP), Wanderson Florêncio (SD), Henrique Queiroz Filho (PP), Fabrizio Ferraz (SD), Luciano Duque (SD), João Paulo (PT), William Brigido (RP) e Joaquim Lira (PV).

Independentemente de o Governo vencer ou não mais essa queda de braço com parte da Casa, esse é mais um desgaste que poderia ter sido evitado se lá atrás a governadora tivesse tido um pouco mais de humildade, ao assumir o Poder Executivo. O que se assiste nesse caso, que pode se transformar em mais uma derrota acachapante da gestão Raquel Lyra, é tão somente o resultado de um processo que começou junto com o governo dela, que chegou olhando de cima para baixo para o Poder Legislativo. 

A POLÍTICA NÃO PERDOA – Qualquer governo que tenha a intenção de dar certo precisa ter uma boa relação com o Legislativo. Raquel Lyra teve essa oportunidade. O hoje presidente da Casa, Álvaro Porto (PSDB), era seu aliado. Poderia ter sido o “presidente de Raquel” na Assembleia. Mas não foi assim que as coisas foram feitas e a gestão tucana acumula, em dois anos, mais desgastes e dores de cabeça nessa relação do que qualquer outra na história recente da política de Pernambuco. Esse foi o primeiro erro: não segurar Álvaro do seu lado. O segundo foi peitar a Alepe com os vetos dos trechos da LDO, fazendo com que os deputados derrubassem em seguida esses vetos e deixassem o Poder Executivo desmoralizado.

Era tarde demais – Depois das inabilidades citadas, Raquel ficou sem ambiente na Casa e enfrenta até hoje dificuldades para reverter. Por exemplo, a Primeira Secretaria e a maioria da Mesa Diretora estão nas mãos de opositores, justamente porque a gestora ficou sem condições de articular muita coisa dentro da Alepe. Em um momento como o de agora, que precisa eleger líderes nas comissões, todos os erros do passado pesam e levam Raquel a seguinte situação: estar na iminência de ter Alberto Feitosa (PL), um ferrenho opositor, como presidente da comissão mais importante, a de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ).

Governabilidade em xeque – Ter um opositor à frente da CCLJ é péssimo para qualquer governo, porque é o grupo por onde começam a tramitar todos os projetos, sendo de autoria do Poder Executivo ou dos próprios deputados. Quem está sentado nessa cadeira tem o poder de dar agilidade às propostas do Executivo ou travar esse processo. Pode ainda pautar matérias que não são do interesse do governo. Essa articulação política cheia de falhas pode custar a governabilidade da gestão, em dois anos estratégicos, os dois últimos. Caso se confirme essa derrota, é coisa para derrubar secretário. Apesar do esforço dos deputados governistas, como Antônio Moraes (PP) e Débora Almeida (PSDB), não há como os aliados fazerem milagres na Casa sem a cooperação do Palácio.

PSOL 1 – O PSOL do Recife enviou nota repercutindo a possível eleição de Alberto Feitosa para a CCLJ. “O referido deputado, que é do PL, mesmo partido de Jair Bolsonaro, homem responsável pela morte de mais de 700 mil pessoas na pior pandemia dos últimos tempos enquanto ocupava a presidência do Brasil, é o mesmo parlamentar que persegue e criminaliza movimentos e outros parlamentares de esquerda, como foi o caso da atual vereadora do PSOL na Câmara do Recife”, diz um trecho do texto.

PSOL 2 – “O PL está frontalmente contra todos os princípios do Partido Socialismo e Liberdade, por isso que enquanto presidente do Diretório Municipal do PSOL não podemos admitir que qualquer pessoa que esteja nas nossas fileiras aprove manobras de figuras como o citado deputado parlamentar”, enfatizou Cristiano Silva, presidente do PSOL-Recife.

CURTAS

Renildo Calheiros – O deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB-PE) é o novo líder do PCdoB na Câmara dos Deputados e reforça seu papel como uma das principais vozes do partido no Congresso Nacional em 2025. “Assumo a liderança do PCdoB na Câmara com o compromisso de fortalecer a democracia, defender os direitos do povo brasileiro e ampliar o diálogo para avançarmos em políticas públicas que promovam justiça social e desenvolvimento para o país”, afirmou.

João Campos no PSB nacional 1 – O prefeito João Campos (PSB) disse que ser o possível presidente nacional do PSB não o fará trabalhar menos pelo Recife. Ele foi lançado como candidato pelo atual presidente da sigla, Carlos Siqueira, durante reunião do diretório nacional. Campos garantiu que conseguirá conciliar as duas funções sem comprometer a administração da capital pernambucana.

João Campos no PSB nacional 2 – “A gente vai seguir trabalhando, como eu sempre faço, eu me dedico muito a cuidar do Recife. Eu hoje sou vice-presidente nacional do partido e tenho uma dedicação plena à cidade. Então, aos finais de semana, à noite, de madrugada, de manhã bem cedo, a gente pode conciliar com outras atividades. Então isso é bom. Fazer gestão passa por também fazer política”, afirmou o prefeito.

Perguntar não ofende: a governadora Raquel Lyra vai conseguir colocar aliados à frente das comissões na Alepe?

Raquel e João se envolveram na chapa da Amupe

Antes vista como um provável duelo pelo controle da instituição, entre a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), que devem se enfrentar nas eleições para o Governo do Estado em 2026, a eleição para renovação da direção da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) teve um desfecho surpreendente: uma chapa consensual.

