Escândalo que lançou suspeitas sobre Rui Costa na pandemia tem novo capítulo

Em 2020, o Brasil enfrentava os horrores da pandemia. Ainda não havia vacina, os hospitais estavam superlotados e faltavam material e remédios para tratar os doentes — ambiente perfeito para a atuação de aproveitadores. E eles surgiram aos montes, em vários estados, aplicaram golpes, saquearam dezenas de milhões de reais dos cofres públicos e continuam livres. Na semana passada, a Polícia Federal realizou uma operação de busca para tentar recuperar o dinheiro desviado em um dos casos mais emblemáticos desse período. Sem qualquer cuidado ou apuro formal, o Consórcio Nordeste, grupo que reúne os governadores da região, pagou 48 milhões de reais por 300 respiradores que nunca foram entregues. As investigações já identificaram os principais personagens envolvidos no enredo, mas ainda não foram capazes de apontar a exata responsabilidade de cada um, o que acaba deixando culpados e eventuais inocentes na mesma situação constrangedora. O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, é um exemplo.

Na época do escândalo, Costa era presidente do Consórcio Nordeste. Seria dele, em princípio, a responsabilidade política pela tramoia. O ministro, no entanto, garante que desconhecia certos detalhes do contrato, que não sabia que a empresa escolhida para fornecer os respiradores sequer era do ramo e afirma que foi ele quem acionou a polícia, assim que tomou conhecimento das irregularidades. A sombra da suspeita, porém, continua pairando. A operação da PF da semana passada mirou o empresário baiano Cleber Isaac Ferraz Soares.

Os agentes apreenderam documentos e aparelhos de celular. Segundo as investigações, ele se apresentava como “amigo” do então governador da Bahia, Rui Costa, e de sua esposa, a conselheira do Tribunal de Contas estadual, Aline Peixoto. Cleber e o lobista Fernando Galante atuaram como intermediários do contrato assinado entre o Consórcio Nordeste e a empresa Hempcare para o fornecimento dos respiradores. Por esse “serviço”, os dois receberam nada menos que 12 milhões de reais a título de “comissão” — o equivalente a 25% de todo o dinheiro.

O relatório a auditoria inédita do Tribunal de Contas da União (TCU), que complementa as investigações da Polícia Federal, mostra que o processo de compra foi eivado de fraudes, do princípio ao fim. A formatação do negócio, segundo os técnicos, foi feita para “dar ares risíveis de legalidade ao procedimento”. Os auditores foram taxativos ao concluir que “não é possível afirmar que houve boa-fé” e que o principal auxiliar de Rui Costa no Consórcio, o então secretário-­executivo do órgão, Carlos Gabas, ex-ministro do governo de Dilma Rousseff, “contribuiu efetivamente para a concretização da irregularidade”. É a assinatura de Gabas que consta no documento que atestou que os equipamentos, que nunca foram entregues, haviam sido recebidos e estavam em “perfeitas condições”. A compra dos respiradores, concluiu a auditoria, “além de evidenciar o dano ao erário, escancara a balbúrdia do processo de planejamento, de orçamento e de mitigação de riscos” do órgão presidido à época pelo atual chefe da Casa Civil.

A equipe do TCU destaca que os indícios de que a aquisição era suspeita eram evidentes desde o início, mas mesmo assim o negócio foi levado adiante. A Hempcare foi aberta nove meses antes da assinatura do contrato, tinha um capital social irrisório e apresentava como credenciais a “expertise” na importação de roupas de praia da China e medicamentos à base de maconha. “Se eu trago biquíni, trago respirador”, comentou à época Cristiana Prestes Taddeo, dona da empresa, convidada a assumir a tarefa de comprar os respiradores, já que não houve licitação. Depois do escândalo, ela devolveu a parte do dinheiro que havia recebido, fez um acordo de delação premiada com a Justiça, contou detalhes da trapaça e se livrou da prisão. O TCU não poupou os gestores do Consórcio Nordeste: “É razoável afirmar que era possível ao responsável ter consciência da ilicitude do ato que praticara e que lhe era exigível conduta diversa daquela que adotou, consideradas as circunstâncias que o cercavam. Ademais, não foi possível constatar excludentes de ilicitude, de culpabilidade e de punibilidade”, descreveu a auditoria, em referência aos procedimentos administrativos adotados por Gabas.

Um laudo do Ministério Público apresentou em números a dimensão da fraude. Os peritos concluíram que os respiradores vendidos ao Consórcio Nordeste apresentavam sobrepreço de até 318% na comparação com equipamentos oferecidos por outros fabricantes. O documento ressalta ainda que, se os respiradores tivessem sido entregues, o que não aconteceu, ainda assim os cofres públicos teriam amargado prejuízos de mais de 28 milhões de reais. O inquérito que há quase quatro anos mantém Rui Costa na incômoda situação de investigado ganhou robustez com o acordo de delação premiada da dona da Hempcare. Em conversas com interlocutores, Cristiana contou que Cleber Isaac, o empresário que intermediou o contrato, falava em nome do governador, dizia que era melhor amigo dele e que, por isso, mandava na Bahia. Nas negociações para a aquisição dos aparelhos, segundo a empresária, ele mostrava prints de supostas conversas com Rui Costa e tinha registrado em seu celular um contato com o nome de “Doutor”. Seria o número do telefone reservado do então governador. O negócio, portanto, dependeria dele para ir em frente. E, para ir em frente, era preciso pagar a “comissão”. Isaac, evidentemente, pode ter inventado essa história.

