Coluna da terça-feira

Derrotas se dão por falta de diálogo

Nunca um governo sofreu tantas derrotas seguidas no Legislativo em Pernambuco quanto o de Raquel Lyra (PSDB). Já houve até revés que a obrigou a recorrer ao Supremo Tribunal Federal quando os deputados tentaram mexer no orçamento deste ano. Ontem, mais uma vez, a oposição confirmou que o castelo do governo tucano é de areia.

A Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ) da Alepe aprovou a emenda que antecipa o fim das faixas salariais da PM e Bombeiros para 2025, indo contra o projeto da governadora, que prevê a extinção das faixas um ano depois, em 2026. O substitutivo, de autoria da deputada estadual Gleide Ângelo (PSB), já havia sido aprovado na Comissão de Segurança Pública, na semana passada.

A relatora na CCLJ, Débora Almeida (PSDB), deu parecer contrário ao substitutivo. Alegou que os deputados não podem gerar despesas ao Estado, mas não foi acatada. Gleide Ângelo (PSB) diz que há espaço no orçamento para a antecipação do fim das faixas salariais. “A gente não está infringindo em nada a lei orçamentária e fiscal do Estado”, reforçou.

Segundo ela, o Estado tem condições de pagar. “Há recursos no orçamento e junto com isso vamos fazer justiça com a categoria”, acrescentou. Em votação nominal, cinco deputados votaram a favor: Sileno Guedes (PSB), Alberto Feitosa (PL), Rodrigo Farias (PSB), Romero Albuquerque (União Brasil) e Waldemar Borges (PSB). E três seguiram a orientação do Governo – Luciano Duque (Solidaridade), Joaquim Lira (PV) e Débora Almeida (PSDB).

A sétima ou oitava derrota de Raquel, não sei ao certo porque perdi as contas, é consequência de um governo fraco, que não valoriza nem preza o diálogo. Fraco em articulação, composto por uma equipe despreparada. Raquel quebra uma tradição histórica no Estado: a de governar sem uma maioria confortável na Assembleia. Os poucos parlamentares que ainda apresentam boa vontade com o Governo já a comparam a um mandacaru, arbusto que não dá sombra nem encosto para ninguém.

Escalonamento – Ao ser informada de mais uma derrota na Alepe, a governadora comentou: “Lamento muito. O compromisso nosso com o fim das faixas salariais permanece e estamos fazendo isso com muita responsabilidade. Se fosse algo simples, quem criou já tinha resolvido. A gente assumiu o compromisso, depois de um ano de muito trabalho, apertando os cintos, porque a gente não tinha recursos para fazer isso. Para garantir o fim das faixas salariais, é necessário um escalonamento ao longo do tempo”.

Raquel diz que PMs estão ao seu lado – Para a governadora, não está faltando diálogo com as categorias envolvidas. “Eu sei que a categoria está com a gente. Qualquer tipo de pesquisa junto aos policiais comprovará isso. Houve e está havendo diálogo com os policiais e bombeiros militares. Eles sabem que estamos dando o máximo do nosso esforço enquanto governo para garantir a extinção das faixas salariais e a reestruturação das carreiras”, desabafou.

Vitória no Supremo – O plenário virtual do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para referendar a liminar que suspende trechos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovada pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, no ano passado. Ao todo, cinco ministros votaram para acompanhar o relatório de André Mendonça para suspender trechos da matéria. Neste sentido, se posicionaram os magistrados Edson Fachin, Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Flávio Dino. A decisão atende pedido feito pelo Governo de Pernambuco, que judicializou a proposta aprovada pelo Legislativo pernambucano por entender que o texto era inconstitucional. Este processo intensificou o embate entre os Poderes Executivo e Legislativo, que se arrastou ao longo do ano passado.

Dá para acreditar? – Após meses de relatos de quedas de energia e prejuízos em todo o Estado, o diretor-presidente da Neoenergia em Pernambuco, Saulo Cabral, disse, ontem, que a companhia vai investir R$ 5,1 bilhões na expansão e modernização da rede elétrica em cinco anos. Segundo ele, os problemas passarão a ser “menos frequentes”. Entre as melhorias previstas, anunciou a construção de 13 novas subestações, incluindo duas no Recife e outras onze em Paulista, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Itapissuma, na Região Metropolitana; e nas cidades de Sirinhaém, Ribeirão, Garanhuns, Cachoeirinha, Arcoverde e Petrolina, no Interior.

Secretária estilo Rolando Lero – A secretária estadual de Saúde, Zilda Cavalcanti, enfrentou um bombardeio de críticas, ontem, na audiência pública na Alepe, para a qual foi convocada. Ela se enrolou para explicar a razão da governadora Raquel Lyra, com quase um ano e meio de gestão, não ter retomado as cirurgias para corrigir problemas no quadril e na coluna decorrentes da síndrome causada pelo zika vírus em crianças com microcefalia. Informou que fez uma compra emergencial de 20 placas ortopédicas que serão entregues esta semana para dar continuidade às cirurgias. “Além da rede própria, o Estado está providenciando, em 15 dias, a contratação de hospitais filantrópicos para realizar o atendimento dessas crianças”, disse, sem convencer. A audiência foi provocada pelo deputado Gilmar Júnior, da bancada do PV na Casa.

CURTAS

PRISÃO PREVENTIVA – A mulher de 27 anos que levou um tapa de uma policial militar por espancar a própria filha teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva, após passar por audiência de custódia. A audiência de custódia ocorreu durante o plantão judiciário, sábado passado, no Fórum de Vitória de Santo Antão, cidade em que o caso aconteceu.

BOM PASTOR – A mulher, que não teve o nome divulgado para preservar a identidade da criança, foi encaminhada para a Colônia Penal Feminina Bom Pastor, localizada no Engenho do Meio, no Recife. Segundo o Tribunal de Justiça, o processo referente ao caso foi distribuído para a 1ª Vara Criminal de Vitória de Santo de Antão.

QUE HORROR! – O Brasil alcançou, ontem, a marca de 4.127.571 de casos prováveis de dengue em 2024. A informação consta na mais recente atualização do Painel de Monitoramento das Arboviroses, abastecido com base em dados do Ministério da Saúde. No total, são 1.937 mortos pela doença. Esta é a maior quantidade de óbitos confirmados desde o início da série histórica no país, em 2000. O número supera, inclusive, o recorde registrado em todo o ano de 2023 (1.094 mortes).

Perguntar não ofende: Com essa matança alarmante pela dengue, Lula também será chamado de genocida?

Uma eleição dentro da outra

Em Pernambuco, as eleições municipais de outubro ganham um componente diferente: a de desenhar antecipadamente o cenário da disputa seguinte, em 2026, para o Governo do Estado. Tudo porque os olhos dos pernambucanos estarão voltados para o Recife. Dependendo do tamanho que o prefeito João Campos (PSB) sair da sua reeleição, a governadora Raquel Lyra (PSDB) já conhecerá de antemão o seu adversário.

Nas tertúlias políticas de cientistas e marqueteiros, em bares e em qualquer roda que se coloque a pauta da eleição, o que se ouve é que Raquel tem pela frente o desafio de recuperar a sua imagem, melhorando a gestão, apresentando resultados concretos ao povo, para João não representar uma ameaça real ao projeto dela de emplacar a reeleição.

