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Bolsonaro ironiza golpe e volta a atacar Moraes

O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou, neste sábado (23), o inquérito da Polícia Federal que apura uma tentativa de golpe após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, no qual foi indiciado. Em uma live no perfil do ex-ministro do Turismo de seu governo, Gilson Machado, o político ironizou as investigações, que chamou de “chifre em cabeça de cavalo” e afirmou que as prisões de militares esta semana foram injustas.

“Uma coisa absurda essa história do golpe. Vai dar golpe com um general da reserva e quatro oficiais superiores? Pelo amor de Deus. Quem estava coordenando isso? Cadê a tropa? Cadê as Forças Armadas? Não fique botando chifre em cabeça de cavalo. (…) Golpe agora não se dá mais com tanque agora, se dá com táxi. E parece que o sequestro não saiu porque não tinha táxi na hora. É uma piada essa PF do Alexandre de Moraes”, afirmou Bolsonaro, que está em São Miguel dos Milagres (AL) a convite do ex-ministro e andou pelas ruas da cidade neste sábado.

O ex-gestor público criticou ainda as prisões dos quatro militares nesta terça-feira, que estavam envolvidos na trama. Na terça-feira, foram presos o general da reserva Mário Fernandes, e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, integrantes dos “Kids pretos” — membros das Forças Especiais. Além dos militares, o policial federal Wladimir Matos Soares também foi detido.

Bolsonaro e outras 36 pessoas, a maioria militares, foram indiciados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. Na live, ele também criticou a prisão de quatro militares envolvidos na mesma trama. 

“Esses que estão sendo presos injustamente agora, de forma preventiva, não encontra um só respaldo da lei que fala da preventiva para prender esses quatro oficiais”, disse o ex-presidente, que também tratou de outros temas na live, como a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o jogo do Palmeiras contra o Atlético Goianiense e sua derrota nas urnas no Nordeste no último pleito.

Plano Golpista

Segundo investigação da PF, o plano de tomar o poder e manter Bolsonaro na presidência envolvia matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no fim de 2022.

O documento com o planejamento dos assassinatos, batizado de “Punhal verde amarelo”, foi impresso no Palácio do Planalto pelo então número 2 da Secretaria-Geral da Presidência, general Mário Fernandes, que foi preso e indiciado. A investigação aponta que, em 16 de dezembro de 2023, o militar fez seis cópias do arquivo, o que, para os investigadores, indica que seriam distribuídas em uma reunião.

Registros de entrada do Palácio da Alvorada do dia seguinte, 17 de dezembro, mostram que Mário Fernandes foi um dos visitantes da residência oficial da Presidência, onde Bolsonaro ficou recluso após perder as eleições para o presidente Lula. No mesmo dia, o ex-assessor especial Filipe Martins, que, segundo a delação de Cid foi um dos mentores de uma minuta golpista, também esteve no local no mesmo dia.

Os militares presos na terça-feira são chamados de “kids pretos”, porque integravam as Forças Especiais do Exército. A investigação da PF indica que os kids pretos utilizaram conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas durante os meses de novembro e dezembro de 2022.

A defesa do ex-presidente tem dito que Bolsonaro “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”. Na primeira manifestação após o indiciamento, Bolsonaro criticou Moraes em declaração ao portal Metrópoles. Em entrevista ao GLOBO há duas semanas, ele disse que houve debates sobre a decretação de um estado de sítio no país, mas afirmou que “não é crime discutir a Constituição”

Do O GLOBO

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Por determinação da Controladoria-Geral da União (CGU), a Caixa Econômica Federal demitiu, por justa causa, o ex-vice-presidente Antônio Carlos Ferreira de Sousa. Funcionário de carreira do banco, ele estava afastado do cargo desde julho de 2022, quando sugiram denúncias de assédio sexual e moral durante a presidência de Pedro Guimarães, que comandou o banco entre 2019 e 2022.

A CGU publicou nesta sexta-feira (22) a portaria do desligamento no Diário Oficial da União. Durante a gestão de Guimarães, Sousa foi vice-presidente de Estratégia de Pessoas e de Logística e Operações.

Além da demissão, o ex-vice-presidente está impedido de ocupar cargos comissionados ou funções de confiança no Poder Executivo Federal por 8 anos. Desde a divulgação das denúncias, Sousa estava afastado do cargo, mas continuava a trabalhar na Caixa.

Na época da divulgação das acusações de assédio moral e sexual por Pedro Guimarães, que pediu demissão em junho de 2022, a Caixa criou um canal interno de denúncias. Com base nos relatos recebidos no Contato Seguro da Caixa, o banco investigou os casos e constatou várias ocorrências de assédio por parte de Sousa.

Em nota, a Caixa afirma que não tolera nenhum tipo de assédio por parte de dirigentes ou empregados. O banco também informou ter começado a investigar os casos por meio da corregedoria interna e que o processo seguiu as regras de administração pública.

“Com a finalização das investigações feitas dentro dos ritos da governança, o banco enviou o relatório conclusivo à Controladoria-Geral da União (CGU) em outubro de 2023. O ex-dirigente já estava afastado do cargo desde julho de 2022. Com a ciência da decisão da CGU, a Caixa iniciará as providências devidas para o cumprimento”, informou a assessoria de imprensa do banco.

Histórico

Em junho de 2022, surgiram denúncias em série de casos de assédio sexual e moral durante a gestão de Pedro Guimarães na Caixa. Imediatamente após a divulgação dos relatos, o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Trabalho passaram a investigar os casos. Além do então presidente, vice-presidentes e diretores foram acusados.

Guimarães pediu demissão no dia seguinte à publicação das denúncias, e outros vice-presidentes do banco renunciaram em seguida.

Desdobramentos

Em março de 2023, Guimarães virou réu por denúncias de assédio sexual e moral feitas por funcionárias da Caixa. A ação tramita sob sigilo, e a defesa do executivo nega as acusações.

Em uma outra ação, movida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, a Caixa foi condenada a pagar R$ 3,5 milhões de indenização por um evento no interior de São Paulo em que Guimarães obrigou funcionários a fazer flexões em estilo militar.

Acordos

Em abril do ano passado, a Caixa fechou um acordo com o Ministério Público do Trabalho do Distrito Federal para pagar uma indenização de R$ 10 milhões para encerrar a denúncia das funcionárias. Em janeiro deste ano, o banco assinou um termo de ajuste de conduta (TAC), que concedeu vantagens em processos internos de seleção a funcionários que sofreram perseguição na gestão de Guimarães.