Da Revista Veja

Após a Justiça determinar a aplicação de multa de R$ 100 mil em caso de realização de uma carreata de Jair Bolsonaro (PL) e Gilson Machado (PL), em Boa Viagem, amanhã, a defesa do candidato à prefeitura do Recife afirmou que o evento é de responsabilidade da equipe do ex-presidente, e que ele não vai infringir nenhuma lei.

“Decidimos, em acordo com promotores no Ministério Público de Pernambuco, que Gilson Machado não vai infringir a lei. Ele vai participar do café da manhã, um evento privado, e seguirá em carro fechado até o Clube Português para o evento com Bolsonaro, que também é fechado. Fizemos esse acordo com o MP para peticionar nos autos”, disse ao Jornal do Commercio o advogado Emílio Duarte, que representa Gilson e o Partido Liberal do Recife.

Do JC.

Em decisão divulgada na manhã de hoje, a Justiça Eleitoral definiu multa no valor de R$ 100 mil em caso de realização de carreata do candidato à Prefeitura do Recife Gilson Machado, neste sábado.

A carreata, marcada para as 10h30 na Praia de Boa Viagem, tem como destino o Clube Português, onde será realizado um evento de Gilson e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na decisão, o juiz eleitoral da 2ª Zona Eleitoral do Recife, Marcone José Fraga do Nascimento, recomendou abstenção da realização da carreata por parte de Gilson Machado e o Partido Liberal do Estado de Pernambuco, sob pena de aplicação de multa no valor de R$ 100 mil, em caso de descumprimento.

Ainda de acordo com a decisão desta sexta-feira, o juiz eleitoral ressalta que “a realização de novos atos de campanha eleitoral […] representa uma continuidade da prática ilícita, que deve ser coibida de forma imediata para garantir a lisura do processo eleitoral”.

O documento é resultado do pedido de Representação por Propaganda Irregular Eleitoral, solicitado na última quinta-feira, 8, pelo Ministério Público Eleitoral, que pediu impedimento dos atos de Gilson e Bolsonaro marcados para o dia 10.

Do JC.

A Compesa tem realizado obras e planejado uma série de intervenções para melhoria da distribuição de água nos bairros Recife, especialmente nas áreas de morro, que têm histórico de dificuldade no abastecimento. Dessa forma, a Companhia iniciará na próxima segunda-feira a execução de pelo menos 21 obras de curta duração nos bairros da Macaxeira, Alto José Bonifácio, Nova Descoberta, Passarinho, Córrego do Jenipapo, Fundão, Água Fria, Brejo da Guabiraba, Brejo de Beberibe, Vasco da Gama e Várzea. Os serviços incluem interligação de redes, troca e remanejamento de tubulações e visam assegurar o cumprimento do calendário de abastecimento para 3,5 mil pessoas. O investimento será de aproximadamente de R$ 1,3 milhão.

As intervenções serão iniciadas de forma simultânea em três ruas de bairros distintos. Na rua Felício dos Santos, na Várzea, serão executados serviços de implantação de uma rede de água com a finalidade de atender à nova demanda da área. Na Segunda Travessa Bambuí, Vasco da Gama, os trabalhos serão para substituição de rede e melhoria da infraestrutura com o objetivo de reduzir as perdas de água. A previsão é que as obras nas duas vias sejam concluídas em setembro deste ano. Já na rua José Idalino, no Brejo da Guabiraba, as intervenções serão iniciadas também na próxima segunda, mas os serviços se estenderão até dezembro no local em virtude da complexidade, que é o remanejamento de uma rede situada em área de barreira.

“Estamos propondo um conjunto de pequenas intervenções, inicialmente essas 21, muito relevante para a população que sofre com a irregularidade do abastecimento, especialmente nas áreas de morro do Recife, já prejudicadas pela própria topografia da região que dificulta o abastecimento. São obras rápidas e que vão garantir que a água chegue efetivamente nas torneiras e que a gente consiga cumprir o calendário de distribuição”, adiantou o presidente da Compesa, Alex Campos.

As obras serão executadas até o final deste ano e terão uma duração média de trinta dias. Haverá algumas exceções, como os casos das ruas Regina, na Macaxeira, e Alto da Carola, no Vasco da Gama. Essas receberão serviços de implantação de nova rede água para incremento do abastecimento e readequação da rede existente, que serão executados em até três meses. Além da própria rua José Idalino, no Brejo da Guabiraba, cujos serviços serão concluídos apenas no final deste ano. Durante a execução dos trabalhos, as equipes da Compesa realizarão ainda serviços mais complexos como a desativação de redes situadas em áreas de risco.