Não há um só analista que não diga o seguinte: João está muito bem, Raquel vai muito mal. Se isso não mudar, João come o cartão de Raquel em 2026. Para que isso não venha de fato se transformar numa realidade crua e irreversível, a governadora terá também de mostrar força eleitoral, além de apresentar realizações em obras de pedra e cal.

Tem que, por exemplo, se converter numa eleitora influente no Recife, para provocar uma eleição em dois turnos, o que, ocorrendo, deixaria o prefeito sem o mesmo tamanho de uma reeleição em primeiro turno. Teria que emplacar aliados importantes nos principais colégios eleitorais do Estado, da Região Metropolitana ao Sertão.

Mas, no Recife, Raquel não lança mão de um candidato competitivo. Daniel Coelho, o candidato dela, aparece com traços nas pesquisas, enquanto quem surpreende é o representante do bolsonarismo. Ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, que disputará a Prefeitura da capital pelo PL, aparece em segundo lugar, com 21,4% das intenções de voto, enquanto Daniel tem apenas 3%, segundo o levantamento do Atlas-CNN, divulgado na semana passada.

BOLSONARISMO RESISTENTE – O fator Gilson Machado acende uma luz amarela no Palácio das Princesas e traz, ao mesmo tempo, uma preocupação ao prefeito João Campos. Mostra que o bolsonarismo está mais vivo no maior colégio eleitoral do Estado do que ele imaginava, podendo ser o fator preponderante para provocar um segundo turno, desde que o candidato de Raquel reaja. Isso sem levar em consideração a incógnita PT, que pode lançar candidato próprio, caso não arrebate a vaga de vice na chapa de João.

Em Caruaru, não pode fracassar – Ainda em relação aos desafios eleitorais de Raquel, a tucana não pode perder em Caruaru. Bem avaliado e com dez pontos à frente de José Queiroz (PDT), o prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) é a grande aposta da governadora. Por Caruaru ser a sua terra, município que governou e que a projetou como gestora, seria muito ruim seu grupo não sair vitorioso de lá. Queiroz não é um adversário qualquer. Tem histórico de bom gestor, o apoio de Lula e a influência de João Campos, que se irradia além do território recifense.

Petrolina adversa – Além do desafio de Caruaru, o cenário para a governadora é amplamente desfavorável em Petrolina, maior colégio eleitoral do Sertão, cujo prefeito Simão Durando, do grupo Coelho, lidera com folga as pesquisas para reeleição. Ali, além de Durando vir fazendo uma boa gestão, quem canta de galo é o ex-prefeito Miguel Coelho, que disputou o Governo do Estado nas eleições passadas e não chegou ao segundo turno em razão de uma fatalidade: a comoção pela morte do marido de Raquel no dia da eleição.

PSB tende a reinar em Garanhuns – Já em Garanhuns, maior colégio eleitoral do Agreste Meridional, as pesquisas também indicam a preferência do eleitorado pela reeleição do prefeito Sivaldo Albino (PSB), com quem ela se atritou por causa de divergências na promoção do Festival de Inverno no ano passado, fez um aceno de entendimento para o evento deste ano, mas não cumpriu a palavra. Garanhuns é, também, a terra do líder do Governo na Alepe, Izaías Régis, ex-prefeito, que quer enfrentar Sivaldo, mas até o momento sem perceber gestos de euforia por parte da governadora.

Mato sem cachorro – Em Jaboatão, segundo maior colégio eleitoral do Estado, a governadora está no mato sem cachorro, literalmente. Seu partido, o PSDB, não lançou candidato e os nomes que se apresentam para uma aliança estão no campo da oposição, como Daniel Alves, do Avante, e Elias Gomes, do PT. Só restam o prefeito Mano Medeiros (PL) e a pré-candidata do PP, Clarissa Tércio. Dificilmente, optará pelo palanque de Mano por ser o candidato de Bolsonaro. E se apostar em Clarissa, também irá se misturar ao bolsonarismo. Embora o PP, de Dudu da Fonte, esteja na base do Governo Lula, Clarissa é uma bolsonarista doente, irrecuperável.

CURTAS

SERRA TALHADA – Em Serra Talhada, segundo maior colégio eleitoral do Sertão, Raquel sinaliza para subir no palanque da prefeita Márcia Conrado, embora filiada ao PT. O ex-prefeito Luciano Duque, principal adversário de Conrado, está no Solidariedade, que faz parte da base do Governo, mas não tem a mesma “solidariedade” da governadora.

CABO – Para o Solidariedade, igual cenário se observa no Cabo. Ali, quem lidera as pesquisas é o deputado e ex-prefeito Lula Cabral, filiado ao partido, mas, até o momento, sem nenhum aceno da parte da governadora para um apoio efetivo e declarado.

PAULISTA – Fato novo em Paulista: o ex-prefeito Júnior Matuto, pré-candidato a prefeito pelo PSB, convenceu a Irmã Iolanda, também socialista, vereadora mais votada nas eleições de 2020, a fechar a chapa dele como candidato a vice. Em pesquisas para prefeito, Iolanda desponta numa posição destacada.

Perguntar não ofende: Se o PT não emplacar a vice de João, quem vai lançar para disputar a Prefeitura do Recife?

Insegurança pública na maior emergência do Estado

Por Juliana Albuquerque – repórter do Blog

Já não bastasse superlotação, falta de refrigeração, forro dos tetos caindo e constantes alagamentos nas instalações internas em período de chuva, os pacientes e funcionários do Hospital da Restauração, estão agora também expostos à violência dentro da maior unidade de emergência do Estado.

A morte do vigilante Nivaldo Bezerra da Silva, de 66 anos, na madrugada de ontem, enquanto cumpria seu dever, expõe a face mais cruel da inoperância do Governo Raquel Lyra (PSDB) em seu papel de assegurar a qualidade na Segurança Pública.

Além de Nivaldo, o paciente internado e autor do assassinato do vigilante, cujo nome não foi revelado, também foi morto enquanto fugia da cena. Um outro vigilante foi alvejado, mas saiu ileso graças ao colete à prova de balas.

De acordo com o diretor do HR, Petrus Andrade Lima, o hospital conta com uma equipe de vigilância privada, composta por 66 vigilantes contratados, 16 no plantão noturno e 18 no diurno. Contudo, cabe salientar que isso não reduz o dever de o Governo manter um posto da Polícia Militar em funcionamento no local, mas que está desativado há bastante tempo.

O triste episódio certamente entrará na estatística de mortes violentas em Pernambuco, que totalizou a triste marca de 989 homicídios apenas nos três primeiros meses deste ano, o que deixa a sociedade ainda mais apavorada, principalmente quando um episódio desse acontece em um local destinado a salvar vidas.

Nota de repúdio – Por nota, o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), repudiou o ocorrido e culpou o Governo do Estado pela situação. “O Simepe também repudia a contínua exposição ao risco enfrentada por médicos, demais profissionais de saúde e pacientes, que diariamente se veem em meio a condições de trabalho e atendimento precárias, agora agravadas por atos explícitos de violência”, revela o documento.

Cobrança na Câmara do Recife – Diante do trágico episódio de violência no HR, o vereador do Recife Marco Aurélio (PV) usou seu tempo no plenário, ontem, para revelar sua preocupação com a segurança pública no Estado. “Se não bastasse a violência nas ruas, vimos um retrato da insegurança nas dependências do maior hospital do Estado que culminou na morte de um agente de segurança. Os números oficiais da violência em Pernambuco são alarmantes e revelam a falta de políticas públicas efetivas. O Programa “Juntos pela Segurança” ainda não mostrou resultados consistentes. Precisamos de medidas eficazes para garantir a proteção dos cidadãos e dos profissionais de segurança”, desabafou o vereador.