O banco foi condenado em outros processos em São Paulo, no Amazonas e no Distrito Federal. Somadas as condenações e os TAC, o banco até agora desembolsou cerca de R$ 14 milhões em indenizações, que poderiam ser mais altas se não houvesse acordo. Sem eles, a instituição financeira teria de pagar multa de até R$ 300 milhões. No ano passado, a Caixa informou que cobraria de Pedro Guimarães, na Justiça, o dinheiro das indenizações.

Em março deste ano, a Comissão de Ética da Presidência da República aplicou uma “censura ética” a Guimarães. Aplicada a autoridades que deixaram o cargo, a penalidade prevê apenas advertência. A ação contra Guimarães na Justiça Federal ainda está na fase de audiências.

Da Agência Brasil

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O Decreto nº 116/2024, assinado pelo prefeito Yves Ribeiro para impor cortes na folha de pagamento da Prefeitura de Paulista, vem sendo rechaçado pelo Sindicato dos Servidores Municipais de Paulista (Sinsempa). A categoria ingressou com uma ação judicial em desfavor da medida, que tem data retroativa a 1º de novembro e inclui redução de 50% nas gratificações, demissões de estagiários e exonerações em massa. 

Os servidores destacam que o decreto foi emitido de forma ilegal. “Infelizmente, mais uma notícia ruim. Fomos pegos de surpresa com o decreto que faz a supressão de 50% nas gratificações. Esse decreto já fere a Lei Eleitoral nº 9.504/97, onde fala que é vedada a supressão de vantagens de qualquer natureza pagas a servidores públicos três meses antes da eleição e até a posse dos eleitos”, analisou a presidente do Sinsempa, Jucineide Lira. 

Jucineide questionou a atitude tomada por Yves e prometeu que o sindicato acionará a Justiça. “Esse direito foi garantido através de Lei. Como é que a Prefeitura faz um decreto para derrubar a lei? Essas gratificações foram constituídas. Agora, no final do governo, eles querem dar esse presente de grego para os servidores, mas estamos atentos e vamos, sempre que necessário bater as portas do Judiciário para garantir o direito dos servidores públicos municipais em Paulista”, comentou a presidente.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro chamou o inquérito que apura um plano de golpe para mantê-lo no poder de “historinha”. Segundo ele, a investigação é uma “narrativa inventada” pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) com a Polícia Federal (PF).

“Não acredito nessa historinha de golpe. Golpe em que ninguém viu um soldado sequer na rua. Um tiro. Ninguém sendo preso. Alexandre de Moraes fica inventando narrativa com a Polícia Federal bastante criativa”, disse em conversa com apoiadores em Alagoas neste sábado (23).

A PF indiciou Bolsonaro e mais 36 pessoas por supostamente tramar a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre Moraes. O relatório aponta crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.

“O que eles estão fazendo agora com essa historinha de golpe. Iam sequestrar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes para que? E depois envenenar? Vai plantar batata onde você bem entender. Pelo amor de deus. Deixa de perseguir as pessoas por interesse pessoal”, declarou Bolsonaro.

Sobre o 8 de Janeiro, o ex-presidente afirmou que os investigados pelos atos “são pobres coitados, inocentes, chefes de famílias, que não têm culpa de nada”. Segundo ele, uma minoria invadiu e entrou na Câmara, Senado e Supremo.

Militares

Bolsonaro afirmou ainda que o pacote de corte de gastos do governo federal envolvendo o Ministério da Defesa é uma forma do governo Lula “culpar” as Forças Armadas pela suposta tentativa de golpe de Estado.

“O governo está indo para cima dos militares para tirar mais dinheiro da previdência deles. No tocante aos projetos estratégicos, foram congelados. Eles querem culpar as forças armadas e a mim a tentativa de golpe, como se Lula fosse defensor da democracia”, disse Bolsonaro.

A equipe econômica do governo Lula tem discutido medidas para conter as despesas para manter a viabilidade das regras fiscais e equilibrar as contas públicas.

Na proposta, o governo prevê alterações nos gastos com a aposentadoria dos militares. Ainda está em fase de ajustes a progressão de carreira dos militares, que ocorre em cadeia.

Da CNN

Por Antônio Lavareda*

No mundo atual, há perto de cem milhões de pessoas privadas da memória, por doenças, que a neurofisiologia apurou, destruíram suas conexões mentais, suas sinapses, deixando seus neurônios perdidos num emaranhado de proteínas betaamilóides, que lenta e inexoravelmente apagaram a identidade dos indivíduos e lhes roubaram a condição de sujeitos do seu destino. Apesar dos bilhões de dólares investidos, as farmacêuticas ainda não conseguiram oferecer ao mundo um remédio comprovadamente eficaz, uma cura para esse mal que se alastra.

Nos últimos anos, a medicina tem apostado suas fichas na prevenção, com destaque para o exercício sistemático da memória. Exercitá-la, a ciência concluiu, é o melhor caminho para não perdê-la.

Essa placa, senhoras e senhores, outra coisa não é senão um sinal, um sinal forte, como se fora uma bandeira, um painel luminoso, uma sirene de alerta. Um estímulo significativo, um convite insistente para a coletividade dessa Casa, para todos que por aqui passam e passarão, para fazerem, de quando em quando, um exercício de memória. Um outro tipo de memória. Memória coletiva, dos que viveram, e dos que vieram e aprenderam, e dos que virão depois.

Os nossos nomes inscritos nela – o sofrimento de Eneida, de Marcelo, Marlene, Leonardo, dos Josés , e tantos mais – servem apenas para simbolizar, com a especificidade do tempo e do lugar, as feridas produzidas pelo arbítrio. Representam os muitos outros brasileiros vitimados pelo regime discricionário em que o país foi mergulhado a partir de abril de 1964. Foram pelo menos 20 mil sequestrados, presos, torturados. Foram mais de dois mil exilados e banidos. Foram mais de quatro centenas de mortos e desaparecidos. Foi toda uma geração censurada e amordaçada.

Um país posto à deriva por duas décadas, para ao final ser devolvido à vida democrática apenas quando sua economia estava em frangalhos, com inflação que ultrapassava 200% ao ano, endividado com FMI e mais 750 bancos internacionais, e com seu último governo desmoralizado por não cumprir os sucessivos acordos de renegociação da dívida externa. Só então, nesse estado falimentar, quando até o empresariado que a apoiava tinha desistido dela, a Ditadura cedeu à pressão da sociedade.

