Coluna da terça-feira

Quem vai comandar o orçamento da Educação, o maior de Pernambuco?

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

A política pernambucana está atenta esta semana às mudanças que a governadora Raquel Lyra (PSDB) fará na sua equipe. A Secretaria da Educação é o espaço de maior visibilidade no qual haverá uma nova indicação. É grande a expectativa da classe política e das pessoas ligadas a essa área para saber qual será o movimento que Raquel vai fazer ao escolher um nome para assumir a pasta.

O orçamento da Educação é o maior entre todas as secretarias estaduais. Somente para 2025, o valor chega a R$8,5 bilhões. O montante supera o orçamento dos municípios do Estado e se aproxima do orçamento de 2025 da Prefeitura do Recife, que é de R$9,2 bilhões.

Para além do poder econômico da Educação, está a capilaridade indiscutível da pasta, que possui cerca de 40 mil funcionários espalhados por Pernambuco, sendo 30 mil professores, e conta, ainda, com sete secretarias executivas e 16 gerências regionais. São 1550 escolas administradas pela rede estadual.

Sem dúvida alguma, é um espaço de muito prestígio e que faria brilhar os olhos de qualquer político. Agradaria qualquer partido. Quem assumir terá a chance de ter contato com todas as regiões do Estado.

Mas a governadora precisa ser muito estratégica nessa escolha, tanto pelo imenso poder que ela vai dar ao próximo secretário ou secretária, quanto pelo pouco tempo que tem para mostrar resultados. Como a secretaria é gigante, a próxima pessoa que assumir vai levar um tempo para assimilar o tamanho e as especificidades da rede, caso nunca tenha passado por lá.

É natural que o novo titular da pasta demore alguns meses para compreender e começar a destravar o trabalho. Mas, depois de dois secretários terem saído em dois anos de gestão, essa demora pode impactar nas entregas de Raquel Lyra para a área. Daqui que chegue alguém, se acomode, entenda e comece a enfim prosseguir com as demandas, acabou 2025 e chegou o ano eleitoral de 2026 sem ter o que mostrar.

RAQUEL NÃO GOSTA DE SOMBRA – Desde a semana passada, quando surgiu a notícia da demissão do ex-secretário Alexandre Schneider, o nome do deputado federal Mendonça Filho (União Brasil) tem circulado nos bastidores como cotado para a substituição. Fontes ligadas ao Palácio afirmaram a este blog que não entendem o motivo de a governadora ainda não ter anunciado Mendonça como novo secretário, já que ele entende da área, porque já foi ministro da Educação, é leal a ela e ainda resolveria uma parte do União Brasil na base do governo tucano. É simples: Raquel não gosta de sombra. Desde o início da escolha do seu secretariado, ela não optou por nenhum nome que fosse maior do que o dela, ou que tivesse a possibilidade de fazer sombra para ela. O perfil da governadora é de quem prefere que o Governo gire em torno do próprio nome, sem holofote para nenhum subordinado.

Sem espaço para brilho próprio – O currículo de Mendonça Filho é bem conhecido dos pernambucanos. Foi vice-governador do Estado e candidato a governador. É mínima a chance de Raquel o escolher para a Educação. Pode acontecer? Pode, porque só a governadora sabe o que se passa na própria cabeça. Mas seria uma exceção ao que ela tem demonstrado.

Nomes ligados à política, mas com perfil técnico – Até agora, as escolhas de Raquel para a Educação foram nomes técnicos, mas que também guardavam ligações políticas. Na primeira aposta, com Ivaneide Dantas, agradou ao grupo dos Ferreira de Jaboatão dos Guararapes (RMR). Ela havia sido secretária da mesma área na gestão do ex-prefeito Anderson Ferreira (PL). A segunda jogada da governadora, Alexandre Schneider, fez um gesto ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, já que ele foi secretário de Educação em São Paulo na gestão de Kassab.

Débora Almeida – Ontem (13), outro possível nome cotado para a pasta passou a circular nos bastidores da política, o da deputada estadual Débora Almeida (PSDB). A parlamentar é uma fiel escudeira de Raquel Lyra na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Por isso mesmo, algumas fontes ligadas ao blog duvidam que Raquel possa abrir mão de Débora na Casa. Atualmente, ela é presidente da Comissão de Finanças. Mas tem experiência em gestão, já que foi prefeita de São Bento do Una, no Agreste. A deputada também é advogada por formação e procuradora federal.

João Paulo diz que não quer – Já o deputado estadual e ex-prefeito do Recife, João Paulo (PT), apesar de também ter o seu nome circulando e ganhado força nos últimos dias para eventualmente ocupar a Educação, disse que não quer a vaga e que está muito bem na Alepe. “Não há um desejo meu de ser secretário. Esse é o melhor mandato que já fiz, reconhecido pela luta em defesa dos trabalhadores, da moradia, da saúde e educação para o povo pernambucano”, afirmou em nota postada no Instagram, ontem.

CURTAS

PT não faz oposição a Raquel – Em conversa com este blog, ontem, João Paulo disse que o seu nome sempre aparece nas especulações políticas, já está acostumado. O parlamentar defende que o Diretório Estadual do PT reveja seu posicionamento oficial de oposição a Raquel Lyra, já que na prática o partido não está contra ela. “Os dois senadores (Humberto Costa e Teresa Leitão) não fazem oposição. O deputado federal Carlos Veras, também não. Os estaduais e as vereadoras (Liana Cirne e Kari Santos), também não”, destacou.

Por falar em educação – O presidente Lula (PT) sancionou sem vetos o projeto que limita o uso de celulares nas escolas públicas e privadas de todo o País, ontem. A nova lei proíbe o uso dos smartphones durante a aula, mas também no recreio ou nos intervalos entre os cursos. O texto da lei determina que a regra vale para educação básica, que abrange pré-escola, ensino fundamental e ensino médio. A sanção ocorreu em cerimônia fechada no Palácio do Planalto, com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, e de outros ministros, secretários e profissionais da área, além da primeira-dama, Janja da Silva.

Nordeste nota mil – Um estudante de Pernambuco tirou nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, segundo o ministro da Educação, Camilo Santana. Em todo o Brasil, foram 12 notas máximas na produção do texto dissertativo-argumentativo, que teve como tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. O Nordeste teve cinco notas 1.000. Além de Pernambuco, alunos de Alagoas, Ceará, Maranhão e Rio Grande do Norte receberam a pontuação máxima na redação.

Perguntar não ofende: o Governo Raquel Lyra vai ter tempo de entregar algum resultado concreto na Educação?

Qual o cálculo de João Campos ao deixar Dema de fora do secretariado?

Por Larissa Rodrigues – repórter do blog

Na política não existe espaço vazio, não existe vácuo. Quando o prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), resolveu abrir mão de seu secretário de Governo, Aldemar Santos, o Dema, extinguindo a histórica e importante Secretaria de Governo do Recife, na verdade, “colocou no mercado” um quadro que claramente ganhou notoriedade pela sua desenvoltura e jeito de ser.

A presença de Dema, extremamente positiva na gestão do socialista e durante a campanha para reeleição do prefeito, vinha, óbvio, sendo observada por outras lideranças políticas de todo o Estado. O risco de ele ser capturado para outro espaço ao não integrar o secretariado de João era imenso.

Atento ao cenário político, o recém eleito primeiro secretário da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado Francismar Pontes (PSB), antevendo a possibilidade de que Dema não estaria na relação dos escolhidos pelo prefeito para o seu novo mandato, foi lá e o convidou para assumir a Superintendência Geral da Casa. O espaço é um dos mais importantes cargos do Poder Legislativo.

Apesar do fato de que Dema continua muito ligado a João Campos, Aldemar Santos reforçou, em conversa com este blog, que chega na Assembleia “não a serviço de lado A ou B da política, nem a favor de João, nem de José e nem de Maria, mas sim somando àquele Poder”.

