Petrolina - Testemunhal

Ademir Alves planta semente da renovação política em Bonito

A candidatura de Ademir Alves (MDB) à Prefeitura de Bonito destacou-se por uma campanha propositiva e sem ataques pessoais. Com propostas voltadas para o futuro da cidade, foi o único postulante a apresentar publicamente seu plano de governo. O seu estilo de fazer política foi elogiado não apenas pelos eleitores, mas também pelos adversários no município.

Com 2.202 votos, Ademir não conseguiu ser eleito, mas sua campanha contribuiu para a vitória do vereador correligionário Henrique da Gold, com 730 votos.

Candidatos na disputa do segundo turno das eleições municipais não podem ser detidos ou presos desde o último sábado (12). A exceção são casos de flagrante delito.

A medida está prevista no Código Eleitoral (Lei nº 4.737/1965), e vai até o dia 29 de outubro.

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), o objetivo da Lei é não impedir ou dificultar o cidadão de votar e ser votado, e manter o equilíbrio na disputa.

O candidato que for preso durante o período de campanha será conduzido de imediato ao juiz competente. Se for verificada ilegalidade na detenção, “a relaxará e promoverá a responsabilidade do coator”.

Do Diario de Pernambuco.

O Ministério Público Federal (MPF) requereu que o Governo de Pernambuco adote “as medidas cabíveis para sanar graves irregularidades que teriam sido cometidas por agentes estaduais contra policiais da Força Penal Nacional (FPN) no âmbito do Presídio de Itaquitinga 2 (PIT II)”. A governadora Raquel Lyra (PSDB) já foi oficiada pelo MPF.

Segundo a FPN, a gestão prisional comprometeu o compartilhamento de protocolos de segurança e afetou negativamente a atuação dos policiais penais federais oriundos de diversos estados do Brasil, conforme estabelecido por acordo de cooperação entre o governo federal, por meio da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), e o governo estadual, representado pela Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP).

A procuradora Silvia Regina Pontes Lopes, responsável por procedimento instaurado para a fiscalização das condições nas unidades prisionais locais, também comunicou as irregularidades ao Conselho Penitenciário do Estado de Pernambuco, de que o MPF é integrante, Conselho Nacional de Justiça, Ministério da Justiça e Segurança Pública e Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.

A atuação do MPF foi motivada por denúncias encaminhadas pela Força Penal Nacional, que apontou falhas graves na gestão do PIT II e a necessidade de medidas disciplinares, com relatos de práticas inadequadas por parte da gestão da unidade. Entre as acusações, estão ameaças contra agentes da FPN e obstrução da implementação de protocolos de segurança destinados a controlar lideranças criminosas no interior da unidade. No ofício à governadora, Raquel Lyra (PSDB), o MPF pede que sejam adotadas as medidas necessárias para a apuração das condutas dos agentes estaduais envolvidos, o que inclui possível instauração de procedimentos disciplinares para avaliar as responsabilidades.

De acordo com o relatório da FPN, encaminhado após requisição do MPF, a gestão tem dificultado as operações de controle no PIT II, interferindo em procedimentos de segurança e desrespeitando os policiais penais mobilizados. O MPF reforçou recentemente, em ofício à Senappen, a necessidade de esclarecimentos sobre as ações tomadas em resposta aos fatos relatados, incluindo possíveis medidas disciplinares direcionadas à Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco.

O relatório indica que a falta de uma intervenção eficaz pode desmotivar futuras colaborações interestaduais, prejudicando a execução de ações conjuntas de segurança pública. Para a procuradora da República, as irregularidades relatadas no presídio não apenas impactam negativamente o funcionamento da unidade, mas também colocam em risco a continuidade da cooperação entre o governo federal e o governo de Pernambuco.

Do Ministério Público Federal.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, admitiu que a Justiça brasileira pode decretar a prisão do presidente da Rússia, Vladmir Putin, caso ele venha ao Rio de Janeiro em novembro para a 10ª reunião da cúpula do G20, grupo formado por lideranças das maiores economias do mundo, incluindo 19 países, a União Europeia e a União Africana. A presença de Putin ainda não foi confirmada e já há algum tempo ele não tem participado dos encontros de líderes do bloco.

Apesar da existência de imunidade parlamentar para chefes de Estado no Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não descartou a possibilidade de prisão do presidente russo, arcando com os efeitos diplomáticos que essa ação traria. Após afirmar em setembro que Putin não seria preso se viesse ao Brasil, o petista recuou e disse que quem decide sobre a prisão “é a Justiça e não o governo”.

“Não posso limitar um juiz, nem imaginar ou adivinhar o que ele pode fazer”, reforçou Vieira em uma entrevista à CNN.

No caso da “tradição de imunidade”, a ordem de prisão de Putin no Brasil implica proteção e privilégios por estar participando de eventos dessa natureza. A realidade é válida internamente, pela Justiça brasileira, mas também internacionalmente, como explica Vieira: “Inclusive em Nova York, há um acordo de sedes que obriga a conceder tratamento diferenciado e com imunidade aos chefes de Estado que participam das assembleias da ONU [Organização das Nações Unidas]. Então é a mesma coisa”.

