Ouvido no inquérito das fake news pelo ministro Alexandre de Moraes em uma viagem ao Brasil para encontro com a família Bolsonaro, o empresário Jason Miller, ex-braço direito de Donald Trump, citou nas redes sociais o magistrado do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira. A declaração ocorreu após os Estados Unidos anunciarem que o país vai restringir os vistos para “funcionários estrangeiros e pessoas cúmplices na censura de americanos”.
Miller marcou a conta do magistrado na rede social X ao compartilhar a publicação do governo norte-americano anunciando a restrição. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, citou a América Latina ao tratar sobre a medida. Na semana passada, Rubio disse no Congresso americano que “há uma grande chance” do governo dos EUA sancionar Moraes, que já entrou em conflito com Elon Musk sobre a atividade do X no Brasil. As informações são do Jornal O Globo.
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“Compartilhe isto (postagem do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, sobre as restrições) com alguém que imediatamente venha à sua mente quando você ler isto. Ok, eu começo…Olá @Alexandre!”, escreveu Miller.
O argumento, que foi uma resposta a Cory Mills, deputado considerado fiel a Donald Trump e próximo da família Bolsonaro, sobre a sanção a Moraes se baseia na Lei Global Magnitsky, que permite punir estrangeiros envolvidos em violações de direitos humanos ou em casos de corrupção.
Miller foi um dos principais assessores do presidente dos EUA durante o primeiro mandato e integrou a equipe de transição após Trump vencer as eleições no ano passado. Quando deixava o Brasil, em 2021, o consultor norte-americano foi conduzido por policiais à sala da Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Brasília. Ele estava no país para visitar o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
O aliado de Trump também é criador da rede social GETTR. A plataforma, que visa abrigar os principais representantes da direita global, se diz livre de qualquer forma de moderação por conteúdo falso ou de incitação de violência.
Restrição de vistos
Em uma publicação no X, Rubio disse que “americanos foram multados, assediados e acusados por autoridades estrangeiras por exercerem seus direitos de liberdade de expressão” e, portanto, essas pessoas “não deveriam ter o privilégio de viajar para o nosso país”.
O secretário afirmou que está combatendo a “censura flagrante” no exterior contra empresas de tecnologia americanas. No entanto, até o momento, Rubio não informou quem são os alvos da medida, não deu mais detalhes sobre quais seriam as restrições nem quando elas entrariam em vigor.
“Por muito tempo, os americanos foram multados, assediados e até mesmo acusados por autoridades estrangeiras por exercerem seus direitos de liberdade de expressão. Hoje, anuncio uma nova política de restrição de vistos que se aplicará a autoridades estrangeiras e pessoas cúmplices na censura de americanos. A liberdade de expressão é essencial ao estilo de vida americano – um direito inato sobre o qual governos estrangeiros não têm autoridade”, escreveu Rubio no X.
“É inaceitável que autoridades estrangeiras emitam ou ameacem mandados de prisão contra cidadãos ou residentes dos EUA por publicações em mídias sociais em plataformas dos EUA enquanto estiverem fisicamente em solo americano”, acrescentou Rubio. “É igualmente inaceitável que autoridades estrangeiras exijam que as plataformas de tecnologia dos EUA adotem políticas globais de moderação de conteúdo ou se envolvam em atividades de censura que excedam sua autoridade e se estendam aos Estados Unidos”.
Atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA
Alexandre de Moraes é relator de um novo inquérito, acolhido pelo STF nesta semana a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), para investigar a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA.
Em março, Eduardo tirou licença do cargo como deputado para ir morar nos EUA. Ele é réu em uma ação penal por difamação contra a deputada Tábata Amaral (PSB-SP) e também poderia ser convocado para depor no inquérito que investiga o seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe de Estado.
Segundo a PGR, Eduardo tem realizado postagens em redes sociais e entrevistas a veículos de imprensa em que alega perseguição política. Eduardo também vem “reiterada e publicamente afirmando que está se dedicando a conseguir do governo dos EUA a imposição de sanções contra integrantes do Supremo Tribunal Federal”.
Nesta quarta, após a declaração de Rubio, Eduardo Bolsonaro foi às redes sociais para comemorar. “Parabéns. No Brasil estamos cheios disso. EUA estão trazendo esperança por quem luta pela liberdade”, escreveu o filho do ex-presidente.
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