O fato é que Dema leva para o Poder Legislativo todas as qualidades que o fizeram ser conhecido na política como um “construtor de viadutos”, como bem definiu o titular deste blog em texto no dia em que Dema anunciou no Instagram que encerrava sua missão na Prefeitura do Recife. Tem a capacidade de juntar pessoas, de resolver problemas e de conversar.

A dúvida que fica é se o prefeito não considerou essas virtudes na montagem do seu novo secretariado e Dema foi escolha livre de Francismar Pontes, ou se João Campos, conhecedor de tais virtudes, influenciou nessa escolha, indicando o seu ex-secretário de Governo para essa missão.

JOÃO CAMPOS FEZ A CONTA CERTA? – Para quem acompanha de perto a política em Pernambuco, não duvida de que a chegada de Dema na Alepe é boa para aquela casa legislativa. Sugere um clima de muito diálogo entre a Presidência, a primeira-secretaria e todos os lados da política do Estado ali representados. Resta saber se João Campos fez a conta certa. Resta saber se Dema, de fato, não vai fazer falta à gestão do prefeito.

Conciliador – Uma das características do próximo superintendente geral da Assembleia é a capacidade de conversar com todos os lados da política. Já foi recebido pelo presidente Lula (PT) em Brasília e, desde o início da gestão da governadora Raquel Lyra (PSDB), por exemplo, teve inúmeras conversas com a Casa Civil de Raquel. Como secretário de João, Dema também tinha a missão de dialogar com os partidos e com a Câmara de Vereadores, algo que ainda não se sabe exatamente quem vai fazer no novo mandato do prefeito.

Agora o diálogo é estadual – Se antes a atuação de Dema estava, de maneira geral, restrita aos limites da capital, a partir do momento em que assumir a Superintendência Geral da Alepe, vai passar a ter diálogo frequente com todos os cantos de Pernambuco, que são representados pelos deputados. Como diria o matuto, cada deputado tem junto uma “tuia” de prefeitos e de vereadores, ou seja, Dema vai ficar ainda mais visível para as diversas lideranças estaduais. Por isso que fica a dúvida se João considerou todos esses aspectos ao escolher não o manter no seu primeiro escalão ou se foi realmente uma jogada.

João vai precisar de gente – Por falar na montagem do time de João Campos, vale lembrar que ele vai precisar ampliar a quantidade de pessoas de confiança e articuladas no seu entorno, caso se consolide mesmo como liderança nacional. Com o resultado da última pesquisa AtlasIntel, divulgada na sexta-feira passada (10), o prefeito está posicionado como o segundo nome mais bem avaliado pelos eleitores de esquerda para liderar o campo progressista nos próximos anos. O levantamento aponta João com 18,3% das intenções. Ele ficou atrás apenas do presidente Lula (PT), que lidera com ampla vantagem de 61,5%. Como não poderia ser diferente, se torna alvo fácil de outros partidos que não querem abrir mão do poder.

Boulos em terceiro – Além de Lula e João Campos, o ranking AtlasIntel mostrou as opções no cenário político nacional para esquerda. Guilherme Boulos (PSOL), mesmo com toda a projeção que ganhou nas últimas eleições, aparece em terceiro lugar, com 10,7%, seguido pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, com 2%. Vale lembrar, ainda, que Boulos já criticou João Campos, afirmando que o prefeito do Recife construiu sua trajetória política por herança familiar.

CURTAS

Clodoaldo e o PV – Aliado da governadora Raquel Lyra, o deputado federal Clodoaldo Magalhães foi eleito, no último sábado (11), como vice-presidente nacional do Partido Verde (PV). Ele também mantém a presidência estadual do PV em Pernambuco. Na nova função, Clodoaldo Magalhães terá a missão de promover o crescimento do partido e fortalecer suas bandeiras em todo o País.

Auxílio aos municípios – Uma das pautas da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) na reunião que fará com os prefeitos e prefeitas do Estado, nesta terça-feira (14), é a proposta para a criação do setor de engenharia da entidade. O objetivo é que a associação possa auxiliar os municípios de pequeno porte na elaboração de projetos. A assembleia extraordinária será na sede da Amupe, no bairro de Jardim São Paulo, no Recife, a partir das 9h.

Se inspirou em Raquel? – A prefeita de Sertânia, Pollyanna Abreu (PSDB), assinou seu primeiro decreto com medidas para o funcionalismo público municipal. O documento determinou a exoneração de todos os servidores comissionados da administração direta e indireta, além da rescisão de contratos, exceto para médicos e enfermeiros que atuam no Pronto Atendimento Municipal e nos Postos de Saúde da Família (PSF). Lembrou a canetada do fim do mundo de Raquel Lyra, no início de janeiro de 2023.

Perguntar não ofende: com a reforma ministerial de Lula prevista para este mês, como o presidente vai mexer com a vida dos vários pernambucanos que estão no time?

Pedir para sair se torna padrão nas gestões de Raquel Lyra

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

A queda do segundo secretário de Educação do Governo Raquel Lyra (PSDB) em dois anos de gestão, notícia que sacudiu a política pernambucana na última semana, repete um padrão nas administrações da tucana, algo que vem da época em que ela era prefeita de Caruaru, no Agreste.

Além dos secretários que nos últimos dois anos também pediram para sair do Estado, o episódio de Alexandre Schneider, vale recordar, foi muito parecido com a saída da ex-secretária de Educação de Caruaru, Raquel de Oliveira, logo no início da segunda gestão da então prefeita reeleita Raquel Lyra.

Com menos de dois meses à frente da pasta, a secretária pediu demissão. No dia 24 de fevereiro de 2021, a Prefeitura de Caruaru enviou nota à imprensa informando que a exoneração havia sido solicitada pela própria secretária, devido a questões pessoais. Assim como Alexandre Schneider, Raquel de Oliveira veio de fora de Pernambuco. É carioca e acumula vasta experiência como pesquisadora da área.

Em conversa com este blog, ontem, Raquel de Oliveira destacou que “a governança executiva no Brasil confunde Secretaria de Educação com autarquia subordinada à Administração e à Fazenda, ou, ainda, a reduz como campo para propaganda da Comunicação. É algo estrutural na governança executiva Brasileira dos Estados e municípios”.

A crise da última semana, logo nos primeiros dias do ano, voltou os holofotes para dificuldades pelas quais a Secretaria de Educação pernambucana tem passado, segundo relatos internos, além de ter aberto espaço para críticas da oposição.

O NÓ DAS LICITAÇÕES QUE TRAVA TUDO – Um dos perrengues da pasta também ocorre nas outras secretarias, por uma escolha da própria governadora. Trata-se da dificuldade para fazer uma licitação, seja de médio ou grande porte, já que na gestão tucana todos os processos foram concentrados na Secretaria de Administração do Estado (SAD). Sem realizar a licitação para a merenda de 135 escolas da rede a tempo, o Estado precisou fazer contratos emergenciais milionários para a compra dos alimentos, evitando que os estudantes voltassem às aulas no início de fevereiro desabastecidos. O episódio teria sido a pá de cal na relação já abalada entre Raquel Lyra e o ex-secretário Alexandre Schneider, amigo do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab.

Resultado “pífio” – Como não poderia ser diferente, a confusão levantou a voz dos oposicionistas, que acusam a governadora Raquel Lyra de resultado “pífio” na área, além de se apropriar de programas das gestões anteriores e bagunçar todo um trabalho que era prioridade nos governos do PSB. A oposição defende que nas gestões socialistas foram consolidadas políticas públicas importantes para a Educação. Presidente da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado estadual Waldemar Borges (PSB) afirmou: “apropriar-se de uma iniciativa que não criou é lamentável e mostra a falta de resultados próprios para apresentar”.