O atual presidente, Marcelo Gouveia (Podemos), ex-prefeito de Paudalho, levou a melhor: terá direito à reeleição, mas com um mandato encurtado de dois para um ano. O segundo ano do seu biênio ficará sob a responsabilidade do prefeito de Aliança, Pedro Freire (PP), que abriu mão da disputa em faixa própria para ser vice na chapa de unidade.

O martelo foi batido em Brasília no final da tarde da última quarta-feira, depois de um longo processo, quase sem fim, no qual estiveram envolvidos diretamente os dois figurões de olho no controle da entidade: Raquel e João Campos. Mas quem acabou sendo decisivo para superar os impasses foi o presidente do PP, deputado federal Eduardo da Fonte.

Padrinho da candidatura de Pedro Freire, Da Fonte aceitou seu aliado sair do páreo depois de uma conversa com João Campos. E por outro motivo também: Freire vai estar na presidência da Amupe no ano das eleições para governador, porque Marcelo é candidato a deputado federal e será obrigado a renunciar. A princípio, o prefeito recifense tentou emplacar na vice o prefeito de São Lourenço da Mata, Vinicius Labanca, que é do PSB e aliado da sua extrema confiança.

Mas a governadora não aceitou, o que levou João a um entendimento direto com Eduardo da Fonte, extremamente bem-sucedido, num encontro reservado que durou mais de duas horas. Entre mortos e feridos, portanto, todos se salvaram, mas teve outro personagem importante para o desfecho da chapa consensual: o prefeito de São Caetano, Josafá Almeida, presidente do Coniape, o consórcio de prefeitos mais robusto e importante do Estado.

Desde o início fechado com a reeleição de Marcelo Gouveia, Josafá foi chamado também para uma conversa com João Campos. Deu sugestões, abriu mão de uma posição mais destacada na chapa inicial de Gouveia e acabou sendo escolhido tesoureiro de forma consensual também na chapa da unidade.

COSTURA DIFÍCIL – Após retirar seu nome do páreo e aceitar compor a chapa de Marcelo Gouveia como vice da Amupe, o prefeito de Aliança, Pedro Freitas (PP), confirmou que Raquel Lyra e João Campos atuaram fortemente nos bastidores para a formação de uma chapa consensual. Citou ainda Eduardo da Fonte; o chefe da Casa Civil, Túlio Villaça; Josafá Almeida, presidente do Coniape; a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado; o prefeito de São Lourenço, Vinicius Labanca; e, por fim, a prefeita de Igarassu, Elcione Ramos. “A solução foi construída por uma dezena de mãos”, disse.

Zé Martins sai batendo – Voz destoante da chapa consensual para a Amupe, o prefeito de João Alfredo, Zé Martins (PSB), tão logo soube do entendimento entre Marcelo Gouveia e Pedro Freitas, fez uma carta à direção da entidade renunciando a uma das vagas no Conselho Eleitoral. “Nada contra Marcelo, mas acho um erro entregar o comando de uma entidade que cuida dos interesses dos prefeitos a um ex-prefeito. O presidente deveria ser um prefeito no exercício do seu mandato”, afirmou, adiantando que essa sua posição é antiga, quando divergiu do ex-presidente José Patriota, já falecido, responsável pela mudança no estatuto da Amupe para permitir a escolha de ex-prefeitos como presidentes.

Refinaria superfaturada – O Tribunal de Contas da União apontou, ontem, indício de superfaturamento no pagamento de indenizações por paralisações climáticas na refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP). A análise do contrato entre a Petrobras e o Consórcio Tomé-Technip revelou que a metodologia utilizada gerou sobrepreço de R$ 12,6 milhões. O acordo foi firmado em 2011 por R$ 1,16 bilhão para serviços de engenharia na refinaria. Nele, estava prevista uma cláusula de pagamento para custos decorrentes da paralisação das atividades devido às chuvas e descargas atmosféricas.

PF investiga desvio de emendas – Intitulada “EmendaFest”, a nova operação da Polícia Federal, deflagrada ontem pela manhã, virou um dos temas da reunião do colégio de líderes da Câmara dos Deputados. A operação, que investiga suposto desvio de emendas parlamentares destinadas ao Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul (RS), teve um assessor do deputado Afonso Motta (PDT-RS) entre os alvos. Na avaliação de caciques da Câmara, ao contrário de outras operações da PF, a “EmendaFest” ainda não “pegou no calcanhar” dos deputados, pois teve apenas um assessor como alvo, por ora.

Sem poder nas comissões – Depois de perder a indicação de dois conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, ser derrotada na escolha do primeiro-secretário da Assembleia Legislativa e sofrer outros reveses políticos, a governadora Raquel Lyra (PSDB) corre agora o risco, em nova medição de forças com o parlamento nos bastidores, a ficar sem o controle de nenhuma comissão temática da Casa. Seus aliados ficarão de fora das duas principais – Constituição e Justiça, e Finanças.

CURTAS

ASSOMBRAÇÃO – Aliado fervoroso da governadora Raquel Lyra (PSD), o deputado petista João Paulo, ex-prefeito do Recife, volta a perder o sono com uma assombração do passado desenterrada pelo Tribunal de Contas do Estado: irregularidades na contratação de uma consultoria em sua gestão, a Finatec. O processo exige dele a devolução de R$ 18 milhões.

