Passando aqui para reforçar: o convite para o lançamento do meu novo livro “Os Leões do Norte”, como toda noite de autógrafo, é público, aberto a todo e qualquer cidadão que tenha interesse em prestigiar. Será no próximo dia 9, a partir das 18 horas, no Boteco Porto Ferreiro, que fica localizado na Avenida Rui Barbosa, 458, no bairro das Graças, no Recife.
Trata-se de uma contribuição às novas gerações, para que possam conhecer um pouco da história dos últimos 22 governadores de Pernambuco, de Carlos de Lima Cavalcanti, interventor nos anos 30, até Paulo Câmara, que antecedeu Raquel Lyra. A proposta não inclui a atual governadora, porque, claro, está no exercício do seu mandato.
Como escreveu o acadêmico Flávio Chaves, a história não vive apenas nos arquivos empoeirados nem repousa esquecida em bibliotecas silenciosas. Ela pulsa viva na pena dos que ousam resgatá-la com zelo, paixão e compromisso com a verdade.
“É exatamente isso que o jornalista, escritor e poeta Magno Martins realiza em sua nova obra: ‘Os Leões do Norte’, seu 13º livro, uma ode à política de Pernambuco, um tributo aos que, com acertos e equívocos, moldaram os rumos do Estado e ecoaram no cenário nacional.
Mais do que um compêndio biográfico, o livro é um exercício de memória, de escavação minuciosa do tempo, de reconstituição de trajetórias que, por vezes, pareciam condenadas ao esquecimento. Nele, Magno revela-se não apenas o cronista político aguçado que sempre foi, mas um memorialista de mão cheia, um guardião das narrativas que, entre gabinetes e palanques, costuraram a tessitura do poder em Pernambuco”.
Chaves foi mais além: “São 22 perfis de governadores – da era do interventor Carlos de Lima Cavalcanti, em 1930, até o ex-governador Paulo Câmara – que o autor nos oferece com olhar apurado, texto envolvente e senso histórico aguçado. Cada capítulo é um mergulho em contextos distintos, com suas respectivas urgências, disputas e marcas. Carlos de Lima, Agamenon Magalhães, Barbosa Lima Sobrinho, Cordeiro de Farias, Arraes, Marco Maciel, Jarbas Vasconcelos, Eduardo Campos e tantos outros surgem como personagens vivos, com suas luzes e sombras, todos retratados com o devido respeito, mas sem endeusamentos fáceis.
Com o selo da pernambucana ‘Eu Escrevo Editora’, sob a batuta do cartunista Samuca, e prefácio do jurista e ex-deputado Maurício Rands, o livro se propõe a ir além do público habitual dos compêndios políticos: quer chegar às salas de aula, às mãos dos jovens estudantes e futuros líderes, como leitura formadora, indispensável. E cumpre esse papel com clareza e densidade.
Não é apenas a política factual que nos é apresentada, mas também o espírito de uma época, o sopro das ideias que moviam cada figura retratada. Como bem observou o cientista político Antônio Lavareda, a obra ‘muito contribuirá para o conhecimento da política de Pernambuco’. E como afirmou o jornalista Júlio Mosquéra, ‘há na escrita de Magno o eco das vozes que acreditavam no diálogo, no entendimento, no labor democrático como virtude essencial do homem público’.
Magno Martins não escreveu apenas um livro. Ergueu um farol para futuras gerações. Sua obra é uma trincheira contra o esquecimento, uma celebração da palavra como instrumento de memória e um gesto de gratidão à terra que o forjou como jornalista e cidadão.
A noite de autógrafos, marcada para o dia 9 de junho, no Boteco Porto Ferreiro, na Avenida Rui Barbosa, promete ser mais do que um lançamento: será um reencontro com a própria história. Que Pernambuco se levante em honra de seus leões e de quem lhes oferece, com maestria, as páginas que jamais deixarão de rugir”.
Flávio Chaves é jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Colabora com este blog nos oferecendo textos inteligentes, sensacionais e emocionantes.
Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, neste sábado (10), derrubar parcialmente uma resolução da Câmara dos Deputados que visava suspender toda a ação penal contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), no caso da Trama golpista.
A unanimidade da Primeira do Supremo formou-se após o voto da ministra Cármen Lúcia. Com a decisão, Ramagem continuará a responder por três dos cinco crimes pelos quais foi denunciado: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado e organização criminosa.