A resposta da governadora – Em suas redes sociais, a governadora Raquel Lyra (PSDB) lamentou o episódio ocorrido no HR. Afirmou, contudo, o que todos já sabem, mas que ela enquanto gestora nada tem feito para mudar. “Hospital é espaço para saúde, não de violência”, disse a tucana, complementando que a SDS está agindo para investigar o lamentável episódio.

Dois pesos e duas medidas – Foi aprovado na Alepe, esta semana, projeto de autoria do Executivo Estadual que evidencia os dois pesos e duas medidas como são tratados agentes das forças de segurança da mesma secretaria, a de Defesa Social. O primeiro, que aumenta a remuneração financeira de agentes e escrivães de Polícia Civil aposentados que optarem por voltarem à ativa, que terá os ganhos mensais de R$ 1.800 para R$ 2.506. Enquanto isso, o aproveitamento de inativos militares em tarefas de segurança e administrativas, para função de guarda patrimonial, por exemplo, passará de R$ 1.250 para R$ 1.450.

Na berlinda – A secretária de Saúde, Zilda Rego Cavalcanti, ficará na berlinda, na próxima segunda-feira, durante Audiência Pública na Alepe que vai debater a questão das cirurgias ortopédicas em crianças com microcefalia. Há mais de um ano, as mães tentam, sem resposta, o retorno desse procedimento, essencial para a qualidade de vida dos filhos, que sem as placas instaladas em seus quadris, convulsionam cerca de 120 vezes ao dia. Segundo relato das mães das crianças, não há placas suficientes para operar 138 crianças que aguardam a cirurgia e as que têm, são de qualidade inferior, que podem estourar no corpo já debilitado das crianças.

CURTAS

APOIO – Após ser ameaçado pelo vereador Eriberto do Sacolão e criticado pelo também vereador João do Táxi por instalar, em parceria com o DER, câmeras para monitorar a PE-270, o diretor do Arcontrans de Arcoverde, Vladimir Cavalcanti, revelou ter recebido apoio de todas as esferas ao longo desta semana elogiando sua atuação para reduzir os números de acidentes de trânsito na cidade.

APLAUSOS – Foi aprovado, esta semana, pela Câmara de Vereadores de Cumaru, no Agreste do Estado, Votos de Aplausos pela passagem dos 18 anos deste Blog. O requerimento é de autoria do vereador Gilvan da Malhadinha (PP).

DERRUBADA – A vereadora Célia Galindo (PSB) promete lutar com todas suas forças para derrubar, na sessão da próxima segunda-feira, na Câmara Municipal de Arcoverde, o veto do prefeito Wellington Maciel (MDB) a emenda que reajuste em 12% o salário dos profissionais da educação municipal.

Perguntar não ofende: Até quando os pernambucanos serão reféns da insegurança pública?

Mais grana para os nobres representantes do povo

Vida ruim e penosa a de deputado federal: embolsa R$ 33.763 líquidos, tem cota para passagem aérea, em média 45 mil por mês. Telefonia e serviços postais. Manutenção de escritórios de apoio à atividade parlamentar, compreendendo locação de imóveis, pagamento de taxa de condomínio e IPTU.

Também inclui seguro contra incêndio, energia elétrica, água e esgoto, locação de móveis e equipamentos, material de expediente e suprimentos de informática, acesso à internet, TV a cabo, licença de uso de software, assinatura de publicações. Mais: fornecimento de alimentação do parlamentar, hospedagem, locação ou fretamento de aeronaves, de automóveis (até o limite de R$ 10,9 mil mensais).

Inclui serviços de táxi, pedágio e estacionamento até o limite global de R$ 2,7 mil mensais; passagens terrestres, marítimas ou fluviais; combustíveis e lubrificantes até o limite de R$ 6 mil por mês; serviços de segurança prestados por empresa especializada até R$ 8,7 mil por mês. Isso sem contar com as famigeradas emendas parlamentares – R$ 16,3 milhões para cada nobre representante do povo.

Se isso já não fosse um escárnio, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), reajustou, ontem, em 60,62%, os valores das diárias pagas a deputados federais e servidores da Casa durante viagens oficiais nacionais. O aumento foi aprovado em reunião da Mesa Diretoria em 17 de abril e publicado ontem no Diário Oficial da Câmara, em ato assinado por Lira e pelos demais integrantes da mesa.

Na justificativa, a Câmara afirma que o percentual de 60,62% corresponde à variação acumulada do IPCA (índice oficial de inflação) de junho de 2015 a março de 2024. Com o reajuste autorizado pela mesa diretora, a diária paga a deputados federais durante viagens nacionais saltará dos atuais R$ 524,00 para R$ 842,00.

Outras cositas – Outro acréscimo salarial diz respeito à verba destinada à contratação de pessoal, que soma cerca de R$ 106.866,59 para até 25 secretários parlamentares. No final do mês, o valor que cai na conta dos deputados federais também pode englobar auxílio-moradia, despesas com saúde e cota gráfica. No início e fim do mandato, o parlamentar também recebe uma ajuda de custo equivalente ao valor mensal da remuneração para compensar eventuais despesas com mudança e transporte.

Dois pesos, duas medidas – Caiu como uma bomba e repercutiu intensamente a revelação desta coluna, ontem, com base em informações do portal da Transparência, a injeção de R$ 43 milhões que a governadora Raquel Lyra (PSDB) deu na Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Garanhuns, pertencente à família do marido da vice-governadora Priscila Krause. Tudo porque as demais unidades de saúde, conveniadas ao Sassepe, sangram devido aos débitos atrasados pelo Governo, sendo obrigadas a suspender o atendimento de pacientes do plano Sassepe.

TAC não cumprido – Enquanto Raquel dá tratamento vip ao hospital da família do marido da vice-governadora, em Abreu e Lima se nega a reabrir a única maternidade pública. Para entender o caso é necessário retroceder ao ano de 2022, quando, devido ao alto custo de manutenção do Hospital Maternidade de Abreu e Lima, o município cedeu o equipamento para que o Governo do Estado regionalizasse o atendimento para os demais municípios. Após a cessão da estrutura ser cedida, com aval da Câmara Municipal de Abreu e Lima, foi firmado um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) no Ministério Público entre o Governo Estadual e prefeituras que seriam beneficiadas com a regionalização do equipamento.

A negativa do Governo – Pelos termos firmados, o município de Abreu e Lima iria aportar mensalmente para o Executivo Estadual o que receberia do Ministério da Saúde, cerca de R$ 470 mil, além do valor para reformar a estrutura física do equipamento, orçada em R$ 899 mil. Já o repasse do município de Paulista seria de R$ 405 mil; o de Itapissuma, R$ 43 mil, e Itamaracá, de cerca de R$ 28 mil. Para o Estado, ficaria a despesa mensal de R$ 1 milhão. Porém, mesmo diante de várias tratativas, que tiveram início desde o início da atual gestão estadual, o Governo se nega a assumir a sua parte.