Ganhe o Mundo e Investe Escola – Um dos programas criados nos governos do PSB foi o Ganhe o Mundo, iniciado em 2011, na época do então governador Eduardo Campos, e que oferece intercâmbio para alunos da rede pública. No Governo Paulo Câmara, a iniciativa foi incrementada com o Ganhe o Mundo Professor, versão voltada para os docentes, durante a gestão do ex-secretário Marcelo Barros. Outro programa também do Governo Paulo Câmara e que marcou a passagem de Marcelo Barros pela pasta foi o Investe Escola, que facilita a chegada de recursos para a manutenção das unidades de ensino. Só que o Ganhe o Mundo, o Ganhe o Mundo Professor e o Investe Escola foram divulgados pelo Governo Raquel Lyra como se fossem novidades da gestão dela.

Ao invés de ganhar o mundo, estudantes ganharam dores de cabeça – Sobre o Programa Ganhe o Mundo (PGM), há inúmeras queixas de estudantes e pais de alunos a respeito da desorganização do Governo. “Estudantes selecionados do PGM não têm data, previsão, nem qualquer tipo de informação sobre o embarque. Já não bastaram os erros da seleção”, diz um relato recebido pelo blog. Mais uma vez, a iniciativa esbarra na questão das licitações. Em mensagem enviada para pais e alunos no grupo do programa, na última quarta-feira (8), um funcionário do Governo informou: “como muitos já sabem, a primeira licitação para o intercâmbio do Canadá e EUA fracassou e o Estado teve que abrir nova licitação que ocorreu em dezembro do ano passado. Agora estamos aguardando a conclusão do processo licitatório”.

Líder da oposição na Alepe – O deputado estadual Diogo Moraes (PSB) criticou o que considera “falta de compromisso da gestão estadual com o futuro da educação no Estado”. “A saída do secretário Alexandre Schneider precisa ser melhor explicada. Faltando menos de um mês para o início das aulas, a imprensa revela um novo episódio do desastre que é a gestão atual: a ausência de licitação para merenda de 135 escolas leva o governo a contratar, via dispensa de licitação, um item fundamental dos nossos estudantes, que é a alimentação”, destacou.

CURTAS

Relembrar é viver – O primeiro secretário a desembarcar do Governo Raquel Lyra foi Silvério Pessoa, da Cultura. Em seguida, Aloísio Ferraz, da Agricultura, Carla Patrícia, da Defesa Social, e Evandro Avelar, da Infraestrutura. Depois, Regina Célia, da Mulher, sendo substituída por Mariana Melo, que foi vice de Daniel Coelho e não voltou nunca mais.

Mais saídas – O governo ainda acumula uma troca na Secretaria de Turismo, já que Daniel Coelho saiu para concorrer ao Recife, mas também não retornou. Houve, ainda, a saída de Lucinha Mota, secretária de Justiça, que preferiu voltar a ser vereadora de Petrolina, no Sertão, a ficar no time. Assim como ela, a secretária de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, Carolina Cabral, e o secretário da Assessoria Especial da governadora, Fernando Holanda, também deixaram as pastas.

Amupe realiza encontro – Em meio às disputas nos bastidores para a eleição da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), em fevereiro, a entidade realizará, na próxima terça-feira (14), em sua sede (na Avenida Recife, em Jardim São Paulo), a primeira assembleia extraordinária de prefeitos e prefeitas de 2025. O encontro reunirá os gestores que tomaram posse no dia 1º de janeiro. Na ocasião, a assembleia também abordará o processo de eleição da nova diretoria executiva e conselho fiscal, incluindo a escolha e homologação da Comissão Eleitoral.

Perguntar não ofende: qual partido vai conseguir a pasta da Educação de Raquel Lyra?

Com troca na Educação, Raquel Lyra fecha uma porta com Gilberto Kassab

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

A saída de Alexandre Schneider da Secretaria de Educação de Pernambuco, ontem (9), deixou a governadora Raquel Lyra (PSDB) em maus lençóis em vários aspectos. O primeiro deles é que a demissão ocorre em meio à negociação para entrada dela no PSD, de Gilberto Kassab.

Alexandre Schneider é ligadíssimo a Kassab e foi indicação dele para a gestão tucana. Schneider, inclusive, foi secretário de Educação de São Paulo quando Kassab foi prefeito, entre 2006 e 2012.

Um outro ponto é que Raquel Lyra vai para o terceiro secretário de Educação em dois anos à frente do Estado. Antes, havia feito um gesto ao grupo dos Ferreira e entregou a pasta para Ivaneide Dantas, ex-secretária de Educação de Jaboatão dos Guararapes, durante o comando de Anderson Ferreira (PL). Mas Ivaneide passou só um ano e meio no cargo.

Uma terceira questão é o fato de o secretário sair do posto em meio ao processo de matrículas da Rede Estadual e faltando dias para o início do ano letivo, na primeira semana de fevereiro. Seria cômico, se não fosse trágico, o agora ex-secretário informar que vai deixar a secretaria porque está com saudade da família logo durante as matrículas e na iminência da volta às aulas.

Por fim e não menos importante, Alexandre Schneider se junta a uma dezena de secretários trocados em dois anos de Raquel como governadora. Das duas uma: ou há uma imensa dificuldade de Raquel em montar time, ou o pessoal que entra é descompromissado com a coisa pública e com a própria governadora.

ESCÂNDALO ANTECIPADO POR ESTE BLOG – Óbvio que nem o ex-secretário e nem Raquel irão assumir publicamente, mas o que motivou a saída dele foi a dispensa milionária de licitação para compra da merenda escolar, publicada na última quarta-feira (8) por este blog, com exclusividade. Menos de 24 horas depois de o Blog do Magno revelar a dispensa emergencial para a compra da merenda para 135 escolas estaduais, Alexandre Schneider caiu.

Documentos comprovam – Este blog teve acesso a documentos que comprovam que o processo de licitação estava parado por meses na secretaria, dando motivo para a realização da dispensa emergencial sem licitação, na qual o Estado escolhe diretamente as empresas sem concorrência. Sem a nova dispensa emergencial, as escolas ficariam sem merenda a partir de 4 de fevereiro, bem na volta das aulas.

Relação já tinha azedado – Para quem acompanha a política em Pernambuco, não foi bem uma surpresa a saída de Alexandre Schneider. No dia 17 de outubro de 2024, o então secretário recebeu uma ordem para apagar do Instagram uma postagem na qual anunciava a nomeação de 4.600 professores concursados, determinada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). A ordem para apagar o vídeo teria sido da governadora, para que os avisos de convocação fossem feitos somente pelo canal oficial do Estado, ficando apenas ela com a visibilidade e, como de costume na gestão tucana, o secretário evitasse os holofotes.

Pernambuco sem moral – Na época desse desse mal estar, esta jornalista percebeu que, mesmo estando à frente da Secretaria de Educação de Pernambuco há três meses, Alexandre Schneider ainda mantinha como descrição na sua rede social que era “ex-secretário municipal de educação de São Paulo”, o que levantou um questionamento: Pernambuco estava tão sem moral assim? Para o secretário do Estado preferir ser conhecido como ex do município de São Paulo? Mas, minutos depois de postarmos o fato neste blog, o então secretário trocou a descrição e assumiu Pernambuco na rede, mostrando que é um leitor atento do nosso trabalho.

Leitor e comentarista – Ontem, Schneider deu provas mais uma vez de que está entre nossos leitores fiéis. Assim que nossa equipe de redes sociais postou no Instagram a notícia sobre sua saída da Educação, ele foi logo comentando. O curioso é que, ao tentar atacar o titular deste blog, o ex-secretário acabou assumindo que não cuidou da merenda. “Se você fizesse seu trabalho, que é o de apurar, saberia que eu nunca cuidei da merenda em Pernambuco. Não mexa com a honra alheia”, disparou Schneider. Fica a dúvida: de quem é a responsabilidade de cuidar da merenda dos estudantes do Estado, se não for do Secretário de Educação?