TABATA MINISTRA 1 – O Globo trouxe, ontem, uma notícia que os leitores deste blog já estavam sabendo há dias: a possibilidade da deputada Tabata Amaral (PSB-SP), namorada do prefeito João Campos, virar ministra de Ciência e Tecnologia. Segundo o jornal, o nome dela ganhou força após a declaração do presidente a respeito do “lenga-lenga do Ibama”. Tudo por causa do suplente dela na Câmara.

TABATA MINISTRA 2 – Se Tabata virar ministra de Lula, Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama acusado por Lula de ficar com “lenga-lenga” sobre a liberação de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas, seria chamado a voltar à Câmara como deputado federal no lugar de Tabata. Rodrigo é o primeiro suplente da parlamentar.

Perguntar não ofende: Quantos ministros vão cair na tão propalada reforma de Lula?

Casuísmo imoral e desproposital 

Não há uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) mais desproposital, casuística e vergonhosa do que a do deputado mineiro e bolsonarista Eros Biondini (PL), que propõe reduzir de 35 para 30 anos a idade mínima para candidatos a presidente da República e a senador.

Já tem 101 assinaturas, mas, para começar a tramitar, são necessárias 171. Por trás do movimento que tenta emplacar a PEC, estão as ambições eleitorais de partidos e políticos com bom desempenho nas redes. Congressistas que apoiam o texto avaliam que, com a mudança, legendas conseguiriam eleger nomes impossibilitados pela idade mínima.

É o caso do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que fará 29 anos, que poderia alçar voos maiores dentro da sigla, como uma candidatura ao Senado ou até mesmo ao Planalto, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro não consiga restaurar sua elegibilidade. O propósito de Biondini tem direção certa: Nikolas, seu conterrâneo de Minas.

Para disfarçar, ele cita outro nome jovem, o do prefeito do Recife, João Campos (PSB), que completará 32 anos este ano. Mas o socialista nunca fez qualquer movimentação nesse sentido e, provavelmente, não conhece nem o autor da proposição, que acha a mudança oportuna por uma “óbvia necessidade de modernização da legislação eleitoral”.

Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, Eros Biondini afirmou que não há qualquer “interesse pessoal” no avanço da ideia. Ele disse que, caso virasse parte da Constituição, o texto “beneficiaria mais Nikolas”. Nas últimas décadas, a redução da barreira etária para candidaturas foi tema de outras propostas no Congresso. Na Câmara, uma PEC que reduzia a 30 anos a idade mínima para candidatos a presidente foi apresentada pela então deputada Manuela d’Ávila, em 2007.

À época, ela justificou que as regras desestimulavam a participação de jovens na política. Em 2015, o texto de Manuela foi anexado a um conjunto de propostas de alteração na Constituição que acabaram virando uma reforma política aprovada pelos deputados.

A PEC, aprovada em dois turnos pela Câmara em julho daquele ano, reduzia as idades mínimas para os cargos de deputado estadual ou federal; de senador e de governador. Todas essas mudanças acabaram caindo durante a análise da PEC pelo Senado, ainda em 2015. Os senadores decidiram votar essas alterações em uma proposta em separado, o que nunca ocorreu.

FRUSTRAÇÃO A CAMINHO – A aprovação de alterações na Constituição tem um longo caminho na Câmara e no Senado. Nas duas Casas, há uma barreira inicial para a apresentação de PECs, que determinam um número mínimo de apoios. Se não houver disposição do comando das Casas em acelerar a análise, há um amplo debate, que pode levar bastante tempo. Isso pode frustrar os planos de aliados de Nikolas. Na Câmara, após conquistar os apoios necessários e apresentar a proposta, a discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa é a primeira etapa do caminho até a aprovação.

Com ferro e fogo – Numa entrevista a este blogueiro, na última segunda-feira, o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), não apenas atacou o Governo Lula, ao qual se referiu sem nenhuma ação consistente, como pediu a cabeça do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. E por fim, foi o primeiro parlamentar da base lulista a ferir com ferro e brasa a primeira-dama Janja. “Toda mulher dá palpites, mas a do presidente fala demais”. Tira ministro, põe ministro, acho que o papel dela está um pouco exagerado”, afirmou, para irritação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A versão do autor – Na entrevista que concedeu, ontem, ao Frente a Frente, o deputado Eros Biondini (PL-MG) rechaçou a versão de que sua PEC de redução da idade para disputar os cargos de presidente e senador seja casuística. “Não há nada de casuístico. Trata-se de uma PEC justa e reparadora. No Brasil, o cenário atual ainda limita a representatividade jovem em cargos decisórios, o que pode causar um distanciamento entre os representantes eleitos e as demandas das novas gerações “, disse. Acredite se quiser!

Inspiração na filha – Eros Biondini é pai de Chiara Biondini, deputada estadual por Minas Gerais, considerada a mais jovem eleita no País para um parlamento estadual. Quando concorreu, em 2022, ela tinha 20 anos, e tomou posse no dia em que completou 21. Enquanto seus colegas assumiram o mandato em 1º de fevereiro de 2023, Chiara esperou o dia 22, já que é permitido pelo Regimento Interno da Assembleia mineira que a posse ocorra em até 30 dias a partir da primeira reunião da Casa. Chiara já foi citada pelo pai como inspiração para a mudança proposta.

