A Prefeitura de Arcoverde está no centro de uma nova polêmica envolvendo o Processo Licitatório nº 099/2025, Pregão Eletrônico nº 029/2025, que resultou no Contrato nº 048/2025, referente à permissão precária e onerosa para exploração de camarotes no Polo Multicultural do São João 2025. A questão gira em torno de supostas irregularidades na condução do certame e possível favorecimento da empresa vencedora, a Talentos Promecc Produção de Eventos Ltda. O conselheiro Carlos Neves determinou a instauração de Auditoria Especial para aprofundar as investigações.
O TCE identificou que há indícios de montagem do processo licitatório e de direcionamento do certame para a empresa vencedora, já que, dos 14 proponentes que apresentaram propostas no Pregão Eletrônico nº 029/2025, 13 foram inabilitados por falhas na documentação de habilitação, restando apenas a empresa TALENTOS PROMECC habilitada e, consequentemente, declarada vencedora do certame. Na cautelar, o conselheiro Carlos Neves reputa “como graves as irregularidades apontadas na Representação Interna”.
Leia maisO objeto do contrato previa a exploração comercial de espaços públicos para montagem, manutenção e desmontagem de camarotes, com a arrecadação revertida ao município. No entanto, a proposta vencedora apresentou o valor de R$ 90 mil – o que representa apenas 23% do valor mínimo estipulado em edital, que era de R$ 390 mil. Isso, segundo os órgãos de controle, configura flagrante violação ao item 7.2 do Termo de Referência e pode implicar em prejuízo ao erário.
Segundo dados informados pela própria Secretaria de Turismo de Arcoverde, 80% dos camarotes já foram vendidos ao valor de R$ 20 mil por unidade, gerando uma arrecadação estimada em R$ 960 mil – dados da época da denúncia. A desproporção entre a arrecadação potencial e o valor ofertado pelo permissionário levanta suspeitas quanto à lisura e à economicidade do processo.
Outros pontos considerados críticos incluem a inexistência de estudos técnicos prévios para justificar os valores, ausência de previsão contratual de pagamento de outorga, modelo contratual inadequado (prestação de serviços em vez de permissão onerosa), início da execução do objeto antes da formalização do contrato e indícios de direcionamento por meio da inabilitação em massa de concorrentes.
Além disso, a Prefeitura de Arcoverde já tinha dois contratos anteriores com a empresa vencedora do Pregão Eletrônico nº 029/2025, ambos firmados em decorrência de adesões a atas de registro de preços de outros municípios, na condição de “carona”, totalizando uma despesa de R$ 4.981.806,15 nos referidos contratos, sugerindo possível sobreposição de serviços e reforçando as suspeitas de favorecimento indevido.
Diante da gravidade dos indícios, foi determinada medida cautelar obrigando a Prefeitura a recolher imediatamente o valor mínimo de R$ 390 mil, indicar conta específica para os recursos e implementar mecanismos de controle, sob pena de responsabilização. Também foi instaurado um Processo de Auditoria Especial para aprofundar as investigações, garantir transparência e salvaguardar o interesse público.
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