CURTAS

Quem vai assumir – Assim que começou a ganhar o mundo a notícia da queda do secretário de Educação, começaram as especulações dos nomes cotados para a substituição. Nos bastidores, existe a dúvida se Raquel vai buscar um nome técnico ou ampliar o espaço de partidos da base, como o PP ou até o próprio PT. Surgiram nomes como João Paulo (PT), Mendonça Filho (União Brasil), Professor Lupércio (PSD) e Mozart Neves, sendo o último um perfil mais técnico e que negou a sondagem.

Funcionários aliviados – Quem também deve sair da Educação, após a demissão de Alexandre Schneider, são as suas auxiliares mais próximas, entre elas a chefe de gabinete dele, Fátima Thimoteo. Os comentários na sede da pasta são de que os funcionários estão aliviados com a notícia.

Alepe de olho – A queda do secretário não passou despercebida pela Alepe. O deputado Waldemar Borges (PSB), presidente da Comissão de Educação e Cultura da Casa, mostrou preocupação com o anúncio. “A gente fica surpreso com essa mudança tão repentina na gestão da educação. O governo já está na metade do mandato e continua sem acertar o passo em uma das áreas mais estratégicas para o futuro de Pernambuco. Com mudanças tão radicais e intempestivas, quebra-se a oportunidade de consolidar qualquer trabalho de longo prazo”, afirmou Borges.

Perguntar não ofende: quem será o próximo secretário de Raquel Lyra a cair?

Raquel Lyra tem pressa para resolver questão das emendas

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

A governadora Raquel Lyra (PSDB) não deverá esperar terminar o prazo de 30 dias estabelecido pela Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para responder ao pedido de informação sobre o não pagamento das emendas impositivas.

Pelo que demonstrou após a reunião dos deputados, na qual ficou acordado que haveria esse pedido, Raquel quer resolver logo. Os parlamentares se reuniram na última segunda-feira (6). Em seguida, Raquel solicitou à Secretaria da Fazenda um levantamento detalhado sobre a questão e disse que recebeu com tranquilidade a decisão da Casa.

A governadora ainda enfatizou que os secretários da Fazenda, Wilson de Paula, e da Casa Civil, Túlio Vilaça, estão conduzindo o processo. Wilson de Paula, inclusive, tem reforçado em declarações públicas que há disposição do Poder Executivo em fazer os pagamentos e que o Estado sabe que não é favor, mas obrigação.

Cada declaração dessa é um gesto em busca da calmaria. A serenidade com a qual Raquel tratou do assunto, ontem, também é simbólica. A governadora sabe a importância de se relacionar bem com a Alepe nos últimos dois anos de sua gestão. Sendo a eleição para o Governo do Estado já em 2026, 2025 é estratégico.

Este é o ano de o Governo Raquel Lyra ficar “bem na fita”. Precisa reduzir os desgastes que comprometem a imagem, trabalhar pela paz, fazer entregas, aprovar projetos na Assembleia sem muita polêmica. Não é do interesse da governadora deixar o imbróglio das emendas se estender.

VOLTA DA ALEPE EM FEVEREIRO – O ideal para o Palácio é que antes mesmo da volta dos trabalhos legislativos já haja uma resposta para os parlamentares, para o assunto não render após a volta dos deputados à rotina. A Casa inicia os trabalhos no primeiro dia útil de fevereiro, na segunda-feira (3/2). Até lá, os técnicos do Estado devem se debruçar sobre a burocracia que tem emperrado o pagamento das emendas. Como a Alepe também enviou pedido de auditoria ao Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), já houve reunião entre o TCE e a Casa, ontem. O Tribunal solicitou mais informações sobre os valores das emendas em cada secretaria, porque precisa dessa informação para definir o relator do tema na Corte.

Por falar em volta da Alepe – O deputado Renato Antunes (PL) afirmou que uma das primeiras medidas na volta dos trabalhos legislativos será a tratativa referente a um pacote de ações que ajude os estudantes pernambucanos que prestarão o ENEM em 2025. Após realizar o exame no ano passado, o parlamentar, que é conhecido como o deputado da educação, elaborou um relatório que será apreciado pela Secretaria de Educação do Estado e também pela governadora. A ideia é protocolar na primeira semana de fevereiro um pacote na Casa Joaquim Nabuco com projetos para mobilidade em dias de prova, acompanhamento psicológico para alunos da rede pública e ações interiorizadas, visando o Exame.

Realidade paralela – É impressionante o que os bolsonaristas comentam sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, quando uma horda de lunáticos insatisfeita com a eleição de Lula (PT) invadiu a sede dos Três Poderes, em Brasília, e promoveu um show de horrores. Dizem, pasmem, que não eram golpistas bolsonaristas, mas “petistas infiltrados numa manifestação de patriotas”. Dizem que não houve uma tentativa de golpe e que tudo não passa de uma “narrativa da esquerda para disfarçar o fracasso do atual governo”.

Negação dos fatos – Eles são capazes de negar um fato consumado, que mobilizou e estarreceu o País, cujas imagens são inquestionáveis e estão disponíveis abertamente na internet e que resultaram na prisão de centenas de pessoas por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Defendem de maneira ferrenha que não há como provar que houve uma tentativa de golpe, porque Lula assumiu o poder. Claro, só seria possível provar o golpe se ele tivesse sido executado. Mas não é porque o Brasil resistiu que não houve tentativa.

Discurso de Lula – Ao discursar no evento que marcou os dois anos da tentativa de golpe em Brasília, o presidente Lula (PT) afirmou que “ao contrário do que planejavam os extremistas do 8 de Janeiro de 2023, “ainda estamos aqui”. A declaração foi uma referência ao filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles. O longa-metragem rendeu um Globo de Ouro para a atriz Fernanda Torres. A história é inspirada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, que relata a vida da advogada Eunice Paiva (1929-2018), esposa do deputado cassado Rubens Paiva (1929-1971), que foi torturado e assassinado durante a ditadura militar brasileira.

CURTAS

Ato no Recife – A deputada estadual Dani Portela (PSOL) participou, ontem (8), de um ato em defesa da democracia no Centro do Recife. A manifestação lembrou os ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. A ação foi organizada em conjunto pela Frente Brasil Popular, Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT-PE) e Frente Nacional de Mobilização Povo Sem Medo, com o objetivo de entregar panfletos informativos denunciando o esquema de tentativa de golpe de Estado.

Hospital da PM – Com o anúncio do novo batalhão da Polícia Militar para reforçar a segurança pública em Camaragibe, o deputado Joel da Harpa (PL) destacou a importância das novas unidades policiais, uma bandeira do seu mandato. O parlamentar, no entanto, faz um apelo para que o Governo do Estado não esqueça do Hospital da PM. “Haverá o aumento do efetivo, novas unidades policiais e, certamente, maior necessidade dos cuidados com a saúde da nossa tropa. É preciso investir com urgência naquela unidade  hospitalar ou teremos sérios problemas no futuro”, alertou.

Novo controlador da capital – O administrador Severino Andrade foi nomeado controlador-geral da Prefeitura do Recife, no Diário Oficial de ontem (8). Além da graduação em Administração, Severino é pós-graduado em Gestão Pública e integrante da carreira de Gestor Governamental – Especialidade Planejamento, Orçamento e Gestão da Secretaria de Planejamento e Gestão de Pernambuco. Ele também atuou no desenvolvimento de modelos de gestão por resultados para as áreas de Defesa Social, Saúde e Educação.

Perguntar não ofende: Qual será o destino do ministro André de Paula, do poderoso PSD, na reforma ministerial de Lula?

Hoje é dia de lembrar os delírios golpistas que quase destruíram o Brasil

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Há exatos dois anos, o Brasil assistia atônito às invasões e depredações de prédios públicos em Brasília. Um show de horrores que desafiou a democracia, a ordem pública e as instituições brasileiras.