Consenso – O consenso para a eleição da nova diretoria da Amupe foi definido ontem após intensas articulações em Brasília, resultando na recondução de Marcelo Gouveia à presidência e na escolha do prefeito de Aliança e aliado de Eduardo da Fonte, Pedro Freitas, como vice. No entanto, Gouveia deverá deixar o cargo em abril para disputar um mandato de deputado federal em 2026, passando o comando da entidade ao vice. Desta forma, Freitas assumirá também o processo eleitoral de 2026. A chapa contará, ainda, com a prefeita de Igarassu, Professora Elcione, o prefeito de Panelas, Ruben Lima, que assumirá a tesouraria, e Márcia Conrado, prefeita de Serra Talhada, à frente da Secretaria da Mulher da Amupe.

CURTAS

PRESSÃO – O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, aproveitou a presença de milhares de prefeitos, ontem, em Brasília, para pressionar o Congresso a colocar entre as pautas de urgência a aprovação da PEC da Sustentabilidade Fiscal, que prevê o parcelamento especial das dívidas dos municípios junto ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e aos respectivos Regimes Próprios da Previdência Social (RPPS).

ORGANIZAÇÕES SOCIAIS – Outra urgência é a aprovação do PLP 141/2024, essencial para os municípios que possuem Organizações Sociais da Sociedade Civil (OSs). A proposta sugere alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para retirar esse tipo de cooperação dos gastos com pessoal a fim de viabilizar a gestão em cidades com esse perfil de colaboração.  Três mil municípios que têm esse tipo de convênio terão problemas com a LRF.

ÓCIO  – O deputado Waldemar Borges (PSB) disse que está ocioso na Alepe como parlamentar de oposição à governadora Raquel Lyra, porque os próprios aliados da gestora fazem as críticas ao governo dela. Ele se referiu ao discurso de Izaias Régis, que cobrou a construção do Hospital Mestre Dominguinhos.

Perguntar não ofende: Janja manda no Governo, como sugere o deputado Paulinho da Força, presidente do Solidariedade?

Lula correndo atrás do prejuízo

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Com a popularidade abalada faltando menos de dois anos para as eleições, o presidente Lula (PT) já mostrou que está disposto a reverter esse cenário. Um passo importante é se reaproximar da população. Para isso, Lula deu início a uma agenda de viagens internas este ano e esteve no Rio de Janeiro e na Bahia. Ainda esta semana, vai ao Amapá e ao Pará, onde entregará unidades do Programa Minha Casa, Minha Vida.

Também faz parte da estratégia de recuperação aproximar o Governo dos prefeitos, que são sempre fundamentais nas disputas para Presidência da República e pleitos estaduais. Depois dos vereadores, os prefeitos são os políticos que estão mais perto do povo, principalmente em cidades do interior. Lula sabe da importância de ganhar apoio entre os gestores.

Ontem (11), o petista esteve na abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, um evento promovido especialmente para eles e elas pelo Governo Federal, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF). Organizado pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, o encontro vai até amanhã (13).

O chefe do Poder Executivo convocou os 38 ministros para prestigiarem a abertura do evento e prometeu trabalhar para todos os gestores municipais, independente de coloração partidária. “Enquanto eu for presidente da República, nenhum prefeito ou prefeita vai ser discriminado por partido político ou por não ter votado em mim. Nós faremos para o povo, que escolheu o seu representante nas urnas”, garantiu Lula.

Além de fazer um gesto de valorização ao municipalismo, a fala de Lula foi importante também para jogar água na fervura da polarização que toma conta da política no Brasil, já que o presidente sinalizou que nem prefeitos bolsonaristas serão tratados mal pela sua gestão.

Ainda durante os três dias do encontro, o Governo Federal vai anunciar diversas bondades para os chefes dos municípios, como a segunda etapa do Novo PAC Seleções, que pretende destinar cerca de R$ 50 bilhões para obras de infraestrutura urbana, abastecimento de água, equipamentos da saúde, da educação, do esporte, além de empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida.

“LULINHA, FICA!” – O presidente ficou tão animado com o encontro dos prefeitos e prefeitas que até brincou. Disse que os gestores vão pedir para ele continuar, quando terminar seu terceiro mandato, em 2026. “Estejam certos, não precisa ninguém falar, eu sou muito humilde, mas eu duvido que, na história desse país, teve um presidente que já cuidou desses prefeitos como eu já cuidei. Quando eu terminar o meu mandato, vocês vão dizer: Lulinha, fica, porque nós precisamos de um presidente que goste de nós”, afirmou o chefe do Executivo.

Contrata+Brasil – Durante o evento com os gestores municipais, o presidente anunciou um programa que pretende reunir governos e prestadores de serviço de forma online. É o Contrata+Brasil, que vai funcionar como uma espécie de marketplace e deve reduzir a burocracia na contratação de pequenas reformas em prédios públicos, por exemplo. A medida vai priorizar microempreendedores individuais (MEIs). Para participar, órgãos públicos e fornecedores precisarão se cadastrar na plataforma.

Recife deu exemplo – O Contrata+Brasil foi inspirado pela plataforma recifense GO MEI. A ferramenta permite que a Prefeitura da capital pernambucana contrate microempreendedores individuais diretamente para execução de pequenos serviços de pronto pagamento, como os dedicados à manutenção das unidades de atendimento à população (técnicos de refrigeração, pedreiros, eletricistas, gesseiros), eliminando a burocracia e dando mais agilidade nesses reparos. O prefeito João Campos, que está em Brasília, comemorou. “O Brasil inteiro terá acesso a essa solução criada pelo Governo Federal, com base numa iniciativa da Prefeitura do Recife. Isso não mostra apenas a dimensão de uma gestão municipal. Isso mostra a preocupação com quem está na ponta da economia para que o pequeno seja cuidado, atendido, visto. Vamos chegar àqueles que mais precisam através de uma ação de gestão digital”, ressaltou o prefeito.