Esse período, dos mais lúgubres da nossa história, não pode cair no esquecimento. Temos assistido nos últimos anos a emergência de uma ultra direita populista vigorosa, o que não é diferente de muitos outros países do mundo. Na América do Sul se multiplicam os exemplos. Mas aqui há uma singularidade que salta aos olhos. Essa vertente extremista traz no cerne a nostalgia do regime militar, e na sua galeria de heróis conhecidos torturadores. Isso explica, em boa medida, os discursos de ódio nas redes sociais, a violência explícita no 8 de janeiro, tentativas e planos de golpe prevendo a eliminação física de autoridades da República.

E o que tornou essa nostalgia possível? A resposta é simples. A transição para a democracia que tivemos, diferente de outras nações do continente, excluiu a responsabilização e o julgamento dos responsáveis pelo período de arbítrio, permitindo aos radicais de hoje reelaborarem como fábula dourada para seus seguidores a narrativa de um período sombrio.

Exatamente por isso, as incertezas que nos afligem hoje, mais que recomendar, elas exigem que esse passado seja revisitado. Que os mais jovens voltem para ele sua curiosidade e seu senso crítico. Que pesquisem, que analisem, que extraíam suas conclusões. E que as compartilhem com as outras gerações. Entre as conclusões , com certeza, estará o repúdio da maioria a qualquer projeto que pretenda, mesmo que disfarçadamente, repeti-lo. Essa placa contribuirá para isso.

Exercitar a memória coletiva é a chave para não perdê-la. Providência essencial no Brasil atual, porque, caso isso venha a ocorrer, aumentará muito, tal como acontece tristemente com os indivíduos, a chance da nossa sociedade civil ver arrebatada de si a condição de senhora do seu destino.

*Cientista político e advogado

Por Andreza Matais*

Os ministros Juscelino Filho (Comunicações) e Celso Sabino (Turismo) defenderam, à coluna, o apoio do União Brasil à reeleição do presidente Lula em 2026, em detrimento da candidatura própria do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, aumentando o racha na sigla.

O ministro Sabino reforçou a defesa de que o debate deve ser antecipado. “Concordo com o Elmar”, afirmou. 

O líder do União Brasil na Câmara, o deputado Elmar Nascimento (BA) defendeu, em entrevista à coluna, que o partido decida já no início do próximo ano, quando o governo entra na metade do mandato, qual rumo tomar.

Na avaliação do deputado, o partido não pode construir uma candidatura adversária à de Lula “por dentro do governo”, o que seria uma “traição” ao petista. Nesse sentido, adverte que, se vencer a tese da candidatura própria, o União Brasil tem que entregar os três ministérios.

O ministro Juscelino Filho também afirma que vai defender dentro do partido o apoio ao petista, mas ponderou que o debate deve ser feito “no momento adequado”.

“Sempre fui claro em relação ao meu apoio à reeleição do presidente Lula. Essa é a minha posição pessoal e que defendo dentro do partido. O governador Caiado é um grande quadro político e tem todos os atributos para almejar qualquer cargo. Por isso, o assunto precisa e deve ser debatido dentro do União Brasil no momento adequado”, disse Juscelino.

Além do Turismo e das Comunicações, o Ministério da Integração Nacional também é da cota do União, embora o ministro não seja filiado ao partido. Também indicou para cargos no segundo escalão. Elmar, por exemplo, tem a presidência da Codevasf, um duto de distribuição de recursos para políticos do Norte-Nordeste.

Elmar afirma que há maioria para descartar a candidatura de Caiado ao citar os ministros e seus padrinhos e relacionar o apoio aos cargos.

O governador diz que “é impossível” o União Brasil seguir com Lula em 2026 e que irá lançar sua pré-candidatura no Carnaval, em Salvador. “Impossível é ele ser candidato”, rebate o deputado.

À coluna, o presidente do União, Antônio Rueda, disse que está voltando do exterior para o Brasil e irá resolver o racha.

*Colunista do UOL

O deputado estadual Júnior Matuto (PSB) criticou o Decreto nº 116/2024, assinado pelo prefeito Yves Ribeiro, que impõe cortes na folha de pagamento da Prefeitura de Paulista. A medida, que inclui redução de 50% nas gratificações, demissões de estagiários e exonerações em massa, já começa a impactar os servidores do município, gerando preocupação e revolta, especialmente às vésperas do Natal.

“É inaceitável que a atual gestão penalize os servidores dessa forma, ainda mais em um período tão delicado como o final de ano. Esse é um triste presente de Natal para trabalhadores que dedicaram seu esforço ao município e agora estão sendo tratados com total descaso”, afirmou Júnior Matuto . O decreto foi justificado pela crise financeira e o descumprimento do limite de gastos com pessoal apontado pelo Tribunal de Contas do Estado.

Ex-prefeito, Matuto destacou que entregou o município financeiramente organizado ao final de sua gestão, com recursos em caixa para garantir a continuidade dos serviços e a valorização dos servidores. “Deixamos a casa em ordem, e agora vemos uma gestão sem planejamento, que falha em resolver os problemas e recorre a cortes que penalizam as famílias de quem mais trabalha por Paulista”, disse.

Preocupado com os impactos da medida, o parlamentar anunciou que sua equipe já está analisando o decreto e o cenário financeiro do município. Afirmou também que entrará em contato com as autoridades competentes para discutir alternativas que possam amenizar os efeitos das decisões tomadas pela atual gestão. “Como deputado estadual e cidadão comprometido com Paulista, não vou me omitir. Nossa equipe está debruçada sobre o assunto e, nos próximos dias, vamos cobrar explicações e soluções junto aos órgãos responsáveis”, assegurou.

Matuto também criticou o cenário que se desenha para a gestão de Ramos, sucessor de Yves Ribeiro, apontando que a continuidade dessa linha de administração pode trazer ainda mais prejuízos ao povo do Paulista. “A população do Paulista precisa de uma gestão comprometida, que olhe para as pessoas e respeite os trabalhadores. O que estão fazendo é inaceitável e pode deixar marcas profundas para o futuro do município”, concluiu.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a lei que estabelece diretrizes para prevenir e combater abusos sexuais contra crianças e adolescentes em ambientes esportivos educacionais (Lei 15.032/24). O texto está disponível na edição desta sexta-feira (22) do Diário Oficial da União (DOU) e entra em vigor daqui a seis meses.

