Sebrae - Compre Pequeno
pixel

Estratégia de defesa de Bolsonaro é rifar militares

A estratégia de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é afastá-lo da trama golpista e transferir responsabilidade para os militares, avaliam integrantes das Forças Armadas indiciados pela tentativa de golpe. “Bolsonaro está rifando os militares”, disse ao blog da Andréia Sadi um deles.

O entendimento é uma reação direta à fala do advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno. Na ocasião, Cunha Bueno afirmou que os maiores beneficiários do golpe seriam os integrantes de uma junta militar prevista para ser criada após os assassinatos de Lula (PT) e de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), antes da posse, e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

“Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mário Fernandes [um dos indiciados], seria uma junta que seria criada após a ação do Plano Punhal Verde e Amarelo, e nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro”, disse o advogado do ex-presidente.

A fala de Cunha Bueno faz referência a um gabinete de crise, planejado pelos golpistas, que seria comandado pelos generais Braga Netto e Augusto Heleno, respectivamente ministros da Casa Civil e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro.

Também integrariam o órgão o próprio general Mário Fernandes, que era secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, e outros civis e militares. Militares ouvidos, entretanto, rechaçam a versão de que Bolsonaro – por não integrar o gabinete de crise – não seria beneficiário do golpe.

Esses militares alegam que órgão existiria para assessorar uma autoridade – no caso, Bolsonaro. Além disso, ressaltam que dificilmente algum militar daria um golpe no ex-presidente pois todos acreditavam no “projeto de país” que ele vendia.

Jaboatão dos Guararapes - Natal Solidário 2024

Celebrar a descentralização e a consequente interiorização dos serviços de 2º Grau do Judiciário estadual. É com este objetivo que o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) comemora, nos dias 5 e 6 de dezembro, a primeira década da Câmara Regional de Caruaru. A unidade judiciária, instalada no dia 5 de dezembro de 2014, é responsável pelas demandas do Agreste e do Sertão.

As atividades se iniciam com a Sessão do Conselho da Magistratura, que em virtude das festividades acontecerá na Câmara Regional, no dia 5 de dezembro às 9h. Em seguida, será inaugurada a 6ª Vara Cível, no Fórum Demóstenes Veras. No final da tarde, será a vez da inauguração da iluminação Natalina no local e após isso, às 18h, o presidente do TJPE, desembargador Ricardo Paes Barreto, que comandará as celebrações pelos 10 anos da Câmara Regional, receberá uma homenagem na Câmara de Vereadores de Caruaru.

Já no dia 6 de dezembro, às 9h30, acontecerá a solenidade Comemorativa pelos dez anos da Câmara Regional, com descerramento de placa e entrega de homenagens no Salão do Júri, localizada no Fórum Demóstenes Veras. Em seguida, às 12h, um almoço comemorativo no buffet Renato Machado para homenageados e convidados.

Conheça Petrolina

Ao final do segundo encontro com os prefeitos eleitos, há pouco, no Recife, a governadora Raquel Lyra (PSDB) deixou muitos gestores desapontados. De concreto, anunciou apenas um ônibus escolar para cada município e 120 cozinhas comunitárias. Mas os prefeitos queriam mais, pelo menos o anúncio de novos recursos.

Para o prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), grande parte dos seus colegas saiu frustrada. “A montanha pariu o rato”, ironizou Albino.

Camaragibe Avança 2024

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino liberou, hoje, o pagamento das emendas de congressistas, que estavam suspensas desde agosto deste ano por decisão do próprio magistrado, que exigia a criação de mecanismos de transparência para os repasses.

O ministro, no entanto, fez algumas ressalvas em sua determinação para as diferentes modalidades de emendas. Ele também aponta que a destinação de emendas deve ter as digitais do congressista que as indicou, ou seja, deve conter informações de autoria –um dos principais pontos que levaram ao imbróglio entre o STF e o Congresso quanto aos repasses. As informações são do portal Poder360.

