A influência de 2026 na eleição da nova mesa diretora da Alepe
Por Larissa Rodrigues
Repórter do blog
Embora ninguém admita, as articulações para as eleições de 2026 já estão a todo vapor no País. Em Pernambuco não seria diferente. A nova mesa diretora da Assembleia Legislativa do Estado (Alepe), para o biênio 2025/2026, será escolhida sob forte influência dessas negociações. Até o momento da votação, na tarde da próxima segunda-feira (2), o ambiente é de muita conversa no cenário político local, assim como foi durante toda a semana passada.
A reeleição do deputado Álvaro Porto (PSDB) para a presidência é dada como certa. Já a permanência no cargo do primeiro-secretário, Gustavo Gouveia (Solidariedade), que é o candidato defendido pelo presidente, enfrenta a concorrência do deputado Francismar Pontes (PSB), lançado pelo Partido Progressistas (PP).
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Mesmo não sendo membro do PP, Pontes foi considerado pela bancada o nome ideal para a disputa, pelo perfil habilidoso e experiente, com quatro mandatos na Alepe, o que provocou uma dissidência no PSB, porque o partido apoia Gustavo Gouveia. Nos bastidores, há quem diga até que a jogada do PP acabou fazendo um gesto ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), com a escolha de um nome socialista.
Outros fazem a leitura de que o PP não conseguiu viabilizar um nome do próprio partido e escolheu Francismar na tentativa de conseguir os votos do PSB. Atualmente o PP, liderado no Estado pelo deputado federal Eduardo da Fonte, integra a base da governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB).
O discurso dos apoiadores de Francismar Pontes é de que há insatisfação de vários deputados com Gustavo, tanto na forma de trabalhar internamente na Casa, quanto na política feita pelo grupo dos Gouveia nas últimas eleições, quando teriam, nas palavras de oponentes, “invadido bases eleitorais de colegas”. Gouveia nega tudo.
Espaços de poder – O fato é que, assim como em toda eleição, quem chegar em 2026 ocupando mais espaços de poder, naturalmente entrará mais forte na disputa. Considerando a importância que tem a primeira-secretaria, que vem em segundo lugar na hierarquia da Casa e é responsável por administrar a Assembleia, o grupo que comandar esse espaço se fortalece para a disputa em 2026.
Competitividade em 2026 – Está em jogo a competitividade das chapas a serem montadas visando as vagas da Câmara Federal e da própria Alepe. De olho nas renovações de seus mandatos, os deputados querem integrar chapas robustas. Por isso, o grupo dos Gouveia tenta manter a primeira-secretaria, com dois objetivos em mente: renovar o mandato de Gustavo e eleger o irmão dele, o prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia, deputado federal pelo Podemos, além de fazer mais deputados estaduais e federais.
Bancada do PP – No lado oposto, o PP tenta chegar a esse espaço com a expressiva bancada na Alepe também pensando em renovar seus oito mandatos e fazer ainda mais parlamentares. Além disso, o partido visa a renovação dos mandatos dos deputados federais, incluindo o presidente estadual da sigla, Eduardo da Fonte, e seu filho, Lula da Fonte. O partido trabalha, ainda, para criar as condições de Eduardo da Fonte ser uma opção viável para o Senado.
Artilharia pesada – Sendo os dois grupos, os Gouveia e o PP, membros da base da governadora Raquel Lyra, que deve concorrer à reeleição, ambos têm os mesmos objetivos: eleger seus deputados estaduais e federais apoiados pelo lado da gestora. Até 2026, vai haver artilharia pesada de um contra o outro, passando pela primeira-secretaria da Alepe e, em fevereiro do ano que vem, pela eleição da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), que hoje está nas mãos dos Gouveia, com Marcelo à frente.
Projetos – Os Gouveia saíram fortalecidos das eleições de 2024 com cerca de 20 prefeitos. O plano deles é eleger três deputados federais e oito estaduais em 2026. Já o PP tem uma média de 30 prefeitos, sendo 24 da própria legenda e o restante de aliados. O objetivo do grupo é fazer 30 deputados estaduais e 15 federais, contando com a força de uma federação entre PP, Republicanos e União Brasil.
CURTAS
SEM TELEFONEMA – O deputado Edson Vieira (União Brasil) ficou sabendo pela imprensa que não iria participar da eleição da mesa diretora porque o secretário de Turismo do Recife, Antônio Coelho, deputado licenciado, irá reassumir o mandato para votar em Francismar Pontes. Edson Vieira é o primeiro suplente do União Brasil e está na vaga de Antônio Coelho. Ele não recebeu nenhuma ligação avisando. “Eu fiquei surpreso, assim como outras pessoas, e só soube pela imprensa”, comentou o parlamentar.
DESGASTE – João Campos não gostou da postura de Antônio Coelho. Em reserva, uma fonte bastante ligada ao prefeito fez uma leitura de que o grupo dos Coelho de Petrolina fechou uma porta com Edson Vieira, influente no Agreste, e outra com os Gouveia, na Mata Norte, dois apoios que seriam importantes para uma eventual candidatura de Miguel Coelho ao Senado, em 2026. “Não vai adiantar nada esse voto de Antônio Coelho. Gustavo vai ganhar do mesmo jeito e eles acabaram criando um desgaste desnecessário (com João, Edson e os Gouveia)”, afirmou a fonte.
OS COELHO – Miguel Coelho saiu em defesa do irmão e disse que a decisão de Antônio Coelho de voltar para a Alepe foi vista com naturalidade pelo grupo já que ele é um deputado licenciado e quer participar do processo eleitoral, que isso ocorre em todas as eleições do Congresso e nas assembleias espalhadas pelo Brasil.
Perguntar não ofende – Qual grupo sairá vitorioso na eleição da mesa diretora da Alepe?
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