Os ministros do STF também julgaram que a parte do processo relacionada a outros dois delitos, que teriam ocorrido após a diplomação de Ramagem como deputado, em dezembro de 2022, ficará suspensa.
Isso significa que Ramagem não responderá, durante o mandato, pelos crimes de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Esses delitos estão relacionados ao 8 de janeiro. O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), no entanto, voltará a responder por esses crimes depois do fim do mandato.
O que a Câmara votou
A resolução da Câmara, aprovada por 315 votos a 143, previa a suspensão integral do processo contra Ramagem, sob o argumento de que, como parlamentar, caberia à Casa decidir sobre o prosseguimento da ação penal por crimes ocorridos após a diplomação. Porém, a Primeira Turma do STF considerou que a interpretação da Câmara era inválida.
Como votou a Primeira Turma
Os ministros da Primeira Turma do STF fundamentaram a decisão nos limites da imunidade parlamentar, conforme previsto na Constituição. O relator da ação, Alexandre de Moraes, destacou que a imunidade é um benefício individual aplicável somente ao parlamentar (caráter personalíssimo) e se restringe a crimes praticados após a diplomação.
Essa interpretação impede que a imunidade seja aplicada a corréus que não possuem foro privilegiado ou a delitos cometidos antes do início do mandato. Cármen Lúcia afirmou que uma interpretação “mais extensiva”, como a buscada pela Câmara, “esvaziaria uma das funções básicas do Estado de Direito” e privilegiaria a pessoa “sem resguardo da integridade do cargo público”.
Cristiano Zanin reforçou esse entendimento, pontuando que estender a imunidade para corréus não parlamentares ou para delitos anteriores à diplomação seria um “equívoco jurídico”. Ele alertou que a suspensão integral da ação penal resultaria em “efeitos indesejáveis para corréus que, mesmo sem imunidade, teriam seus processos suspensos”. A resolução da Câmara, inclusive, abria uma “brecha para que outros réus fossem beneficiados”.
A decisão do STF também reforça o entendimento de que a imunidade parlamentar não pode ser utilizada para blindar atos ilícitos cometidos antes da diplomação ou estender proteção a terceiros.
Acusações contra Ramagem
Alexandre Ramagem participava do “núcleo crucial” da organização criminosa que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), teria atuado para impedir o funcionamento das instituições democráticas.
Com a unanimidade formada pela Primeira Turma do STF, Ramagem continuará respondendo por três crimes graves no âmbito do STF, enquanto os outros dois permanecem suspensos até o final de seu mandato parlamentar.
As 47 Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Camaragibe funcionaram neste sábado (10) para o Dia D da campanha de vacinação contra a gripe. A ação tem como foco os grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde, que representam cerca de 11% da população do município — aproximadamente 37 mil pessoas. Segundo a Secretaria de Saúde, 6.741 moradores já foram imunizados desde o início da campanha.
Durante a mobilização, o prefeito Diego Cabral visitou unidades nos bairros Céu Azul e Bairro Novo. “É importante incentivar a população a se vacinar. Todas as nossas unidades estão preparadas para imunizar os grupos prioritários indicados pelo Ministério da Saúde”, afirmou. No Bairro Novo, o garçom Diogenes Marques levou os filhos Larissa, de 5 anos, e David, de 4, e destacou a importância da imunização infantil. “Precisamos manter nossos filhos protegidos e evitar a propagação da gripe e de outras doenças”, disse. Em algumas UBS, atividades lúdicas foram organizadas para entreter as crianças enquanto aguardavam atendimento.
A vacinação continua ao longo da semana nas UBS e, aos fins de semana, no posto avançado do Camará Shopping, que funciona das 13h às 18h. Além de idosos, fazem parte dos grupos prioritários crianças de seis meses a menores de seis anos, gestantes, puérperas, trabalhadores da saúde e da educação, povos indígenas e quilombolas, pessoas com comorbidades ou deficiência permanente, caminhoneiros, trabalhadores dos Correios, portuários, profissionais das Forças Armadas, do transporte coletivo e da segurança, além da população em situação de rua, pessoas privadas de liberdade e adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao fim da sua viagem a Moscou, criticou hoje o plano de rearmamento da União Europeia (UE), afirmando que os gastos de defesa dos países europeus deveriam ser destinados ao combate da fome no mundo.