Candidato de Bolsonaro – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, programa que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, o deputado federal Fernando Rodolfo (PL) disse que não espera mais nenhum gesto por parte da governadora ao projeto de disputar a Prefeitura de Caruaru. Mesmo assim, vai continuar no páreo, desta feita como legítimo representante do bolsonarismo. No início de junho, o ex-presidente Jair Bolsonaro vai à capital do forró abençoar o seu afilhado.

CURTAS

LONGA ESPERA – Passados mais de 15 dias, o Governo Raquel não dá a menor sinalização da promessa de entregar o Detran como cota do PP, do deputado Dudu da Fonte. Por enquanto, o PL bolsonarista e a família Ferreira, de Jaboatão, continuam dando as cartas na segunda maior máquina arrecadadora do Estado.

AFASTAMETO 1 – A delegada Natasha Dolci foi afastada das funções por 120 dias após ter sido flagrada em uma conversa telefônica com o empresário Rodrigo Carvalheira, suspeito de estupros. A decisão do secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, está no Boletim Geral da Secretaria de Defesa Social publicado ontem.

AFASTAMENTO 2 – Na portaria, o secretário considera “que se mostra cabível o afastamento cautelar da Policial Civil, objetivando garantir à ordem pública, à instrução regular do processo disciplinar e à viabilização da correta aplicação de sanções disciplinares, já que recai sobre ela indícios de práticas de atos incompatíveis com as funções públicas”.

Perguntar não ofende: Quando Lula vai se convencer de que a ministra da Saúde é incompetente?

Virou uma gestão de comadres

Além de reprovado pela esmagadora maioria do povo pernambucano, conforme levantamento dos mais variados institutos de pesquisas, o Governo Raquel Lyra (PSDB) revela uma face de comadres. Segundo o Portal da Transparência, somente em 2023 a governadora destinou R$ 29,2 milhões à Casa de Saúde e Maternidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Garanhuns, e este ano já designou ao mesmo hospital R$ 13,9 milhões, totalizando R$ 43 milhões em repasses do tesouro estadual.

O termo comadres tem uma explicação: a referida unidade hospitalar tem como sócio administrador o empresário Jorge de Noronha Branco Neto, esposo da vice-governadora Priscila Krause (Cidadania). Enquanto isso, hospitais na Região Metropolitana, igualmente conveniados ao Sassepe, estão suspendendo o atendimento de pacientes servidores do Estado por falta de pagamento.

Conheço um médico que, pedindo reservas, me revelou que tem a receber R$ 15 milhões de dívidas já vencidas, sem que a governadora manifeste a menor intenção de pagar. Se em Garanhuns o hospital da família da vice nada em dinheiro, o Regional Dom Moura agoniza. Suas estruturas físicas estão precárias e há comprometimento nos equipamentos de monitoramento, além de uma escala médica deficitária.

Este duro e injusto contraste entre o privado e público, no tratamento dispensado pela governadora, fere, flagrantemente, princípios basilares da administração pública, como impessoalidade e moralidade.

Resumo da ópera: enquanto Raquel Mandacaru (não dá sombra nem encosto a ninguém) usa recursos públicos para abastecer o cofre de instituição privada, beneficiando familiares de governantes, os pacientes do Hospital Dom Moura são submetidos a filas intermináveis em ambientes sem refrigeração e condições sanitárias inadequadas.

Drama não diferente de desumanidade e desrespeito a pacientes se observa também em Upas do município.

Chororô geral – Prefeitos e vereadores pernambucanos que circularam por Brasília esta semana, por ocasião da Marcha do Poder Legislativo Municipal, traçaram um cenário de horror em seus municípios em relação à falta de investimentos por parte do Governo Mandacaru. As reclamações vão de hospitais sem as mínimas condições de funcionamento à precariedade das estradas de acesso ao Recife.

Alepe 40 graus – Em entrevista ao Frente a Frente de ontem, programa que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, o deputado governista Antônio Moraes (PP) culpou o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), pelo ambiente tensionado da Casa com a governadora Raquel Lyra. “Esse radicalismo não interessa a ninguém”, disse. Apesar de ter uma relação boa com a chefe de Estado, Moraes não se oferece para ser o mediador de um encontro dela com Porto para fumar o cachimbo da paz.

Envelhecimento precoce – Já o presidente estadual do PV, Clodoaldo Magalhães, acha que o Governo Raquel envelheceu antes do tempo. “Quem anda muito pelo Estado, como nós, políticos, ficamos com essa impressão, porque em praticamente um ano e meio de governo não se vê obras nem realizações, apenas reclamações de um grande vazio de gestão”, disse o parlamentar, acrescentando: “Isso é muito lamentável, porque queremos e torcemos por um Estado que avance em todos as suas políticas voltadas para o povo”.

Menos um para Bolsonaro – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou o arquivamento da petição que investiga a estadia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na Embaixada da Hungria em Brasília em fevereiro deste ano. Segundo o ministro, não há elementos que comprovem que Bolsonaro buscou asilo político na representação do País comandado por Viktor Orbán. Moraes acolheu o parecer da PGR (Procuradoria Geral da República), que entendeu que não há crime no caso.

Tudo ou nada nas redes – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu, ontem, quatro empresas de comunicação digital para tentar resolver o problema da queda de popularidade da gestão petista. A licitação será de R$ 197.753.736 e o contrato tem duração inicial de 1 ano. O valor é considerado o maior da história do Executivo federal para o setor da comunicação.

CURTAS

RELAÇÃO – As empresas selecionadas são as seguintes: Moringa L2W3 – “Tem muita informação falsa que parece verdade”; consórcio BR e Tal, composto pela BRMais e a Digi&Tal. D – “Duvide. Pesquise. Denuncie. Fake news a gente combate juntos”; Area Comunicação – “Não seja um faker”; e Usina Digital – “Fake news. Não caia nessa”.

DEMANDAS – O anúncio das quatro empresas – de um total de 24 que estavam concorrendo – foi feito no Salão Nobre do Ministério das Comunicações. As companhias selecionadas irão atender demandas da Secom (Secretaria de Comunicação Social) e de órgãos que compõem a Sicom (Sistema de Comunicação de Governo do Poder Executivo Federal).

BARRADO – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse, ontem, que um projeto de lei que trata da volta do imposto sindical não será aprovado. O tema é de interesse do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que quer a imposição de uma “contribuição compulsória” dos trabalhadores aos sindicatos.

Perguntar não ofende: Quando os hospitais que agonizam terão o mesmo tratamento dado ao da família da vice-governadora?

Izaías a um passo do rompimento

O que já se esperava, aconteceu: o líder do Governo na Assembleia Legislativa, Izaías Régis (PSDB), perdeu a paciência e foi à tribuna da Casa fazer cobranças à governadora Raquel Lyra (PSDB), também tucana. Disse que ela tem que cumprir promessas de campanha, especialmente em relação à área de saúde, e que não aguenta mais ouvir reclamações da população quanto à falta de ações no município.

Ouvido, ontem, por este colunista no Frente a Frente, Régis disse que sua intenção não foi criticar o Governo na condição de líder, mas apenas cobrar que Raquel reiterasse o seu compromisso de construir o hospital Mestre Dominguinhos e uma maternidade, duas das suas principais promessas para Garanhuns. “O hospital está sendo esperado desde a gestão de Eduardo”, disse o deputado.

A cobrança de Régis foi tão dura que, ontem, nos corredores da Alepe e no plenário, estava sendo chamado de líder da oposição e não do Governo. “Mas isso foi uma brincadeira do presidente da Casa, Álvaro Porto”, disse Régis. Também tucano, Porto tem uma postura de independência em relação ao Governo. Há muito, o líder do Governo anda insatisfeito com o tratamento recebido pela governadora.

