Coluna da quarta-feira

Mais uma jogada eleitoreira

Uma semana após explorar politicamente a tragédia do Rio Grande do Sul, nomeando Paulo Pimenta, pré-candidato a governador do Estado em 2026, como ministro da Reconstrução, o presidente Lula transformou, ontem, a Marcha dos Prefeitos, em Brasília, em palanque eleitoral.

Na tentativa de eleger o maior número de prefeitos nas eleições deste ano, o petista mudou o discurso em relação ao projeto de desoneração da folha para municípios com até 167 mil habitantes. Se lá atrás a taxação da contribuição de 20% – e não 8% – para o recolhimento da contribuição previdenciária seria imprescindível para a União, passou a não ser mais desde ontem.

Diante de um batalhão de prefeitos, Lula abandonou a retórica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que chegou a trombar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por este ter ficado ao lado dos municípios, e defendeu pressa na aprovação do projeto de desoneração no modelo que atende aos prefeitos.

No ano passado, quando foi cobrado sobre o assunto, para não contrariar o ministro da Fazenda, Lula disse: “Não podemos fazer apenas desoneração sem dar contrapartida aos trabalhadores, eles precisam ganhar alguma coisa. A empresa deixa de contribuir sobre a folha e o trabalhador ganha o quê? Não tem nada escrito [na lei] que ele vai ganhar R$ 1 a mais no seu salário”.

Já ontem, numa postura eleitoreira e oportunista, afirmou diante dos prefeitos: “É preciso que haja urgência na votação no Senado da desoneração dos municípios com até 156 mil habitantes para que os prefeitos não sejam pegos de surpresa”. Trata-se de uma mudança radical, mas com viés eleitoreiro: Lula quer eleger o maior número de prefeitos nas eleições deste ano.

Vaia estrondosa – O presidente Lula se deu mal na Marcha dos Prefeitos. Levou uma estrondosa vaia quando foi anunciado no palco na cerimônia. As vaias foram dadas por alguns prefeitos que estavam na plateia. Em contraposição, a outra parte do público tentou abafar a manifestação com gritos efusivos em apoio ao petista. Em seu discurso, Lula não citou as vaias. Ele afirmou que o Brasil vive um novo momento, de “civilidade” entre todos os entes públicos, e agradeceu o “respeito” e “carinho” com que foi tratado no evento.

Defesa de Lula – Em seu discurso de abertura, o presidente da CNM (Confederação Nacional de Municípios), Paulo Ziulkoski, pediu respeito às autoridades e que não houvesse vaias. Ele também fez elogios ao governo federal, especialmente ao ministro Haddad. “Temos que primar pelo respeito às nossas autoridades. Não estamos aqui para disputa de direita, de centro e de esquerda. Aqui estão os municípios do Brasil representados pelos prefeitos e prefeitas. Peço encarecidamente ao plenário para que aqui não haja vaias”, apelou.

Aumento escalonado – O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), será o relator de uma proposta que mantém a desoneração dos 17 setores da economia e deve manter a desoneração da folha de pagamento das cidades em 2024. Hoje, os municípios pagam uma alíquota reduzida de 8% sobre a folha de pagamento dos funcionários municipais. A ideia é que a reoneração aconteça de forma escalonada a partir de 2025, como deve ser feito com os 17 setores da economia. Antes, a alíquota era de 20%.

Estadão falido – O jornal O Estado de S. Paulo, conhecido como Estadão, contraiu dívida milionária ao arrecadar R$ 142,5 milhões por meio da emissão de debêntures. Essa medida é uma tentativa de fortalecer a saúde financeira da empresa, que luta contra uma crise que afeta praticamente toda a mídia impressa. A sociedade anônima (SA) do Estadão levantou os cerca de 142,5 milhões de reais em duas emissões de debêntures — títulos de dívidas que concedem um direito de crédito ao investidor — com investidores institucionais e private banking. A informação é do Brazil Journal.

Virou um santo – A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, por maioria, acatou pedido da defesa de José Dirceu e extinguiu a pena de corrupção passiva contra o ex-ministro. O colegiado considerou que a pena, relacionada à Operação Lava Jato, prescreveu. O caso foi julgado, ontem, pela Segunda Turma. Votaram no sentido da extinção da pena os ministros Nunes Marques, Ricardo Lewandowski (antes da aposentadoria) e Gilmar Mendes. No sentido contrário, tiveram votos vencidos Edson Fachin, relator do habeas corpus, e Cármen Lúcia. O ministro Dias Toffoli não votou.

CURTAS

VIOLÊNCIA – Um grupo de homens armados invadiu a residência de um casal de comerciantes e manteve a família refém, amarrada por cordas de náilon, por cerca de uma hora no bairro da Linha do Tiro, na Zona Norte do Recife. Segundo a Polícia Civil, os criminosos obrigaram uma das vítimas a transferir dinheiro para uma conta, levando, ao todo, R$ 7 mil pelo PIX, e R$ 2 mil em espécie, além de objetos de valor.

VIOLÊNCIA 2 – Um homem de 25 anos foi baleado, ontem, após tentar assaltar um casal no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. Segundo informações de testemunhas, uma das vítimas conseguiu tomar a arma do ladrão e atirou contra ele. Ferido, o criminoso tentou fugir do local e correu até o Hospital Agamenon Magalhães, onde pediu ajuda e, em seguida, foi preso.

FORA DA MARCHA – Ex-presidente da Amupe, a Associação Municipalista de Pernambuco, a prefeita de Serra Talhada, Márcia Conrado (PT), também não foi participar da Marcha dos Prefeitos. Mas, ao contrário dos prefeitos Gilvandro Estrela (Belo Jardim) e Zé Martins (João Alfredo), sua ausência se deu em razão da morte de um familiar do seu esposo.

Perguntar não ofende: Se virar moda a vaia que Lula levou ontem vai ficar difícil ele andar pelo País?

Inserções provocam crise no PL e vira galhofa

Candidato mais competitivo do bloco das oposições no Recife, tendo aparecido com 22% das intenções de voto na pesquisa do Atlas Intel sem nem ter posto o bloco na rua, o ex-ministro Gilson Machado continua tendo que se sujeitar aos caprichos da família Ferreira no PL, seu partido.

Tudo isso, mesmo sendo hoje a maior liderança e tendo o apoio incondicional do ex-presidente Jair Bolsonaro. Exemplo mais recente desta situação pode se tirar da leitura das inserções de 30 segundos na propaganda eleitoral na TV, que serão veiculadas ao longo desta semana.

Segundo o blog tomou conhecimento, ao invés de o presidente do partido, Anderson Ferreira, propagar a imagem de Gilson, o dirigente se escalou como papagaio de pirata, usando o tempo significativo das inserções para uma campanha de filiação partidária. O que chama atenção ainda é a decisão de Anderson de fazer Gilson dividir o tempo com outros candidatos, ao invés de priorizar a disputa na Capital e Jaboatão.

As inserções, claro, já geraram um novo conflito interno no PL, que continua sendo comandado de forma isolada pela família Ferreira. Nos próximos dias, serão 40 inserções de 30 segundos divididas entre todos os pré-candidatos. Se isso não fosse mais que uma trapalhada, o cômico é ver Anderson, que nem está na disputa municipal, encerrar todos os comerciais pedindo filiação ao partido.

Segundo as bancadas do PL na Câmara Federal e na Alepe, as inserções deveriam priorizar os candidatos a prefeito de peso e não pedidos de filiação partidária. Há inserções com até três pré-candidatos, “uma verdadeira lambança”, conforme definiu um dos liberais.