“A Europa está voltando a se armar por medo de guerra, o que é uma loucura. A Inglaterra está voltando a se armar. O Japão está voltando a se armar. Ou seja, estarmos gastando trilhões de dólares com armas quando o mundo está precisando que a gente gaste trilhões de dólares com educação, com saúde e com comida para o povo que está passando fome. É esse mundo que a gente quer construir”, afirmou Lula.
O presidente veio à Rússia para participar das comemorações dos 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial. A agenda do líder petista contou com um jantar oferecido pelo presidente russo, Vladimir Putin, aos chefes de Estado e governo; a participação no desfile militar do Dia da Vitória na Praça Vermelha e duas reuniões bilaterais: uma com Putin, outra com o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico. O Itamaraty já havia antecipado anteriormente que um dos objetivos da viagem seria reforçar a independência da política externa do Brasil.
Lula também reiterou a posição do Brasil em relação à guerra da Ucrânia, condenando a intervenção da Rússia e se colocando à disposição de participar da mediação do conflito.
“Nós dissemos ao presidente Putin o que a gente vem dizendo desde que começou esta guerra. A posição de que o Brasil é contra a ocupação territorial de outro país”, disse Lula em coletiva de imprensa antes de viajar para a China, onde cumpre agenda em 12 e 13 de maio.
“O Brasil faz parte de um grupo de países que, junto com a China, criou um grupo de amigos que são três países emergentes. E eu disse ao presidente Putin que nós estamos dispostos a ajudar na negociação desde que os dois países que se enfrentam queiram que a gente possa participar de negociação. O Brasil acha que é uma loucura ficar incentivando essa guerra, que é uma loucura”, declarou Lula neste sábado.
Ao falar sobre as motivações do Brasil em realizar a visita à Rússia durante as comemorações do Dia da Vitória, Lula foi categórico: defender o fortalecimento do multilateralismo.
“Fiz questão de vir aqui para dizer que o Brasil está defendendo o fortalecimento do multilateralismo. Não é possível que a gente não tenha aprendido a lição com a importância do que foi o multilateralismo depois da Segunda Guerra Mundial. Ou seja, humanizou o comércio dos países e das nações”, disse o presidente.
“A posição do Brasil é muito, muito sólida. Independente de eu ter vindo aqui, independente de eu ter vindo à China, independente de eu ter vindo a qualquer país, a nossa posição continua a mesma com aquilo que a gente pensa sobre a guerra da Ucrânia: ‘Nós queremos paz’. E discutimos ontem com o presidente Putin que nós queremos paz”, completou.
Lula destaca comemorações do Dia da Vitória
O presidente Lula também comentou sobre a comemoração dos 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial e sobre o peso histórico que a data tem no país.
“Esse é um país que, de todos que participaram com os aliados, foi o que mais perdeu gente. Esse país perdeu praticamente 26 milhões de pessoas. Esse país chegou num momento em que a população, a juventude, praticamente estava dizimada pela Segunda Guerra Mundial. E eu vim ver o que é uma festa muito importante”, disse.
O presidente brasileiro fez questão de ressaltar a importância desta data histórica para os russos, observando que a comemoração do Dia da Vitória vai muito além do desfile militar na Praça Vermelha.
“Tem gente que acha que a festa aqui na Rússia é só o desfile de ontem. Ontem foi um desfile para as autoridades, mas o dia da vitória é comemorado em todo o território russo. E foi uma grande festa. Eu acho que, sinceramente, todos nós precisamos ter consciência de que a gente não pode nunca mais permitir que coisas como o nazismo voltem a acontecer no planeta Terra. Nem na guerra e muito menos na política, que nós estamos vendo crescer em uma parte do mundo”, completou o presidente.
O líder brasileiro acompanhou a parada militar do 9 de Maio, ao lado da primeira-dama Janja. Membros da delegação brasileira como o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, o chanceler Mauro Vieira e a ministra Luciana Santos também assistiram ao desfile.
O ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (União Brasil) usou as redes sociais para protestar contra a ausência de Petrolina no anúncio de novos voos da Azul Linhas Aéreas para o Nordeste. Em vídeo publicado no Instagram ontem, ele cobrou tanto a companhia quanto o governo de Pernambuco, relembrando a promessa feita pela governadora Raquel Lyra (PSD) de que, em abril, seria retomada a segunda conexão diária entre Recife e Petrolina.
“A Azul anunciou que no mês de junho vai operar quatro novos voos para o Nordeste, mas nenhum deles é chegando à Petrolina”, disse Miguel. “Temos um aeroporto internacional, uma das melhores estruturas hoteleiras da região e um São João que movimenta mais de R$ 300 milhões e é considerado um dos melhores do Brasil”, argumentou.
