Por Adriano Roberto*
As redes sociais podem ter muitos defeitos, mas as qualidades certamente superam. Muitas vezes, nos pegam de surpresa com lembranças de um passado que alegra demais o coração. Ouvi em algum lugar que se saudade fosse ruim não teria como fruto o amor.
Nos dez anos que trabalhei com Magno Martins, além de realizar o sonho de montar uma rede de rádios no Nordeste, o que nos obrigava a viver na estrada, uma das maiores satisfações que tive foi andar muito pelo meu Sertão querido de Pernambuco e conhecer toda família de Magno.
Sua mãe, Dona Margarida, foi uma das pessoas mais iluminadas que já conheci na minha vida. Em todas as oportunidades em que passávamos por Afogados da Ingazeira, religiosamente Magno teria que ir na casa dos seus pais para jogar uma partidinha de dominó com seu pai Gastão e também ouvir sobre as andanças e peripécias de sua mãe.
Leia maisNa época, preocupado em fazer o trabalho de transmissões do programa de rádio, não havia notado o quanto dona Margarida realmente tinha um espirito aventureiro. Na rotina diária do programa de rádio, ganhei folgas para driblar o estresse. E numa delas, em setembro de 2012, havia comprado uma moto grande para fazer a viagem do meu sonho para o Sertão, sobre o veiculo que amo, que resolvi ir e voltar em Triunfo sobre duas rodas.
Voltando, resolvi pegar a PE 320, recém restaurada pelo então secretário de Transportes, Sebastião Oliveira, no governo Eduardo Campos (em se tratando de Magno Martins tenho que citar o contexto político da época), passando pela casa de seu Gastão e dona Margarida com minha possante moto.
Primeiro, vale a ressalva, fui recebido como um sultão, como sempre, com o banquete peculiar naquela mesa grande da cozinha simples, mas sempre farta.
Foi na despedida, ao subir de volta na moto que vi dona Margarida me surpreender com seu espírito aventureiro.
Ao ver-me equipando com luvas, casaco de couro, capacete e tudo mais, seu Gastão ao lado da esposa indagou: “Você tem coragem mesmo de viajar num negócio deste de Recife pra cá?”
Como um raio, antes que eu conseguisse responder, dona Margarida interpelou: “Pois eu teria na hora!” Foi aí que descobri que essa linda e saudosa Margarida estava mais para girassol. Vai para onde o sol levar!
*Jornalista