Amupe marcou presença – O presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Marcelo Gouveia, também está em Brasília para o Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas. Gouveia ressaltou a importância do evento para alinhar ações que beneficiem os municípios pernambucanos. “Essa aproximação entre os prefeitos e o Governo Federal é fundamental para garantir avanços concretos nas pautas municipalistas. Estamos atentos às oportunidades e buscando soluções que fortaleçam nossas cidades”, afirmou Gouveia.

Recepção de Dueire – O senador Fernando Dueire (MDB) abriu as portas de seu gabinete em Brasília para receber prefeitos pernambucanos que participam do evento promovido pela Presidência da República. O local se tornou uma paradinha estratégica para refazer as forças e alimentar o corpo. Além de disponibilizar o espaço para reuniões e atendimentos, Dueire organizou uma recepção especial para os prefeitos, com um ambiente acolhedor e um buffet variado, incluindo café da manhã reforçado, salgados, cachorro-quente e refrigerantes. A atitude do senador busca oferecer um espaço de diálogo, fortalecer as relações institucionais e discutir demandas municipais. A iniciativa visa facilitar o acesso dos gestores a recursos e articulações políticas em prol de melhorias para seus municípios.

CURTAS

Time errado 1 – A governadora Raquel Lyra (PSDB) poderia ter um apoio importante no Sertão do Estado para a sua reeleição se lá atrás tivesse oferecido espaço no Governo ao ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, hoje presidente estadual do União Brasil. Mas a proposta da tucana veio no time errado e agora Miguel já consolidou a aliança com o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Não há vácuo na política. Miguel foi o primeiro a declarar apoio à Raquel no segundo turno, em 2022, mas, muito superior, como sempre, a governadora fez ouvido de mercador.

Time errado 2 – Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, ontem, Miguel disse, em outras palavras, que agora não quer mais. “Se houvesse qualquer tipo de proposta (de Raquel), não seria sequer considerada, porque não cabe no momento que estamos e não é do nosso interesse fazer qualquer tipo de mudança. Reitero, política se faz com gesto, confiança, respeito e reciprocidade”, ressaltou Coelho.

José Múcio no Roda Viva – O ministro da Defesa, José Múcio, foi entrevistado no Programa Roda Viva, na última segunda-feira (10), e confirmou que familiares seus estavam entre os manifestantes antidemocráticos em frente aos quartéis-generais. Perguntado se havia pessoas próximas a ele, Múcio respondeu: “tinha, tinha muita gente. Tinha irmão que gostava, que foi para frente de quartel e outros parentes, mas passou”.

Perguntar não ofende: o presidente Lula vai conseguir recuperar a popularidade a tempo de disputar as eleições em 2026?

Raquel tentou enciumar João

Somente no domingo passado, quase 20 dias após o encontro com a governadora Raquel Lyra (PSDB), o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), assumiu que esteve frente a frente com a tucana. Lá atrás, estranhamente, negou, porque havia acordado com a governadora sigilo absoluto.

Mas quem vazou, até para criar um clima de desconfiança por parte do prefeito João Campos (PSB) com o herdeiro político do ex-senador Fernando Bezerra Coelho, foi a própria governadora. E para dar a entender que estava se aliando a Miguel. Este, entretanto, só tomou conhecimento do vazamento quando estava participando de uma feira agrícola no exterior.

Raquel vazou porque saiu da conversa extremamente desapontada com Miguel, a quem ofereceu a Secretaria de Infraestrutura e outros espaços, sem que houvesse da parte do interlocutor qualquer interesse. Se tivesse beliscado a isca, aliás, o ex-prefeito petrolinense teria cometido um dos maiores erros da sua, até aqui, bem-sucedida carreira.

Mais popular prefeito de Petrolina, um dos mais aprovados na gestão de cidades de porte médio do País, Miguel foi candidato a governador nas eleições de 2022, mas não chegou ao segundo turno por uma fatalidade: a morte do marido de Raquel, no dia da eleição, fator que provocou uma grande emoção no Estado, arrastando a tucana para o poder.

Ela nunca admitiu esse episódio fatídico e lamentável, mas basta fazer uma simples consulta ao Google: mais de 400 mil pernambucanos foram buscar o número da candidata tucana no site de buscas no dia da eleição. Na chegada ao segundo turno, Raquel ganhou o apoio de Miguel no calor da comemoração do primeiro turno.

Um apoio que deu resultado: saiu de Petrolina com mais de 86 mil votos, enquanto no primeiro turno recebeu pouco mais de quatro mil votos. Os votos caíram no balaio de Raquel pela força de Miguel, porque o Sertão, com exceção de Petrolina, votou em peso em Marília Arraes, casando o voto com o do presidente Lula.

Passadas as eleições, Raquel esteve três vezes com Miguel e em todos os encontros não abriu o seu Governo para o ex-prefeito. Tergiversou o tempo todo e na hora dos finalmente não colocou nada na mesa, tudo porque temia sombra, como temeu a sombra de outros aliados, como Anderson Ferreira. Como disse, ontem, neste espaço, Raquel acha que o sol só brilha para ela.

RECADO DADO – Diferente do encontro sigiloso e mal explicado com a governadora, Miguel Coelho esteve, ontem, com João Campos no Recife e logo após o encontro o prefeito levou ao conhecimento público pelas redes sociais. Tudo, claro, para mostrar à governadora que ela não vai conseguir dividir as lideranças que João está arregimentando em torno da sua provável candidatura a governador nas eleições de 2026.