Os aliados de Gilson acham que Anderson está prejudicando fortemente o processo natural do ex-ministro de conquistar o eleitorado recifense além da fronteira bolsonarista. O mais lógico, evidentemente, seria Gilson ser a vitrine dessas inserções nos horários nobres da televisão. Mas a família Ferreira, sobretudo Anderson, insiste em tocar o partido como se fosse propriedade patriarcal, uma extensão dos seus interesses domésticos.

Mas o que já é evidente é que ele não lidera nem mesmo Mano Medeiros em Jaboatão, que já entendeu que para se reeleger precisa ser ele próprio.

Maior partido do Brasil, o PL parece ser provinciano em Pernambuco.

Novas urnas – O Tribunal Regional Eleitoral iniciou, ontem, a distribuição dos modelos mais atuais de urnas eletrônicas para os colégios eleitorais do Interior. O novo modelo vai substituir as que foram usadas nas eleições de 2010, já no ciclo final de uso. Serão recolhidas para descarte. Petrolina foi a primeira cidade a receber um total de 980. A troca vai contemplar 10 dos 18 polos eleitorais do Estado.

Salve-se quem puder!  – O plano de segurança que a governadora Raquel Mandacaru Lyra lançou, prometendo reduzir em 30% os homicídios no Estado, não serve para absolutamente nada. Sem proteção policial nas ruas, as pessoas vão escapando da morte por milagres, como é o caso de um entregador que reagiu a uma tentativa de assalto em Abreu e Lima e foi “salvo” pela mochila que carregava nas costas. Segundo testemunhas, os bandidos atiraram contra a vítima, mas o tiro atingiu a mochila. O crime foi filmado por uma câmera de segurança e enviado para a TV-Globo.

Duplo feminicídio – Em menos de 24 horas, duas mulheres foram assassinadas no Grande Recife. No domingo, a Polícia Civil registrou a ocorrência em que uma mulher, de nome e idade desconhecidos, foi morta a tiros em via pública, na Comunidade de Cabo Verde, no bairro de Sapucaia, em Olinda. Já em Jaboatão, uma mulher de 25 anos foi encontrada morta dentro de casa, com diversos sinais de ferimentos causados por arma branca. A ocorrência foi registrada pela Força-Tarefa de Homicídios da Região Metropolitana Sul como feminicídio. O corpo da vítima foi encontrado no quarto da residência onde ela morava, na Rua Frei Caneca, no bairro de Cajueiro Seco,

E aí, Governo Lula? – Os números da dengue não param de crescer. O Brasil alcançou, ontem, a marca de 5.100.766 de casos prováveis de dengue em 2024. A informação consta na mais recente atualização do Painel de Monitoramento das Arboviroses, abastecido com base em dados do Ministério da Saúde. No total, são 2.827 mortos pela doença. Esta é a maior quantidade de óbitos confirmados desde o início da série histórica no país, em 2000. O número supera, inclusive, o recorde registrado em todo o ano de 2023 (1.094 mortes).

Fim da era socialista – O reinado do PSB em São José do Egito, no Sertão do Pajeú, terra sagrada da poesia, pode terminar nas eleições deste ano, com a chegada ao poder pela oposição. Já liderando todas as pesquisas, o terror do prefeito Evandro Valadares, que lançou um dentista sócio do seu genro por não poder mais concorrer, atende pelo nome de Fredson Brito, empresário bem-sucedido na área da construção civil e hotelaria. Terá como vice o ex-deputado José Marcos, uma lenda na política do faraó do mote Rogaciano Leite.

Curtas

DÍVIDA – Em entrevista logo após tomar posse, ontem, em Brasília, para mais um mandato à frente da CNM, Paulo Ziulkoski disse que o valor das dívidas de 4,2 mil prefeituras com o sistema regime geral é de R$ 248 bilhões. Segundo ele, está em negociação o chamado refis, cujo volume de recursos não implica em nenhum tipo de recurso da União.

IMPACTO – Pelos dados da CNM, além da situação das prefeituras com a previdência geral, 81% dos 2.180 municípios com Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) têm débitos; e o valor da dívida está em mais de R$ 312 bilhões. No entanto, segundo Ziulkoski, a questão mais grave é o impacto do aumento da folha, assim como o cálculo atuarial dos Fundos Próprios de Previdência.

CONTRATAÇÕES – O funcionalismo público, segundo o presidente da CNN, cresceu 12,5% entre 2010 e 2022, aumentou de 11 milhões para 12,4 milhões. Contudo, enquanto a União e os Estados tiveram contingente de 2,4% e 10,2% maior, respectivamente, as prefeituras precisaram contratar 31% a mais, passando de 5,8 milhões para 7,6 milhões.

Perguntar não ofende: Quantos prefeitos do PSB estão na lista das creches que Raquel Mandacaru mandou licitar?

Bem avaliado, Gilvandro será reeleito

Já estou cansado de repetir neste espaço uma velha ladainha: gestor público bem avaliado, seja presidente, governador ou prefeito, só não emplaca um novo mandato se houver algo muito grave ao longo da campanha. É o caso de Belo Jardim, no Agreste, a 180 km do Recife. Ali, o prefeito Gilvandro Estrela (UB) tem quase 80% de aprovação – 78,9%.

Por isso, na primeira pesquisa do Instituto Opinião, postada abaixo, ele aparece como franco favorito, abrindo uma frente de mais de 50 pontos diante de Doutor Maneco (Republicanos), atual vice, que rompeu e se lançou candidato pelo bloco da oposição. Uma eleição que, se não houver nenhum grave percalço no seu curso, será, verdadeiramente, um passeio.

Terra dos Mendonça, das baterias Moura, que virou uma marca nacional, Belo Jardim é um dos municípios mais importantes do Agreste pernambucano. No último censo do IBGE, sua população chegou a 79.507 habitantes, o que representa um aumento de 9,77% em comparação ao de 2010. No ranking de população dos municípios, Belo Jardim está na 20ª colocação no estado, na 91ª colocação na região Nordeste e na 407ª colocação no Brasil.

Nas eleições de 2020, Gilvandro teve 22.145 votos, o que representa 50,25% dos votos válidos, derrotando Isabelle Mendonça (PSB), esposa do ex-prefeito João Mendonça, que teve 12.999 votos – 29,50% do total. Concorreram ainda Wilsinho, do PTB, que teve 7.126 votos (16,17%) e Beto de Lulão, do PT, que teve 1.714 votos – 3,89%. Doutor Maneco foi escolhido vice de Gilvandro, mas resolveu romper no início deste ano.

“Houve distância e frieza, tanto em decisões políticas quanto na gestão municipal” da parte do prefeito”, alegou Maneco, numa nota enviada à mídia estadual. Em seguida, se filiou ao Republicanos, encorpou discurso de enfrentamento à gestão, mas não conseguiu unir o conjunto da oposição em torno da sua pré-candidatura.

Mendonça, grande parceiro – A gestão de Gilvandro Estrela avançou e se consolidou em Belo Jardim graças a sua aliança com o deputado federal Mendonça Filho (UB), herdeiro político do ex-cacique José Mendonça, o Mendonção, uma lenda no município. Embora não esteja na base do governo federal, Mendonça Filho ajudou o município priorizando suas emendas e buscando também parcerias com o Governo do Estado.