Putin tem um mandato de prisão emitido pela Tribunal Penal Internacional (TPI) no ano passado por crimes de guerra em áreas ocupadas na Ucrânia. Os 124 países-membros, incluindo o Brasil, são obrigados a prendê-lo ou transferi-lo para julgamento em Haia, sede do TPI, localizada nos Países Baixos. O chefe de Estado Russo é acusado de haver deportado ilegalmente crianças ucranianas à Rússia durante a guerra que se iniciou em fevereiro de 2022, o que se constitui como crime de guerra.

O TPI é um organismo internacional permanente detentor da jurisdição que o permite investigar e julgar indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão e foi criado a partir do Estatuto de Roma, do qual o Brasil é signatário desde 2000.

O próximo encontro entre Putin e Lula acontecerá este mês, entre os dias 22 a 24, em Kazan, na Rússia, para a 16ª cúpula do Brics, formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Os novos membros, Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia, que aderiram ao grupo este ano, participarão do encontro pela primeira vez.

Do Correio Braziliense.

A eleição municipal de Bonito, no Agreste de Pernambuco, foi marcada por feitos históricos. O grupo do PSB venceu sua quinta eleição consecutiva, estabelecendo um recorde na região, com a eleição de Dr. Ruy como prefeito e garantindo nove das treze cadeiras na Câmara de Vereadores.

Entre os eleitos, está Carlinhos Vilela, de 18 anos, que entrou para a história como o vereador mais jovem já eleito no município e no estado de Pernambuco.

O prefeito reeleito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), assina, daqui a pouco, as ordens de serviço para início das obras de ampliação e reforma do Parque Euclides Dourado, da construção da nova praça da Ceaga, e da reforma e ampliação da Escola Municipal Abílio Camilo Valença, no Viana e Moura, além da construção da escola CMEI Miguel Arraes (Miguelzinho) no Parque Fênix.

Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, está à frente de Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno da disputa pela Prefeitura da capital paulista, mostra pesquisa Real Time Big Data encomendada pela Record e divulgada nesta segunda-feira, 14.

O emedebista aparece com 53% das intenções de voto, contra 39% do candidato do PSOL. Brancos e nulos são 3%, enquanto 5% não sabem ou não responderam.

Em votos válidos — cenário que desconsidera as opções branco e nulo — Nunes tem 58% e Boulos, 42%.

O instituto ouviu 1.500 pessoas entre os dias 11 e 12 de outubro. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. O registro da pesquisa no TSE é SP-00357/2024.

Da Revista Istoé.

Por Renato Fonseca*

É alarmante o estado em que o PT se encontra atualmente. O partido que outrora simbolizava a luta das classes trabalhadoras parece ter se perdido em alianças pragmáticas e oportunistas. Com o afastamento das bases populares, especialmente nas periferias, a extrema direita conseguiu enraizar-se rapidamente, ocupando o vácuo deixado pelo PT.

O resultado? Uma derrota esmagadora nas eleições de 2024, com o partido elegendo pouco mais de 200 prefeitos em todo o Brasil. O apoio a candidaturas de esquerda foi quase nulo, enquanto Lula, o atual presidente, fez aparições esporádicas, limitando-se a comparecer apenas duas vezes em São Paulo.

No Recife, o cenário é igualmente desolador. O PT tinha três vereadores e, neste ciclo, perdeu uma cadeira, conseguindo eleger apenas duas vereadoras: Liana Cirne e Kari Santos. Figuras históricas como Osmar Ricardo e Professor Jairo Brito, que já ocuparam mandatos importantes na câmara municipal, ficaram de fora.

Essa perda de espaço reflete não apenas a fraqueza do partido, mas também a influência das alianças que prevalecem nas decisões internas, até mesmo na hora de dividir o fundo partidário. Os aliados recebem mais, criando um cenário em que “tudo para os meus e nada para os outros” se torna a norma.

Além disso, a retaliação dentro do partido é uma prática comum. Aqueles que não obedecem às diretrizes da cúpula enfrentam expulsões. Eu mesmo posso ser expulso por expressar essas opiniões, o que é uma ironia triste, pois o PT nasceu da rebeldia e da luta contra o autoritarismo. Quando o partido adota essa postura, perde sua essência e se distancia de suas raízes.

No Estado de Pernambuco, a situação é ainda mais preocupante. Sob a liderança de Doriel Barros e a influência de Humberto Costa, o partido perdeu o protagonismo e se tornou um espectador passivo. A tentativa vexatória de assegurar a vice na chapa de João Campos (PSB) culminou em uma derrota humilhante, mostrando que o PT não só se afastou das suas raízes, mas também se comprometeu a perder espaço no debate político.

Alianças com figuras, como Yves Ribeiro e Elias Gomes, que ingressaram no partido apenas para disputar eleições, revelam um oportunismo preocupante. André Campos, que havia abandonado o PT para se juntar ao PSB, agora retorna ao partido, levantando dúvidas sobre suas intenções.