Dos três, vai sobrar um – Por falar em Miguel, o projeto do ex-prefeito de Petrolina é disputar uma vaga ao Senado na chapa de João Campos. Em 2026, estarão em jogo duas vagas para a Casa Alta. No campo da aliança com João, Miguel terá pela frente uma queda de braço com dois concorrentes que seriam candidatos naturais na chapa do socialista ao Palácio das Princesas: o senador Humberto Costa, que tem projeto de ir à reeleição, e o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

Presidencialismo moderno – Em entrevista à Folha e ao Frente a Frente, ontem, o deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), autor da proposta da adoção do semipresidencialismo, que já tem números de assinaturas suficientes para começar tramitar no Congresso, disse que a ideia não foi colocada para um plebiscito porque não se trata de uma mudança de regime, mas do aperfeiçoamento do presidencialismo.

Estado pode sofrer apagões – Pernambuco está incluso na lista dos 11 estados com riscos de sofrer apagão, segundo alerta Operador Nacional do Sistema Elétrico, o ONS. O motivo apresentado pelo órgão é a produção de energia por painéis solares em casas e comércios. No Nordeste, além de Pernambuco, estão ameaçados a Paraíba, Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte. O relatório recomenda que sejam traçadas estratégias para assegurar uma operação eficiente da malha energética com os desafios causados pela “crescente descentralização dos recursos de geração”.

Tabata ministra? – Corre nos bastidores de Brasília que a deputada Tabata Amaral, namorada do prefeito do Recife, pode despachar em breve na Esplanada dos Ministérios. Se couber ao PSB mais uma fatia de poder no bolo que os partidos aliados disputam junto a Lula, ela iria para o Ministério de Ciência e Tecnologia, hoje ocupado pela pernambucana Luciana Santos (PCdoB), que seria remanejada para o Ministério da Mulher.

CURTAS

REVOADA – Mais de 80 prefeitos pernambucanos desembarcaram, ontem, em Brasília, para um encontro promovido pelo Governo Federal no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O ponto alto será, hoje, com a presença do presidente Lula e uma penca de ministros.

PETRIBU – Pertence ao grupo Petribu a fábrica de cimento que encerrou suas atividades, definitivamente, em Carnaíba, no Sertão do Pajeú, jogando na rua da amargura mais de 40 trabalhadores. Com a marca “Cimento Pajeú”, a indústria ainda operou por 12 anos depois de identificar uma grande jazida da matéria prima naquele município.  

ACÓRDÃO – Na conversa com João Campos, Miguel Coelho antecipou o que veio a ser oficializado no início da noite: o controle do União Brasil no Estado, travado com o deputado Mendonça Filho, teria chegado a um bom termo, ele na presidência e Mendonça na vice.

Perguntar não ofende: Raquel vai para o MDB ou o PSD?

O sol só nasce para iluminar Raquel

Terra de Paulo Freire, patrono da educação brasileira, referência mundial na área, cujo legado transformou o ensino ao defender a educação como ferramenta de libertação e consciência crítica, Pernambuco passa a ter agora, na desastrosa gestão Raquel Lyra (PSDB), a Secretaria de Educação ocupada por um nome sem qualquer experiência no setor.

O novo secretário de Educação, Gilson Monteiro Filho, é mais um braço sem qualificação da extensão, lamentável, da chamada “República de Caruaru”. Uma pena para um Estado que já teve à frente da política educacional nomes de renome como José Jorge, hoje ministro aposentado do TCU; Silke Weber, pedagoga e socióloga; Mozart Ramos, ex-reitor da UFPE e ex-presidente da Fundação Ayrton Senna; e Raul Henry, que fez da Educação um dos pilares de sua trajetória política.

Em se tratando de Raquel Lyra, que tem medo de sombra, como disse pelas redes sociais o ex-secretário de Educação paulista que levou um chute no traseiro, ter um secretário numa das pastas mais importantes do Estado, sem qualquer vivência pedagógica, cuja atuação sempre esteve distante das salas de aula e das discussões sobre políticas educacionais, não surpreende.

A bem da verdade, sua maior credencial é ser o fiel executor das ordens e assinador de cheques de Raquel Lyra. Gilson já respondia, interinamente, pela pasta, desde janeiro, quando Alexandre Schneider, o paulista importado por sugestão de Gilberto Kassab, foi demitido, mas saiu com a versão de que pediu exoneração após apenas seis meses no cargo.

Nos bastidores, especula-se que Schneider foi afastado do governo por resistir a pedidos de interferência nos critérios do Índice de Desenvolvimento da Educação de Pernambuco (IDEPE), um dos pilares da avaliação da qualidade do ensino no Estado. Agora, o posto máximo da Educação é ocupado por alguém que nunca teve protagonismo nas discussões pedagógicas ou nas políticas públicas para o setor, mas que se consolidou como homem de confiança de Raquel Lyra desde sua gestão em Caruaru.

A trajetória de Gilson Monteiro Filho passa longe das políticas educacionais. Formado em Direito pela Associação Caruaruense de Ensino Superior (Asces), atuou por dez anos como procurador do município de Caruaru, entre 2009 e 2019. Depois, ocupou cargos administrativos na gestão de Raquel Lyra na Prefeitura, sendo secretário executivo de Licitações e Contratos (2020-2021) e secretário de Administração (2022).