Gadelha aposta no apoio de Boulos – O deputado Túlio Gadelha (Rede) saiu animado do encontro que teve com um expressivo número de mulheres na última sexta-feira para disputar a Prefeitura do Recife. Embora a federação Rede-Psol no município já tenha se posicionado em favor da pré-candidatura de Dani Portela (Psol), Gadelha goza de prestígio com o presidente nacional da federação, Guilherme Boulos, de quem espera a decisão final sobre o imbróglio na capital pernambucana.

Tá ferrado – O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem déficit nominal quase igual ao registrado na situação mais crítica da pandemia de covid-19. Segundo o site Poder360, o impacto econômico provocado pelas enchentes no Rio Grande do Sul deve piorar a trajetória dos gastos públicos. Os programas sociais e a suspensão no pagamento da dívida do Estado vão aumentar a dívida bruta do governo, que em março foi de 75,7% do PIB (Produto Interno Bruto). O resultado nominal considera o saldo das receitas e despesas da União e inclui o pagamento dos juros da dívida bruta.

Gastos em alta – A expansão de gastos do Governo Lula fora das regras fiscais vai aumentar a dívida pública. No Boletim Focus, do Banco Central, os analistas do mercado financeiro aumentaram a projeção de 79,75% (estimativa da semana anterior) para 80% do PIB. Com a sinalização do Copom (Comitê de Política Monetária) em cortar a Selic em 0,25 ponto percentual, será mais caro custear os juros da dívida.

Senador vergonhoso – Nos últimos 12 meses, o senador paulista Alexandre Giordano (MDB) gastou R$ 145,4 mil da cota parlamentar do Senado para abastecer quase 25 mil litros de combustível em postos de gasolina de São Paulo, volume suficiente para dar cinco voltas na Terra ou cruzar o Brasil, do Oiapoque ao Chuí, 45 vezes. O levantamento foi feito pelo Metrópoles a partir da prestação de contas do parlamentar no Portal da Transparência do Senado e considerou o preço médio do litro da gasolina de R$ 5,87, registrado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) na segunda semana de maio, e um consumo de 10 km por litro.

CURTAS

ACINTE– As contas do senador gastador apontam que os valores foram gastos em 21 postos de gasolina diferentes. A maior parte, R$ 69 mil, foi no Auto Posto Mirante, na zona norte de São Paulo, base eleitoral de Giordano. Já R$ 66 mil foram pagos ao Auto Posto Irmãos Miguel, estabelecimento da cidade de Morungaba, distante cerca de 480 km da capital.

CANCELAMENTO 1 – Com o Rio Grande do Sul duramente afetado pela enchente, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) deveria cancelar a Marcha dos Prefeitos a Brasília, prevista para esta semana.  Seria uma manifestação de respeito aos prefeitos gaúchos, que não podem (e não devem) abandonar suas cidades em meio à crise. De mais a mais, essas marchas têm resultados pálidos e acabam virando mais um encontro de confraternização, com discursos que não têm qualquer consequência.

CANCELAMENTO 2 – Diante da decisão da CNM de não cancelar a marcha, prefeitos de Pernambuco, em respeito ao Rio Grande do Sul, resolveram não participar da marcha. O primeiro a desistir foi Gilvandro Estrela, de Belo Jardim, seguido de Zé Martins, de João Alfredo. Pelo menos até ontem, dos 184 prefeitos, apenas 70 haviam feito inscrição.

Perguntar não ofende: Não é insensatez fazer uma marcha de prefeitos em Brasília diante da tragédia no Rio Grande do Sul?

Quatro secretários de João se afastam 

Cotadíssima para vice na chapa do prefeito João Campos PSB), que disputa à reeleição no Recife, a secretária de Infraestrutura, Marília Dantas, filiada ao MDB, está deixando o cargo no próximo dia 6, prazo final de desincompatibilização para quem ocupa cargos na gestão pública, conforme as regras eleitorais adotadas para o pleito municipal deste ano.

Mas para despistar os que estão ansiosos, de olho na vaga, especialmente petistas, os três outros auxiliares que o prefeito filiou no apagar das luzes do prazo, em abril, também irão se afastar. São eles: Felipe Matos (Planejamento), que ingressou no Republicanos, e Maíra Fischer (Finanças), filiada ao União Brasil, além do chefe de gabinete Victor Marques, que entrou no PCdoB.

Marília é a mais cotada, seguida de Victor, espécie de braço direito de João, que está filiado a um partido que integra a federação liderada pelo PT, que quer, a todo custo, estar presente na chapa, diante da possibilidade de o prefeito, se reeleito, se afastar um ano e meio depois para disputar o Governo do Estado nas eleições majoritárias de 2026.

Mas o PT pode tirar o cavalinho da chuva: as chances de o prefeito escolher um nome indicado pelo partido são próximas a zero. Diante do cenário da eleição deste ano estar casada com a de 2026, esta para governador, João já decidiu escolher um vice da sua absoluta confiança, o que vai buscar dentro da sua própria equipe entre os quatro que irão se afastar em 6 de junho.

Interlocutores do prefeito na área política acham que Marília Dantas se encaixa como uma luva ao projeto da vice: além de ser uma espécie de cria de João, toca as principais obras da gestão. Revelou-se uma excelente executiva. Conhece a fundo a gestão como ninguém, tem o seu DNA em todos os projetos e obras e é da extrema confiança do chefe.

Agendão de obras – Marília Dantas está com um calendário de obras para o prefeito entregar até o dia 6, último dia do prazo permitido por lei, em ano eleitoral, para eventos dessa natureza. A sua pasta toca um leque de obras, entre elas parques que vão ser vitrines do Governo João, como os novos parques da Tamarineira, na Zona Norte, e do Aeroclube, na Zona Sul. Pelo cronograma, muitas dessas obras serão entregues apenas a primeira etapa.

Quem tem prazo, não tem pressa – Apesar do afastamento dos quatro auxiliares em 6 de junho, João Campos só irá anunciar o seu vice no último segundo da prorrogação, porque ele segue a máxima do ex-senador Marco Maciel, que dizia que quem tem prazo não tem pressa. E se o PT pensa que pode se dar ao luxo de colocar a faca no pescoço do prefeito para anunciar antes, sob a ilusão de que abocanha a vice, está muito enganado. Pelo novo calendário eleitoral, as convenções serão em julho e antes disso o prefeito vai mantendo o mistério.

Túlio apela – Do deputado Túlio Gadelha, da federação Rede-Psol, ao comentar as declarações da deputada Dani Portela, sua concorrente na rede, de que sua pré-candidatura foi rejeitada pela federação: “Dentro do estatuto da federação, eles dão um prazo de 48 horas para cada partido recorrer sobre a divergência da deliberação. Nós recorremos 24 horas antes, mandamos um e-mail para a direção nacional. O presidente da federação nacional, Guilherme Boulos, acolheu o nosso requerimento, porque a gente precisa discutir uma candidatura competitiva, olhar a tática da federação e não é possível que o Psol lance candidatura em todas as capitais. Não me cabe decidir, cabe à federação e eu apoiarei a decisão nacional.

Missão de Raquel – Quando disse na sua fala que havia recorrido ao presidente nacional da federação Psol-Rede, Guilherme Boulos, para interferir no Recife, Túlio Gadelha só esqueceu de revelar também que quem está cumprindo essa missão é a governadora Raquel Lyra, que, coincidentemente, foi flagrada numa conversa reservada, na semana passada, com o próprio Boulos. Não é por acaso que Dani Portela e seus aliados acusam o deputado de representar uma pré-candidatura palaciana.