O ex-presidente Jair Bolsonaro atraiu uma multidão em Vitória de Santo Antão. Cumprindo agenda no Estado, Bolsonaro esteve ontem em Gravatá e Caruaru. Hoje, de acordo com programação divulgada por Gilson Machado, candidato do PL à Prefeitura do Recife, além de Vitória, o ex-presidente também visitará Carpina, Itambé, Pedra de Fogo e Camaragibe.

À noite, Bolsonaro participará de jantar com empresários no bairro do Ibura, com ingressos que custam R$200.

Estou aguardando o agendamento de uma entrevista que pedi ao sambista Martinho da Vila, meu maior ídolo do samba. Como outras grandes estrelas da MPB, o bate-papo bem descontraído com o autor de grandes sambas-enredos da Unidos de Vila Isabel, sua escola do coração, da qual é presidente de honra, será para o Sextou. Ele também honra o Vasco, outra grande paixão da sua vida.

O Sextou é um programa musical que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, formada por 48 emissoras em Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Bahia, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha 96,7 FM, no Recife. Hoje, minha entrevistada será a talentosa Vanessa da Mata.

As entrevistas do Sextou me levam, antes, a uma viagem de preparo e conhecimento ao mundo do artista convidado. Para entrevistar o maioral dos sambistas brasileiros, que marcou a minha adolescência com muitas músicas sensacionais, entre elas um sambinha que fala do pobre que passou no vestibular e não tinha como pagar a faculdade, por ser particular, estou lendo sua autobiografia “Martinho da Vida”.

Sensacional! Livros, devoro nos voos na minha rotina de trabalho, ou em casa antes de dormir. Martinho fala do personagem Zé Ferreira, ele próprio, cantor-compositor de sucesso, defensor das causas da negritude, pai de cinco filhas e três homens.

Uma das suas memoráveis canções fala que já teve mulheres de todas as cores, de várias idades e muitos amores. Mas Martinho vive hoje, aos 86 anos, dedicado exclusivamente para sua Cléo.

O livro é uma delícia. Deveria estar nas estantes de todas as livrarias, lugares muito pouco visitados atualmente por causa do consumo da leitura virtual. Música e poesia estão presentes em Martinho da Vila, que, descobri, levou 30 anos para entrar no mundo encantador da música, porque fazia carreira no Exército até alcançar a patente de sargento, o Sargento Ferreira.

Martinho sofreu um grave acidente em 1983, quando seu carro, parado em frente a um sinal na Tijuca, foi abalroado por um ônibus. Sem cinto de segurança, bateu com a cabeça no vidro frontal e desmaiou. Levado para o hospital pelo condutor do ônibus, constatou a gravidade: uma das suas pernas se partiu em três lugares e até hoje tem sete parafusos encravados.

Chegou em casa com as duas pernas engessadas, os dois braços imobilizados e a cabeça enfaixada. “Fiquei parecendo uma múmia, conta ele, no seu maravilhoso livro, que tem, ainda, histórias fantásticas envolvendo mulheres, a composição dos seus grandes sambas e a revelação de amigos eternos, como o pernambucano Tolito.

O resto, quero que ele próprio conte no Sextou!

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, acolheu parecer da Procuradoria-Geral da República e mandou soltar Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A defesa foi comunicada pelo Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR) – o presídio da Operação Lava Jato – sobre o alvará de soltura.

Martins foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, que apura suposta tentativa de golpe de Estado gestada no governo Bolsonaro. Ele está preso desde fevereiro, sendo que um dos argumentos para sua custódia foi o fato de seu nome constar na lista de passageiros do voo presidencial que decolou do Brasil com destino a Orlando (EUA) em 30 de dezembro de 2022.

Desde a prisão, a defesa de Martins argumenta que ele não viajou.

A decisão segue o parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet, que defendeu a liberdade provisória de Martins com base em documento da operadora de celular TIM SA. Gonet afirmou que diligências realizadas comprovaram que Martins estava no Brasil no fim de 2022, quando Bolsonaro viajou para os EUA.

Do Blog do Fausto Macedo para o Estadão

Um ataque de um míssil russo atingiu um supermercado em Kostiantinivka, cidade ucraniana na região de Donetsk, na linha de frente da guerra, nesta sexta-feira, matando pelo menos nove pessoas e ferindo outras dezenas, disseram autoridades.

O bombardeio causou um incêndio que foi contido, afirmou o ministro do Interior, Ihor Klimenko. Nuvens de fumaça preta saindo do prédio destruído podiam ser vistas em imagens e vídeos postados pelas autoridades.

“Os terroristas russos atingiram um supermercado comum e uma agência dos correios. Há pessoas sob os escombros”, disse o presidente Volodimir Zelenski no X.

Os serviços de emergência continuavam trabalhando em meio aos destroços em busca de sobreviventes, declarou Zelenski.

O governador da região, Vadim Filashkin, afirmou inicialmente que a Rússia usou artilharia, mas depois declarou que o ataque foi feito por um míssil ar-superfície X-38.