Outro aspecto crucial a ser considerado é a idade de Lula. Embora seja o atual presidente, é inquietante perceber que poucos falam sobre a sucessão de Lula. Ele não é eterno. O que será do PT e da esquerda quando não puder mais ser candidato? Por que é tão difícil discutir a renovação no campo da esquerda? Essa falta de diálogo e promoção de novas lideranças é um sinal claro de que o partido está se afundando em suas próprias tradições sem olhar para o futuro.

Ademais, o PT tem se aliado a partidos que no passado votaram pelo impeachment de Dilma Rousseff, sem qualquer crítica. Essa estratégia levanta questões sérias: até onde o PT está disposto a ir em nome do poder? Quem será capaz de substituir Lula e conduzir o partido em direção a um futuro que já parece incerto?

É hora de refletir profundamente sobre esses pontos. O PT precisa urgentemente resgatar sua essência, revitalizar suas bases e abrir espaço para novas lideranças que possam dialogar com as demandas da sociedade contemporânea. Se não fizer isso, corre o risco de se tornar um mero apêndice de uma política de poder, esquecendo-se das lutas e dos valores que o tornaram um símbolo de esperança e resistência. O futuro do PT e da esquerda brasileira depende dessa transformação. Precisamos nos perguntar: o que faremos para garantir que o legado de luta e transformação social continue a ser uma prioridade?

*Militante petista

O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE) determinou, por meio de medida cautelar, a interrupção do processo seletivo da Autarquia Distrital que previa a contratação temporária de oito agentes comunitários de saúde e seis agentes de combate a endemias para atuarem em Fernando de Noronha. A administradora Thallyta Figueiroa Peixoto é indicada pelo Governo do Estado. A ação foi provocada pelo Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPC-PE), com o pedido sendo formalizado pela procuradora Germana Laureano. Segundo a procuradora, a Constituição Federal, em conjunto com uma legislação federal específica, não permite a contratação temporária para essas funções.

“O MPCO defendeu que ressai induvidosa, a toda evidência, a impossibilidade de contratação temporária de ACE e ACS, por meio de processo seletivo simplificado, por clara ofensa à Constituição Federal (art. 198, § 4º, inserido pela EC 51/2006), e aos artigos 9º e 16 da Lei Federal 11.350/06 no sentido de que a contratação dos Agentes Comunitário de Saúde (ACS) e dos Agentes de Combate às Endemias (ACE) deve ser precedida de processo seletivo público de provas ou de provas e títulos, sendo vedada a contratação temporária ou terceirizada de Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias, salvo na hipótese de combate a surtos epidêmicos, na forma da lei aplicável”, afirmou o relator do processo, conselheiro Ricardo Rios.

O Distrito de Fernando de Noronha, através de sua administradora, foi ouvido no processo e defendeu que a contratação temporária se justificava pelo interesse público. No entanto, a procuradora Germana Laureano reiterou que tal tipo de contratação só seria permitida em casos de epidemias, o que, segundo ela, não é a realidade atual da ilha.

“Não foram poucas as oportunidades em que o TCE-PE se debruçou sobre a forma de contratação. De forma pedagógica, no âmbito do Processo de Consulta TC 1921867-9, essa Corte de Contas respondeu ser vedada a contratação temporária ou terceirizada de Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Combate às Endemias, salvo na hipótese de combate a surtos epidêmicos, na forma da lei aplicável”, destacou a procuradora. A decisão do TCE foi para “determinar à Administradora Geral do Distrito Estadual de Fernando de Noronha – DEFN, Sra. Thallyta Figueiroa Peixoto – ou quem vier a sucedê-la, que suspenda o Processo Seletivo Simplificado voltado à contratação temporária de 14 (quatorze) profissionais de nível médio, sendo 08 (oito) para a função de Agente Comunitário de Saúde e 06 (seis) para a função de Agente de Combate à Endemias”. A decisão monocrática foi assinada em 11 de outubro.

O publicitário Washington Olivetto morreu ontem (13), aos 73 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado há cinco meses no hospital Copa Star, no Rio.

Olivetto é responsável por diversas campanhas importantes no cenário publicitário. Ele venceu mais de 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes, um dos prêmios mais importantes do marketing mundial, e está presente no Hall of Fame do The One Club de New York e também no Lifetime Achievement.

“O Hospital Copa Star lamenta a morte do paciente Washington Olivetto e se solidariza com a família e amigos por essa irreparável perda”, informou a unidade de saúde.

O publicitário estava internado em decorrência de problemas pulmonares e faleceu por falência múltipla de órgãos.

Washington Luís Olivetto nasceu em 29 de setembro de 1951 em São Paulo (SP). No início da década de 1970, ele ganhou o Leão de bronze no Festival de Cannes pelo comercial de televisão “Pingo” para as torneiras Deca.

Ele também foi responsável pelo “Homem com mais de quarenta”, que recebeu o prêmio de Leão de Ouro da Publicidade Nacional, também em Cannes.

No entanto, as campanhas mais marcantes de Olivetto foram a do “garoto Bombril” e a do “primeiro sutiã da Valisère”.