Baixa adesão – Pelo menos até ontem, estava extremamente baixa a adesão dos prefeitos pernambucanos para a marcha de Brasília, marcada para a próxima semana. Dos 184 municípios, apenas pouco mais de 70 haviam confirmado. Mas o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Marcelo Gouveia, prefeito de Paudalho, este número tende a subir, chegando próximo a 90, até a próxima segunda-feira.

CURTAS

DESONERAÇÃO 1 – O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu, ontem, a liminar que interrompeu a prorrogação da desoneração da folha de pagamento para 17 setores da economia e municípios. Com isso, ainda que provisoriamente, foi retomada a validade de lei aprovada pelo Congresso Nacional que estendeu o benefício.

DESONERAÇÃO 2 – A decisão de Zanin acata proposta da Advocacia-Geral da União (AGU) por uma solução consensual, mediante a suspensão da ação pelo prazo de 60 dias. Mais cedo, nesta sexta-feira (17/5), a Advocacia do Senado Federal protocolou petição em que concorda com a medida.

SALÁRIO DE R$ 133 mil – Indicada pelo governo Lula para a presidência da Petrobras, a engenheira Magda Chambriard terá um aumento substancial de salário quando assumir o comando da petrolífera. Atualmente, Magda trabalha como diretora da assessoria fiscal da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), com salário bruto mensal de R$ 13,1 mil. Já como presidente da Petrobras, a engenheira terá remuneração mensal bruta de R$ 133,1 mil, um aumento de 1.024% em relação ao salário que recebia na assembleia.

Perguntar não ofende: Espelho meu, tem alguém no Governo Lula com um salário de marajá maior do que a nova presidente da Petrobras?

Lula politiza a tragédia 

Se havia uma certa expectativa por parte da população no Governo nas ações de reconstrução do Rio Grande do Sul, com a decisão do presidente Lula (PT) de politizar a tragédia, escolhendo Paulo Pimenta como ministro da pasta criada com esta finalidade, uma nuvem de desconfiança está pondo tudo abaixo.

Pimenta é gaúcho, adversário do governador Eduardo Leite (PSDB) e pré-candidato ao Governo do Rio Grande do Sul nas eleições de 2026. Na prática, Lula quer usar a tragédia das águas para fomentar um candidato petista ao Governo gaúcho. Nunca se viu na história recente do País a politização da tragédia ambiental e humanitária.

De forma reservada, integrantes do próprio governo admitem que a escolha de Pimenta tem, também, o componente político de se contrapor às ações do governador Eduardo Leite (PSDB), que estaria, na visão dos auxiliares de Lula, obtendo dividendos. Até ontem, a tragédia no Estado já havia deixado 149 mortos e 108 desaparecidos.

No Planalto, o plano é fazer da reconstrução uma vitrine do governo. O ex-presidente Jair Bolsonaro foi o mais votado entre os eleitores gaúchos em 2018 e 2022. Antes da oficialização de Pimenta, uma ala chegou a defender o nome do vice-presidente Geraldo Alckmin para assumir o posto. Mas Lula não embarcou nessa proposta.

Uma avaliação feita no Palácio do Planalto é que Alckmin tem um histórico de 30 anos de militância no PSDB, partido de Leite, e também não é do Estado. Além disso, em razão de seu estilo contido, o vice-presidente não entraria em embates com o governador se fosse necessário.

Acredite se quiser – Durante o ato em São Leopoldo (RS), na última quarta-feira, em que o Governo anunciou novas medidas de auxílio aos gaúchos, Paulo Pimenta foi oficializado no cargo e apresentado como o ministro que será responsável pela articulação da reconstrução do Estado. Aproveitou e fez um aceno a Leite ao dizer que trabalharia em parceria. Destacou ainda que o trabalho do governo federal é “complementar e suplementar ao do governo do Estado e das prefeituras”. “O presidente me pediu muito que tenha exatamente essa dedicação e essa disposição, governador (Eduardo Leite), de colaborar com o Governo do Estado, com os seus secretários”, afirmou.

Nem um pio para o governador – O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), disse, ontem, que soube pela imprensa que o presidente Lula indicaria Paulo Pimenta como titular do Ministério Extraordinário de Apoio ao seu Estado. Segundo o tucano, não houve qualquer comunicado prévio por parte de Lula ou de integrantes do governo federal sobre a indicação de Pimenta, antes de ela ser noticiada pela imprensa, na terça-feira passada.

Informado pela Imprensa – “Estou sabendo pela imprensa. Vou aguardar manifestação oficial. Não estamos sabendo de nada”, afirmou Leite ao ser questionado sobre o que achava da indicação de Pimenta, que é gaúcho, para o posto. Segundo auxiliares de Lula, o presidente só comunicou ao governador oficialmente da decisão durante reunião entre os dois na manhã da última quarta-feira. A indicação de Pimenta foi alvo de críticas por parte de aliados de Eduardo Leite. A crítica se deve sobretudo ao fato de Pimenta ser pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul em 2026.

Palanque eleitoral – Da tribuna da Alepe, o deputado Alberto Feitosa anunciou, ontem, que enviou ofício ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alertando que há claros indícios de palanque político eleitoral na nomeação de Paulo Pimenta. “Ficou claro que aquilo se tratou de um ato político e não solidário. É um aproveitamento da dor do povo gaúcho. Senhores ministros do TSE, sejam diligentes”, alertou.

Municípios discriminados – Presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Marcelo Gouveia, prefeito de Paudalho, lamentou que no pedido que o Governo fez, ontem, ao Supremo, para suspender a liminar tratando da desoneração da folha de pagamento de 17 setores produtivos da economia, os municípios com até 160 mil moradores tenham ficado de fora. Isso, segundo ele, vai colocar um tempero diferente na marcha dos prefeitos em Brasília, na próxima semana. “Foi uma tremenda discriminação com os municípios”, disse.

CURTAS

BOICOTE – O prefeito de João Alfredo, Zé Martins (PSB), também não vai à marcha dos prefeitos em Brasília, na próxima semana. Para ele, o prefeito de Belo Jardim, Gilvandro Estrela (UB), está certíssimo em boicotar o encontro. “Essas marchas são apenas turismo, gastar o dinheiro do povo”, disse Martins.

CÂMERAS 1 – Cinco meses após o desligamento das câmeras de segurança que monitoravam ruas e avenidas do Grande Recife, pedestres e motoristas continuam relatando medo por causa da falta dos equipamentos. A instalação estava prevista para abril deste ano, segundo a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS), mas ainda não aconteceu.

CÂMERAS 2 – Das 358 câmeras, 240 funcionavam no Recife, 38 em Olinda, e outras 40 em Caruaru, no Agreste, e em Petrolina, no Sertão. O prazo do lançamento do edital de licitação para contratar uma empresa para instalar os equipamentos, que inicialmente era dezembro de 2023, foi adiado pelo governo do estado: desta vez, para o final de maio.

Perguntar não ofende: A falta de câmeras está contribuindo para o aumento da violência no Grande Recife?

Lula humilhou Prates

Mesmo com o Governo e a popularidade em baixa, o presidente Lula continua arrotando prepotência. Corre nos bastidores de Brasília que humilhou o ex-presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, durante 20 minutos, no episódio em que deu um chute no traseiro do ex-senador potiguar petista.

Lula pegou pesado. Assistiram, constrangidos, os ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Alexandre Silveira, das Minas e Energia. Nas palavras de um interlocutor de Lula, foi “uma das mais difíceis que o petista teve neste governo”. Para Prates, não foi muito diferente. Conforme ele comentou após o afastamento com diferentes interlocutores, a sensação foi de que foi “humilhado” por Lula.