A lei torna obrigatória a capacitação contínua dos profissionais que trabalham com o treinamento esportivo de menores de idade, com o objetivo de prepará-los para identificar e responder a situações de abuso e exploração sexual. Também incentiva a participação da comunidade escolar, das famílias e dos órgãos de proteção a crianças e adolescentes na construção de um ambiente mais seguro para os estudantes.

A lei condiciona o recebimento de recursos públicos por entidades esportivas à adoção de diversas medidas para proteger crianças e adolescentes contra os abusos e as violências sexuais cometidas no esporte. Entre os compromissos que deverão ser adotados estão :

  • Qualificação dos profissionais;
  • Apoio a campanhas educativas que alertem para os riscos da exploração sexual e do trabalho infantil;
  • Registro de escolas de formação de atletas nos conselhos municipais e distrital dos Direitos da Criança e do Adolescente;
  • Esclarecimento aos pais acerca das condições a que são submetidos os alunos dessas escolas;
  • Providências para prevenção contra os tráficos interno e externo de atletas
  • Instituição de ouvidoria para denúncias; e
  • Prestação de contas anual sobre cumprimento dessas medidas.

O projeto que deu origem à lei PL 9622/18, da deputada Erika Kokay (PT-DF)  foi aprovado pela Câmara em 2022 e pelo Senado em outubro deste ano.

A Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 6249/19, que isenta do Imposto Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) os rendimentos recebidos por mulheres rendeiras.

O texto também obriga a administração pública a apoiar, diretamente ou por meio de incentivos, a construção de sedes próprias de associações de mulheres rendeiras voltadas a ensinar a adolescentes e jovens a arte e o ofício da renda.

Segundo o projeto, dos deputados José Guimarães (PT-CE) e Rosa Neide (PT-MT), União, estados e municípios terão prazo de 180 dias para regulamentar a prestação de assistência técnica às atividades desenvolvidas por mulheres rendeiras e a concessão de estímulos à comercialização de seus produtos.

O poder público também deverá promover campanhas de estímulo à valorização, preservação e perpetuação do ofício da renda e sua produção.

O texto também determina que, ao menos uma vez ao ano, os poderes públicos municipais promovam a comercialização da produção das rendeiras em outros municípios e estados.

Segundo o relator, deputado Eriberto Medeiros (PSB-PE), a proposta oferece vários mecanismos bem planejados para a promoção produtiva das mulheres rendeiras, como a promoção de feiras em localidades diversas da região produtora. “O oferecimento de feiras ou outros eventos em que as mulheres rendeiras possam expor seus produtos à venda é de grande valia, tanto para a venda direta quanto pela possibilidade de contatos com potenciais varejistas”, disse.

Medeiros também disse que a isenção de tributos pode incentivar grandes lojas varejistas porque o valor do produto artesanal, com a vantagem tributária, ficaria competitivo com o das mercadorias têxteis produzidas em larga escala.

Próximos passos

O projeto será analisado agora, em caráter conclusivo, pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Para virar lei, a proposta precisa ser aprovada pela Câmara e pelo Senado.

A batucada vai ser grande, nesse sábado (23), no Parque Santana, na Zona Norte do Recife. É que à tarde acontece a primeira edição do Festival de Samba do Recife. O Santana vem se revelando um excelente local para eventos musicais, principalmente nesse clima de verão. Abrigou, esse ano, o Festival de Jazz, que foi um sucesso. Muita gente, clima de piquenique com as pessoas curtindo o som em família, em toalhas e cangas sobre os gramados, lua cheia, orquestras no palco ou circulando na multidão, tudo lindo. Esperamos que hoje o clima gostoso, alegre e descontraído se repita.

“O Parque Santana, um dos espaços mais bonitos que a cidade tem, será o palco desse grande encontro, oferecendo uma experiência singular e especial para quem aprecia a energia vibrante do samba”, destaca o secretário de Turismo e Lazer do Recife, Antonio Coelho (o festival é uma realização da Prefeitura do Recife, com organização da Secretaria de Turismo e Lazer). A festa começa às 16h com  com a apresentação do DJ 440, que abrirá o evento com um setlist de samba contemporâneo e um vasto repertório musical.

Em seguida, às 17h, é a vez das Sambadeiras animar o público. Primeira bateria feminina de samba de Olinda, o grupo promete entregar muita alegria e muito samba, contagiando os participantes. Às 18h, a Orquestra Recife de Bambas leva seus batuques e tamborins ao palco do Parque Santana, com um repertório clássico de sambas e a participação especial de grandes nomes da cena local, como Helena Cristina, Martins, Nega do Babado e Dinah Santos. A performance dessa orquestra promete um espetáculo repleto de ritmo e energia. Na sequência, o DJ 440 faz uma nova apresentação, às 19h30, para esquentar o público. Sambista de renome nacional, a cantora Gerlane Lops sobe ao palco do festival às 20h e promete ser o ponto alto do evento.

A artista vai abrilhantar o evento com seu talento e energia contagiante, levando ao público uma mistura de clássicos e interpretações do gênero, celebrando o samba de todos os tempos. A mistura de samba ao vivo, dança e muita animação ganha um tom a mais com a apresentação da Gigante do Samba às 21h. A escola de samba é conhecida por levar ao seu show os maiores sucessos desse ritmo musical.  O Festival de Samba do Recife contará, ainda, com a Feira Criativa Crabolando, que oferecerá aos visitantes produtos de artesanato local, com variadas marcas e segmentos de empreendedores locais. O espaço também vai contar com opções gastronômicas.

PROGRAMAÇÃO

16h – DJ 440

17h – Sambadeiras

18h – Orquestra Recife de Bambas, com Helena Cristina, Martins, Nega do Babado, Dinah Santos

19h30 – DJ 440

20h – Gerlane Lops

21h – Escola de samba Gigante do Samba

Dos 37 acordos firmados entre Brasil e China por ocasião da visita oficial do presidente chinês Xi Jinping ao país na última quarta-feira (20), seis estão diretamente ligados ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e outros mantêm relação com o setor, no entanto, o impacto das reuniões sino-brasileiras nos últimos dias vão além dos protocolos assinados no período.