O 8 de janeiro de 2023 marcou a história do País como o dia em que bolsonaristas insatisfeitos com a eleição do presidente Lula (PT) quiseram mudar o resultado das urnas por meio da violência generalizada.

Tentaram tomar o poder à força, desrespeitando a vontade dos mais de 60 milhões de eleitores e eleitoras que escolheram, de forma legítima e democrática, que o próximo presidente da República seria Lula.

Independentemente de se concordar ou não com o projeto petista, não há e nem nunca houve dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral, a não ser aquelas que foram inventadas para servirem aos interesses do ex-presidente derrotado Jair Bolsonaro (PL), que também nunca foi alguém compromissado com a verdade.

Diante de tudo o que se sabe hoje, inclusive do plano para assassinar o presidente Lula, seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que à época era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não há como negar que o 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe, algo que precisa ser exposto e lembrado todos os anos, para jamais ser repetido.

GOLPISTAS PLANEJAVAM NATAL SANGRENTO – Não se pode esquecer também que dias antes do 8 de janeiro, na véspera de Natal de 2022, um trio que compartilhava dos mesmos delírios golpistas tentou explodir o aeroporto de Brasília. Era manhã do dia 24 de dezembro quando surgiu a notícia de que uma bomba havia sido acoplada a um caminhão-tanque abastecido com 60 mil litros de querosene de aviação e que entraria na área do terminal do aeroporto. Hoje se sabe que o plano de assassinato de Lula estava sendo planejado também em dezembro. Veja a gravidade do que pretendiam fazer com o Brasil.

Lunáticos fantasiados de patriotas – O dia de hoje é para lembrar e também refletir sobre todas as ações desses lunáticos desiludidos com o resultado das urnas. Depredaram prédios públicos, planejaram matar o presidente eleito democraticamente e iriam assassinar dezenas de inocentes ao explodir o aeroporto da capital federal. Mesmo que tentem negar os fatos, entraram para a história como golpistas violentos delirantes, jamais como patriotas que amam o Brasil.

Evento marcará os dois anos da tentativa de golpe – Às 9h30 desta quarta-feira (8), o presidente Lula comanda uma cerimônia para lembrar os dois anos dos atos golpistas em Brasília. Ele vai descer a rampa do Planalto com integrantes dos Três Poderes, uma caminhada semelhante à que ele fez um dia depois dos ataques, em 2023. O almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen (Marinha), o general Tomás Paiva (Exército) e o tenente brigadeiro do ar Marcelo Damasceno (Aeronáutica) comparecerão, a pedido do presidente.

Reforma ministerial – A aguardada reforma ministerial de Lula neste início de ano pode mexer com a vida dos ministros pernambucanos. Atualmente, Lula tem quatro nomes do Estado na sua equipe. São eles Silvio Costa Filho (Republicanos), ministro de Portos e Aeroportos; André de Paula (PSD), ministro da Pesca e Aquicultura; José Múcio, ministro da Defesa; e Luciana Santos (PCdoB), ministra da Ciência Tecnologia e Inovação.

Silvinho e André de Paula em alta – O que se comenta nos bastidores é que Silvio Costa Filho e André de Paula têm chances de crescer no Governo. Além de competentes, seus partidos saíram vitoriosos das eleições municipais e seria interessante para Lula aumentar os espaços do Republicanos e do PSD na reforma. Essa manobra reduziria o espaço do PT, que já está de olho no ministério ocupado pelo PCdoB com a ex-prefeita de Olinda, Luciana Santos. Já o ministro José Múcio gostaria de se dedicar mais à família e deixaria a Defesa por essa razão.

CURTAS

Servidores cedidos – A cessão de cinco servidores do Estado para a Prefeitura do Recife foi oficializada no Diário Oficial do último sábado (4). Os cinco nomes têm até o dia 31 de dezembro de 2025 para prestarem serviços à capital. Todos são integrantes do primeiro escalão do prefeito reeleito, João Campos (PSB). O ato foi assinado pela secretária de Administração da gestão Raquel Lyra (PSDB), Ana Maraíza de Sousa Silva.

Servidores não cedidos – Também está no DO de sábado a recusa em ceder outros cinco servidores, que eram secretários executivos da gestão socialista. Um outro ex-integrante do time de João Campos e que era cedido do Estado é Felipe Cadena. Não se sabe o motivo de o nome dele não constar na lista de funcionários que o prefeito pediu cessão. Cadena era secretário executivo de Transformação Digital do município. Nos últimos dias, ele fez uma despedida emocionada no Instagram e lembrou que esteve envolvido diretamente em projetos como o aplicativo Conecta Recife. Ele é engenheiro de computação e auditor da Sefaz.

Ingrid Zanella cumpre promessa – A presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Pernambuco (OAB-PE), Ingrid Zanella, anunciou, ontem, a anuidade zero para os jovens advogados e advogadas do Estado, com até cinco anos de formados. A medida começou a vigorar ontem mesmo e é inédita e histórica. A OAB-PE é a primeira no Brasil a implantar a anuidade zero. A decisão foi tomada após a adequação necessária no orçamento da Ordem, garantindo a execução da proposta que vai beneficiar mais de 10 mil jovens advogados. Atualmente, a anuidade para os jovens advogados varia de R$ 400 a R$ 720.

Perguntar não ofende: João Campos vai mandar nova lista pedindo cessão de servidores para Raquel Lyra?

Nova crise entre Governo Raquel Lyra e Alepe

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

A relação entre a governadora Raquel Lyra (PSDB) e a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) havia acalmado nos últimos meses de 2024, depois de quase dois anos de embates e muito desgaste para o Governo tucano.

Ainda está fresca na memória daqueles que acompanham a política no Estado a peleja de Raquel com a Casa em seu primeiro ano de gestão, em 2023, quando ela vetou trechos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e teve esses vetos derrubados pelos deputados, no que seria um dos capítulos iniciais da queda de braço.

Frequentemente acusada de agir com falta de diálogo, Raquel se viu em outra crise com a Alepe em 2024, durante a tramitação do projeto de lei que extinguiu as faixas salariais dos policiais e bombeiros militares do Estado de forma escalonada, até 2026. Foi muita dor de cabeça até a governadora aprovar a medida como desejava.

Depois da canseira que a Assembleia deu à gestora, talvez fazendo com que ela e sua equipe tivessem mais consciência de que não se governa um Estado sozinha e sem fazer política, Raquel Lyra recuou e até fez um gesto à Alepe. Não se envolveu na nova eleição da Mesa Diretora da Casa, em dezembro passado. Deixou correr livre e defendeu que era um assunto interno da Assembleia.

Mas, o que parecia um ensaio de paz, já foi por água abaixo logo nos primeiros dias deste ano. O não pagamento das emendas impositivas despertou, de novo, o mau humor dos deputados, que, ontem (6), se reuniram e decidiram encaminhar um pedido de informação ao Governo sobre o assunto. Assim, teve início a primeira crise de 2025 entre a governadora e a Alepe.

GOVERNO TEM 30 DIAS PARA EXPLICAR – Liderados pelo presidente reeleito da Assembleia, Álvaro Porto (PSDB), os deputados assinaram um documento estabelecendo prazo de 30 dias para que o Poder Executivo explique o motivo de não ter pago as emendas impositivas até 30 de dezembro do ano passado, como havia prometido Raquel Lyra. De maneira geral, eles defendem que não é falta de dinheiro. Além disso, será encaminhado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) um pedido de auditoria especial. Até o momento, dos R$ 188 milhões, foram pagos R$ 43 milhões.