Lula, segundo as informações vazadas, ficou constrangido com a situação. Não explicou a Prates por que Rui Costa e Alexandre Silveira, que tentavam desde o ano passado tirá-lo da Petrobras, estavam na reunião. O presidente havia convocado Costa e Silveira poucas horas antes, cedendo a uma pressão que ambos exerciam há meses pela demissão de Prates, sob a alegação de que ele não entregava os resultados de que o País precisa na Petrobras.

Quem conhece o presidente na sua intimidade sabe que ele, quando perde a paciência, agride sem medir as palavras, com uma postura de rei na barriga. Isso não é hoje, vem desde quando foi eleito pela primeira vez. Com Prates, não respeitou nem a história do ex-senador petista, que vinha, segundo as vozes mais insuspeitas de Brasília e do poder, fazendo um excelente trabalho na Petrobras.

Lula é tão sem coração que detonou Prates diante dos seus algozes – os ministros Rui Costa e Alexandre Silveira. Estes viam há muito tempo pedindo a cabeça dele. Lula não comunicou a outros ministros de seu círculo mais restrito de confiança, como Fernando Haddad e Alexandre Padilha, de que iria fazer a mudança. Poucas horas antes, ambos não sabiam de nada.

A decisão de demitir Prates estava tomada há semanas, mas a decisão de comunicar Prates daquela maneira sobre a saída passou essencialmente pelo trio que agora, ao lado de Lula, recebia um espantado presidente da Petrobras, pego de surpresa com a presença de seus algozes.

A reação – Assim que Prates entrou na sala do presidente, ouviu de Lula a informação que havia decidido substituí-lo. “Eu e você temos visões diferentes sobre a importância que a Petrobras tem para o Brasil”, disse Lula, evitando encarar Prates. “Presidente, desta vez eu vou me permitir discordar do senhor. Das outras vezes em que eu vim aqui e o senhor me apresentou argumentos que chegavam ao senhor contra mim, eu discordava daqueles argumentos. Mas, agora que o senhor disse isso, a discordância é diretamente do senhor”, reagiu Prates.

Ambiente pesado – Segundo o site Metrópoles, Lula disse na sequência do bota fora de Prates que a crise da distribuição dos dividendos da Petrobras, em março, havia sido um ponto relevante para a demissão do ex-auxiliar. “A sua decisão de se abster na questão dos dividendos me pareceu uma afronta”, afirmou. “Presidente, o meu chefe de gabinete que está comigo aqui fora vai tratar com o Rui [Costa] sobre a minha saída. Quero lhe agradecer, mas preciso sair para cuidar da minha vida. Tenho que desmontar minha casa no Rio e tomar diversas providências. Obrigado”. Os quatro se levantaram quase ao mesmo tempo, Prates cumprimentou Lula, deu as costas aos três e saiu de cabeça baixa.

O mártir Pimenta – Ineficaz e desnecessário criar um ministério para socorrer e reconstruir o Rio Grande do Sul. Mais estranho ainda é nomear Paulo Pimenta, atual ministro das Comunicações, para tocar a nova pasta, não por desconfiar da sua capacidade gestora, mas pela sua condição de pré-candidato a governador do Rio Grande do Sul. Lula quer transformar Pimenta no mártir do Estado dele, para vê-lo governador dois anos depois. Claro, se ele der conta do recado.

Start da cassação – O Conselho de Ética da Câmara aprovou, ontem, uma representação que pede a cassação do mandado do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol-RJ) e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018. O parecer da relatora, deputada Jack Rocha (PT-ES), favorável à perda de mandato do congressista, foi aprovado por 16 votos a favor e 1 contrário.

Plano B de Raquel – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, a deputada Dani Portela, que oficializou sua pré-candidatura à prefeita do Recife pela federação Rede-Psol, disse que o seu concorrente Túlio Gadelha, da Rede, perdeu todas as condições de entrar na disputa porque foi derrotada por ele na convenção municipal da federação. “A federação só pode ter um candidato”, afirmou, adiantando que derrotou Gadelha por ampla maioria dos convencionais porque a candidatura dele estava a serviço da governadora Raquel Lyra. “Ele era um plano B de Raquel”, disse.

CURTAS

HABEAS CORPUS – O STF já tem quatro votos para manter decisão que negou um habeas corpus preventivo apresentado em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Corte analisa um recurso protocolado pelo advogado Djalma Lacerda para reverter uma decisão do ministro Kassio Nunes Marques que negou o pedido para livrar, antecipadamente, o ex-presidente de uma eventual prisão decorrida da investigação que trata da suposta tentativa de golpe de Estado para se manter na Presidência da República.

PE NO PODER – O jornalista pernambucano Laércio Portela virou ministro-interino da Secretaria de Comunicações (Secom), em substituição a Paulo Pimentel, nomeado ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul. Portela é uma boa figura, casado com Juliana, filha do economista Maurício Romão. No Estado, passou por várias redações e foi colunista político.

FILA RECORDE – A fila por uma vaga em UTI pediátrica em Pernambuco registrou o maior número deste ano. Segundo o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), 154 crianças aguardavam um leito na noite de terça-feira passada. Ontem, 144 bebês e crianças estavam na fila, de acordo com a Central de Regulação de Leitos do estado. Entre o mês de janeiro e o dia 11 de maio, foram registrados 2.383 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Mais da metade se deu em bebês e crianças com até quatro anos de idade.

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Maioria não quer Lula reeleito

Em meio à tragédia que se abate no Rio Grande do Sul, a economia sem reagir e os juros em alta, o presidente Lula começou a semana recebendo uma péssima notícia: 55% dos brasileiros não querem mais vê-lo no comando do País em um novo mandato, a partir das eleições de 2026. O levantamento é do Instituto Genial/Quaest e acendeu uma luz amarela no Planalto.

Outro dado trazido pela Quaest é que 23% dos que votaram no petista em 2022 acreditaram agora que ele não merece ser reeleito. Entre os que votaram em branco e nulo no último pleito, 63% também não querem ver Lula de novo como presidente. O levantamento realizou 2.045 entrevistas presenciais com eleitores de 120 municípios de 2 a 6 de maio.

No recorte por região, o Nordeste é o que mais apoia a reeleição de Lula, com 60% dos entrevistados defendendo um novo mandato para o atual presidente. Já a maioria dos entrevistados no Sudeste expressaram o contrário: 63% acham que Lula não merece ser reconduzido ao cargo. Só 1/3 (33%) apoiaria Lula em 2026.

A queda no desempenho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Sudeste foi fundamental para a eleição de Lula. A região concentra três dos maiores colégios eleitorais do país (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente), equivalente a mais de 40% do eleitorado brasileiro. Apesar da maioria dos pesquisados não acharem que Lula merece um novo mandato, o presidente seria reeleito em uma disputa contra o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos). Neste cenário, Lula teria 46% dos votos e Tarcísio, 40%.

Novo Getúlio – O senador Ciro Nogueira (PP-PI) comparou o atual governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao retorno de Getúlio Vargas ao poder, em 1951, depois do fim da ditadura do Estado Novo (1937-1946). Para Ciro, os dois presidentes vinham de experiências políticas positivas no passado. Mas tiveram um retorno desastroso. “Estamos repetindo um fato histórico. Comparo o que acontece hoje no Brasil com o retorno de Getúlio Vargas à presidência em 1951. Ele tinha sido um grande presidente que implementou diversas reformas. Mas, quando voltou, voltou fora da sua época. Não conseguia mais se comunicar. Não falo da carta testamento, mas do seu governo”, afirmou.