Do Metrópoles

Por José Adalberto Ribeiro*

MONTANHAS DA JAQUEIRA – Na era da ditabranda, a Arena foi chamada de “O maior partido do Ocidente”. Era o partido dos grotões dos coronéis do Nordeste, este Nordeste das culturas do atraso. Coronéis de fancaria (não de títulos do Império) eram donos de fazendas e terras inúteis e de rebanhos de gado magro para ostentar poder. Na verdade, viviam pendurados nas mamadeiras dos cofres públicos. Estas eram as fontes do mandonismo.

A Arena, santo de pau oco, estava infestada de fungos. Todo poder malévolo atrai parasitas. A seita vermelha hoje está contaminada por sanguessugas, carcarás, cupins, serpentes e outros insetos da fauna comunista. A seita é um vírus mutante. O globalismo é o novo nome do urucum vermelho de guerra.

Falar que o Petrolão petista foi a maior corrupção da história é pleonasmo, é conjuntivite na vista. O ovo da serpente continua entranhado nos intestinos da seita.

Brizola, o Briza, que não alisava ninguém, foi injusto ao chamar o guru da seita vermelha de sapo barbado. Os sapos são criaturas adoráveis e do bem. “Debaixo do poste de iluminação os sapos engolem mosquitos”, cantou o poeta Manuel Bandeira. Também não deve ser chamado de “bode rouco”, porque os bodes são valentes e trabalhadores. Ele tem a voz de taboca rachada. Os bodes, as cabras e os pais de chiqueiro são os heróis sertanejos. A voz rouca é o charme deles.

Louis Armstrong, o grande cançonetista das Américas, inspirou-se nos bodes roucos e pais de chiqueiro do Sertão nordestino para entoar suas melodias. Era chamado Satchmo – O Bocão. Antes, deveria ser conhecido como o Pai de Chiqueiro das Américas, um título mais poético. A maravilhosa musa Janis Joplin é a versão feminina do bode rouco. Ouvir Janis é pura emoção. Elza Soares foi a voz das mulheres no estilo dos bodes roucos. Ela é a nossa Janis Joplin. Beleza de voz. Viva Janis! Viva Elza!

O guru da seita do cordão encarnado mais parece um lobisomem vermelho, um gafanhoto ou escorpião escarlate.

Prefiro mil vezes ouvir o relinchar dos jumentos ou o canto dos pais de chiqueiro sertanejos que os grunhidos dessa catrevagem que pulula no Rock in Rio e no Lollapalooza. Questão de sensibilidade artística, modéstia à parte. Relinchar é uma arte. Esta é minha tese de doutorado, em homenagem ao jumento nosso irmão, no dizer de Gonzagão, o rei do baião.

O sonho de consumo do guru vermelho é ser transformado num faraó, tipo o Ramsés do Egito. Com aquela voz cavernosa e perto da idade centenária, falta apenas ser mumificado. A cuidadora contou que foi “abrido” o livro dos “cidadões”.

“A última flor do Lácio inculta e bela”, assim cantou o poeta Olavo Bilac. O idioma português originou-se na região do Lácio, na Antiga Roma, derivado do Latim popular. Hoje a flor do Lácio está sendo maltratada por uma cuidadora inculta e não bela.

*Periodista, escritor e quase poeta

O Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF) promoverá a edição 2024 do tradicional Prêmio Mérito Varejista no dia 24 de outubro, às 19h, no Dúnia Hall. O evento reconhecerá empresários e personalidades que contribuem para o desenvolvimento econômico da capital do País. Esta é a terceira edição da premiação, que busca incentivar e fortalecer o comércio no Distrito Federal.

Dez homenageados, entre empresários e personalidades, serão indicados pela Diretoria do Sindivarejista. “É um reconhecimento para os empresários que mantém o comércio local e às personalidades que, em suas respectivas áreas, apoiam e dão suporte aos empreendedores da cidade”, declarou Sebastião Abritta.

Os principais objetivos da premiação são:

– Reconhecer a contribuição de empresários e personalidades para o desenvolvimento e os avanços da sociedade por meio das atividades realizadas pelo Comércio Varejista na Capital do país.

– Distinguir associados do Sindivarejista-DF por sua contribuição à história do Distrito Federal, geração de empregos e fomento ao desenvolvimento social por meio do trabalho, inovação e produtividade.

– Agraciar quem contribui com a liberdade econômica e o fomento das atividades varejistas no DF, destacando as contribuições que o segmento aporta no desenvolvimento do Brasil.

Na disputa de segundo turno em Paulista, o candidato do PSB, Júnior Matuto, aposta na força e no prestígio de dois grandes cabos eleitorais: o prefeito do Recife, João Campos (PSB), que já está efetivamente na sua campanha, e o presidente Lula (PT). Lula, aliás, gravou ontem um vídeo manifestando confiança na eleição de Júnior Matuto. Confira!