Em 2023, quando Raquel assumiu o Palácio do Campo das Princesas, ele foi integrado à equipe da Secretaria de Educação, mas em uma função estritamente burocrática: secretário executivo de Administração e Finanças. Gilson na Educação reforça a tese, corrente em todos os segmentos formadores de opinião, de que a governadora só escolhe secretários que não lhe façam a mínima ameaça de o sol deixar de nascer e brilhar apenas para ela.

CONTROLE ABSOLUTO – A escolha de Gilson para a Secretaria de Educação, o segundo maior orçamento do Estado, demonstra um movimento de controle político da pasta. Em um Estado que construiu um dos mais bem-sucedidos modelos de ensino médio público do País, com escolas em tempo integral e resultados expressivos em avaliações nacionais, o cargo mais estratégico da área foi entregue a alguém que tem apenas o histórico de ser, politicamente, alinhado à governadora.

Kits e merenda, eis o mistério! – A oficialização do novo secretário Gilson Monteiro Filho ocorre em meio a uma sucessão de crises na educação estadual. A pasta passou por duas trocas de comando em pouco mais de um ano, vem enfrentando o adiamento para compra de kits escolares e contestações na licitude para compra e distribuição da merenda escolar, em razão da dispensa emergencial para abastecer a rede estadual de ensino, conforme este blog antecipou com provas irrefutáveis.

Evangélicos: a ameaça à reeleição de Lula – O crescimento constante e o posicionamento político resistente ao PT dos evangélicos ameaçam as possibilidades de reeleição do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2026. Segundo estudo da Mar Asset Management, divulgado ontem pelo portal Poder360, mais de ⅓ da população brasileira (35,8%) será evangélica em 2026. Eram 32,1% em 2022. O PT e os partidos de esquerda têm menos votos em municípios com maior presença desse grupo.

Por que Tarcísio esconde o jogo? – A pelo menos uma alta autoridade da República, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), admitiu, numa conversa privada em Nova York, há cerca de dez dias, que nem sob tortura dirá em público neste momento que deve mesmo ser candidato à presidência em 2026, segundo a coluna de Lauro Jardim, de O Globo. Tudo isso, claro, porque o padrinho dele, o ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda alimenta esperanças de recuperar sua elegibilidade, o que não está fora de cogitação com a chegada do bolsonarista Hugo Motta (Republicanos-PB) à Presidência da Câmara.

O exemplo do Ceará – Diferente do que ocorreu em Pernambuco, sábado passado, em Fortaleza, 115 torcedores do Fortaleza e Ceará, que brigaram, ontem, pelas ruas da capital antes do jogo, foram presos imediatamente. E tudo se encerrou por ali mesmo, sem a barbárie do que rolou por aqui. Isso é prova de diferença de gestão, de pulso e capacidade de decidir. Em Pernambuco, lamentavelmente, o que se viu foi os clubes serem punidos, enquanto os delinquentes continuam soltos, prontos para desafiar a polícia e o governo mais uma vez.

CURTAS

PREFEITOS 1 – Aproveitando a presença de vários prefeitos em Brasília, hoje, convocados pelo presidente Lula, o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, resolveu reunir o Conselho Político da entidade, que recentemente foi ampliado. Na pauta, está o que será prioridade para os municípios ao longo deste ano no Congresso e no Planalto.

PREFEITOS 2 – Entre o que é mais urgente, está a PEC que traz um pacote de medidas importantes para a previdência dos municípios. A proposta parcela as dívidas dos municípios em até 300 meses. Há ainda o novo regime especial de precatórios, com limite anual para pagamento; e a extensão da reforma previdenciária com as mesmas regras do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos servidores da União para os Municípios. São mais de R$ 330 bilhões em impacto aos municípios.

QUEM CALA, CONSENTE – O ex-prefeito de Salgueiro, Marcones Libório Sá (PSB), não deu um pio em relação ao rombo de R$ 20 milhões que teria deixado para o seu sucessor Fabinho Lisandro (PRD). Os detalhes da herança maldita foram apresentados pelo próprio Lisandro numa coletiva com jornalistas na última quinta-feira.

Perguntar não ofende: Com exceção de um seleto grupo de Caruaru, quem conhece o novo secretário de Educação de Raquel?

Hugo Motta e a bola fora da semana

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Mal assumiu a presidência da Câmara dos Deputados e o deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos) já deu uma bola fora. Disse que não houve tentativa de golpe no Brasil no dia 8 de janeiro de 2023. Segundo Motta, eram apenas “vândalos e baderneiros” criando confusão em Brasília.

A declaração foi dada em entrevista, ontem (7), à rádio Arapuan FM, de João Pessoa, capital da Paraíba, e teve péssima repercussão no meio político e na imprensa, principalmente porque a fala desmoraliza completamente o trabalho da Polícia Federal e ignora o trabalho minucioso da instituição.

“O que aconteceu não pode ser admitido que aconteça novamente. Foi uma agressão às instituições. Foi uma agressão inimaginável, ninguém imaginava que aquilo pudesse acontecer. Agora querer dizer que foi um golpe? Um golpe tem que ter um líder, tem que ter uma pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas e não teve isso”, declarou Motta.

No entanto, a Polícia Federal (PF) indiciou 40 pessoas no total e imputou a elas os crimes de abolição do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. Entre os indiciados, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o seu ex-candidato a vice, o general Braga Netto, que segue preso desde dezembro, a pedido da própria Polícia Federal, por suspeita de estar coagindo testemunhas do caso.