A Nova Poshta, maior empresa privada de correios da Ucrânia, disse que seu escritório de cargas no supermercado foi danificado no ataque.

“Todos os nossos funcionários estão vivos. Um colega sofreu uma concussão —ele está recebendo toda a ajuda necessária”, afirmou a empresa no X.

Casas, lojas e dezenas de carros também foram danificados no ataque, de acordo com a postagem do ministro do Interior no Telegram.

Kostiantinivka fica a apenas 13 quilômetros da linha de combate ativa no leste da Ucrânia. Partes da região de Donetsk que se mantêm sob controle de Kiev são regularmente atacadas por bombardeios e ataques aéreos russos.

Com informações da Folha de São Paulo.

As lideranças do PSDB conversaram rapidamente após o encerramento do debate da TV Band de ontem e classificaram como positiva a participação do apresentador José Luiz Datena.

O principal ponto comemorado foi a percepção de que o debate encerra a possibilidade de que o apresentador desista da candidatura, o que ocorreu diversas outras vezes.

“Aquela dúvida de que o Datena pudesse desistir está dissipada completamente. Ele está mais empenhado do que nunca”, afirmou Marconi Perillo, presidente do partido.

O ex-governador de Goiás destacou que foi a primeira participação de Datena em um debate, a despeito da experiência de décadas como apresentador de televisão.

“É só participando que você percebe como são as regras, o tempo, essas coisas todas. E como o Datena é um cara disciplinado, é uma pessoa inteligente e quer o melhor para a cidade, eu tenho certeza que esse debate vai fazer com que ele, nos próximos debates, seja muito mais incisivo”, afirmou Perillo

A respeito das críticas de que Datena foi vago ao tratar de propostas de políticas políticas, o presidente do PSDB afirma que isso provavelmente ocorreu pela falta de experiência em debates.

“Tenho certeza que o Datena tem todas as condições de mostrar na campanha e nos próximos debates o quanto ele está preparado para enfrentar esse desafio da maior metrópole da América Latina”, disse o tucano.

Da Folha de São Paulo.

O atual prefeito de Teresina (PI) Dr. Pessoa (PRD), agrediu Francinaldo Leão (PSOL), durante o primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura da capital piauiense, realizado ontem pela Rede Bandeirantes .

Os dois debatiam entre si quando o prefeito se aproxima de Francinaldo, que se preparava para a réplica, e lhe dá uma cabeçada: ” Estou sendo agredido”, dispara o psolista.

Veja o vídeo:

José Pessoa Leal é médico e professor, já foi vereador de Teresina por quatro mandatos e deputado estadual por um mandato. Ele saiu do Republicanos e se filiou ao Partido da Renovação Democrática (PRD).

Francinaldo Silva Leão é fundador do Partido Socialismo e Liberdade no Estado do Piauí. Ele foi estivador, vendedor no comércio local e atualmente atua como motorista de aplicativo. Nas eleições municipais de 2020, foi candidato a vereador em Teresina pelo PSOL.

Dr. Pessoa é um dos prefeitos desta eleição que declarou patrimônio até três vezes maior após quatro anos de mandato. Em 2020, ele disse ter R$ 390,9 mil em bens — R$ 507, 69 mil em valores corrigidos pela inflação no período. Agora, disse ter acumulado R$ 1,4 milhão, um acréscimo de 258% em relação ao total de bens que possuía há quatro anos.

Por Blog da Folha

O Ministério Público Eleitoral (MPE) ingressou com uma representação por propaganda extemporânea contra o ex-ministro e candidato a prefeito do Recife Gilson Machado e o Partido Liberal. A ação tramita em primeira instância, na 2ª Zona da Capital e aguarda o pronunciamento do Poder Judiciário.

A iniciativa requerer, liminarmente, que o candidato e o partido se abstenham de realizar os atos de campanha eleitoral previstos para o dia 10 de agosto, às 10h, no bairro de Boa Viagem, no Recife, por meio de carreata, passeata e comício. Além disso, o MPE pede que o candidato e o partido sejam condenados a pagar multa no valor de R$5.000,00 a R$25.000,00 ou ao equivalente ao custo da propaganda, se este for maior.

Na representação, o MPE argumenta que, na última quarta-feira (7), em companhia do ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, o candidato Gilson Machado Guimarães Neto realizou diversos atos típicos de campanha eleitoral, em clara violação à legislação vigente, que só permite tais ações a partir do dia 16 de agosto.

Segundo o MPE, o evento pode ser descrito como uma combinação de carreata, passeata e comício, com uma verdadeira celebração com discursos inflamados, incitando a plateia e promovendo suas respectivas candidaturas de maneira explícita.em Boa Viagem no sábado

A passagem do ex-presidente Jair Bolsonaro por Caruaru foi marcada por um encontro com militantes de direita no espaço Maria José Recepções 2. Segundo os organizadores, o evento atraiu cerca de cinco mil pessoas. Durante o ato, Bolsonaro agradeceu pela recepção calorosa e destacou os desafios que o país enfrentará nos próximos meses, especialmente com a proximidade das eleições.