Lula, o grande derrotado

Não foi apenas o PT que saiu menor do que entrou nas eleições municipais. Foi, sobretudo, o presidente Lula, sua esfinge, sua maior liderança. Além de se omitir na disputa de primeiro turno, limitando-se a dois atos em São Paulo, o petista vai sair no prejuízo: seu candidato Guilherme Boulos, do Psol, já que o PT não teve quadros para a disputa, vai levar uma surra do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Pela pesquisa do Datafolha, Nunes aparece com 55% ante 33% de Boulos. São Paulo, território de Lula, Estado que adotou ao sair de Pernambuco num pau de arara, virou um pesadelo para os partidos de esquerda. Por pouco, o aventureiro Pablo Marçal, franco atirador, não chega ao segundo turno. Não fossem os erros infantis e grosseiros que cometeu, teria passado Boulos.

Em Belo Horizonte, capital de Minas, segundo maior colégio eleitoral do País, Lula sequer deu o ar da sua graça e nem pensa em botar os pés no segundo turno por lá, porque a disputa se dá entre dois candidatos da direita: Bruno Engler (PL), bolsonarista, e Fuad Noman, do PSD de Gilberto Kassab, partido que elegeu o maior número de prefeitos no primeiro turno – 882 gestores.

Lula amarga ainda outra grande derrota: os seis partidos que mais elegeram prefeitos – pela ordem PSD, MDB, PP, União Brasil e Republicanos – são do Centrão, movimento conservador do Congresso, alinhado ao ex-presidente Bolsonaro. O PT, para desespero de Lula, foi o nono. Elegeu apenas 248 prefeitos, enquanto o PL elegeu mais que o dobro – 512.

O problema para Lula é que o placar da votação não deixa dúvida: a direita e o conservadorismo ganharam terreno, enquanto a esquerda e o PT ficaram para trás na disputa pelas prefeituras e câmaras municipais. Até 2026, muita coisa pode mudar. O resultado num pleito municipal não tem necessariamente relação direta com o de uma eleição geral, mas não há como negar que, por enquanto, os ventos sopram numa direção contrária sonhada por Lula.

Algumas razões para a desidratação petista e de Lula são conhecidas. Nos últimos dez anos, o partido enfrentou um poderoso processo de desgaste em decorrência da Operação Lava-Jato, que desvendou o maior esquema de corrupção já descoberto no país, e da recessão histórica legada por Dilma Rousseff. A legenda reconhece o peso desses fatores, mas, como de costume, omite os próprios erros e se apresenta como vítima de conspiração. 

AFASTADO DAS RUAS – Vice-presidente do União Brasil, o ex-deputado federal e ex-prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto (BA) disse, ontem, em entrevista à Folha de São Paulo, que as eleições municipais mostraram um presidente Lula (PT) enfraquecido e afastado das ruas, o que abre caminho para seus adversários em 2026. ACM Neto, que integra a ala do partido mais refratária ao governo, defendeu o enfrentamento com o PT, afirmando que Lula faz um governo de esquerda, apesar de o próprio União Brasil, além de PSD, MDB, PP e Republicanos somarem 11 ministros na Esplanada. “Se os outros campos políticos se organizarem, é possível ter uma eleição competitiva em 2026”, afirmou.

A grandeza de Valadares – Prefeitos derrotados ou que não conseguiram eleger seus sucessores em Pernambuco deveriam seguir o exemplo de Evandro Valadares (PSB), de São José do Egito, o Reino Encantado da Poesia, no Sertão do Pajeú, a 350 km do Recife: no dia seguinte à eleição, deu início ao processo de transição administrativa para o prefeito eleito Fredson Brito (Republicanos), que derrotou o dentista George Borja.

Sertânia fechada em copas – Já o prefeito de Sertânia, Ângelo Ferreira (PSB), não teve a mesma grandeza. Segundo a prefeita eleita Pollyanna Abreu (PSDB), sequer um telefonema foi recebido. Desconfiada de que enfrentará dificuldades em receber o diagnóstico das finanças do município, a tucana escalou dois advogados da sua equipe para irem, hoje, formalmente, ao prefeito e sua equipe, tentar levantar o quadro. “Meu palanque está desarmado. Espero que haja abertura para iniciarmos a transição, o que será extremamente importante para sabermos por onde iniciar nosso trabalho”, disse Tia Polly, como ficou conhecida durante a campanha eleitoral.

Um baque em 20 anos – Na eleição municipal de 2004, disputada no primeiro mandato de Lula, o PT mais do que dobrou o número de prefeituras e venceu em seis capitais no primeiro turno. Em 2012, no mandato inicial de Dilma Rousseff, ganhou em 635 cidades, incluindo São Paulo. Neste ano, as vitórias se concentraram em municípios pequenos, e as mais festejadas ocorreram em Contagem e Juiz de Fora, ambas em Minas Gerais. Em Pernambuco, elegeu apenas seis cidades, sendo Serra Talhada a mais importante, com a reeleição de Márcia Conrado.

A grande surpresa na RMR – Devido ao desgaste da gestão da prefeita Doutora Nadegi, a eleição mais surpreendente na Região Metropolitana do Recife foi a do prefeito eleito Diego Cabral (Republicanos). Ciente de que seu maior desafio era superar o clichê de que seria a continuidade de um governo de oito anos, sem muita sintonia popular, Cabral traçou uma estratégia para se apresentar como o “novo”, nome capaz de evitar um retrocesso com a volta do ex-prefeito Jorge Alexandre (Podemos). Deu certo. Saiu das urnas com 41.968 votos, 45,39% dos votos válidos, ante 33.372 votos do adversário (36,09%). Diego contou também com o empenho do ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e ainda arrastou o prefeito João Campos (PSB) para dois grandes eventos na campanha.