Leia abaixo as determinações de Dino para cada modalidade:

  • emendas de relator (RP-9), conhecidas como “orçamento secreto”, e de comissão (RP-8): estão liberadas apenas com a devida identificação dos congressistas, cabendo ao Executivo aferir a transparência e liberar caso a caso;
  • emendas Pix: podem ser pagas com a devida apresentação do plano de trabalho prévio. As emendas desta modalidade anteriores a 2025 têm o prazo de 60 dias para apresentar um plano de trabalho;
  • emendas de bancada: devem ter seus valores destinados em conjunto pelos congressistas, sem que haja “rateio” dos valores. Será realizada auditoria pela CGU (Controladoria Geral da República) em outubro de 2025;
  • emendas destinadas a ONGs: só podem ser liberadas com a devida publicação em sites. Sem isso, não pode haver liberação nem dos repasses antigos, nem de futuros;
  • emendas destinadas à Saúde: precisam de indicações técnicas do gestor federal, com necessidade de aprovação nas comissões bipartite e tripartite do SUS (Sistema Único de Saúde). Sem aprovação prévia, não haverá a liberação da emenda.

Além das restrições aos repasses, o magistrado também estabelece um limite para a evolução das despesas com as emendas. Ficou decidido que o montante não pode crescer indefinidamente e, a partir de 2025, deverá ser usado o menor dentre 3 parâmetros: o arcabouço fiscal, a variação da Receita Corrente Líquida ou a evolução das despesas discricionárias do Executivo.

A decisão de Dino vem depois de pressão do Congresso, alegando que as Casas já haviam aprovado regras mais rígidas para os repasses.

Em petição enviada ao Tribunal na última semana, o Legislativo afirma que está cumprindo as exigências de transparência da execução das verbas impostas pelo magistrado para liberar os repasses, e citava que as condições impostas foram cumpridas com a lei complementar sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com a liberação dos pagamentos, Dino atende à cobrança de deputados e senadores, o que pode destravar votações caras ao governo no Congresso.

A governadora Raquel Lyra (PSDB) afirmou que vai apurar internamente como se deu a construção do ‘briefing’ do evento, que reúne prefeitos eleitos e reeleitos em todo o Estado, e traz uma lista de quem são os gestores aliados, adversários e os neutros ao seu governo.

Segundo informações publicadas no blog Cenário, Raquel reafirmou que trabalha para todos os municípios, sem olhar para as bandeiras partidárias, nem se os gestores votaram nela ou não. “Fui surpreendida hoje pela manhã, mas vou apurar o que foi que aconteceu, mas na prática, o que acontece é que nós estamos trabalhando com todos. Talvez tenha sido um mapeamento político que tenha sido feito, mas eu ainda vou apurar. Essa não é a forma. A gente não vai discriminar qualquer tipo de município, a partir da cor da bandeira partidária que ele veste”, disse.

Blog da Folha

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), na reunião que está sendo realizada com os prefeitos eleitos e reeleitos no Estado, revelou que o edital do Arco Metropolitano será publicado no dia 19 deste mês. O edital se refere ao Segmento Dois, que vai do munício de Moreno ao Cabo de Santo Agostinho.

O trecho de Moreno a Paudalho será realizado, ainda segundo a governadora, com recursos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. O encontro com os prefeitos está sendo realizado no Recife Expo Center, no bairro de São José.

Preso em uma cela em um batalhão do Exército do Rio de Janeiro, o general da reserva Mario Fernandes está “transtornado”, “muito triste” e “preocupado com a família”, conforme relatos de pessoas que conversaram com ele nos últimos dias. As informações são do portal Veja Online.

O militar foi preso no dia 19, numa operação da Polícia Federal que tornou pública uma série de mensagens e ações dele para pressionar generais, mobilizar o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército e até assassinar autoridades em busca de reverter o resultado das eleições de 2022.

À época atuando como secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, órgão que fica na “cozinha” do governo, Mario Fernandes elaborou um plano, intitulado “Punhal Verde Amarelo”, que previa um passo a passo que poderia culminar na morte do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

As investigações identificaram que ele elaborou e imprimiu o documento dentro do Palácio do Planalto. Horas depois, o militar foi até o Palácio da Alvorada, onde o então presidente Jair Bolsonaro estava.