“Estou aqui pela segunda vez, com muita alegria. E a mensagem que quero passar é: viveremos em breve as eleições. E eleição é um casamento por quatro anos, se o candidato for bem escolhido. Mas, se for mal escolhido, pode durar muito mais tempo. Com escolhas erradas, todo mundo perde. É só ver quem está na Presidência da República hoje em dia”, enfatizou.

“Mas espero que todos façam boas escolhas em outubro próximo. Quero voltar a Caruaru, novamente à luz do dia, e caminhar com Fernando Rodolfo ao meu lado e com todos esses amigos que temos aqui. Ser recebido assim não tem preço, e só estamos aqui porque jamais desistiremos do Brasil”, concluiu.

Fernando Rodolfo, por sua vez, agradeceu o apoio do ex-presidente e destacou a necessidade de levar “ordem e progresso” para Caruaru. “É preciso colocar ordem nessa casa, cuidar da segurança, da saúde, da educação, devolver Caruaru ao progresso urbano, econômico e social. Quando for dada a largada na campanha, poderei dizer que sou o nome de Bolsonaro aqui, e falar da nossa esperança de dias melhores na nossa nação e no nosso país de Caruaru”, declarou.

O deputado federal Carlos Veras (PT) irá comemorar seu aniversário nesta sexta-feira, a partir das 20h, na Galeria do Ritmo, no Morro da Conceição. A festa será solidária em prol do Centro de Reabilitação e Valorização da Criança (CERVAC).

O Sextou de hoje traz a talentosa cantora e compositora Vanessa da Mata. Entre os grandes sucessos de sua discografia, estão Não me deixe só, Ainda Bem, Ai, Ai, Ai, Boa Sorte/Good Luck, Baú, Amado, O Tal Casal, As Palavras e, mais recentemente ,Segue o Som. Ela também é escritora. Seu primeiro romance A Filha das Flores foi lançado em 2013 e já teve reedições em Portugal, México e Alemanha.

Vanessa nasceu em uma família humilde do interior de Mato Grosso. Veio ao mundo no dia 10 de fevereiro de 1976, em Alto Garças, uma cidade pequena de oito mil habitantes, cercada por mata e rios, a 378 quilômetros da capital estadual, Cuiabá.

A artista possui ascendência paterna de judeus, italianos e portugueses, e, pelo lado materno, sua ascendência é afro-brasileira e indígena Xavante. Apaixonada por música desde a infância, ouvia diversos ritmos musicais, desde Luiz Gonzaga a Tom Jobim, de Milton Nascimento a Orlando Silva.

Ouviu também ritmos regionais, como o carimbó, dos discos trazidos das viagens de um tio à Amazônia. Ouviu samba, música caipira e até música brega italiana, sons que chegavam pelas ondas da rádio AM.

O Sextou vai ao ar das 18 às 19 horas pela Rede Nordeste de Rádio, formada por 48 emissoras em Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Bahia, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha 96,7 FM, no Recife. Se você deseja ouvir pela internet, clique no link do Frente a Frente em destaque acima ou baixe o aplicativo da Rede Nordeste de Rádio na play store.

O eufórico Lula  

Na reunião ministerial de ontem, o presidente Lula (PT) fez uma avaliação positiva da gestão, garantindo que o ambiente econômico está estável e favorável ao desenvolvimento. “O que fizemos aqui nesse um ano e oito meses era impensável de ser feito. Eu posso afirmar que já fizemos mais do que a gente tinha feito no nosso governo passado”, pontuou.

Ressaltou que há um cenário interno muito positivo no País em termos de controle da inflação, geração de empregos, valorização do salário-mínimo e oportunidades. “A gente se mantém equilibrado, numa situação boa, o emprego crescendo, o salário crescendo, a massa salarial crescendo, o desemprego caindo e a inflação equilibrada, a educação melhorando”, listou.

“Vamos aqui afinar a viola nas coisas que temos que fazer. Todo mundo tem tarefa determinada, todo mundo tem seu PAC, sua função. Então, daqui para frente, o que temos que fazer é trabalhar cada vez mais, fazer cada vez mais o esforço, porque é importante vocês trabalharem com a ideia que a gente não pode terminar o mandato sendo apenas mais um governo”, destacou Lula.

O presidente reiterou que cada ministério deve trabalhar com eficiência e dedicação para cumprir os objetivos atribuídos a cada área e garantir que o Brasil avance nas políticas públicas implementadas no país. “Eu fico sempre imaginando quantos degraus na escala social o povo pobre vai subir, porque é isso que conta, é saber se conseguiu valorizar aquelas pessoas que sempre foram esquecidas, que nunca tiveram vez, que não tiveram voz, que muitas vezes não têm nem sequer condição de se organizar. É para essa gente, de forma prioritária, que tem que estar o nosso olhar”, enfatizou Lula.

Além dos ministros, a reunião no Palácio do Planalto contou com a presença de líderes do governo no Congresso, no Senado, na Câmara, além de dirigentes do Banco da Amazônia, do BNDES, do Banco do Brasil, dos Correios, do Banco do Nordeste, da Petrobras e do IBGE.