O bom exemplo de Belo Jardim – O prefeito de Belo Jardim, Gilvandro Estrela (UB), tomou, ontem, uma decisão extremamente lúcida e sensata: não irá a Brasília participar da Marcha dos Prefeitos na próxima semana. “Acho uma estupidez num momento em que o País vive essa tragédia do Rio Grande do Sul prefeito fazer marcha em Brasília. Eu não sou militar para marchar, quem me representa em Brasília é o deputado Mendonça Filho e o senador Fernando Dueire. Não vou a Brasília passear gastando dinheiro público, já tão escasso em nosso município”, desabafou.

Baixa adesão – A Marcha dos Prefeitos perdeu sentido. Os olhos do Governo e do Brasil estão voltados para o Rio Grande do Sul, Estado praticamente destruído pelas cheias. Parece que a atitude do prefeito de Belo Jardim ganhará ressonância. Pelos menos até ontem, dos 184 prefeitos do Estado apenas 70 haviam confirmado presença. Há muito, essas mobilizações de prefeitos em Brasília não dão resultado e servem apenas para gestor público fazer turismo na capital federal.

Falta de sensibilidade – Os prefeitos deveriam ter mais sensibilidade e suspender a marcha. Segundo balanço da CNM, entidade dos próprios gestores, os municípios gaúchos afetados pelos temporais desde o fim de abril já contabilizam mais de R$ 8,9 bilhões de prejuízos financeiros: R$ 2,4 bilhões no setor público, R$ 1,9 bilhão na iniciativa privada e R$ 4,6 bilhões no segmento habitacional. Até o momento, foram registrados impactos em 105,6 mil habitações. A entidade, que acompanha diariamente a situação, reforça que os dados são parciais, uma vez que as gestões locais enfrentam dificuldades de inserir as informações nos sistemas.

O chorão atrás de lenço – Preferido pela governadora Raquel Lyra (PSDB) na disputa pela Prefeitura do Recife, mesmo sem assumir, para não se atritar com seu candidato oficial Daniel Coelho (PSD), o deputado Túlio Gadelha (Rede) tende a perder a batalha para se viabilizar dentro da federação Psol-Rede Sustentabilidade. A sua concorrente Dani Portela (PSol) oficializa sua pré-candidatura hoje, às 18 horas, na sede do seu partido, com muito mais chances. Melhor para Gadelha, que chegou a chorar nas eleições de 2020 porque não teve o apoio do PDT, seu então partido, já reforçar de antemão o seu estoque de lenço.

CURTAS

CONVITE – O presidente Lula convidou os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para acompanhá-lo, hoje, na visita ao Rio Grande do Sul. Na viagem, o petista pretende anunciar novas medidas para socorrer a população do Rio Grande do Sul após as fortes chuvas que inundaram o Estado, matando mais de 140 pessoas.

MEDIDAS – Antes da viagem, Lula chamou, ontem, ao seu gabinete, os presidentes da Câmara e do Senado para uma reunião quando adiantou algumas das medidas que serão anunciadas. Em sua primeira visita ao Rio Grande do Sul após o início das chuvas, em 5 de maio, Lula já havia levado Lira e Pacheco junto. O ministro Edson Fachin, vice-presidente do STF, também acompanhou a comitiva.

PRISÕES – Uma operação deflagrada, ontem, prendeu 34 pessoas suspeitas de tráfico de drogas e outros crimes no Grande Recife e em João Pessoa (PB). Ao todo, 25 pessoas foram alvo de mandado de prisão e nove foram presas em flagrante pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Pernambuco (Ficco).

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Prefeitos a um passo da reeleição

Um levantamento do Portal Poder360, divulgado recentemente, mostra os prefeitos que lideram ou empatam a corrida para as eleições deste ano em dez capitais do País. A sondagem foi realizada em vinte cidades, entre os meses de março e maio deste ano.

Mesmo estando inelegível e sem nenhum mandato ativo, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem se mostrado um cabo eleitoral ativo. O PL, seu partido, tem sete pré-candidatos competitivos nas vinte capitais brasileiras com pesquisas disponíveis e lidera o ranking. Esses 7 políticos estão em primeiro lugar de forma isolada ou empatados dentro da margem de erro com um ou mais concorrentes. O segundo partido com mais competitividade é o União Brasil.

No Recife, o prefeito João Campos (PSB) lidera a corrida eleitoral com folga. Candidato à reeleição, João aparece na pesquisa com 57% das intenções de voto enquanto o pré-candidato do PL, o ex-ministro Gilson Machado Neto, figura 21%. O mesmo acontece com outro jovem gestor, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, conhecido como JHC, do PL. Ele apresenta 71%, enquanto todos os outros adversários aparecem com 13%.

Outra disputa sem surpresas pode acontecer em Salvador, o atual prefeito, Bruno Reis (UB), tem 62% das intenções do eleitorado, já o seu principal adversário, Geraldo Júnior (MDB), apresentou apenas 14%. O levantamento afirmou que as pesquisas divulgadas são uma fotografia do momento. Ainda pode haver alterações. O 1º turno das eleições de 2024 será em 6 de outubro.

Diferentemente do PL de Bolsonaro, que optou por lançar muitos candidatos próprios para a disputa eleitoral, o partido do presidente Lula, o PT, deve abrir mão de algumas capitais e de grandes cidades para apoiar nomes de siglas aliadas, tudo isso porque está de olho nas eleições de 2026. As prioridades do PT são: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

No Rio de Janeiro, o PT deve entrar numa aliança pela reeleição de Eduardo Paes. Em Belo Horizonte, é esperado que lance o deputado Rogério Correia. Já em São Paulo, a disputa é considerada nacional entre eleitores de Lula (que apoia Boulos) e de Bolsonaro (que apoia a reeleição do atual prefeito paulistano, Ricardo Nunes, do MDB). Siglas do chamado Centrão, como União Brasil, MDB e PSD, aparecem no top 5 do ranking de partidos com mais candidatos competitivos nas capitais.

Maioria não quer reeleição de Lula – A primeira edição da pesquisa Genial/Quaest sobre a eleição presidencial de 2026 mostra que, se a eleição fosse hoje, 55% da população não daria nova chance ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Enquanto isso, 42% apoiam a reeleição do petista e os 3% restantes, não sabem ou não responderam, de acordo com o levantamento divulgado ontem. Assim como na eleição de 2022, Lula tem maior apoio no Nordeste, onde o percentual dos entrevistados que dariam nova chance ao petista é de 60%.

Desabrigados no Bolsa Família – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia, com a equipe de ministros, medidas para ajudar as famílias atingidas pela tragédia climática do Rio Grande do Sul. Entre as propostas estão uma ajuda financeira de R$ 5 mil (parcela única) para cerca de 100 mil famílias – ou seja, a um custo de R$ 500 milhões e a inclusão no Bolsa Família de quem foi desabrigado e perdeu renda temporariamente. O pacote deve ser debatido hoje em uma nova reunião com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

Dívida suspensa – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que enviará ao Congresso um projeto de lei complementar para adiar, por 36 meses, o pagamento da dívida do Rio Grande do Sul com a União. Com a proposta, o estado pode ter uma folga orçamentária de quase R$ 11 bilhões exclusivamente para ações de reconstrução, após as enchentes que devastaram a região. Ainda de acordo com Haddad, o formato da retomada do pagamento ao fim dos 36 meses de suspensão ainda será debatido. “Vamos avaliar ao final do período. Esperamos que até lá as coisas tenham se normalizado”, disse.