Aliados não assinaram – Trinta deputados já assinaram o documento. No entanto, três dos parlamentares que compareceram ao encontro não aderiram ao pedido. Foram eles Joãozinho Tenório (PRD), Henrique Queiroz Filho (PP) e Socorro Pimentel (União Brasil). Um dos governistas mais dedicados, Antônio Moraes (PP) não conseguiu comparecer à reunião, mas defendeu que haja entendimento e não judicialização do assunto. “A governadora e o secretário da Fazenda (Wilson José de Paula) já mostraram disposição e boa vontade para resolver”, afirmou, em conversa com este blog.

Mas pode parar na Justiça, sim – “Alguns já queriam judicializar, mas a gente achou por bem não fazer isso. A reunião seria de manhã, mas eu mudei para a tarde esperando o posicionamento do Governo. Eu avisei a ela (Raquel) que iria marcar essa reunião e que o que a Casa decidir a gente vai fazer”, afirmou o presidente Álvaro Porto. “Todos sabem da importância das emendas para as bases. No final do ano, os deputados avisaram aos seus prefeitos, às entidades, confirmando os pagamentos, mas não teve”, acrescentou Porto.

Vontade política – Ainda segundo Álvaro Porto, a Assembleia aguarda “a vontade política da governadora”. “Além de serem impositivas essas emendas, foi um compromisso que o Governo assumiu. A gente fez até um projeto para que o pagamento fosse escalonado”, destacou. Já o deputado Alberto Feitosa (PL) frisou que, no passado, o pagamento das emendas não era bem definido sob o ponto de vista jurídico, mas essa realidade mudou porque a PEC aprovada pelos parlamentares deixou claro que as emendas são impositivas.

Nova líder do União Brasil – A deputada Socorro Pimentel (União Brasil) foi indicada para ocupar o cargo de vice-líder da bancada do partido na Alepe. A nomeação foi formalizada por meio de um ofício encaminhado à Presidência da Casa pelo líder da bancada, deputado Romero Albuquerque, ontem. Em nota, Socorro Pimentel destacou o compromisso com a nova função. “Assumo essa função com a mesma responsabilidade e respeito pela sigla que sempre pautaram minha vida pública. Vamos continuar trabalhando para fortalecer nossa atuação na Alepe e avançar em pautas que beneficiem Pernambuco, ao lado da governadora Raquel Lyra”, afirmou.

CURTAS

Fernanda Torres e Lula 1 – O presidente Lula (PT) comentou no Instagram, ontem, a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro na categoria “Melhor Atriz em Filme de Drama”. A atriz foi premiada por sua atuação como Eunice Paiva no filme “Ainda Estou Aqui”. A direção foi de Walter Salles. Lula falou sobre a importância da obra para a preservação da história brasileira. Ele classificou o período da ditadura militar, retratado no filme, como “um passado de horrores”.

Fernanda Torres e Lula 2 – “O filme reflete sobre um passado de horrores que precisa ser lembrado, para que as novas gerações conheçam e as antigas nunca se esqueçam. Ao reconhecer o trabalho de Fernanda Torres, o mundo também reconhece a importância de contarmos nossas histórias, não tolerando autoritarismos nem a violência”, afirmou Lula.

Silvinho a todo vapor – O ministro Silvio Costa Filho (Republicanos), de Portos e Aeroportos, cotado para ser candidato ao Senado por Pernambuco em 2026, estima a entrega de mais de 30 aeroportos, entre novos empreendimentos e requalificações, para 2025. Segundo ele, a meta do Governo Lula é impulsionar a infraestrutura aeroportuária do País, com investimento de R$ 3 bilhões, o que representa o maior número de entrega dos últimos 10 anos no setor.

Perguntar não ofende: a governadora Raquel Lyra vai conseguir pacificar a Assembleia Legislativa novamente?

Antes de pensar em 2026, Lula precisa sobreviver a 2025

Por Larissa Rodrigues – repórter do blog

Apesar de falar em união e reconstrução do Brasil, o presidente Lula (PT) não conseguiu romper, nos últimos dois anos, a polarização que divide o País. Conquistar pelo menos uma parte do eleitorado que não votou nele em 2022 se tornou um dos maiores desafios do petista, algo quase impossível de acontecer.

Pior, o presidente entrará na segunda metade de seu mandato com menos apoio do que o obtido nas urnas, tendo perdido uma parcela do próprio grupo que o elegeu. Todas as pesquisas de opinião dos principais institutos e que foram feitas entre 2023 e 2024 apontam para esse cenário difícil enfrentado por Lula.

Mesmo com indicadores como fome e desemprego em queda, uma parcela da população resiste a Lula e é composta pelos não eleitores dele e também por quem deu um voto de confiança no projeto petista. Antes de pensar em 2026, Lula precisa sobreviver a 2025.

Um dos dados mais expressivos e que revela a maior diferença na avaliação positiva do gestor é do PoderData. De acordo com o instituto, o trabalho do presidente era avaliado como “bom” ou “ótimo” por 43% dos eleitores em janeiro de 2023, mas caiu para 27% em dezembro de 2024.

A crise na popularidade, no entanto, não é a única pedra no sapato do Governo. A relação com o Congresso também assombra o Poder Executivo, neste início de ano, sobretudo depois que o ministro do STF Flávio Dino jogou gasolina no incêndio com o bloqueio de emendas parlamentares.

Para tentar conseguir apoio, Lula deve realizar uma reforma ministerial que ampliará o espaço de partidos aliados, como o PDS, por exemplo. Nesse contexto de mudanças, uma das alterações esperadas é também na Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), responsável pela assessoria de imprensa, redes sociais e publicidade do Governo.

Mudar a comunicação é fundamental para Lula, já que sua mensagem tem encontrado dificuldade de ser compreendida pela população, impactando na popularidade e na compreensão dos indicadores positivos pelo povo. Superar todas as arestas com o Congresso e acomodar melhor os aliados, a essa altura, também é prioridade e, mais do que isso, virou questão de sobrevivência do Governo.

EM PERNAMBUCO, LULA AINDA REINA – Estado de nascença do presidente, Pernambuco ainda é um reduto lulista. Segundo dados do Instituto Opinião, que realizou pesquisa no início de novembro de 2024 sobre a popularidade de Lula no Estado, a gestão do presidente é aprovada por 60,1% e reprovada por 33,9% dos pernambucanos. Mas a soma entre os percentuais de ótimo (19,6%) e bom (26,9%) derrubou o nível de satisfação para 46%. Por região, a gestão petista teve seus maiores percentuais de aprovação na Zona da Mata (68,5%), no São Francisco (67,6%) e no Sertão (62,8%). Já na Região Metropolitana, o Governo apresentou a menor taxa de eleitores satisfeitos, 54,6%.

Saída repentina – Pegou a todos de surpresa a saída às pressas de Felipe Valença da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás). Após a demissão repentina, o Governo do Estado anunciou, no último sábado (4), o novo diretor-presidente da estatal, o advogado Bruno Monteiro Costa, que é formado em Direito pela UFPE e tem mais de 20 anos de carreira. Bruno Costa estava como assessor na Secretaria de Projetos Estratégicos e já foi gestor Jurídico no Departamento de Estradas de Rodagens (DER) e na Secretaria da Criança e Juventude, em 2011.

Raquel Lyra e os sapatos – A governadora Raquel Lyra tem tentado desde sempre, nas suas redes sociais, passar uma imagem mais descontraída e estabelecer uma aura de leveza, para suavizar a figura e buscar uma conexão mais empática com os pernambucanos. Com isso, já fez vídeo comendo tapioca e brincando com um cachorro (que, por sinal, batizou com o nome do titular deste blog, Magno). Ontem, a governadora achou por bem comentar sobre a situação dos seus sapatos em mais um vídeo. Lembrou que uma sandália derreteu no asfalto e contou que os bicos dos seus sapatinhos vermelhos estão todos “comidos”, de tanto que anda com eles. A estratégia dividiu opiniões nas redes. Uns consideraram que Raquel demonstrou humildade, enquanto outros disseram que a esse tipo de postagem é fora de tom, diante de tantos problemas sérios que Pernambuco enfrenta.