CRIME ORGANIZADO – Ainda em sua fala de abertura, o petista ressaltou a importância da construção, junto ao ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), de um plano nacional de combate ao crime organizado e para garantir maior colaboração entre União, estados e municípios na segurança pública. “A gente não pode brincar de fazer segurança pública. A organização que acontece no crime organizado virou uma multinacional de delitos e, muitas vezes, estão muito à frente dos estados”, comentou.

Coitados dos pobres! – O programa Farmácia Popular, que fornece medicamentos gratuitos para a população mais pobre, foi a ação mais afetada pelo congelamento de gastos decretado pelo governo do presidente Lula (PT), com R$ 1,7 bilhão bloqueado no Orçamento da União. O governo promoveu uma contenção de gastos no valor de R$ 15 bilhões para cumprir as regras fiscais neste ano. Os ministérios foram responsáveis por definir quais áreas serão atingidas. Não há garantias que o dinheiro volte. Os recursos só serão descongelados se as contas voltarem a ficar em dia, o que não é o cenário atual.

Bloqueio de 36% – O programa Farmácia Popular tem um orçamento de R$ 5,2 bilhões em 2024, sendo R$ 4,8 bilhões apenas do sistema de gratuidade, que financia 100% do valor do medicamento. O restante fica para o sistema de copagamento, em que o governo paga uma parte do remédio para o cidadão atendido. O bloqueio atingiu 36% do programa gratuito. O Ministério da Saúde não esclareceu os motivos de tirar recursos do Farmácia Popular.

Congelamento de R$ 13 bi – Até a data de ontem, os ministérios e autarquias do governo implementaram R$ 13 bilhões de congelamento, somando os bloqueios (para cumprir o arcabouço fiscal) e contingenciamentos (para cumprir a meta de resultado primário). Na prática, as duas medidas impedem que o valor seja gasto. O prazo para que os ministérios detalhassem os cortes acabou, mas a Secretaria de Orçamento Federal pode implementar o congelamento até a próxima terça-feira.

Arrocho necessário – Os cortes no programa Farmácia Popular feitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) provocaram fortes críticas por parte de Lula durante a campanha eleitoral de 2022 e pautaram as falas do petista na disputa. Mesmo com o congelamento, o orçamento é maior do que no governo Bolsonaro, mas menor do que o Ministério da Saúde tinha prometido para 2024. “Corte é corte. Se precisar ajustar, ninguém vai estar com sorriso na orelha, mas é necessário “, afirmou o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, após reunião ministerial promovida pelo presidente Lula.

CURTAS

SEM GÁS – Além do Farmácia Popular, os programas mais atingidos na Esplanada dos Ministérios foram a participação da União em concessões de rodovias (R$ 934 milhões) e o Auxílio Gás (R$ 580 milhões), que subsidia o botijão de gás para famílias carentes.

CONCESSÕES – O Ministério dos Transportes afirmou que efetuou o bloqueio no aporte para as concessões porque os projetos não estão mais na carteira deste ano e foram programados para 2025, devido ao atraso na realização de audiências públicas. “Sendo assim, esse bloqueio não vai prejudicar nenhuma das ações da pasta”, disse o órgão.

SEM MEIA – O governo também bloqueou verbas do programa Pé-de-Meia, que paga uma poupança para estudantes de baixa renda do ensino médio, três dias após anunciar a expansão do programa.

Perguntar não ofende: Se o Brasil está tão bem como faz crer Lula, por que a avaliação positiva da sua gestão rasteja em 35%?

Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog

Candidatos a vices em chapas opostas no Recife, Victor Marques (PCdoB) e Mariana Melo (PSDB) disputam a primeira eleição de suas vidas em uma situação de contraste. Enquanto o primeiro é vice do prefeito João Campos (PSB), que pode vencer logo no primeiro turno, já que tem 75% das intenções de voto, a segunda está bem distante de um resultado positivo, já que disputa ao lado de Daniel Coelho (PSDB), que aparece com 7%.

Victor e Mariana concorrem para buscar um espaço na gestão de uma das capitais mais importantes do País, com orçamento de R$ 8,2 bilhões e uma população de 1,5 milhão de habitantes (IBGE 2022). Mas, diferente de Victor, que tem chances reais de virar vice, Mariana está distante de vislumbrar essa possibilidade, primeiro em razão da desvantagem de Daniel, segundo porque só viria a governar o Recife numa eventual candidatura de Daniel após uma eventual reeleição dele.

Experiência

Jovens e com pouca experiência em administração pública, compartilham o fato de serem apreciados pelos grandes fiadores do pleito deste ano. Victor é um dos melhores amigos do prefeito João Campos, que busca a reeleição.

Já Mariana Melo goza de grande admiração, carinho e respeito da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB). Ao longo de 2024, em algumas agendas públicas, inclusive, Raquel chegou citar com entusiasmo a história de vida de Mariana, quando ainda não se sabia nem se Daniel Coelho seria mesmo oficializado como candidato do Palácio do Campo das Princesas.