Junto à Administração Geral de Aduana da China (GACC), o Mapa assinou quatro protocolos de requisitos fitossanitários que representam a abertura do mercado chinês para uvas frescas, gergelim, sorgo e farinha de peixe, óleo de peixe e outras proteínas e gorduras derivadas de pescado para alimentação animal. Os novos mercados se somam ao mercado aberto em junho deste ano, quando a China aprovou os requisitos sanitários para a importação de noz-pecã brasileira. O potencial comercial pode chegar a US$ 500 milhões por ano.

Mais que possibilitar o acesso de uma pauta diversificada de produtos brasileiros, cultivados em diferentes regiões do país, a um mercado de mais de 1,4 bilhão de habitantes, a abertura desses mercados estimula a produção agropecuária do país com potencial de alavancar o Brasil à primeira posição de exportador mundial, a exemplo do que aconteceu neste ano, quando o país ultrapassou os Estados Unidos na comercialização de algodão no mundo.

Além disso, merece destaque o acordo articulado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) com a cafeteria chinesa Luckin Coffee, na última terça-feira (19), para a compra de 240 mil toneladas de café brasileiro de 2025 a 2029, num contrato estimado em U$ 2,5 bilhões.

A iniciativa é fruto das reuniões realizadas pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro e o presidente da Apex, Jorge Viana, na China, em junho deste ano, durante as reuniões da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). Na ocasião, foi fechado o primeiro acordo com a cafeteria para a comercialização de 120 mil toneladas de café a US$ 500 milhões.

Somente este contrato representa mais de seis vezes o valor do café exportado para a China em 2022, que foi de US$ 80 milhões.

Também foram firmados, durante a visita oficial do presidente chinês, o Memorando de Entendimento para o intercâmbio e colaboração sobre tecnologia e regulação de pesticidas entre o Mapa e o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China e a Carta de Intenções com a Administração Estatal de Regulação de Mercados (SAMR) chinesa para promoção da cooperação técnica, científica e comercial no setor agrícola.

Para a promoção da agropecuária brasileira, ainda foi assinado o Memorando de Entendimento entre o Grupo de Mídia da China (CMG) e a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil.

Desde o início da gestão, o ministro Carlos Fávaro realizou duas missões ministeriais na China e o país asiático é o único que conta com dois postos de adidos agrícolas.

A boa relação fez o país saltar na habilitação de frigoríficos. Foram reabilitadas as exportações para a China 11 plantas e o Brasil conquistou mais 38 habilitações. O mercado chinês é o principal comprador da carne bovina in natura, sendo destino de 51,6% das exportações do produto brasileiro.

Resultado da retomada da boa relação diplomática entre os países, sob o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a já consolidada posição da China como principal parceiro comercial da agropecuária brasileira, ganhou um salto. Em 2023, as exportações dos produtos agrícolas brasileiros com destino ao mercado chinês atingiram recorde, somando US$ 60,24 bilhões em 2023. A cifra representa um aumento de US$ 9,53 bilhões em relação ao ano anterior.

O Prefeito de Itapissuma, Zé de Irmã Têca (PSD), recebeu na tarde da quinta (21), das mãos da governadora Raquel Lyra, o Prêmio do Índice da Educação Básica de Pernambuco (IDEPE), como o município que obteve os melhores resultados na educação pública da Região Metropolitana do Recife.

O prefeito destacou que essa premiação chega à cidade de Itapissuma para engrandecer todo o trabalho dos profissionais que estão à frente da educação municipal. “Esse prêmio vem justamente enaltecer todo o trabalho da nossa gestão e da dedicação dos nossos professores. Parabéns a todos por mais essa conquista”, comemorou o prefeito.

Divulgado anualmente, o Prêmio IDEPE existe desde 2017 e tem o objetivo de orientar a formulação de políticas públicas e a alocação de recursos, a fim de promover ações que reduzam as desigualdades regionais no acesso à educação de qualidade e melhorem igualmente os índices de ensino e aprendizagem nas escolas públicas de todo o Estado.

Itapissuma recebeu o Prêmio IDEPE pelo crescimento em 25,9% na Rede Municipal nas turmas do 5° ano do Ensino Fundamental e 35,9% com as turmas do 9° ano do Ensino Fundamental, o maior crescimento da RMR.

Hoje, com os dados da Secretaria de Educação e Esportes do Estado de Pernambuco, Itapissuma encontra-se na 12ª colocação estadual, dos 184 municípios e, 1º lugar na Região metropolitana.

O IDEPE abrange toda a rede pública de ensino do estado de Pernambuco, nas etapas do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio. Na edição de 2023, foram avaliados 339.074 estudantes matriculados em turmas do 5º e 9º anos do Fundamental e 3º ano do Médio, em 3.280 escolas. Destas, 2.413 das redes municipais e 867 da rede estadual.

A análise desses dados permite avaliar se as políticas públicas para a Educação estão cumprindo seu papel social, como também verificar a inserção de outras estratégias para melhoria contínua para garantia do padrão de qualidade.

O subprocurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, pediu nesta sexta-feira (22) ao tribunal a suspensão do pagamento dos salários de 25 militares ativos e da reserva do Exército que foram indiciados pela Polícia Federal (PF) por golpe de Estado.

Entre os militares citados, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (capitão reformado), cujo salário bruto é de R$ 12,3 mil, o general da reserva Augusto Heleno, que recebe R$ 36,5 mil brutos, além do tenente-coronel Mauro Cid (R$ 27 mil) e do general da reserva Braga Netto (R$ 35,2 mil).

Na representação enviada ao TCU, Lucas Furtado afirma que o custo dos salários dos militares é de R$ 8,8 milhões por ano.

“A se permitir essa situação – a continuidade do pagamento da remuneração a esses indivíduos – o Estado está despendendo recursos públicos com a remuneração de agentes que tramaram a destruição desse próprio Estado para instaurar uma ditadura”, afirmou o subprocurador.

No documento, Furtado também pediu o bloqueio de bens no montante de R$ 56 milhões de todos os 37 indiciados pela PF e o compartilhamento do inquérito, que está em segredo de justiça, com o TCU.

“Por haver esse evidente desdobramento causal entre a trama golpista engendrada pelos 37 indiciados e os prejuízos aos cofres públicos decorrentes dos atos de destruição do patrimônio público em 8 de janeiro de 2023, que montam em R$ 56 milhões, considero que a medida cautelar também deve abranger a indisponibilidade de bens”, completou.

De acordo com o TCU, o processo para avaliar a suspensão dos salários ainda não foi aberto.