CURTAS

GOLPE – Além da carência numérica do PT, houve derrotas simbólicas importantes. O próprio Lula acusa o golpe do fracasso em Araraquara, onde o prefeito petista Edinho Silva — cotado para substituir a deputada Gleisi Hoffmann no comando do partido — não conseguiu eleger a sucessora, que acabou superada por um nome apoiado pela família Bolsonaro.

ALIANÇAS – No segundo turno, o PT concorre em treze cidades, incluindo quatro capitais, nas quais não desponta como favorito. “Hoje, a esquerda não é mais uma posição majoritária no Brasil. É minoria. Por isso, o PT depende cada vez mais de alianças com partidos mais ao centro”, diz o deputado federal petista Rogério Correia, que ficou em sexto lugar na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte.

RESPONSABILIDADE – Por mais que tente negar, Lula também tem responsabilidade direta pelo desempenho municipal da legenda. De olho na eleição de 2026, o presidente determinou ao partido que abrisse mão de candidaturas em grandes colégios eleitorais e apoiasse concorrentes de siglas aliadas, na expectativa de que estas, daqui a dois anos, embarcassem na sua campanha à reeleição.

Perguntar não ofende: Lula se afastou das ruas nas eleições municipais por que não transfere mais votos?

Nos últimos tempos, a figura do senador Ciro Nogueira tem emergido como foco de críticas por parte de líderes evangélicos, gerando discussões intensas dentro do cenário político brasileiro. As críticas ganharam destaque após uma série de acusações do pastor Silas Malafaia, que questionou a atuação do senador em pautas que considera cruciais para a comunidade evangélica e a direita política do país.

As críticas direcionadas ao senador centram-se em três principais pontos de discórdia. Primeiramente, Malafaia destacou o papel de Ciro Nogueira na não indicação de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal (STF), uma nomeação esperada por parte de setores evangélicos e do então presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o pastor, o senador, enquanto chefe da Casa Civil, teria trabalhado para dificultar a aprovação de Mendonça.

Outra preocupação levantada por Malafaia refere-se à postura do senador em relação ao pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O pastor afirmou que Nogueira, juntamente com outros três parlamentares, não assinou o pedido, fato que foi visto como uma contrariedade aos interesses da ala política que o pastor representa.

A legalização de jogos de azar no Brasil é um tema controverso que também esteve no centro das críticas. Segundo Malafaia, Ciro Nogueira foi descrito como o “maior lobista” em prol da legalização, supostamente influenciando votos no Senado para apoiar a proposta. Esta questão ressoa de forma acentuada entre comunidades religiosas, que muitas vezes se opõem à legalização por razões morais e sociais.

O posicionamento de Silas Malafaia

Silas Malafaia defende que sua crítica a Ciro Nogueira não se estende ao presidente Bolsonaro, com quem ele mantém um relacionamento de respeito e amizade. O pastor justifica suas críticas com base no que considera omissões em campanhas importantes, mas reforça que sua relação com o ex-presidente não foi abalada. Malafaia afirma que possui “moral” para criticar quando necessário, destacando a integridade de seu posicionamento.

Ciro Nogueira é reconhecido por sua habilidade política e, ao longo de sua carreira, formou alianças com diferentes lados do espectro político. No passado, já manifestou apoio a figuras políticas diversas, incluindo Lula e Bolsonaro. Esta flexibilidade política é frequentemente abordada por críticos como uma questão de oportunismo, embora Nogueira se defenda como pragmático, buscando o melhor para o país em diferentes cenários.

As críticas de líderes religiosos como Malafaia e a reação do público ilustram não apenas um embate pessoal, mas um cenário mais amplo em que a política e a religião frequentemente se cruzam no Brasil. Conforme o país avança em discussões legislativas significativas, como as mencionadas, o papel dos líderes políticos e religiosos na moldagem da sociedade continua a ser um tópico de relevante discussão pública.

Do Terra

Após a aprovação do pacote de propostas que atingem os poderes do Supremo Tribunal Federal (STF), deputados governistas temem uma nova derrota na votação do projeto de lei que anistia pessoas com envolvimento no ato de 8 de Janeiro do ano passado.

A avaliação é que o PL da Anistia pode ser aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, onde a oposição tem conseguido se impor.

O projeto perdoa quem participou, fez doações ou apoiou por meio de redes sociais os ataques do 8 de janeiro, por exemplo.

Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizem que o texto poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de alguma forma, o que os apoiadores do ex-mandatário negam.

“Vamos buscar convencer os parlamentares de que não é razoável a CCJ votar uma matéria como essa, flagrantemente inconstitucional”, declarou o deputado Helder Salomão (PT-ES).