O que até as paredes da Alepe sabem é que a governadora, conhecida como Raquel Mandacaru, porque não dá sombra nem encosto a ninguém, nunca deu demonstração pública de que prestigia o seu líder. Os deputados da oposição dizem que o vice-líder do Governo, João Tenório (PRD), tem mais prestígio de fato do que o líder, além de trânsito fácil no Palácio.

Se mostrou insatisfação e está com os nervos à flor da pele, não será surpresa se Izaías Régis vir a entregar a liderança e abandonar a base de sustentação do Governo, até porque seu projeto, de disputar a Prefeitura de Garanhuns também não conta com o entusiasmo da governadora.

Nenhum pio – Depois do desabafo de Izaías Régis, não apenas a governadora silenciou, mas todo o Governo. Nem mesmo o secretário da Casa Civil, Túlio Villaça, que cuida da articulação política, deu sequer um telefonema para saber o que teria levado o líder a levar a público sua profunda decepção com a gestão de Raquel, especialmente a falta de ações concretas em Garanhuns, maior colégio eleitoral do Agreste Meridional.

A espera do PSB – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, programa que apresento pela Rede Nordeste de Rádio, a deputada Gleide Ângelo (PSB) disse que está animada para disputar a Prefeitura de Olinda, mas que, individualmente, não pode avançar no projeto. “Isso é uma decisão do PSB, que está nas mãos dos seus principais líderes, como o prefeito João Campos, e o deputado federal Pedro Campos”, afirmou.

Conversa sigilosa – Lula fez questão de manter sigilo da conversa que teve com Arthur Lira, no domingo, no Palácio da Alvorada. A reserva é natural, mas, nesse caso, não foi à toa. “Eu não tive uma reunião com Lira, eu tive uma conversa com Lira. É diferente de uma reunião. Se eu tivesse uma reunião, teria trazido meu líder da Câmara, o líder do Congresso Nacional para poder fazer uma reunião sobre as coisas da Câmara. Foi uma conversa entre dois seres humanos, eu peço para vocês que não sou obrigado a falar sobre a conversa que tive com Lira”.

Impacto de R$ 82 bi – Relatório produzido pela Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado Federal estima que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 10/23, conhecida como PEC do Quinquênio, pode gerar um impacto de quase R$ 82 bilhões aos cofres da União e dos estados entre 2024 e 2026. Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na última semana, a PEC é de autoria do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Congresso Nacional, e prevê pagamento de uma parcela mensal de valorização por tempo de exercício de magistrados e membros do Ministério Público. O benefício havia sido extinto em 2006.

O novo algoz do Governo – Coube a Fabrizio Ferraz, que é coronel da PM, mas da base de Raquel, o voto de minerva para a derrota de Raquel na Comissão de Segurança da Alepe na aprovação do substitutivo ao projeto das faixas salariais, de autoria da deputada Gleide Ângelo (PSB). “Eu sempre disse que meu voto vai de acordo com a minha consciência, e não pelo fato de ser oposicionista ou governista. Fiz oposição ao Governo Paulo Câmara (PSB) e mesmo assim não deixei de votar nos projetos importantes para Pernambuco. Sou da base da governadora Raquel Lyra, mas nem por isso posso deixar de votar com a minha consciência. Enxerguei nesse momento que o reajuste apresentado foi muito baixo em relação a outras instituições e outras categorias”, disse o parlamentar.

CURTAS

RECAPEAMENTO – O prefeito do Paulista, Yves Ribeiro, iniciou, ontem, a requalificação da Rua 95, no bairro de Maranguape 2. O trabalho consiste na aplicação de uma nova pavimentação asfáltica nos 680 metros da via. A operação, que é coordenada pela Secretaria Municipal de Infraestrutura, também fará o mesmo serviço na Rua 52.

LIVRO DA COMPESA – O livro ‘Cristais de Vida’, de autoria do escritor José Luiz Mota Menezes, viaja no tempo e resgata a história do saneamento em Pernambuco, no período de 1535 a 2000. A obra foi lançada ontem, no centro administrativo da Compesa. O evento foi uma homenagem ao escritor falecido em 6 de setembro de 2021, aos 85 anos, e contou com a presença da sua filha Luciana Meneses e da irmã, Diamantina Teles.

HOLIDAY – O Tribunal de Justiça de Pernambuco concluiu o processo de avaliação para determinar o valor mínimo pelo qual o Edifício Holiday será leiloado. O laudo de avaliação técnica constatou que o prédio tem valor de mercado estipulado em R$ 34,9 milhões. O resultado da avaliação foi divulgado ontem.

Perguntar não ofende: Izaías joga a toalha ou a governadora faz a sua degola?

Governo Lula ladeira abaixo

Só o presidente Lula não assimilou ainda, nem tampouco abriu os olhos, quanto à baixa aceitação do seu Governo. Não é de agora que os mais variados institutos de opinião trazem levantamentos apontando que a gestão é pífia, para não chamar de medíocre, termo mais adequado.

Mais uma prova disso foi dada no fim de semana pelo Ipec, o ex-Ibope. Segundo se constatou, a baixa popularidade é puxada, principalmente, pelas áreas da segurança pública e da saúde, que têm avaliação ruim ou péssima para 42% de entrevistados, além da inflação e o combate ao desemprego. Os dados mostram que, dentre oito áreas da gestão petista, apenas a educação obtém mais avaliações positivas do que negativas.

Os novos resultados aferidos pelo Ipec se somam a uma maré ruim para o governo Lula em termos de aprovação popular. A pesquisa de março feita pelo instituto mostrou que, pela primeira vez desde a posse do petista, a parcela dos brasileiros que aprovam a atual gestão (33%) equivale estatisticamente à dos que o reprovam (32%). A segurança pública sofreu uma crise de imagem decorrente da fuga de dois presos (só recapturados após 51 dias) da Penitenciária Federal de Mossoró.

A avaliação de 42% entre ruim ou péssima se repete para a atuação do governo na saúde, área comandada pela ministra Nísia Trindade — que enfrenta uma epidemia de dengue e é hoje o principal alvo do Centrão na Esplanada. O melhor resultado foi a educação, que tem resultados considerados “bons” ou “ótimos” por 38% da população, contra 31% que os avaliam como “ruins” ou “péssimos”.

São 28% os que classificam os esforços do Executivo federal nesse aspecto como “regulares”. A área comandada pelo ministro Camilo Santana tem a seu favor o programa Pé-de-Meia, que dá incentivo financeiro a alunos matriculados no ensino médio e já se posta como uma das principais marcas do terceiro mandato de Lula na Presidência.

O programa beneficia a população de baixa renda, justamente o grupo que melhor avalia a gestão da educação: entre quem vive com até um salário-mínimo por mês, 50% aprovam os rumos do país na área, enquanto 25% reprovam.

Já a abordagem do governo frente ao aumento dos preços é “ruim” ou “péssima” para 46% dos entrevistados, o dobro do percentual dos que a consideram “boa” ou “ótima” (23%). Outros 28% disseram avaliar o desempenho do Executivo federal como “regular”.