Da Agência Brasil

Por Ítalo Rocha Leitão*

Henrique Batista Duffles Teixeira Lott é um daqueles personagens da política brasileira que não devem nunca ser esquecidos pelas gerações da sua pós-existência. Nascido no Interior de Minas Gerais, o general entrou para a história como herói por causa de uma humilhação que sofreu, embutida num “chá de cadeira“, que levou de um presidente da República.

O ano era o de 1955. Juscelino Kubitscheck estava eleito para governar o Brasil pelos próximos 5 anos. Ganhara as eleições pelo PSD. Logo após o pleito, teve início uma campanha ferrenha, comandada pelo deputado federal Carlos Lacerda, contra a posse e pela anulação das eleições. Dono do jornal A Tribuna da Imprensa, Lacerda puxava o cordão com o argumento de que Juscelino se elegera sem a maioria dos votos (36%). Mas, a Constituição não dizia que era necessária essa maioria, bastava ser o mais votado dos candidatos. A regra era clara e tinha sido aplicada para seus antecessores e teria que ser também para ele. Outros jornais também abriram espaço para as intenções dos golpistas. Sorrateiramente, Lacerda pregava que a volta de Juscelino era também o retorno do Getulismo. Nos meios militares, também crescia o movimento contra JK.

No primeiro dia de novembro daquele ano, um sábado de muita chuva no Rio de Janeiro, o ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, saiu de casa para ir ao enterro do general Canrobert Pereira da Costa, vítima de  câncer, ex-chefe do Estado Maior das Forças Armadas. Canrobert estava em evidência por ser, dentro do Exército, uma voz estridente contra a posse do presidente eleito. Ao pé da cova, um coronel do Exército, Jurandir Mamede, quebrou o protocolo e fez um discurso inflamado contra a posse do presidente eleito. O ministro Teixeira Lott fechou a cara. Se retirou sem aceitar os cumprimentos do coronel. Tinha uma visão rígida da disciplina militar. Não havia como aceitar o comportamento do coronel Mamede. As Forças Armadas, na sua opinião, tinham que ser legalistas e garantir a posse do vitorioso nas eleições de 3 de outubro de 1955.  

Na memória do ministro da Guerra, outra imagem que o incomodou em todos os segundos que seu relógio marcou naquele fatídico dia foi o abraço efusivo que o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, dera no coronel Mamede, logo após o discurso golpista do militar. Assim como Juscelino, o deputado era mineiro e do mesmo partido do presidente eleito. 

O fim de semana foi de muita angústia para o ministro da Guerra. Na segunda-feira, dia 3, os jornais deram destaque ao discurso do coronel. Lott ligou logo cedo para o gabinete da Presidência da República, no Palácio do Catete. Queria uma audiência com Café Filho, o vice que havia assumido a Presidência, no ano anterior, depois do suicídio do presidente Getúlio Vargas. O ministro Lott tinha pressa em levar um relato sobre o coronel Mamede ao presidente e comunicar que iria punir o militar por indisciplina e afronta à ordem legal. A via-crúcis do general para garantir a posse de JK tava só começando. Do outro lado da linha, veio o primeiro torpedo em direção ao ministro: O presidente Café Filho estava internado, no Hospital dos Servidores do Estado, desde a madrugada, com suspeita de problemas cardíacos. 

Sete dias depois, com o presidente ainda internado, o ministro da Guerra foi chamado para ser recebido pelo presidente em exercício, Carlos Luz, o mesmo que abraçara o coronel Mamede em louvor ao seu discurso golpista. Antes da audiência, o general levou um chá de cadeira de 1 hora e meia. A humilhação foi vista por integrantes do alto escalão do governo. O diálogo foi de potência pra potência. Quando Lott ainda estava descrevendo o episódio, foi interrompido: “Não há o que punir!”. O tiro de Carlos Luz foi certeiro. Mas, o ministro não era de se entregar. Estava disposto a só fazê-lo “na morte e de parabelo na mão!”. E também disparou em direção a Carlos Luz: “A quem devo entregar o cargo?”. O Presidente em exercício não titubeou um segundo em responder: “Para o general Fiúza de Castro”. Lott se sentiu derrotado e se ofereceu a passar o cargo ao sucessor naquela mesma hora. Carlos Luz disse que podia deixar para a tarde do dia seguinte. 

Já era noite e o general Lott recebeu, em casa, o general Odílio Denys, comandante da Região Militar do Rio de Janeiro. Contou a ele tudo que aconteceu naquela tarde, no Gabinete da Presidência da República. O comandante chamou o ministro para reagir. Ele não aceitou. Se despediram. Quando chegou a madrugada, Lott, que até então não havia conseguido dormir, levantou da cama, se aprontou e foi para a casa do general. 

Estava amanhecendo o 11 de novembro. Seguiram para o Ministério da Guerra, já na companhia de outros generais. Ali, instalaram as bases militares para agir em nome da lei e da ordem. 

O dia já tinha clareado quando Lott foi avisado que o presidente Carlos Luz estava ao telefone. Não foi atendê-lo. Estava ocupado. Tanques e outros veículos do Exército já eram vistos pelas ruas do Rio. Carlos Luz percebeu a situação embaraçosa que havia criado para si e para o governo e se refugiou num navio da Marinha, o cruzador Tamandaré.  Com ele, ministros, assessores e o coronel Jurandir Mamede.

No decorrer dos fatos, com o presidente Café Filho hospitalizado e Carlos Luz refugiado, o general Lott conseguiu que o Congresso aprovasse o impedimento do presidente em exercício, que foi substituído pelo senador Nereu Ramos, presidente do Senado. Carlos Lacerda partiu para um exílio voluntário. O presidente Café Filho, depois de receber alta médica, teve seu impedimento também aprovado no Congresso. Em 31 de janeiro de 1956, Nereu Ramos passou o governo para o presidente eleito Juscelino Kubitscheck. O general Teixeira Lott chegou a concorrer à Presidência da República contra Jânio Quadros, nas eleições de 1960. Quatro anos depois, se retirou da vida pública por discordar do Golpe Militar de primeiro de abril de 1964. Morreu aos 89 anos, em 1984, no Rio de Janeiro.