Conforme dados do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) anexados ao processo, Mario Fernandes era uma presença comum na residência de Bolsonaro depois do segundo turno, quando o então presidente se isolou. As visitas se intensificaram principalmente em dezembro, com o registro de ao menos seis visitas – há outras entradas com apenas o registro de “Mario” na portaria.

Em delação, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que Fernandes era um dos mais radicais entre aqueles que pressionavam por uma virada de mesa. Segundo Cid, ele pressionou o então chefe do Comando de Operações Especiais, responsável pela elite do Exército, a aderir ao movimento. Há mensagens que indicam pressão também sobre o então comandante do Exército, general Freire Gomes.

Apesar do roteiro minucioso de suas ações, o general tem dito que não teve a real intenção de matar ninguém. Ele ainda tem reforçado uma preocupação tremenda com seus familiares, que também ressaltam o pesar com a condição na qual Fernandes se encontra.

No dia 22, a defesa do militar solicitou a transferência dele para Brasília, onde vive com familiares. O pedido ainda não foi analisado pelo ministro Alexandre de Moraes.

O blábláblá que se transformou a primeira reunião da governadora com os prefeitos, neste momento, no Recife Expor Center, gerou uma grande dispersão da plateia no ambiente. Muitos preferem bater papo no cafezinho ao lado, fazendo um terrível barulho.

E a organização do evento não está nem aí!

Ao invés de dar boas novas aos prefeitos, no que tange a liberação de recursos, o primeiro encontro da governadora Raquel Lyra (PSDB) com a categoria virou palanque eleitoral: impacientes, os prefeitos estão sendo obrigados a ouvir discursos de políticos. Já falaram a vice-governadora Priscila Krause (Cidadania), o presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB), e os deputados federais Mendonça Filho (UB) e Clodoaldo Magalhães (PV). Agora, quem discursa é o presidente da Amupe e prefeito de Paudalho, Marcelo Gouveia (Podemos).

Na sua curta fala, há pouco, no encontro da governadora Raquel Lyra (PSDB) com os novos prefeitos, o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), foi duro e curto: parabenizou a iniciativa, mas disse que o que os prefeitos aguardam, na verdade, é se haverá anúncio de liberação de novos recursos para os municípios.

O estilo Raquel: depois de dois anos de gestão, com um secretariado que precisa usar GPS para andar no Recife e no Estado, acaba de apresentar toda sua equipe no primeiro momento do encontro com os prefeitos do Estado.

A governadora Raquel Lyra (PSDB) realiza, neste momento, o primeiro encontro com prefeitos eleitos e reeleitos neste ano. Mesmo afirmando que não se importa com o apoio dos gestores municipais e que governa para todo o Estado, o documento elaborado pela Secretaria da Assessoria Especial à Governadora para o evento mostra outra realidade.

Obtido e divulgado pelo jornalista Matheus Santos, da Folha de São Paulo, o documento com o roteiro da reunião traz uma lista com os prefeitos separados entre aliados políticos, adversários e neutros. Um erro grave da assessoria da governadora, que com certeza vai render uma saia-justa durante a reunião. Confira abaixo a lista elaborada pelo Governo.

A governadora Raquel Lyra (PSDB), que acabou de chegar ao local do encontro com os prefeitos eleitos, deu uma rápida entrevista. Disse que não vai anunciar nenhum FEM, como fez Eduardo Campos no seu primeiro mandato, para adoçar a boca dos prefeitos, que aguardam o anúncio de liberação de novos recursos. Mas disse que fará alguns anúncios de parcerias com os municípios.

O prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), está presente na reunião que a governadora Raquel Lyra (PSDB) comanda, hoje, com os gestores eleitos e reeleitos no Estado. Questionado pelo blog Dantas Barreto sobre o que espera do Governo do Estado, João foi enfático na resposta: “O Recife espera respeito. O Recife não precisa de muita coisa, só precisa ser respeitado”.