Ao contrário do que disse Hugo Motta, as investigações da PF apontaram que havia, sim, um líder tentando o golpe: Jair Bolsonaro. Também havia pessoas estimulando esse mesmo golpe: generais do Exército e um almirante da Marinha, além de outros aliados de Bolsonaro. As instituições do Exército e Marinha como um todo não aderiram à tentativa, mas membros fizeram parte daquele projeto de impedir a posse do governo eleito.

Além de descredenciar publicamente o trabalho da PF, Hugo Motta fez um claro aceno à extrema-direita brasileira e passou a imagem de que estava apenas esperando ser eleito presidente da Câmara, com os votos da esquerda e o apoio do presidente Lula (PT), para começar a dar dor de cabeça ao Poder Executivo, visto que hoje completam apenas oito dias da sua eleição.

QUEM É O VERDADEIRO HUGO MOTTA ? – A declaração do deputado deixou a dúvida de quem é ele verdadeiramente, já que no discurso de posse, há apenas oito dias, o parlamentar lembrou Ulysses Guimarães, defendeu a democracia e exibiu um exemplar da Constituição brasileira. Hugo Motta chegou a repetir a frase de Guimarães “tenho ódio e nojo à ditadura”, sendo aplaudido pelo plenário da Câmara. Mas, uma semana depois, minimizou a maior tentativa de ruptura democrática no Brasil desde a década de 1960.

Ainda estou aqui – Vale lembrar que, também na posse, o parlamentar também fez referência ao filme Ainda Estou Aqui, que conta a história do ex-deputado federal Rubens Paiva, preso e morto pela ditadura, o que certamente aconteceria com outros deputados se um novo golpe fosse dado no País, como queriam os baderneiros os quais ele minimizou as ações. Hugo Motta precisa decidir quem ele é e o que ele defende. Ele defende a democracia ou ele passa pano para golpistas? As duas coisas não dá.

Preparando o terreno – A fala do deputado foi interpretada por alguns como uma tentativa de preparar o terreno na sociedade para um possível projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro, que conta com a resistência da esquerda. Sobre o assunto, ele disse: “não posso chegar aqui e dizer que vou pautar a anistia semana que vem, ou não vamos pautar. Será um tema que vamos analisando, digerindo”.

Programa Terra Plantar – Agricultores estão insatisfeitos com a distribuição de sementes para plantio, no Sertão de Pernambuco. De acordo com denúncias dos trabalhadores, o Governo do Estado, além de entregar o material com atraso, mandou sementes sem qualidade. Alguns entraram em contato com a Rádio Pajeú para reclamar da situação do milho distribuído no programa Terra Plantar, do IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco). A queixa é de que as sementes só têm qualidade para ração, sem condições de plantio. Contactada pela produção do programa Manhã Total, a gerência regional do IPA disse estar em contato com a direção estadual para uma solução rápida, diante da volta das chuvas.

Escola da gestão de Paulo Câmara – Líder do PSB na Assembleia Legislativa, o deputado Sileno Guedes celebrou, ontem, a entrega da Escola de Referência em Ensino Médio Tristão Ferreira Bessa, em Lagoa de Itaenga, na Mata Norte de Pernambuco, demanda cobrada pelo seu mandato em outubro do ano passado. O parlamentar criticou, porém, o fato de a governadora Raquel Lyra (PSDB) omitir que, embora a unidade já tivesse sido praticamente concluída pela gestão anterior, do ex-governador Paulo Câmara, passou os últimos dois anos sem ser inaugurada por “descaso do atual Governo”. Nesse período, o prédio ficou tomado pelo mato enquanto mais de mil alunos estavam à espera do espaço.

CURTAS

Partido Liberal em 2026 – Membros do PL em Pernambuco vem aos poucos defendendo uma candidatura de terceira via para o Governo de Pernambuco, em 2026. O deputado estadual Renato Antunes (PL) já havia dito que o partido precisa de um “jogador para o jogo de 2026”. Ontem, foi a vez do deputado estadual Alberto Feitosa (PL) reforçar a ideia. Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, o parlamentar afirmou que a eleição deve ter influência direta do pleito nacional, advertindo que pode ser um cenário polarizado entre o atual governo e um representante da direita bolsonarista. “Não só tem espaço, como tem a necessidade de uma terceira via. A eleição vai ser nacionalizada”, cravou.

Dema na Alepe – Homem forte da primeira gestão do prefeito João Campos (PSB), o ex-secretário de Governo do Recife, Aldemar Santos, o Dema, é o novo superintendente geral da Assembleia Legislativa. Ele teve a nomeação para o cargo publicada no Diário Oficial de ontem, substituindo o ex-deputado Isaltino Nascimento, que assumiu a Secretaria de Educação do Cabo de Santo Agostinho, cidade da Região Metropolitana.

Manual da Amupe – A Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) lançou, ontem, o Manual do Programa Replica Boas Práticas, iniciativa estratégica que visa reconhecer e divulgar experiências bem-sucedidas dos municípios pernambucanos. O programa convida as gestões a cadastrarem suas ações em um banco de boas práticas, com a oportunidade de terem suas iniciativas apresentadas durante o 8º Congresso Pernambucano de Municípios, que acontecerá em abril deste ano. O atual presidente da Amupe é Marcelo Gouveia, que buscará a reeleição este mês.

Perguntar não ofende: quando a governadora Raquel Lyra vai anunciar seu novo partido?