É o que se sabe até agora de concreto que teria sido fundamental para as escolhas de seus nomes: a confiança de João Campos e de Raquel Lyra. Mas, o que teriam para contribuir com o Recife? Estão tecnicamente preparados para tamanho desafio? Qual serão seus papéis nas campanhas de João Campos e de Daniel Coelho? São perguntas que ainda levarão tempo para terem respostas sólidas.

Victor está há três anos na Prefeitura do Recife, onde era chefe de gabinete do prefeito João Campos (PSB). Mariana foi secretária executiva de Relações Internacionais e, por aproximadamente 11 meses, foi secretária estadual da Mulher.

Novas rotinas

A reportagem deste blog tentou obter informações sobre a rotina de Victor Marques após ser oficializado como vice de João Campos, em convenção no último domingo (4), para saber que papel ele vai desempenhar nesta pré-campanha e na campanha em si, que começa dia 16 de agosto. Mas a assessoria não enviou informações.

Já Mariana Melo começou uma escuta da população pelo bairro de Coqueiral, onde foi criada. Ela teve, junto com Daniel, encontros com lideranças e candidatos a vereador e vereadoras da chapa, na última semana, após ser oficializada como vice, em convenção no último sábado (3).

Mariana tem encontrado lideranças femininas para alinhar propostas e diretrizes para o Programa de Governo. Ela tem ressaltado sua alegria em disputar a eleição e representar mulheres, negras e da periferia. “Eu sou nascida e criada em comunidades. Minha participação nesta eleição com Daniel nasce da luta que tive para que mulheres ocupem espaços de tomada de decisão.” Esse é o discurso que ela tem adotado até o momento.

Uma das maiores rendas per capita entre as 27 unidades federadas, Brasília exibe uma face cruel, que envergonha o título de patrimônio tombado pela Unesco: paradoxalmente, virou mãe da maior favela do País, maior que a Rocinha, no Rio, que atende por um nome bastante sugestivo: Sol Nascente, inspirado numa novela da Globo exibida entre agosto de 2016 e março de 2017, ambientada na fictícia Arraial do Sol Nascente, trama envolvendo dois amigos de origens diferentes. 

A verdadeira Sol Nascente fica a 60 km do Palácio do Planalto, na Praça dos Três Poderes, de onde despacha o presidente da República. Resultou de uma invasão em terras que se prolongam dentro do território de uma das maiores cidades na Grande Brasília, Ceilândia, com 350 mil habitantes. Junto com sua irmã Taguatinga, separadas por menos de 2 km, formam um conglomerado de mais de 700 mil habitantes.

Rua do Sol Nascente vista de cima

Projetada por Oscar Niemeyer para ter apenas 500 mil habitantes, Brasília é, hoje, a terceira maior concentração urbana do País, com 2,8 milhões de habitantes. Agigantou-se desordenadamente, tendo completado 64 anos em abril passado, fruto de uma visão e do idealismo do então presidente Juscelino Kubitschek, ao custo de US$ 1,5 bilhão, para valores da época. As ocupações irregulares, no entanto, logo passaram a fazer parte da história do Distrito Federal.

Em 1971, Ceilândia foi construída para erradicar as favelas que começavam a surgir nos arredores de Brasília. Foi resultado da CEI (Campanha de Erradicação das Invasões). O Sol Nascente começou a se formar com a expansão de Ceilândia por meio da grilagem.A comunidade que era, inicialmente, um setor de chácaras, chegou a ser considerada um conjunto habitacional, e em 2019 se tornou uma região administrativa separada, divisão própria do DF para descentralizar e coordenar serviços públicos. O nome técnico da área é Sol Nascente e Pôr do Sol por abranger outra comunidade localizada ali perto.

Rua da comunidade do Sol Nascente

Embora parte da população possa conviver com esgoto a céu aberto e em habitações que destoam da arquitetura futurística e do planejamento urbano prometido por Juscelino Kubitschek na inauguração de Brasília, não lembra em nada uma favela.

Quase não se vê uma estrutura residencial que lembre uma palafita, como as do Recife. Suas casas são todas de alvenaria. Já tem um bom comércio, dois grandes supermercados, um restaurante comunitário com refeição a R$ 1, ruas asfaltadas, água potável e, em breve, vai ganhar uma agência bancária e um Instituto Federal, anunciado por Lula no meio do primeiro semestre deste ano.

Nos últimos 20 anos, houve um aumento de 1.299% na população do Sol Nascente. O crescimento exponencial da região deu a ela o título de maior favela brasileira, segundo dados do Censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com 36.283 domicílios, a comunidade desbancou a Rocinha, no Rio de Janeiro, onde há, atualmente, 32.962 moradias. 

Segundo o IBGE, 101.866 pessoas moram no lugar. Uma delas é o administrador regional Cláudio Ferreira, filho de pais baianos, mas nascido e criado na Ceilândia. Diferente do padrão geral da favela, recebe um salário de R$ 18 mil para ser uma espécie de prefeito. Seu gabinete é mais modesto do que muitas casas de moradores com maior poder aquisitivo. Na verdade, é um cubículo de madeira, com seu escritório e mais três salas de trabalho. Ele continua morando na Ceilândia e não gosta que chamem o Sol Nascente de favela.