Com um orçamento previsto para 2025 na casa dos R$ 8 bilhões, João Campos defendeu que o Estado priorize os municípios de menor porte e de baixa arrecadação. “A gente sabe que, no cenário de 184 municípios, temos em Pernambuco alguns com poder de arrecadação muito maior e com estrutura organizacional maior, como o Recife. Então, acho que essa parte mais conjuntural de apoio, recursos para obras, coisas do tipo são prioridade para municípios de menor porte e arrecadação”, ressaltou.

O prefeito da Capital elogiou a iniciativa de Raquel Lyra de convocar a reunião. “Esse diálogo institucional tem que ser feito. Um pouco do que a gente viu, na semana passada. O Governo Federal veio aqui com a sua estrutura que coordena o PAC, fazendo essa rodada de escuta institucional. A gente espera que o discurso possa ser colocado em prática, com parceria institucional, com respeito entre as gestões, com capacidade de diálogo com quem faz parte ou não da base do Governo. Acho que a gente precisa construir um tempo de respeito institucional, de parceria entre as cidades e o Estado, entre o Governo Federal. É algo rotineiro Brasil afora”, assinalou.

Os grandes bancos estão unidos na defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na condução das medidas de reforço do arcabouço fiscal. Na avaliação dos comandantes dos maiores bancos do Brasil, não interessa um Haddad enfraquecido, porque ele é o melhor nome dentro do PT para o cargo e consegue, a duras penas, tirar o “possível” dentro do governo para ajustar as contas públicas. As informações são do blog do Valdo Cruz.

Os banqueiros ressaltaram a fala humilde do ministro da Fazenda no almoço da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) na semana passada, quando reconheceu que se o pacote não for suficiente, novos cortes serão feitos para atingir as metas fiscais. No mercado, a avaliação é que as medidas anunciadas não vão gerar a economia de R$ 71 bilhões nos próximos dois anos, mas na casa de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões.

Está faltando um corte a mais de R$ 20 bilhões, diz, por exemplo, Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central (BC) e dono de uma empresa de investimentos no mercado. A avaliação de analistas de contas públicas é que o governo poderá fazer esse complemento por meio de um bloqueio e contingenciamento de despesas.

O dólar terminou a semana passada acima de R$ 6 e a equipe econômica espera um mercado menos estressado, mas com um dólar ainda alto, nos próximos dias, talvez abaixo de R$ 6. A avaliação é que o dólar só deve recuar mais quando as medidas fiscais começarem a ser aprovadas no Congresso.

Outra expectativa é a atuação do BC. Não fazendo intervenção no dólar, mas elevando a taxa de juros, subindo a intensidade de 0,50 ponto percentual para 0,75 ponto percentual. A próxima reunião do Copom acontece nos dias 10 e 11 de dezembro.

Roberto Campos Neto, que estava em Miami por causa de assuntos pessoais, volta a Brasília para a sua última reunião do Copom, com o seu sucessor, Gabriel Galípolo, alertando para a possibilidade de a taxa de juros ficar alta por um tempo mais prolongado.

Mercado chegou a colocar juros em 14%. Banco Central segue avaliando que não há motivos para intervenção no câmbio, exatamente para não gerar mais turbulências na taxa de juros futura no mercado.

Ao chegar, há pouco, ao local do encontro da governadora Raquel Lyra (PSDB) com os prefeitos eleitos, João Campos (PSB), do Recife, disse que atendeu ao convite por ser um ato institucional. “Estamos em lados opostos, mas o que nos traz aqui são os interesses do Recife”, disse, ao insistir em demarcar o seu terreno político do da governadora, a quem deve enfrentar nas eleições de 2026.

Por Maurício Rands*

Toda responsabilidade é inicialmente individual. Mas, como mostra Freud em seu “Psicologia das massas e análise do eu”, os indivíduos podem ter mudanças comportamentais quando participam de uma coletividade. Por isso, o golpismo atávico das nossas Forças Armadas não se limita aos 37 indiciados nas 884 páginas do inquérito da Polícia Federal. Esses são apenas os principais articuladores, planejadores e executores de atos golpistas proibidos pelo art. 359, “l” e “m”, do Código Penal. Muitos outros oficiais, suboficiais, praças e familiares sonhavam com uma intervenção militar para cancelar a vontade do povo manifestada nas urnas em 2022.