O vilão da inflação – A despeito de a inflação oficial acumulada nos últimos 12 meses (de 3,93% até março) estar abaixo do teto da meta, a percepção de que serviços e produtos estão mais caros permeia todos os estratos da população. Dentre os mais ricos, que ganham acima de cinco salários-mínimos por mês, 59% acham que o governo vai mal no controle da inflação. A taxa é menor entre os mais pobres (37%), mas mesmo nesse grupo a insatisfação também supera o percentual dos que veem um “bom” ou “ótimo” desempenho do governo.

Campanhas atrapalhadas – Márcia Cavallari, CEO do Ipec, avalia que mesmo que os indicadores expressem que há melhora em relação ao fim do governo anterior de Jair Bolsonaro, os resultados até aqui não foram suficientes para atender às expectativas criadas nas eleições. Visando interromper a série de quedas na popularidade, o presidente realizou no mês passado sua primeira reunião ministerial no ano para cobrar mais entregas e uma melhora na comunicação do governo. O Planalto lançou este mês uma campanha publicitária com o slogan “É bom pra todo mundo”. As peças dessa ofensiva de marketing furaram a fila da campanha com o mote “Fé no Brasil”, que estava sendo engendrada com foco no público evangélico.

Pessimismo na economia – O otimismo dos brasileiros em relação à economia do País, segundo o Ipec, já foi maior. Hoje, 40% das pessoas acham que a situação econômica estará melhor daqui a seis meses, enquanto 31% são pessimistas quanto a isso. Quando o mesmo questionamento foi feito em setembro do ano passado, 51% diziam acreditar na melhora, contra 27% que projetavam piora. “As expectativas em relação à situação econômica do país são positivas, mas bem menores do que já foram. É necessário que essa expectativa se consolide para que possa haver uma reversão da tendência observada até aqui. A população precisa de resultados concretos perceptíveis no seu dia a dia”, diz Márcia, do Ipec.

Carestia de volta – Os preços dos alimentos são, ao lado das contas de consumo, os que mais assustam a população. Para 79% dos entrevistados, o custo da comida aumentou nos últimos meses, enquanto 76% dizem que o valor da fatura da água, da luz ou do gás subiu. Também há percepção majoritária de que houve alta nos preços de combustíveis e aluguéis recentemente.

País está pior – Essa percepção negativa em relação à trajetória dos preços surte efeitos práticos na hora de fazer a economia girar. Segundo o Ipec, 89% dos brasileiros dizem que agora pesquisam mais os preços antes de fazer compras, e 61% afirmam que adiaram planos mais caros nos últimos meses. Dois terços (69%) também declaram ter trocado produtos que costumavam comprar por outros mais baratos. A pesquisa mostra que a maioria dos eleitores que declaram ter votado nulo ou em branco no segundo turno da última eleição presidencial considera que a situação econômica do país está igual ou pior que há seis meses.

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PAROU GERAL – No grupo dos insatisfeitos, 41% avaliam que a economia andou de lado nos últimos seis meses, enquanto 37% acham que houve piora. Considerando a margem de erro, os dois grupos são estatisticamente equivalentes. Outros 19% acreditam que a economia melhorou no período.

DIVERGÊNCIAS – Já lulistas e bolsonaristas divergem também nesse ponto. Para 66% dos que apoiaram Bolsonaro, a economia está pior, e 9% apontam melhora. Entre lulistas, as taxas praticamente se invertem: 10% admitem deterioração do quadro econômico, enquanto 60% dizem que a economia está melhor.

INCONSTITUCIONAL – A sinalização de Arthur Lira ao Supremo, de que não pretende instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito que investigaria supostos abusos do tribunal, não foi uma decisão meramente política. Antes de decidir enterrar a CPI, Lira foi informado por ministros sobre a natureza inconstitucional de uma CPI nesses moldes.

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Evilásio lidera, mas não tem apoio

Maior colégio eleitoral do Sertão do Araripe, com cerca de 60 mil eleitores, Araripina, a 622 km do Recife, traz um cenário inusitado na pesquisa do Instituto Opinião que este blog postou, ontem, com exclusividade: o vice-prefeito Evilásio Matheus, do PDT, lidera com folga, 48%, mas não tem ainda o apoio do prefeito Raimundo Pimentel, do União Brasil.

Faltando praticamente três meses para as convenções, que acontecem em julho, Pimentel não deu nenhuma sinalização quanto ao candidato do grupo que terá o seu apoio efetivo. Pimentel, aliás, tem tudo para se converter num cabo eleitoral em potencial: sua gestão tem amplo apoio popular, algo em torno de 74% dos entrevistados aprovam o seu governo.

É um percentual extremamente expressivo, maior do que a aprovação do Governo Lula, em torno de 65%. O ineditismo de Araripina se explica por uma outra circunstância: se Pimentel não se convencer em marchar unido com Evilásio, este poderá se transformar no candidato da oposição, cujos nomes atuais – Roberta e Tião do Gesso – aparecem com menos 20% das intenções de voto.

Na verdade, Roberta, do PP, tem 17,8%, e Tião, do Patriota, menos ainda: 13,3%. Mas Evilásio milita ao lado do prefeito há 24 anos, é um dos maiores defensores da gestão municipal e, provavelmente, não se sentiria confortável em romper esse ciclo histórico e debandar para oposição. Sua liderança folgada no levantamento, entretanto, revela que é o nome que está na boca do povo.

Evilásio foi vereador, presidente da Câmara e atualmente é vice-prefeito. Nas eleições passadas, apoiou Socorro Pimentel, esposa do prefeito, para deputada estadual, mostrando que tem lado. Para a Câmara Federal, se alinhou aos Coelho, ajudando a reeleger Fernando Filho, um dos herdeiros políticos do ex-senador Fernando Bezerra Coelho. Na janela partidária, Evilásio trocou o União Brasil pelo PDT e ficou numa posição confortável, deixando de ser refém do UB, partido que anda mais desunido do que unido, contrariando o título da sigla.

A espera de Pimentel – Do vice-prefeito de Araripina, Evilásio Matheus (PDT), recebi a seguinte manifestação após a postagem da pesquisa: “Caro Magno, independente do resultado, reitero meu posicionamento de que recebo com toda tranquilidade a decisão pela escolha do candidato a sucessor do Prefeito Raimundo Pimentel, uma decisão legítima e conjunta dele e da nossa deputada estadual, Socorro Pimentel, líderes maiores do nosso grupo político. Estaremos juntos seja qual for a decisão, pois tenho a certeza de que saberão fazer a melhor escolha para nossa Araripina. Raimundo tem a melhor gestão de todos os tempos, aprovada por 72,8% da população, e tem todo o direito de escolher o seu sucessor, no tempo certo. A hora agora é de continuar trabalhando cada vez mais pelo nosso município”.

Cão de guarda – De última hora, no apagar das luzes do prazo do troca-troca partidário, encerrado no último dia 6, Evilásio Matheus abandonou o União Brasil (ou Desunião) e ingressou no PDT, mas tudo seguindo uma estratégia acertada com o prefeito Raimundo Pimentel, que controla a legenda no município. Mais uma demonstração de que é tão fiel a Pimentel quanto um cão de guarda.

Na boca do povo – Em contato com a coluna, o ex-prefeito de Araripina, Emanuel Bringel, disse que a pesquisa do Opinião trouxe o retrato fidedigno do atual cenário eleitoral no município. “O que a pesquisa mostrou foi o que a gente está ouvindo na rua, da boca do povo. Evilásio tem o respaldo da população, serviço prestado a Araripina e é um político leal e cumpridor de palavra”, afirmou. Além de ter governado o município, Bringel foi deputado estadual e, mesmo sem mandato, faz política 24 horas em favor das grandes causas da capital do Araripe.