“Se abrirmos esse precedente, nós vamos rasgar a Constituição e dar o seguinte sinal para a população brasileira: você pode praticar crimes, pode invadir a sede dos Poderes, defender o fechamento do Congresso e intervenção militar, e está tudo bem. Pode tentar explodir o aeroporto de Brasília e, olha, você vai ser anistiado”, destaca Helder.

Pausa

Na semana passada, a votação do projeto da anistia foi adiada após um pedido de vista – mais tempo para análise do assunto. No entanto, o movimento por parte dos governistas já era esperado e tem base regimental. Portanto, não chegou a causar surpresa.

Para retornar à pauta da CCJ, é necessário que sejam realizadas duas sessões deliberativas do plenário.

Integrante da base governista, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) avalia que a oposição tem maioria na CCJ e, por isso, o projeto não deve encontrar dificuldades para ser aprovado. No entanto, o congressista diz esperar que o governo “se interesse e mobilize sua base” para tentar barrar o avanço do texto.

“Essa é uma ‘anistia fake’. Na verdade, um salvo conduto para novos atentados ao nosso já frágil Estado Democrático de Direito”, disse Alencar à CNN.

Próximos passos

A presidente da CCJ, Caroline De Toni (PL-SC), integrante da oposição, aguarda a definição das próximas reuniões do plenário para definir a pauta da comissão. Cabe ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), convocar as sessões.

O projeto tem como relator o deputado Rodrigo Valadares (União-SE). O congressista projetava a votação do texto já na próxima semana, mas, desde terça-feira (8), o plenário não contou com deliberações.

Para pautar o texto, De Toni também pondera a influência da sucessão à presidência da Câmara no caso. Para ela, o debate do projeto foi contaminado pela disputa sobre quem será o novo sucessor de Lira. Isso porque o avanço da proposta foi colocado por alguns deputados como uma condição para apoiar candidatos.

Se for aprovado na CCJ, o texto seguirá para a análise no plenário, onde é necessária a maioria simples dos votos para ser aprovado.

Da CNN

Por Elcio Braga*

Apesar de ser apenas um bebê quando viveu no bando de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, o pernambucano Inácio Carvalho Oliveira, de 86 anos, carregou por grande parte da vida o peso de ser filho do cangaço. Para fugir de constrangimentos e das zombarias, deixou Tacaratu, pequena cidade no interior de Pernambuco, para viver no Rio de Janeiro, onde o passado entre os cangaceiros seria omitido. Curiosamente, aproveitou a oportunidade para se tornar um homem da lei. Fez carreira na Polícia Militar, onde foi reformado. Atualmente, entre todos que estiveram no bando de Lampião, apenas ele e a própria filha do rei do cangaço, Expedita Ferreira, de 92 anos, estão vivos.

Inácio é casado e mora com Maria Odete Moraes Carvalho, com quem teve um casal de filhos, em Vista Alegre, na Zona Norte do Rio. Lúcido e saudável, costuma passear pela cidade e manter uma rotina com boas caminhadas.

“Hoje, Inacinho e Expedita Ferreira, filha de Lampião e Maria Bonita, são as duas últimas pessoas que estiveram ‘dentro’ do cangaço e com Lampião ainda em plena atividade, se assim podemos dizer. Embora Expedita tenha permanecido alguns dias com os pais, ela não nasceu no cangaço. Maria se ausentou para o parto. Ficou em um ‘coito’ (esconderijo) até a criança nascer”, explica Geraldo Antônio de Souza Júnior, pesquisador do cangaço e responsável pelo canal Cangaçologia, no YouTube.

O último dos cangaceiros foi José Alves de Matos, o Vinte e Cinco, natural de Paripiranga (BA). Ele morreu aos 97 anos em 2014, em Maceió (AL). Lampião, Maria Bonita e mais nove integrantes do bando não resistiram ao ataque da volante (força de segurança) na Grota do Angico, em Sergipe, em 1938.

Lembranças turvas

O filho do cangaço não sabia quase nada sobre suas origens. Tudo o que conhecia até os 67 anos era que os pais, os cangaceiros Moreno e Durvinha, expoentes do bando de Lampião, o haviam deixado com o padre Frederico Araújo, pároco da pequena Tacaratu, no interior de Pernambuco. Uma carta acompanhava a criança: trazia o nome dos avós. Os pais alegaram que o bebê, ao chorar, vinha chamando a atenção das volantes que os perseguiam.

Depois da morte de Lampião, os pais tiveram de abandonar o cangaço às pressas. A perseguição aos cangaceiros remanescentes era intensa. Na fuga, Moreno e Durvinha cruzaram a pé por 60 dias o interior do Nordeste até Minas Gerais, onde passaram a residir escondidos. Durvinha ainda levou uma picada de cobra no caminho e quase morreu.

“Moreno, cujo nome verdadeiro era Antônio Ignácio da Silva, passou a se chamar José Antônio Souto, impossibilitando dessa forma ser descoberto pela Justiça e por antigos rivais. Durvalina adotou o nome de Jovina”, conta Geraldo.

