Por Osvaldo Matos Jr*
Nos últimos anos, tem se tornado recorrente a repetição de uma mentira que, mesmo sem qualquer embasamento factual, encontra eco na mídia e no discurso de políticos, jornalistas e militantes, especialmente aqueles de viés ideológico à esquerda. Trata-se da falsa afirmação de que a Polícia Militar é uma “jabuticaba brasileira”, inexistente em qualquer outro país do mundo, e que nossos policiais seriam treinados como um exército cujo objetivo seria eliminar inimigos.
Essa narrativa, além de equivocada, é extremamente perigosa, pois alimenta preconceitos e desinforma a população sobre a realidade das forças de segurança pública. A verdade, amplamente documentada, é que mais de 100 países ao redor do mundo possuem forças policiais militarizadas, cujos agentes são servidores militares e recebem treinamentos muito semelhantes aos praticados pelas Polícias Militares brasileiras.
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A realidade das polícias militarizadas pelo mundo
Muitos dos que propagam essa mentira ignoram ou deliberadamente omitem a existência de forças policiais militarizadas em diversos países, onde desempenham o mesmo papel de policiamento ostensivo e preservação da ordem pública. Apenas para citar alguns exemplos:
– França – A Gendarmerie Nationale;
– Espanha – A Guardia Civil;
– Itália – Os Carabinieri;
– Portugal – A Guarda Nacional Republicana;
– Polônia – A Żandarmeria Wojskowa;
– Rússia – A Rosgvardia;
– China – A Polícia Armada do Povo;
– Turquia – A Jandarma;
– Suécia e Dinamarca – Possuem forças de polícia com estrutura e treinamentos similares;
– Estados Unidos – Muitas cidades e estados possuem polícias com doutrina militarizada;
– Argentina, Chile, Colômbia, Peru – Possuem forças policiais militares como a Gendarmería Nacional e os Carabineros.
Essas forças, assim como as Polícias Militares no Brasil, possuem estrutura hierárquica e disciplina militar, sendo responsáveis pelo policiamento ostensivo e pela segurança pública, sem qualquer relação com uma suposta doutrina de “extermínio de inimigos”.
O treinamento das polícias militares: fatos vs. narrativas
Outro argumento falacioso frequentemente repetido por desinformados ou mal-intencionados é o de que os policiais militares brasileiros seriam treinados para a guerra e não para a segurança pública. Esse discurso ignora que a formação de um policial militar envolve um amplo conjunto de disciplinas fundamentais para o exercício da atividade policial, como:
– Técnicas de policiamento ostensivo e preventivo;
– Direitos Humanos e Direito Constitucional;
– Psicologia Social e Mediação de Conflitos;
– Controle de Distúrbios Civis;
– Policiamento Comunitário;
– Primeiros Socorros e Resgate;
– Legislação Penal e Processual Penal;
– Trânsito e Fiscalização Viária.
Dessa forma, é evidente que a formação dos policiais militares não se baseia em uma doutrina de guerra, mas sim em princípios modernos de segurança pública, alinhados com padrões internacionais de policiamento.
A mídia e a responsabilidade na divulgação da informação
A disseminação dessas mentiras não aconteceria com tanta facilidade se houvesse responsabilidade na forma como a mídia trata o tema. No entanto, muitas vezes, os meios de comunicação, movidos por interesses ideológicos, replicam essas inverdades sem qualquer preocupação em verificar a realidade dos fatos.
A sociedade tem o direito de ser informada com seriedade e compromisso com a verdade, especialmente quando o assunto envolve a segurança pública. A desinformação sobre as Polícias Militares não apenas enfraquece essas instituições, mas também coloca em risco a ordem pública, ao fomentar desconfiança e hostilidade contra aqueles que dedicam suas vidas à proteção da população.
Conclusão
Repetir uma mentira mil vezes não a torna verdade. As Polícias Militares existem em diversos países do mundo, atuam de maneira semelhante e são fundamentais para a segurança pública. O treinamento policial no Brasil segue padrões internacionais e inclui um conjunto amplo de disciplinas essenciais para o policiamento ostensivo.
Cabe à sociedade e à imprensa combater a desinformação e exigir que a verdade prevaleça sobre discursos ideológicos e preconceituosos. Afinal, segurança pública é um tema sério demais para ser tratado com leviandade.
*Cientista social e político; publicitário; MBA em Inteligência Competitiva e Planejamento Estratégico; especialista em gestão pública, marketing, comércio exterior, comunicação pública e turismo.
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