Jornalista*

Por Marcelo Tognozzi*

José Tavares Bastos Rios não resistiu. Vigário da Paróquia de Dom Pedrito (RS), vilazinha na fronteira com o Uruguai, caiu em tentação quando conheceu aquela moça, meio menina, uma quase Nossa Senhorazinha, tímida e dona de uma sensualidade espontânea. O padre se apaixonou, misturou o sagrado com o profano e, de uma hora para outra, descobriu que ela trazia no ventre um filho seu.

Era dezembro de 1864, quando ele procurou o tenente Isidoro Paulo de Oliveira em busca de ajuda. Em 30 de junho de 1865, a moça seduzida pelo padre Zé Tavares deu à luz um menino batizado Isidoro, registrado como filho do tenente e sua mulher Lúcia Dias Lopes. Foi chamado Isidoro, como o pai adotivo, herdando da mãe o Dias Lopes. O destino do menino criado no Pampa estava traçado: seria um revolucionário profissional.

Isidoro entrou para o Exército aos 18 anos. Apoiou o golpe militar que instituiu a República e foi servir no 13º Batalhão de Infantaria em Porto Alegre. Corajoso e destemido, ganhou a confiança dos seus comandantes e logo chegou a tenente. 

Lutou na Revolução Federalista de 1893 do lado dos rebeldes adversários de Júlio de Castilhos, governador do Rio Grande. Guerreou ao lado de Gumercindo Saraiva, líder dos maragatos, derrotado pelas forças legalistas e cuja cabeça foi oferecida a Castilhos numa caixa de chapéu. Saraiva foi enterrado decapitado em Santa Vitória do Palmar (RS) e sua cabeça nunca foi encontrada. 

Dias Lopes é o fio que liga inúmeras revoltas, tentativas de intervenção e intervenções militares desde o início da República, há 135 anos. Desde o golpe que derrubou a monarquia em 15 de novembro de 1889 até os dias atuais, o Brasil registra nada menos que 39 insurreições, reações, tentativas de golpe ou de intervenção praticadas por militares ou grupos paramilitares. O que dá em média uma por ano, incluindo a suposta conspiração de militares do Exército que acaba de ser trazida à tona pelas investigações da Polícia Federal. 

Não vou entrar no mérito destas investigações, mas me ater aos fatos por ela relacionados, estampados na mídia do Brasil e do exterior. Afinal, ainda é cedo para apontar culpados ou inocentes, embora existam pistas indicando a existência de uma conspiração para tomada de poder com uso e abuso da violência. 

Se essas pistas permanecerão de pé ou não, o tempo dirá. A dúvida é se os acusados terão direito ao devido processo legal, uma vez que o juiz do caso estava entre os alvos da operação Contragolpe. E nada indica que ele deixará de julgá-los.

Olhando para trás, lá naquele distante final do século 19, constatamos que o normal no Brasil sempre foi usar a força e as armas nas disputas pelo poder. Veja a lista dos 39 mais importantes golpes, revoltas ou tentativas de intervenção, bem-sucedidas ou não, de tomada de poder por militares ou paramilitares desde a Proclamação da República.

Até 1930, Dias Lopes participou de todas as revoltas e revoluções importantes ocorridas no país. Baixinho, cerca de 1,60 metro, magro e com uma incrível capacidade de liderança, foi chamado de Marechal da Revolução de 1924, quando liderou a revolta dos paulistas contra o então presidente Arthur Bernardes. As tropas fiéis a Bernardes bombardearam São Paulo sem piedade. Foi um banho de sangue.

Durante os 20 dias de combate, ruas da Mooca e do Centro tinham casas destruídas e corpos, alguns despedaçados, espalhados pelo chão. Parte da população conseguiu fugir, mas aqueles sem ter para onde ir acabaram sofrendo as piores consequências. São Paulo virou uma cidade sem lei, com saques, estupros e pilhagens de todo tipo.

O Marechal da Revolução fugiu e acabou se juntando à Coluna Prestes-Miguel Costa, que percorreu o Brasil durante 3 anos até se embrenhar pelas matas da Bolívia. Mas, antes disso, ele se exilou na Argentina e depois em Paris. Morreu em 1949 cultuado como herói.

A intervenção militar, como mostra nosso histórico, é cultural, a lei do mais forte. Quando mais uma vez aparecem indícios de nova tentativa de intervenção, fica claro que alguma coisa de muito errado está acontecendo nas nossas instituições militares. E algo precisa mudar, seja em relação à doutrina das escolas militares, seja na forma como o poder civil se relaciona com as Forças Armadas. É, no mínimo, preocupante que nos últimos 135 anos o país tenha convivido com pelo menos 39 ações militares, sejam de que ideologia forem, uma média de 3 por ano. 

O general Ike Eisenhower governou os Estados Unidos de 1953 a 1961 e nunca misturou política com militarismo, não sucumbiu a tentações antidemocráticas. É uma distorção para qualquer regime que queira ser chamado de democracia misturar armas com votos. Uma reflexão que certamente deve estar sendo feita pelo ministro da Defesa José Múcio Monteiro, a quem Deus deu régua e compasso quando o assunto é conciliação. 

Quando Fernando Henrique, filho de general, criou o Ministério da Defesa nos moldes do que havia de mais moderno nas democracias ocidentais, o fez para mostrar que o poder das urnas deveria estar acima do poder das armas. Mas ao longo dos anos foram poucos, como o próprio Múcio e seu antecessor Aldo Rebelo, os que melhor souberam entender o papel das nossas Forças de Defesa –denominação mais correta do que Forças Armadas. 

A conspiração descrita no relatório da Polícia Federal, mostra que a mentalidade da época de Isidoro Dias Lopes ainda encontra guarida em certos setores militares. Definitivamente, é algo que, se provado e comprovado, merece todo repúdio. Mas não pode parar por aí. Será preciso rever a formação dos novos quadros militares, construir uma doutrina que não pode ser nem de direita ou de esquerda, mas a favor do país.

A grande missão do ministro José Múcio não é a de apenas fazer com que o poder militar se submeta ao poder civil democraticamente eleito, como se dá em Estados Unidos, França, Japão, Inglaterra ou Canadá. Vai muito além e envolve mais profissionalismo, mais infraestrutura e mais eficiência. Militar ocioso é desperdício, para dizer o mínimo.

Revolucionários profissionais, seja Isidoro, Prestes ou os da conspiração do Punhal Verde Amarelo, lutaram e lutam contra inimigos internos, quando os verdadeiros inimigos agem de fora para dentro. É preciso mudar para não cair em tentação, não misturar a sagrada democracia com a profana ditadura, nem se deixar trair pelos instintos como ocorreu com Zé Tavares, vigário de Dom Pedrito, cujo filho jamais carregou seu nome.