Em 2005, aos 67 anos, Inácio estava sem esperanças de ter notícia dos pais. Mas a curiosidade da irmã mais velha Neli “Lili” Maria da Conceição daria fim ao segredo. Pressionada, Durvinha contou a ela que deixara um filho com um padre em Tacaratu antes de se mudar para Minas. O menino nascera debaixo de uma quixabeira, árvore espinhosa típica da caatinga, possivelmente em território alagoano (embora tenha sido registrado em Pernambuco). Neli ligou para a pequena cidade e deixou o contato para o suposto irmão retornar. Inácio, que morava no Rio, ligou de volta:

“Como é o nome da sua mãe?” Neli respondeu: “Jovina Maria da Conceição”. Aquilo foi um balde de água gelada, porque eu sabia que o nome da minha mãe era Durvalina”, relata Inácio, lembrando a frustração.

Mesmo assim, o PM reformado resolveu esticar a conversa e pedir para falar com a tal Jovina. Ele se emociona ao recordar.

“A senhora tinha um apelido? Era chamada de Durvinha? A senhora era do arrasta-pé?”, perguntou Inácio, citando detalhes que só a mãe biológica poderia saber.

“Como você sabe disso?”, respondeu Durvinha, dando a entender que sabia do que se tratava.

“Achei minha mãe”, concluiu Inácio, vibrando com a realização de um sonho que acalentou por toda a vida.

A ansiedade com a descoberta foi tão grande que Inácio viajou imediatamente do Rio para Belo Horizonte. Não queria perder tempo para encontrar a mãe, o pai e seus cinco irmãos que nem sequer sabiam da história do cangaço. Dois dias depois, ele chegou à casa da nova família, saudado com fogos e festa. Conforme combinado previamente, abraçou ao mesmo tempo o pai, a mãe e a irmã mais velha. Foi a melhor solução para o impasse: todos queriam abraçá-lo primeiro.

Só a partir daí Inácio saberia detalhes da vida dos pais no bando do rei do cangaço.

“Meu pai foi chefe de grupo do bando. Era como um quartel. Tinha um comando geral que era do Lampião. E eles espalhavam a companhia para um lado e para o outro. Senão a polícia atacava e matava todo mundo”, explica.

Moreno era reservado e pouco comentava sobre os tempos do cangaço.

“Meu pai precisava confiar muito na pessoa para falar alguma coisa. Ele contava as bravuras. Um dia, ele me disse: ‘Meu filho, tenho certeza que matei 22 pessoas. Só que foram mais. Só não contabilizei porque não fui lá conferir”, relata.

Durvinha se destacou no período do cangaço. Inicialmente, foi casada com Virgínio Fortunato da Silva Neto, o Moderno, morto em ação. Logo depois, ela se relacionou com outro integrante do bando, com o qual viveria o resto da vida. É ela que aparece num filme do caixeiro viajante sírio-libanês Benjamin Abrahão Calil Botto. Ela abre um sorriso e aponta a arma para a câmera. O filme que retrata em 14 minutos Lampião e seu bando no Sertão, entre 1935 e 1936, chegou a ser proibido na ditadura do Estado Novo. No entanto, os rolos empoeirados da película foram redescobertos em arquivo público em 1955.

Visão tolerante

Apesar de ter conhecido a mãe com idade muito avançada, Inácio guarda boas recordações da curta relação em visitas regulares ao longo de três anos.

“A minha mãe era uma doçura. Me colocava no colo e ficava fazendo carinho na minha cabeça”, recorda o PM reformado. “Me sinto feliz. Conheci meu pai, minha mãe. Foram casados de fato e de direito”, conta ele, que se abatia ao ler a expressão “pai desconhecido” em sua certidão de nascimento.

O reencontro com o filho possibilitou que os ex-cangaceiros voltassem a ter contato com os parentes deixados para trás, com a fuga da polícia e posterior troca de identidade. Após quase 70 anos, a família toda voltou a se reunir no Nordeste. Durvinha morreu aos 92 anos em 2008, e o marido, aos 100, em 2010.

Apesar de ter ficado ao lado da lei por ser PM, Inácio tem hoje uma visão mais tolerante sobre o cangaço.

“Várias pessoas já me perguntaram como classifico o cangaço. Se falarem que os cangaceiros são ladrões, é verdade: roubavam. Eles matavam e furtavam, mas com uma diferença. Eles roubavam o cabrito, o boi e outros animais para se alimentar e não para comprar drogas. O furto deles era para dar a quem tinha menos. Se o fazendeiro tinha muitas posses e era ruim, ele pedia dinheiro para dar aos mais pobres. Meu pai e minha mãe diziam que Lampião não era ruim. Era mau só quando faziam algo contra ele”, comenta Inácio.

Para o pesquisador Geraldo Júnior, Lampião é um mito que merece muitas reflexões sobre a História do Sertão. Mesmo 86 anos após sua morte, o rei do cangaço é motivo de debate acalorado entre admiradores e críticos.

“Há os que definem os atos de Lampião como heroicos, possivelmente por desconhecer a sua verdadeira biografia, enquanto outros o enxergam apenas como um bandido frio, cruel e sanguinário. Herói ou bandido? Uma resposta que jamais será unânime, mas que continuará ecoando através do tempo e atraindo curiosos e estudiosos”, opina.

Jornalista do O GLOBO