Boca livre – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniu aliados políticos em um restaurante no Rio de Janeiro no sábado passado, véspera do ato que reuniu milhares de pessoas, ontem, em Copacabana (RJ). O grupo foi abordado por apoiadores. Dentre os presentes, estava o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL-SC); os senadores Jorge Seif (PL-SC) e Marcos Rogério (PL-RO) e os deputados André Fernandes (PL-CE) e Alexandre Ramagem (PL-RJ) que é pré-candidato à Prefeitura do Rio, além dos pernambucanos Gilson Machado Neto, Coronel Meira, Fernando Rodolfo e Alberto Feitosa.

A caminho da prisão – A depender do planejamento da Polícia Federal, Jair Bolsonaro e seus aliados terão um indiciamento por mês até o final do primeiro semestre do ano – um em maio e outro em junho. Segundo o site Metrópoles, a PF acredita que até maio, o inquérito sobre a venda das joias da Arábia Saudita será finalizado. Para junho, a corporação prevê o fim do inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado por Bolsonaro e seus pares. Nesta semana, uma equipe de Polícia Federal irá aos Estados Unidos para obter mais informações da cooperação internacional com o FBI sobre a venda das joias por Bolsonaro, Mauro Cid e o pai de Cid, o general Mauro Cesar Lourena Cid.

CURTAS

COPIANDO LULA – Lideranças políticas de centro-direita temem que, mesmo inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se registre como candidato ao Palácio do Planalto em 2026. A atitude não seria inédita. Em 2018, quando esteve preso em Curitiba, Lula registrou sua candidatura ao Planalto. Como estava inelegível, foi vetado e escalou Fernando Haddad como seu substituto.

EM QUEDA 1– Quase dois meses após a pesquisa Ipec mostrar que a avaliação positiva (soma de “ótimo e bom”) para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caiu cinco pontos percentuais e chegou a 33%, novo levantamento do instituto, divulgado ontem, revela que o cenário segue desanimador para a gestão de Lula.

EM QUEDA 2 – Além da baixa popularidade, o Ipec aponta que entre as oito áreas da gestão de Lula, apenas uma, a educação, tem mais avaliações positivas que negativas. A população se mostrou preocupada e descontente, especialmente com o controle da inflação e a condução das políticas de saúde e segurança pública.

Perguntar não ofende: Quando Pimentel vai decidir seu candidato em Araripina?

Salve-se quem puder

Por Juliana Albuquerque – repórter do Blog

Durante a aprovação do projeto que prevê o fim das faixas salariais da Polícia Militar, esta semana, nas Comissões de Finanças e de Administração da Assembleia Legislativa de Pernambuco, foi acesa uma luz de alerta que pode culminar no aumento da violência em Pernambuco, que já ocupa o 2º lugar entre os Estados mais violentos do Brasil, com 989 mortes só nos primeiros três meses deste ano.

Sem valorização, tanto os bombeiros como os policiais militares já endurecem a operação, que, ao invés de padrão, tem sido chamada de X, alusão aos braços cruzados. Essa operação deve também culminar, a exemplo do que aconteceu com os delegados da Polícia Civil, com a entrega dos PJEs, o que significa o fim das jornadas extras feitas pelos profissionais.

Atualmente, a Polícia Militar e os Bombeiros atuam com 60% do efetivo que deveria ter. E, mesmo diante desse déficit, vem cumprindo com excelência seu papel em defesa da sociedade. Inclusive, com as jornadas extras solicitadas pelo Governo em períodos festivos, a exemplo do Carnaval, Semana Santa e São João.

Se de fato, após passar pela Comissão de Segurança Pública, o projeto do Governo for aprovado no plenário da forma como foi enviado pelo Executivo, será um verdadeiro salve-se quem puder no período junino que se aproxima, já que é forte o movimento dessas forças policiais, menosprezadas pelo Estado, de não aderir ao programa de jornada extras. 

Depois de tantos embates sobre o projeto do Executivo Estadual, não se questiona mais nem sobre a questão do fim das faixas, que a categoria já teve que engolir goela abaixo, que só será finalizada em 2026. O problema maior é, sobretudo, o reajuste pífio que a categoria terá, abaixo da inflação, diga-se de passagem, que chegará a 10% ao longo de três anos, sendo 3,5% neste ano.

No relatório apresentado pelo deputado Diogo Moraes (PSB), relator do projeto na Comissão de Finanças, como forma de agradar tanto o Governo quanto a categoria, foi proposto aumentar em 4,5% o salário da categoria neste ano. Já o fim das faixas, ficaria para o próximo ano, visto que o orçamento de 2025 ainda será enviado pelo Executivo Estadual, portanto, há margem para essa manobra.

Porém, a proposta sequer foi analisada pelos demais membros do colegiado, formado em sua maioria por seguidores fiéis ao que determina a governadora Raquel Lyra, logo, terminou sendo totalmente descartada.

O resultado desse jogo político, infelizmente, tende a reverberar na população pernambucana, que terá que conviver com o aumento da violência e com a sensação de insegurança, uma vez que sem a devida valorização, os policiais e bombeiros militares não têm ânimo para continuar a fazer mais com menos, como tem feito ultimamente.

O relatório de Moraes – No relatório apresentado por Diogo Moraes, ele garantiu que sua proposta não afeta o orçamento de 2024 e ainda assegura o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal no ano seguinte. “Fizemos uma conta em que, extinguindo as faixas em junho do ano que vem e mantendo os aumentos, vamos ter uma diferença que fica dentro da margem de erro do Governo do Estado, com um acréscimo de R$ 120 milhões”, argumentou. 

Valorização dos policiais – Defensor incansável da categoria, o Coronel Alberto Feitosa (PL) foi enfático, ao se posicionar, durante discurso na tribuna da Alepe, na quinta-feira passada, para comentar sobre o projeto aprovado um dia antes na Comissão de Finanças. “Do jeito que está, Pernambuco vai alcançar muito em breve o primeiro lugar como Estado mais violento do Brasil. Temos vários exemplos de como o problema da Segurança Pública se resolveram com a valorização dos policiais. Vejam o exemplo do Rio de Janeiro, de São Paulo, e o de Goiás, onde os governantes entenderam que a valorização dos que estão na rua é o caminho para a redução da criminalidade”.

Remunerações distintas – Além de ter o projeto de lei do fim das faixas salariais aprovado nas Comissões de Finanças e Administração, outro projeto da governadora para a área terminou por criar um grande mal-estar entre as polícias civil e militar. A designação de policiais militares inativos e civis e aposentados para a realização de diversas tarefas nas corporações, mediante reajuste nos valores que recebem mensalmente. Pelo texto aprovado, a remuneração mensal do Policial Civil reconvocado passará de R$ 1.800,00 para R$ 2.506,52, aumento de 39,2%. Já o Policial Militar que está inativo, que vai trabalhar na guarda patrimonial, sai de um salário mensal de R$ 1.250,00 para R$1.450, 16% de reajuste. Como duas corporações da mesma secretaria podem ter aumentos tão distintos, governadora?