Mendonça Filho em casa – Depois do susto, o deputado federal Mendonça Filho (União Brasil), já está em casa. Ele recebeu alta do Hospital Português, ontem (5), e se recupera junto à família. Mendonça teve um mal-estar em uma praia do litoral pernambucano ao fazer atividade física e o incidente o fez precisar de internação por dois dias. O parlamentar passou por exames na emergência cardiológica, incluindo cateterismo cardíaco, mas foi descartada a possibilidade de infarto agudo do miocárdio.

Renato Antunes e as GRE’s – O deputado estadual Renato Antunes (PL) comemorou o anúncio do Governo do Estado, que lançou o edital de licitação para o contrato de prestação de serviços de manutenção predial, preventiva e corretiva para todas as 16 Gerências Regionais de Educação, as GREs. Em um dos últimos atos políticos de 2024, o parlamentar fez um apelo público à governadora Raquel Lyra (PSDB) pedindo que as estruturas das GREs recebessem investimentos, pois servem de apoio às equipes da rede estadual. “É preciso investimento para as escolas, mas não podemos deixar de lado as Gerências, responsáveis por todo trabalho estratégico da nossa rede estadual”, defendeu Antunes.

CURTAS

Reunião no recesso – Os deputados estaduais se encontram, às 15h de hoje, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), para discutir o que farão a respeito das emendas ainda não pagas pelo Governo do Estado. Na semana passada, o presidente da Casa, deputado Álvaro Porto (PSDB), teve uma reunião com a governadora Raquel Lyra, para tratar o assunto. Na ocasião, o presidente expôs a insatisfação dos colegas com a falta de pagamento das emendas propositivas.

Secretário Eriberto Filho – O deputado estadual Eriberto Filho (PSB), que agora é secretário de Esportes do Recife, entrou na gestão municipal na última semana e já começou a gastar sola de sapato ao lado do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Ontem, inaugurou o campo do Parque da Macaxeira, no bairro de mesmo nome. O local é o 14º reformado pelo programa Gramadão e foi operacionalizado pela Secretaria de Esportes da capital.

Para não esquecer – O governo Lula (PT) fará um ato na próxima quarta-feira (8) para lembrar os ataques de 8 de janeiro de 2023. O evento será na Praça dos Três Poderes, a partir das 9h30. A data marca os dois anos da invasão e depredação do Congresso, do STF e do Palácio do Planalto, por extremistas de direita. O presidente deve descer a rampa do Planalto com integrantes dos Três Poderes, numa cerimônia semelhante à caminhada feita por ele um dia depois dos ataques em 2023.

Perguntar não ofende: ainda há tempo para Lula tentar conseguir conquistar novos eleitores?

A realidade impiedosa que se impõe perante João Campos e Victor Marques

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Para além do jogo político e das pretensões futuras, de ser ou não governador de Pernambuco, são imensos os desafios do agora do recém-empossado prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), assim como do seu vice-prefeito, Victor Marques (PCdoB).

Passada a fase de celebrar a vitória inquestionável nas eleições de 2024 e o período de acomodação de aliados, bem como de organização de equipe, João Campos e Victor Marques têm pela frente a tarefa de administrar uma cidade cheia de problemas, com qualidade de vida ruim e indicadores sociais difíceis.

O levantamento do Instituto Cidades Sustentáveis (ICS), por exemplo, que analisou em março de 2024 a desigualdade social nas capitais brasileiras, colocou o Recife em segundo lugar no mapa da desigualdade entre as capitais do País, sendo superada apenas por Porto Velho, capital de Rondônia.

O estudo avaliou áreas como educação, saúde, violência, assistência social, meio ambiente e direitos humanos e também trouxe dados sobre ocupação. Segundo o ISC, o Recife enfrenta uma taxa de desemprego que alcança 15% da população, sendo a segunda capital brasileira com a maior desocupação.

Além disso, a capital pernambucana registra uma alta porcentagem de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, com 11,2% da população nessa situação. Outro levantamento que aponta para as dificuldades do Recife é o Índice de Progresso Social – Brasil (IPS Brasil), publicado em julho de 2024.

Esse estudo avaliou a qualidade de vida e o desempenho socioambiental dos 5.570 municípios brasileiros. Foi desenvolvido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em parceria com a Fundación Avina, Amazônia 2030, Anattá Pesquisa e Desenvolvimento, Centro de Empreendedorismo da Amazônia e Social Progress Imperative.

QUALIDADE DE VIDA EM XEQUE – No mapa que mostra o progresso social dos municípios, elaborado pelo IPS Brasil, o Recife figurou entre as capitais que oferecem os piores indicadores de qualidade de vida. No ranking das 27 capitais, ocupou a 21ª colocação e ficou entre as 10 piores cidades em condições de vida do Brasil. A comparação regional também deixou o Recife em posição ruim: ficou na lanterna no ranking das nove capitais do Nordeste, à frente apenas de Maceió.

Cobrança dobrada – Se João Campos pretende ser governador de Pernambuco e fazer de Victor Marques prefeito do Recife, vai ser preciso que os dois trabalhem para melhorar esses indicadores, porque a cobrança em cima de um nome que se propõe a governar o Estado é dobrada, assim como será dobrada a cobrança em cima do nome de Victor, que pode vir a disputar a prefeitura com o aval de João tendo como experiência pública ter sido chefe de gabinete de João e vice-prefeito por dois anos. Tudo isso vai ser colocado em discussão. A qualidade de vida do povo pobre dessa cidade, a oferta de oportunidades na capital, os serviços oferecidos nas áreas sensíveis, como saúde, tudo vai para a conta dos dois.

Oposição sem trégua – A nova oposição na Câmara do Recife, inclusive, já deu sinais de que não vai dar sossego a João e Victor. Mal tomou posse no primeiro dia do ano e o vereador Gilson Filho (PL), filho do ex-ministro Gilson Machado (PL), já esteve no dia seguinte (2) na Policlínica e Maternidade Professor Arnaldo Marques, no Ibura, para fiscalizar o funcionamento da unidade. Segundo ele, o que encontrou foi um cenário de abandono, que tem gerado indignação entre pacientes e familiares. Encontrou uma paciente de 22 anos que sofreu um aborto e relatou ter chegado à unidade às 9h, mas precisou pagar por exames em uma clínica particular porque a médica responsável pelos exames estava de férias e não houve substituto.

Mais problemas na policlínica – Ainda segundo Gilson Filho, a unidade enfrenta a falta de copos descartáveis, obrigando os pacientes a comprarem água fora, e o banheiro feminino, essencial em uma maternidade, estava sem água. De acordo com o vereador, o pai de uma mulher que deu à luz também denunciou que os quartos não possuem lençóis para os recém-nascidos, forçando as famílias a levarem o material de casa. Outro ponto constatado foi o funcionamento parcial do setor de exames. Nos dias pares, não há médico para realizar ultrassons e exames laboratoriais, deixando pacientes desassistidos. Já nos dias ímpares, a unidade conta com atendimento normalizado.

Mais oposição, mesmo sendo do PT – Também na mesma semana da posse, a vereadora Liana Cirne (PT) já começou o ano dando trabalho à Prefeitura do Recife, mesmo fazendo parte de um partido que (ainda) está na base de João Campos e mesmo o prefeito tendo afirmado diversas vezes que seu candidato em 2026 é o presidente Lula (PT). Liana Cirne protocolou, ontem (3), um ofício na prefeitura apontando inconsistências nas nomeações de novos professores divulgadas no Diário Oficial do dia 2. Entre os problemas, estão nomes repetidos na lista, convocação de candidatos fora da ordem de classificação, uso indevido da modalidade “final de fila” e falhas na classificação de rescisões e substituições. Liana também questionou a renovação de 1.340 contratos temporários, enquanto ainda há candidatos aprovados em concurso aguardando nomeação.