Leite diz que decisão não é suficiente – O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que a medida de suspensão da dívida do Estado não é o suficiente, mas representa um “passo” no tema. Segundo ele, será preciso pensar em “soluções mais perenes” de longo prazo para o Estado. “Infelizmente não posso dizer que será suficiente essa medida. Vamos precisar de outros tantos apoios, outras frentes”, acrescentou o governador gaúcho.

Greve da enfermagem mantida no HCP – Auxiliares e Técnicos de Enfermagem e Enfermeiros do Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP), no Recife, decidiram continuar com a paralisação durante assembleia realizada com as categorias na noite de ontem. Os trabalhadores realizarão atos em frente à instituição hoje, a partir das 7h. “Não abriremos mão de suspender a paralisação desde que o dinheiro entre na conta dos trabalhadores. Estamos abertos ao diálogo, mas continuaremos mobilizados até uma resposta concreta”, ressaltou o presidente do Satenpe, Francis Herbert.

CURTAS

FLAGRANTE – Uma mulher de 34 anos foi presa em flagrante após ser filmada agredindo uma bebê de 8 meses e uma criança de 2 anos e 4 meses. A mãe descobriu o caso através das imagens das câmeras de segurança do condomínio em que mora. O caso aconteceu no domingo, no Dia das Mães. Segundo o TJPE, Adriana da Silva Dias teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva e foi levada para a Colônia Penal Feminina do Bom Pastor.

COMBATE AO RACISMO – Através de uma solicitação do mandato do deputado Doriel Barros (PT), a Assembleia Legislativa de Pernambuco criará a Frente Parlamentar de Combate ao Racismo. O objetivo da Frente é criar Leis e implementar ações que possam dar passos significativos na luta contra a discriminação racial no Estado. Doriel será o coordenador-geral da Frente, que será instalada hoje, no Plenarinho I da Alepe, a partir das 9h.

CASAMENTO – A Defensoria Pública do Estado de Pernambuco (DPPE) e o Tribunal de Justiça (TJPE) estenderam o prazo de inscrição para evento do Casamento Comunitário que contemplará 500 casais. Agora, os interessados terão até o dia 24 de maio para se inscreverem. A cerimônia está programada para o dia 11 de junho, às 15h, no Geraldão.

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Sinais de pato manco

Raquel Lyra (PSDB) rompeu sua relação política e administrativa com a família Ferreira, cujo maior latifúndio eleitoral é Jaboatão dos Guararapes. Demitiu no sábado, véspera do Dia das Mães, o presidente do Detran e todos os diretores da instituição, indicados pelo presidente estadual do PL, Anderson Ferreira.

Segunda maior receita própria do Estado, o Detran é cobiçado por todos os políticos. Passa agora ao controle do PP, liderado no Estado pelo deputado Dudu da Fonte. Raquel se elegeu pelo impacto da morte do marido, mas também atraindo eleitores lulistas e bolsonaristas, na medida em que ficou em cima do muro, não assumindo, no segundo turno, nem Lula nem Bolsonaro.

Mas quando decidiu entregar o Detran ao PL, a interpretação natural era de um alinhamento efetivo ao bolsonarismo, já que a secretária de Educação, Ivaneide Dantas, havia sido, também, indicada por Anderson. Aliás, foi secretária da mesma pasta na gestão do ex-prefeito de Jaboatão, que deve ter ainda outros penduricalhos no Governo do Estado.

A expectativa que se cria, a partir de agora, se dá quanto ao que vai decidir o grupo Ferreira. Mantém uma relação faz de conta com Raquel ou rompe? A segunda alternativa tende a ser a mais lógica, já que nas eleições municipais que se aproximam estarão em palanques diferentes – a governadora com Daniel Coelho e os Ferreira com Gilson Machado, pré-candidato do PL.

Mais difícil ainda será decifrar essa guinada política de Raquel: largando o bolsonarismo e entregando o Detran ao PP, partido alinhado ao Planalto, se aproxima, efetivamente, do presidente Lula? O gesto foi feito, mas o aliado incondicional do lulismo em Pernambuco é o PSB, do prefeito do Recife, João Campos, candidato à reeleição.

E a reeleição de João, com Lula no palanque, é a grande temeridade de Raquel. Dependendo do tamanho que o prefeito saia das urnas em outubro, a governadora pode virar um pato manco.

‘‘Pato manco” (lame duck) é uma expressão, usada principalmente na política norte-americana, que define o político que continua no cargo, mas que, por algum motivo, não pode disputar a reeleição e perde a expectativa de poder. A expressão nasceu na Bolsa de Valores de Londres, no século XVIII, em referência a investidor que não pagava suas dívidas e ficava exposto à pressão dos credores.

A ave (e o político) com problemas torna-se presa fácil dos predadores. A expressão surgiu de um velho provérbio de caçadores que diz: Never waste powder on a dead duck. Isto é, “nunca desperdice pólvora com pato morto”.

MANDACARU – Raquel foi cruel com os Ferreira. O que corre nos bastidores é que a família tomou conhecimento da vassourada no Detran pela mídia. Na véspera das demissões, na sexta-feira, o deputado André Ferreira, irmão de Anderson, se encontrou com a governadora no Interior, mas em nenhum momento ela sinalizou que iria demitir os aliados dele e da família acomodados no Detran. É por essas e outras que os deputados da base na Alepe só se referem a governadora como “Raquel Mandacaru”, o arbusto que não dá sombra nem encosto para ninguém.

Bancada lavou as mãos – Não há razões que a própria razão desconhece. Anderson e a família Ferreira perderam o Detran porque não estavam dando em troca o que a governadora queria: votos na Assembleia Legislativa. Praticamente todos os parlamentares da bancada do PL na Alepe se comportam como se fossem oposição. Além deste fato primordial, a própria bancada lavou as mãos diante da decisão, porque havia uma reclamação de que os Ferreira não compartilharam os cargos no Detran, nomeando apenas gente do seu grupo familiar.

Burburinho no PL – O que se comenta também é que o grupo Ferreira está a um passo de perder o controle do PL em Pernambuco. Anderson se mantém no comando do partido por influência do presidente nacional, Valdemar da Costa Neto. Há, entretanto, um inconformismo do grupo bolsonarista no Estado, liderado pelo ex-ministro Gilson Machado, pré-candidato a prefeito do Recife, que não tem a certeza do engajamento de Anderson e dos Ferreira em sua campanha.

Violência atinge o poder – Na tarde do último sábado, um homem foi baleado e preso em flagrante após tentar assaltar uma viatura descaracterizada que dá apoio à segurança da vice-governadora do estado, Priscila Krause (Cidadania). O crime aconteceu no bairro do Parnamirim, na Zona Norte do Recife. O assaltante estava armado com um revólver calibre 32 e foi preso pela própria equipe de segurança da vice-governadora, em frente a uma barbearia localizada na Avenida Parnamirim.

A versão do secretário – Nova vítima da violência desenfreada no Estado, Priscila Krause não estava no carro oficial que usa quando o meliante foi atingido por uma bala disparada por um dos seguranças dela. “A vice-governadora não estava no momento da ocorrência. O veículo não é utilizado por ela, mas sempre como apoio. Os policiais reagiram, ferindo o assaltante na perna e na mão”, confirmou o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, em nota sobre o crime.