O inquérito revelou os nexos entre fatos que antes eram fotografias de alguns momentos. Agora temos o filme completo. Um filme que diz muito de uma cultura golpista que começou com a quartelada de militares positivistas que proclamaram a república em 1889. Julgavam-se no direito de tutelar a nação. Tão autoritários quanto dom Pedro I e seu poder moderador da Constituição de 1824. Pretensões de tutela a cada passo da história de uma república manietada e sempre sujeita a intervenções golpistas. Bem ou malsucedidas.

Assim foi com o tenentismo, o Estado Novo, o golpe em Vargas, as tentativas de impedir a posse de Juscelino, a deposição de Goulart em 64 e o governo Bolsonaro. A novidade da pregação golpista recente foi a utilização da comunicação digital para disseminar teses falsas sobre a lisura das urnas eletrônicas e sobre a “parcialidade” das instituições públicas e do jornalismo profissional. Assim dando tração ao golpismo alimentado pelo chefe desde a sua posse.

Está em curso uma estratégia de distinguir a instituição dos indivíduos que a integram. Como se a instituição não reproduzisse uma certa cultura. O problema é que essa cultura golpista transcende os 37 indiciados. Uma parte expressiva dos integrantes das nossas FFAA queriam o golpe. Muitos foram aos acampamentos em frente dos quartéis país afora, inclusive ao QG do Exército em BSB. A direita brasileira, sempre forte no meio militar, não tem um histórico de respeito à democracia. Nunca teve pruridos em participar ou aderir a movimentos golpistas. E a apoiar ditaduras que prenderam, torturaram e exilaram seus opositores. Depois da Constituição de 1988, que fincou as bases para um Estado Democrático de Direito, esperava-se que esse viés golpista fosse superado. Não foi o que se viu em 2018 e, depois, em 2022.

Algumas mudanças fazem-se urgentes. Uma reforma do art. 142 da CF/88, em passo duplo. Primeiro, para limitar as atribuições dos militares à defesa da soberania nacional. Uma redação que não permitisse interpretações golpistas poderia ser a seguinte: “As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria e sua soberania”. Ponto. Sem as contemporizações da parte final da atual redação. O segundo passo seria proibir que os militares ocupem cargos políticos ou administrativos nos órgãos e poderes civis. Sejam cargos permanentes, temporários de confiança, ou eletivos. Para, assim, afastá-los da políticização. Já vencidos dois anos do atual governo, ainda são 2.760 os militares ocupantes de cargos na administração pública civil (chegaram a 6.175 no governo do ex-capitão). Para isso, estão autorizados pelo art. 142, § 3º, II e III, da CF. Embora, os militares da ativa não possam se filiar a partidos políticos (CF, art, 142, §3º, V), eles podem se candidatar por força do art. 14, § 8º. Bastaria que o Congresso aprovasse uma emenda que: (i)  determinasse a perda do posto ao militar que tomasse posse em cargo ou emprego público civil permanente ou temporário, permitida apenas a contagem do tempo de serviço militar para a aposentação pelo regime de previdência civil, reformando-se os incisos  II e III do art. 142, § 3º; e, (ii) proibisse a candidatura de militar a cargo eletivo, revogando-se o art. 14, § 8º, CF.

Além dessa reforma da CF/88, uma outra medida profilática seria a revisão do conteúdo do que é ensinado nas academias militares. A formação dos seus membros não pode continuar como está. Ao lado do aprofundamento das capacidades técnicas, de gestão e de comunicação, já passou a hora de fomentar a crítica aos muitos desvios golpistas da história das FFAA. As novas gerações de militares precisam ser formadas com uma visão democrática e crítica aos desvios do passado. A elas precisam ser apresentados os valores democráticos, o respeito às instituições republicanas e os objetivos fundamentais da república do art. 3º da CF: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; e, IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

*Advogado formado pela FDR da UFPE, professor de Direito Constitucional da Unicap, PhD pela Universidade Oxford