CURTAS

Mendonça Filho segue sem previsão de alta – O deputado federal Mendonça Filho (União Brasil) segue internado no Hospital Português, no Recife, depois de passar mal, ontem (3), ao praticar uma atividade física em uma praia do litoral pernambucano. O parlamentar passou por cateterismo cardíaco e teve descartada a possibilidade de infarto agudo do miocárdio. Segundo informações de bastidores, o deputado está bem e conversou ontem mesmo com familiares e amigos. Mas está sem previsão de alta.

Novos deputados estaduais – O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), deputado Álvaro Porto (PSDB), empossou os deputados estaduais Cayo Albino (PSB) e Wanderson Florêncio (SD), ontem (3), no auditório da Casa Joaquim Nabuco. Cayo Albino assumiu a vaga de Eriberto Filho (PSB), que foi empossado como secretário de Esportes do Recife, a convite do prefeito João Campos. O gesto amarrou ainda mais a família do prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), ao grupo de João Campos, uma estratégia para 2026, já que Campos pode vir a precisar de espaço no Agreste, como candidato a governador. Já Wanderson Florêncio assumiu a vaga de Lula Cabral (SD), eleito prefeito do Cabo de Santo Agostinho.

Grupo de Eriberto Medeiros fortalecido – Por falar em Eriberto Filho, o grupo do pai dele, o deputado federal Eriberto Medeiros (PSB), teve uma semana de ouro e entrou em 2025 fortalecido. O pai é federal. Um dos filhos é secretário de João Campos. O outro filho, o vereador Eriberto Rafael (PSB), foi eleito primeiro-secretário da Câmara do Recife, no último dia 1°.

Perguntar não ofende: Como será a relação de Cayo Albino (PSB) e Izaías Régis (PSDB) na Alepe, já que os dois disputarão os holofotes de Garanhuns na Casa?

João quer repetir o pai: “Foi Victor que fez”

Ao entregar a pasta de Infraestrutura ao vice-prefeito Victor Marques (PCdoB), a principal vitrine da gestão na montagem de projetos, benfeitorias e entregas reais, o prefeito João Campos (PSB) teve um propósito político e eleitoral: mostrar que o aliado, seu provável substituto em abril de 2026, quando deve renunciar o cargo para disputar o Governo do Estado, é um tocador de obras.

No primeiro mandato, João entregou esta missão a Marília Dantas. Deu tão certo que ela passou a ser vista como um dos nomes cotados para sua sucessão. Acabou escolhendo Victor, mais formulador do que executivo, mas que deu pitacos em todas as obras, inclusive nas tocadas por Marília, na condição de chefe-de-gabinete.

Mas sem uma pasta responsável por tirar projetos do papel, tocar e realizar obras estruturadoras e de efeitos sociais, como se dará agora em Infraestrutura, Victor não tem hoje a mesma fama de tocador de obras, como ocorreu com Geraldo Júlio, o principal auxiliar de Eduardo Campos no seu primeiro mandato no Governo do Estado e por ele preparado e escolhido candidato a prefeito do Recife, em 2012.

Para arrebatar a Prefeitura do PT, Eduardo fez a campanha de Geraldo Júlio com o slogan que entrou para a história: “Foi Geraldo que fez”. Isso foi usado como uma espécie de mantra ao final de cada obra importante que Eduardo entregou no seu primeiro mandato, de 2007 a 2011, tanto na propaganda eleitoral quanto na publicidade governamental.

Se Victor conseguir se dar bem também como tocador de obras, João, como o pai, também poderá dizer que tal obra no seu segundo mandato tem o DNA de Victor. “Foi o Victor que fez”, repetirá a mesma estratégia do pai para eleger Geraldo Júlio. Afinal, para os recifenses, Victor ainda é um estranho no ninho, uma cara extremamente desconhecida. Na verdade, uma incógnita. Tanto pode dar certo como não.

MERO BUROCRÁTICO A pasta de Infraestrutura é uma das principais da gestão municipal e é responsável por obras de grande porte na cidade, como ações de estrutura viária, e de médio e pequeno porte, como o asfaltamento de ruas na periferia. A ideia de João Campos é que Victor ganhe popularidade ao fazer anúncios e entregas de obras na cidade. Além disso, o vice passa a se ambientar diretamente à máquina pública, já que o posto anterior — chefe de gabinete — era mais burocrático.

As principais vitrines Entre as prioridades de João Campos para o novo mandato e, consequentemente, “bombar” Victor Marques como tocador de obras, estão a inauguração do Hospital da Criança e a construção de um Centro de Diagnóstico e Imagem, para fortalecer a rede municipal de saúde. Outra expectativa é para a construção de duas pontes — uma entre Imbiribeira e Areias e outra do Cordeiro a Casa Forte — para desafogar o trânsito, um dos principais tormentos diários dos recifenses.

O maior protagonista Nos bastidores, a recomendação do prefeito em relação a Victor é a de que seja protagonista de uma gestão eficiente. Os auxiliares interpretaram que João Campos quer isso porque o novo governo pode ser de um ano e três meses ou de quatro anos sob seu comando, em meio à indefinição sobre ser candidato a governador no próximo ano. Uma das secretarias criadas por João Campos para o novo governo é a de Secretaria de Ordem Pública e Segurança. Na campanha eleitoral da reeleição, o prefeito prometeu fazer o armamento gradual da Guarda Municipal do Recife, assunto que foi um tabu nos 12 anos iniciais da gestão do PSB no Recife. Outra função da Secretaria será a integração da guarda com outros órgãos, como Defesa Civil e Controle Urbano.

Zebra em Arcoverde – Em Arcoverde, o prefeito Zeca Cavalcanti (Podemos) foi derrotado na escolha do presidente da Câmara. Embora Luciano Pacheco (MDB), eleito por 6 a 4, graças a uma manobra da vereadora Célia Galindo (Podemos), seja da base e aliado de primeira hora, Zeca bancou e queria, na realidade, que o presidente fosse o vereador Rodrigo Roa (Podemos). O acordo foi fechado pelo vice-prefeito Siqueirinha, por recomendação de Zeca. Mas deu zebra!

Política não é para amadores – Já em Belo Jardim, o prefeito Gilvandro Estrela (União Brasil) foi mais esperto, ágil e competente na articulação do que Zeca, em Arcoverde. Ao perceber que perderia a eleição com Nilton Senhorinho (Podemos), por uma traição do ex-presidente Zé Guri (PSDB), que queria ser reeleito a todo custo, Gilvandro bancou a candidatura de Pitomba da Lotação (União Brasil), eleito por um voto de diferença – 10 a 5. Vitorioso, o prefeito expulsou Zé Guri e Euno Filho, o Euninho (PSDB), que, como Guri, o apunhalou pelas costas. Gilvandro mostrou, mais uma vez, que política não é para amadores.

CURTAS

TRAIÇÃO – Principal colégio eleitoral do Sertão, Petrolina também foi cenário de traição no apagar das luzes na eleição da mesa diretora. Osório Siqueira (Republicanos) registrou sua candidatura de última hora e derrotou o ex-presidente Aero Cruz (MDB), que tinha como certa a sua reeleição.

FIRMEZA – No Recife, o novo líder da oposição, Felipe Alecrim (Novo), promete ser vigilante em relação ao Governo João Campos. “Nossa missão é ser uma oposição firme no combate aos abusos e descasos, atuando sempre em prol da transparência e da eficiência na administração pública”, disse.

SEM MESA – Em Camaragibe, os vereadores ligados ao grupo da oposição feriram o regimento, realizaram uma eleição ilegal e terão que voltar às urnas brevemente para escolha da mesa diretora para o biênio 2025-26. Assumiu a presidência, interinamente, Geraldo Alves (MDB).

Perguntar não ofende: Quando Camaragibe terá presidente da Câmara?