Na mesa de negociação – Outra categoria que foi massacrada no ano passado pelo Governo do Estado, os profissionais de educação devem voltar à mesa de negociação com o Executivo Estadual no próximo dia 25. Na pauta, estão temas como a valorização profissional, com a repercussão do piso salarial do magistério em toda a carreira da educação, recuperação das perdas salariais de 2023 e a reformulação do Plano de Cargos e Carreiras. Além desses pontos, pleiteiam a imediata convocação dos aprovados no concurso público para professores, analistas e administrativos. No dia seguinte, de acordo com o Sintepe, será realizada mais uma assembleia geral para deliberar, junto com a categoria, sobre a proposta que será apresentada pelo governo.

Parecer imparcial – O deputado Diogo Moraes foi bastante elogiado, esta semana, por membros da base governista na Alepe, por sua imparcialidade na relatoria do projeto de autoria do Executivo Estadual, o PE Produz Polo de Confecções do Agreste. Com seu parecer favorável, o projeto foi aprovado por maioria na Comissão de Finanças. “Se é bom para Pernambuco, sempre estarei a favor, independentemente de ser oposição. É um projeto muito assertivo do Governo e que tem um grande potencial de desenvolver a economia da região com a garantia do Governo de adquirir fardamentos da área têxtil destinados à rede estadual de educação”, afirmou.

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AGENDA – O presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, promove, nesta segunda-feira, às 8h, evento para lançar a Agenda Institucional do Sistema Comércio e a Agenda Estadual do Comércio de Bens, Serviços e Turismo 2024, que delineiam as prioridades e demandas do setor comercial nacional e pernambucano para o ano em curso.

MANUTENÇÃO – A falta de manutenção nos ônibus de prefeituras do interior de Pernambuco que integram o programa de Tratamento Fora do Domicílio (TFD), transportando pacientes ao Recife, foi evidenciada esta semana, após um ônibus da Prefeitura de Sertânia pegar fogo. Por sorte, ninguém saiu ferido. Mas fica o alerta sobre a necessidade desses veículos estarem com a manutenção em dia.

CPI – O deputado João Paulo (PT) quer abrir uma CPI para investigar os problemas de falta de energia provenientes da falta de investimento da Neoenergia em Pernambuco. Segundo o parlamentar, as quedas constantes de energia têm gerado prejuízos para as empresas e para os cidadãos pernambucanos e precisa que a Alepe se debruce sobre esse problema.

Perguntar não ofende: A Alepe conseguirá manter a sua autonomia ou se curvará diante do autoritarismo do governo Raquel na votação do PL do Fim das Faixas Salariais?

Ofensiva ao Abril Vermelho

Por Juliana Albuquerque – repórter do Blog

Batizado de “Abril Vermelho”, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra deu início, nesta semana, a uma série de invasões por todo o Brasil. Com o lema “Ocupar o Brasil para Alimentar”, o MST realizou, da última segunda-feira até ontem, 24 ocupações de terra em 11 Estados.

Na visão do movimento, as ocupações de terra enfatizam a importância da Reforma Agrária como alternativa urgente e necessária para a produção de alimentos saudáveis no Brasil, tendo como foco a erradicação da fome no campo e na cidade, garantindo o desenvolvimento do país, no contexto agrário, social, econômico e político.

“Lutamos, porque 105 mil famílias estão acampadas e exigimos que o Governo Federal cumpra o artigo 184 da Constituição Federal, desaproprie latifúndios improdutivos e democratize o acesso à terra, assentando todos e todas que querem trabalhar e produzir alimentos para o povo”, afirma o documento, publicado no site do movimento, na segunda.

Em represália à ofensiva do MST no “Abril Vermelho”, para alegria dos deputados que integram a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a Câmara tratou logo de aprovar, na terça passada, o regime de urgência do projeto de lei de autoria do deputado Luciano Zucco (PL). Foram 293 favoráveis à urgência contra 111 contrários.

O texto estabelece sanções administrativas e restrições aplicadas aos ocupantes e invasores de propriedades rurais e urbanas. Pelo regime de urgência, o projeto vai direto para votação em plenário, antes de passar pelas comissões.

PL anti-invasões – Conhecido como PL anti-invasões, a aprovação da retirada do regime de urgência foi bastante comemorada por deputados da FPA, a exemplo do deputado gaúcho Marcel Van Hattem (Novo). “Quem invade terra não poderá ocupar cargo público, receber auxílio e benefícios ou participar de programas de assistência social. Quem invade é criminoso e assim deve ser tratado!”, escreveu o deputado Marcel Van Hattem (Novo) em seu perfil no Instagram.

Defesa ao MST – Na Alepe, a deputada Rosa Amorim (PT) defendeu as ações do MST durante o “Abril Vermelho”, pois, para ela, o intuito do movimento é o de democratizar o acesso à terra no Brasil. A parlamentar, inclusive, aproveitou o momento para cobrar mais celeridade do Governo Lula na realização da reforma agrária e a ampliação dos programas sociais voltados para os camponeses.

Visão liberal – Já Renato Antunes (PL), criticou o movimento e defendeu proposta nacional que visa penalizar ocupantes e invasores de propriedades rurais. “A reforma agrária precisa ser tratada com muita responsabilidade, e não da forma como alguns querem, simplesmente invadindo e fazendo a política deles, sem foro adequado. Existe a lei e existe a Constituição”, externou.

Fala ofensiva – Para João Paulo, a fala de Antunes é ofensiva a um movimento que vem produzindo com qualidade e cujas mobilizações têm tido papel importante na promoção da reforma agrária no País. “Porque se for para esperar que a reforma agrária venha sem luta, ela nunca viria. Os avanços que temos é graças à resistência do proletariado sem-terra e sem chão, que muitas vezes é assassinado pelas milícias em defesa de um pedaço de terra para ter direito à vida e ao seu alimento”, ressaltou o petista.

Fim das faixas salariais – Em seu tempo no plenário, ontem, o deputado Joel da Harpa protestou contra a rejeição, na Comissão de Finanças, do relatório de Diogo Moraes (PSB) ao projeto pelo fim das faixas salariais dos militares. Segundo o parlamentar, o colegiado perdeu a oportunidade de fazer justiça com a categoria e de promover a valorização dos policiais e bombeiros. “Sinto tristeza em ver um relatório tão bem-produzido, com tanta coerência, combinado com as entidades representativas, rejeitado na Comissão de Finanças. Mas a esperança é a última que morre”, pontuou.

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BARRICADA – Em meio às invasões do MST por todo o Brasil, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (UB), tratou logo de afirmar que a segurança pública do estado está fortemente mobilizada para impedir o trânsito de pessoas que integram o MST. “Estamos com força de segurança e inteligência, vamos bloquear ônibus que estão indo para invasão”, alertou.

SÃO PAULO – Na mesma linha de Caiado, em resposta às invasões do MST por todo o Brasil, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que não vai permitir ações desse tipo em solo paulista. “Não vamos permitir invasões em São Paulo e temos sido rápidos nessas desmobilizações”, disse.

PROGRAMA – Durante uma série de invasões do MST pelo Brasil, o presidente Lula tentou fazer um afago aos ativistas do MST. Lançou, na segunda-feira, um decreto que institui o Terra da Gente, que tem como foco destinar terras ociosas à reforma agrária. A estimativa do governo é de que, até 2026, 295 mil famílias agricultoras sejam beneficiadas pelo programa.

Perguntar não ofende: O Terra da Gente será suficiente para reduzir as invasões programadas pelo MST para este mês?