*Jornalista

A governadora Raquel Lyra anunciou, nesta sexta-feira (22), a publicação dos editais de licitação para contratação de empresas que serão responsáveis pela elaboração dos projetos de duplicação e restauração da BR-232, do município de São Caetano, no Agreste, até Serra Talhada, no Sertão. O trecho compreende uma extensão de 264,9 quilômetros. Os editais serão publicados no Diário Oficial do Estado deste sábado (23). A iniciativa foi anunciada pela governadora durante o lançamento do PE na Estrada, maior programa de infraestrutura rodoviária de Pernambuco, que conta com um investimento total de R$ 5,1 bilhões.

“Esse é um primeiro passo importante. A duplicação da BR-232 até o município de Serra Talhada é uma demanda antiga do povo sertanejo e irá melhorar a logística do nosso Estado. A obra está incluída no Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal. O investimento na melhoria da qualidade das estradas de Pernambuco será um vetor de mais desenvolvimento econômico, segurança e qualidade de vida para a nossa população”, afirmou a governadora Raquel Lyra.

O primeiro lote do projeto inclui o trecho entre São Caetano e Arcoverde, com uma extensão de 108,9 quilômetros. Já o segundo lote atende ao trecho entre Arcoverde e Serra Talhada, com 156 quilômetros de extensão. A previsão é de que os projetos sejam concluídos em dez meses e que as obras sejam iniciadas no primeiro semestre de 2026.

Além de facilitar a mobilidade, a duplicação irá melhorar a eficiência logística das cadeias produtivas do Estado. O secretário de Mobilidade e Infraestrutura, Diogo Bezerra, reforça que a obra é estruturante para o Estado. “O principal é ter um norte para onde queremos caminhar. Por muito tempo, a falta de projetos estruturais impactou de forma negativa o desenvolvimento do Estado. Com o projeto em mãos, nós iremos buscar recursos e fazer essa grande entrega para a população”, disse.

A elevação dos gastos com a Previdência Social fez o governo bloquear mais de R$ 6 bilhões do Orçamento de 2024, anunciaram na noite desta sexta-feira (22) os ministérios do Planejamento e Orçamento e da Fazenda. O volume de recursos congelados subiu de R$ 13,3 bilhões para R$ 19,3 bilhões.

Os números constam da nova edição do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, documento que orienta a execução do Orçamento enviado hoje ao Congresso Nacional.

O valor foi superior aos cerca de R$ 5 bilhões anunciados na quinta-feira (21) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo o relatório, a verba contingenciada permanece zerada. Dessa forma, o total bloqueado está em R$ 19,3 bilhões.

Tanto o contingenciamento como o bloqueio representam cortes temporários de gastos. O novo arcabouço fiscal, no entanto, estabeleceu motivações diferentes. O bloqueio ocorre quando os gastos do governo crescem mais que o limite de 70% do crescimento da receita acima da inflação. O contingenciamento ocorre quando há falta de receitas que comprometem o cumprimento da meta de resultado primário (resultado das contas do governo sem os juros da dívida pública).

Em relação ao bloqueio, os principais aumentos de despesas que justificaram a elevação de R$ 6 bilhões foram as altas de R$ 7,7 bilhões nas estimativas de gastos com a Previdência Social e de R$ 612,1 milhões nos gastos com o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Essas elevações foram parcialmente compensadas pela previsão de queda de R$ 1,9 bilhão nas estimativas de gastos com pessoal, por causa da revisão das despesas com abono pecuniário, e de R$ 2,6 bilhões com subsídios e subvenções.

Déficit primário

Em relação ao déficit primário, o relatório reduziu, de R$ 68,8 bilhões para R$ 65,3 bilhões, a previsão de resultado negativo nas contas públicas. A redução decorre porque a estimativa para as despesas fora do novo arcabouço fiscal caiu de R$ 40,5 bilhões para R$ 36,6 bilhões, diminuição de R$ 3,9 bilhões.

As despesas fora do arcabouço fiscal são os créditos extraordinários para a reconstrução do Rio Grande do Sul, que caiu de R$ 38,6 bilhões para R$ 33,6 bilhões. Em contrapartida, os créditos extraordinários para o combate a incêndios florestais e o enfrentamento às mudanças climáticas subiram de R$ 514 milhões para R$ 1,45 bilhão, após decisão do Supremo Tribunal Federal que autorizou a exclusão desses gastos da meta de resultado primário.

O déficit primário representa a diferença entre as receitas e os gastos do governo sem os juros da dívida pública. O arcabouço fiscal estabelece meta de déficit zero para este ano, desconsiderando as exceções dos créditos extraordinários e do pagamento de precatórios, com margem de tolerância de até R$ 28,76 bilhões para mais ou para menos.

A nova versão do relatório aumentou, de R$ 28,35 bilhões para R$ 28,74 bilhões, a estimativa de déficit primário considerada no arcabouço fiscal. Como a diferença, de R$ 388,5 milhões, não supera a margem de tolerância, não houve contingenciamento.

Esse aumento de R$ 388,5 bilhões decorre da diminuição de R$ 3,75 bilhões na receita líquida (receita do governo descontada o repasse aos estados e municípios). Em troca, a estimativa de despesas primárias caiu R$ 7,28 bilhões, considerando tanto os R$ 6 bilhões bloqueados como a diminuição da estimativa de R$ 1,17 bilhão em gastos discricionários (não obrigatórios) por causa de recursos que não conseguirão ser gastos até o fim do ano.

Apesar da diminuição na estimativa de receitas, o ministro Fernando Haddad disse que a arrecadação está cumprindo as expectativas em 2024 porque a previsão de déficit primário está dentro da margem de tolerância. “Nós estamos desde o começo do ano reafirmando, contra todos os prognósticos, [que] não vai haver alteração de meta do resultado primário. Nós estamos já no último mês do ano, praticamente, convencidos de que temos condições de cumprir a meta estabelecida no ano passado”, disse na quinta-feira (21).

Corte de gastos

O bloqueio desta sexta-feira não tem a ver com o pacote de corte de gastos a ser anunciado pelo governo na próxima semana . O congelamento de recursos abrange o Orçamento de 2024, enquanto as medidas de revisão de gastos obrigatórios pretende economizar recursos para 2025 e 2026.

Da Agência Brasil