CURTAS

VIDRO QUEBRADO – À TV Globo, a gerência da barbearia informou que o vidro do estabelecimento foi quebrado durante a prisão do criminoso, que se desequilibrou após ser baleado e caiu por cima da vidraça. A arma utilizada pelo assaltante, que tem passagens anteriores na polícia, foi apreendida, com seis munições, sendo duas pinadas e quatro intactas.

HOSPITALIZADO– A ocorrência foi registrada no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), no Recife. O assaltante foi levado, sob custódia policial, para o Hospital Getúlio Vargas, no bairro do Cordeiro, na Zona Oeste do Recife. Segundo a direção do hospital, o paciente passou por um procedimento e está bem.

AGRESSÃO – O repórter Arildo Palermo da RBS TV, afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, foi hostilizado durante uma entrada ao vivo no “Jornal da Globo” na noite da última quinta-feira. Um homem começou a criticar a emissora enquanto o jornalista estava no ar. “Vocês que são da Globo não prestam, desserviço da Globo. Mentira da mídia”, disse. William Bonner também foi criticado. “Você não tem mais autoridade aqui em Porto Alegre”, disse o homem ao se referir ao apresentador do “Jornal Nacional”.

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Estado em guerra civil silenciosa

Há mais de seis meses, a governadora Raquel Mandacaru Lyra (PSDB) anunciou um plano para inglês ver, pelo qual até o final de 2026 a criminalidade seria reduzida em 30%. Ao contrário do que prevê as metas do projeto, os homicídios crescem numa velocidade assustadora. O abril vermelho, como ficaram conhecidas as invasões de terra pelo MST no País, em Pernambuco se revelou num abril sanguinolento.

Nada menos do que 324 almas vivas foram para o além. No geral, os números são extremamente preocupantes, enquanto se observa uma gestão completamente perdida, com um plano oco, sem chances de dar certo, a tropa da PM nas ruas desestimuladas pelos baixos salários, delegados reclamando da falta de condições de trabalho, enfim, um caos na segurança pública.

Neste ano, o Estado já contabilizou 1.312 casos de Mortes Violentas Intencionais (MVIs). Novamente, a Região Metropolitana do Recife (RMR) e o Agreste concentraram a maior quantidade de assassinatos, isoladamente, contribuindo para a elevação dos números gerais da violência. A bandidagem não tem cor, não nem raça nem muito menos grau de instrução.

Um dos maiores casos de repercussão foi a morte do vigilante aposentado Antônio Lima do Nascimento, de 76 anos, vítima de bala perdida no bairro de Jardim Jordão, em Jaboatão dos Guararapes. O crime aconteceu na noite do dia 22, após a vítima sair de um culto evangélico.

Na última quinta-feira, perto da meia-noite, seis assaltantes entraram em um ônibus BRT da linha TI Camaragibe/Conde da Boa Vista, na Avenida Guararapes, e anunciaram um assalto. Na altura da Avenida Caxangá, um passageiro reagiu e esfaqueou um suspeito até a morte. Outro suspeito tentou fugir, se acidentou e sofreu traumatismo craniano. Os demais foram pegos por populares e espancados. O homem que inicialmente reagiu foi embora antes da chegada do policiamento.

Esta tem sido a dura e cruel rotina dos pernambucanos expostos ao medo. Um Estado em que muitos saem de casa para o trabalho sem a certeza de que voltarão vivos. Ao invés de reagir, a governadora Mandacaru prefere se preocupar com o seu cachorrinho Magno, levado para o adestramento em Caruaru.

Uma barbaridade atrás da outra – Na mesma quinta-feira, mais cedo, outra tentativa de assalto foi registrada em um ônibus que fazia a linha Camaragibe/Macaxeira. O coletivo passava nas proximidades da reitoria da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e do bairro do Sítio dos Pintos, quando um assaltante entrou e anunciou a investida criminosa. De acordo com testemunhas, um policial militar da reserva de 54 anos reagiu à tentativa de assalto e atirou no suspeito, atingido na região do testículo. O militar também acabou ferido à bala.

Episódio doloroso – Uma câmera de segurança filmou o momento em que o idoso Antônio Lima do Nascimento, de 76 anos, foi assassinado. Ele andava pela Rua Nossa Senhora do Desterro, quando dois homens passaram correndo perto dele. O homem de camisa escura atirou contra o outro que estava sem camisa, mas o tiro atingiu o aposentado, que caiu no chão e morreu. Vítima desta guerra civil silenciosa, Antônio deixou cinco filhos e nove netos. Até quando Pernambuco vai continuar assistindo, passivamente, essa crueldade?

Campeão imbatível 1 – Em 2023, primeiro ano da gestão Raquel Mandacaru, o arbusto que não dá sombra nem encosto para ninguém, Pernambuco teve a segunda maior taxa de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) por 100 mil habitantes do Brasil, ficando atrás apenas do Amapá. No Nordeste, foi o Estado de maior índice. A categoria inclui homicídios, lesões corporais seguidas de morte e latrocínios, que são roubos que acabam em mortes.

Campeão imbatível 2 – Os dados são do Monitor da Violência, levantamento do G1, site do Sistema Globo de Comunicação, com base nos números da Secretaria de Defesa Social (SDS). Foram registrados 38,8 crimes violentos a cada 100 mil residentes em Pernambuco, no ano passado. A taxa média do Brasil no mesmo período foi de 19,4. Único estado com um resultado proporcional maior, o Amapá contabilizou 45,2 crimes a cada 100 mil pessoas.

Plano sem consistência – O programa “Juntos pela Segurança”, lançado pelo Governo do Estado com o objetivo ambicioso de reduzir em 30% o número de Mortes Violentas Intencionais até 2026, não produziu nenhum resultado ainda. A deputada estadual Gleide Ângelo, crítica das políticas de segurança implementadas pelo governo de Raquel Lyra, diz que as medidas lançadas não valorizam os profissionais da segurança e isso tem contribuído para o aumento da violência. “Só reforça o que já venho dizendo há tempos: o plano Juntos Pela Segurança não tem efetividade nem valorização dos profissionais da segurança. Esse é o resultado: aumento da violência, que tende a disparar ainda mais”, afirmou.

CURTAS

FIM DE CIDADES – O ecólogo Marcelo Dutra da Silva, doutor em ciências e professor de Ecologia na Universidade Federal do Rio Grande (Furg), adverte que pode ser preciso mudar cidades inteiras de lugar após as enchentes que assolam o Rio Grande do Sul desde o começo de maio. Ele pontua a necessidade de os municípios gaúchos trabalharem a resiliência durante eventos climáticos como este e, em 2022, já havia feito um alerta sobre o despreparo com as mudanças climáticas.

ALERTA 1 – As cidades de São Lourenço do Sul, Pelotas, Rio Grande, na região do sul do Rio Grande do Sul (RS), encontram-se em estado de alerta máximo desde a última quarta-feira, quando houve uma mudança na direção dos ventos. A Defesa Civil pediu a evacuação imediata da área.

ALERTA 2 – O alerta é baseado na projeção de que o nível da Lagoa dos Patos chegará a 2,6 metros. Entretanto, a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), afirmou que a medição do nível da água deixará de ser divulgada, pois o nível da régua pode cair e gerar falsa impressão de baixa. No último boletim, divulgado às 11h de ontem, a Lagoa dos Patos chegou a 2,20 metros, nível que representa 1,4 metro acima do normal.

Perguntar não ofende: Quem é o candidato de Raquel a prefeito do Recife: Daniel Coelho ou Túlio Gadelha?