Cláudio Ferreira, administrador regional do Sol Nascente

“Isso é um conceito do IBGE que nós respeitamos, mas aqui não tem cara de favela, mas de uma cidade. Temos água nas torneiras, avançamos bastante no saneamento e o Governo do Distrito Federal já investiu mais de R$ 600 milhões na gestão Ibaneis (governador do DF), na melhoria da infraestrutura”, disse Cláudio. Com ele, trabalha o engenheiro Arthur, vindo da Paraíba. “Eu adoro o Sol Nascente e me dedico no trabalho para melhorar ainda mais as condições de infraestrutura desta cidade, que não é uma favela, como se diz por aí”, afirmou.

Segundo ele, quando se deu a invasão da área, Sol Nascente, na verdade, era uma favela. “As condições sociais eram precárias. A gente não tinha água, não tinha luz. Era tudo na gambiarra. Não tinha estrada, não entrava carro. Tinha que cobrar do Estado para colocar ônibus, passar caminhão de lixo. Todo mundo chegou na mesma situação e precisou organizar a comunidade e eu, modestamente, ajudei muito e vou continuar a ajudar.

A precariedade ainda faz parte do dia a dia dos moradores da região. A renda per capita média é de R$ 710 e o salário médio é de R$ 1.578 por mês, de acordo com dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílio (PDAD) de 2021, da Companhia de Planejamento do Distrito Federal. A disparidade é grande quando se compara o mesmo índice com o Lago Sul, o bairro mais rico de Brasília e do Brasil. A renda média lá chega a R$ 23.000

Em 11 de abril, quando participou do lançamento da pedra fundamental do campus do IFB (Instituto Federal de Brasília), o presidente Lula disse ter ficado surpreso com a organização do lugar.

“Faz 1 mês que vim de helicóptero e me comunicaram quando eu estava passando em cima da favela Sol Nascente. Fiquei olhando onde é que estava a favela. Sinceramente, o Sol Nascente não tem nada a ver com o que a gente conhece de favela no Rio, São Paulo, Pernambuco, Ceará”, disse Lula.

Na questão social e de raça, a maioria (68%) da população se declara preta ou parda. Apenas 30% são brancos. No Lago Sul, os números se invertem: brancos são 67% e pretos ou pardos 30%. No Sol Nascente, a insegurança alimentar atinge metade da população, mas o restaurante popular ajudou a reduzir a fome. A maioria esmagadora (92%) dos moradores trabalha em outros locais do Distrito Federal. Ceilândia fica em 1º lugar para destinos de empregos, com 35% dos trabalhadores ativos se deslocando até lá. O Plano Piloto, onde fica a Praça dos Três Poderes, vem em seguida, com 31%.

Restaurante Comunitário do Sol Nascente

Com a população jovem – idade média de 28 anos – e majoritariamente feminina (50,3%), segundo dados da PDAD 2021, a região do Sol Nascente é formada por redes de mulheres. De 30 em 30 minutos, uma mãe da comunidade chama Andreia Lopes Mello, de 39 anos, no portão da sua casa no trecho 3 do Sol Nascente, em um local conhecido como Fazendinha.

Ela, que não se vê como líder, é referência para muitas mães e mulheres que moram na área que, dentro do Sol Nascente, conta com menos serviços públicos essenciais. Andreia, mãe de quatro crianças com idades entre 2 e 16 anos, diz que a região da Fazendinha está fora do mapa.

“Não estamos dentro do mapa. O que significa estar fora. Sem água, sem luz, sem energia, sem esgoto. […] Aqui é um pedacinho da nossa luta. Nós moramos em um lugar longe de tudo. Não temos água encanada, não temos luz, não temos esgoto, não temos ônibus para a gente poder se deslocar. A gente passa dois dias sem uma gota d’água ou mais. Às vezes a gente fica dois, três ou quatro dias sem luz”, diz Andreia.

Olhando para a rua em frente à sua casa, Andreia percebeu que todos os dias, crianças subiam para a “Fazendinha” a pé, antes das 6h da manhã, para ir à escola. A rua não é asfaltada e, com chuva ou com sol, com o pé cheio de lama ou de poeira, as crianças repetem a jornada. Ela, que também levava os filhos para a escola, decidiu pesquisar sobre o direito de as crianças terem transporte escolar público.

“A criança tem direito de transporte escolar, tem direito de ter um estudo digno. De chegar no colégio limpo, de não chegar numa escola cansado e não conseguir estudar. Em 2022, eu comecei a procurar o direito das crianças. […] E eu descobri que eles tinham direito de transporte, por causa da quilometragem. Primeiro, a gente levou uns 200 ‘nãos’, mas com muita garra, conseguimos”, conta. Em 2022, Andreia conseguiu a liberação de um ônibus escolar para as crianças do Trecho 3 do Sol Nascente. Neste ano, foram mais três veículos liberados pelo Governo do Distrito Federal.