Durante o vídeo, o parlamentar reproduz inclusive a fala da própria governadora: “Agora eu acabei de ter a confirmação que no dia 1º de abril a Azul retoma o segundo voo Petrolina-Recife-Recife-Petrolina, ok?”, diz Raquel Lyra em um trecho recuperado pelo ex-prefeito.
Miguel afirma que, até o momento, o que se vê são passagens “cada vez mais absurdas”, o que encarece a cadeia produtiva local e prejudica a mobilidade da população do Sertão, que tem em Petrolina uma das principais portas de entrada e saída. “Esperamos que a Azul cumpra o que prometeu e que o governo do Estado também olhe para Petrolina com mais atenção”, concluiu.
Certo dia, o chefe do departamento dos Correios responsável pela compra de material foi procurado por dois detetives que se passaram por empresários interessados em fazer negócios na estatal. Sem saber que estava sendo gravado, o servidor disse que estava no cargo por indicação do PTB, partido da base de apoio do governo Lula, e que os contratos assinados em sua repartição eram precedidos por pagamento de propina.
E explicou: “Nós somos três. Os três são designados pelo PTB, por Roberto Jefferson. É uma composição com o governo. Nomeamos o diretor, um assessor e um departamento-chave. Eu sou departamento-chave”. Depois, detalhou como funcionava o esquema: “Quando é pregão com alta concorrência, é coisa pequena, de 3% a 5%. Quando é serviço, 10%. Consultoria é definida antes, a gente senta e conversa”.
Numa demonstração de boa vontade, os “empresários” entregaram R$ 3 mil a ele, que, sem desconfiar da armadilha, pegou o dinheiro e guardou no bolso do paletó. Revelada por VEJA em maio de 2005, a cena foi o fio da meada do célebre mensalão.
Acuado pela denúncia, o então deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, concedeu uma entrevista ao jornal Folha de S.Paulo na qual revelou a existência do esquema. Em troca de apoio político, deputados e senadores recebiam gordas mesadas — o mensalão. O escândalo envolveu quarenta pessoas entre parlamentares, empresários e dirigentes partidários. Dos acusados, 24 foram condenados. Entre eles, além do próprio Jefferson, a nata do poder petista da época: o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, o ex-presidente do PT, José Genoino, e o ex-tesoureiro Delúbio Soares. Eles foram sentenciados por corrupção e passaram uma temporada na cadeia.
O primeiro governo Lula por pouco não implodiu diante do que foi descoberto. Duas décadas depois, o caso continua sendo o maior exemplo de que a Justiça é capaz de alcançar os poderosos. Por outro lado, também serve para demonstrar o quanto corruptos e corruptores podem ser resilientes.
Ex-chefe da Casa Civil do governo, José Dirceu, por exemplo, era tido como o sucessor natural de Lula. Cabia a ele, entre outras tarefas, negociar com o Congresso a aprovação dos projetos de interesse do Planalto. Apontado como mentor do mensalão, ele foi condenado a sete anos e onze meses de prisão, passou 354 dias na penitenciária da Papuda, em Brasília, e cumpriu o restante da pena em regime aberto. Em 2016, foi indultado pela presidente Dilma Rousseff (PT). Um histórico assim, em tese, já seria suficiente para um ponto-final em qualquer carreira política.
Dirceu, no entanto foi condenado a mais 23 anos e preso pela segunda vez. A Operação Lava-Jato descobriu que ele recebia propina de empresas que mantinham negócios com a Petrobras. O Supremo Tribunal Federal (STF), porém, anulou a condenação algum tempo depois, sob o argumento de que teria havido irregularidades processuais.
Livre das acusações, o ex-ministro voltou à cena em grande estilo. Ele já postou fotos abraçado ao presidente Lula e participou como convidado especial de uma sessão do Senado que celebrou a democracia. Foi aplaudido, elogiado e ainda discursou no plenário. Também já anunciou que pretende voltar ao Parlamento em 2027, eleito como deputado ou senador.
É no mínimo curioso ter o ex-ministro como estrela de uma solenidade de celebração justamente da democracia. No julgamento do mensalão, Dirceu e os demais acusados foram chamados de “profanadores da República”, expressão usada pelo ministro Celso de Mello, à época decano do Supremo, hoje aposentado. “Fui linchado publicamente sem direito a defesa, presunção da inocência e devido processo legal”, disse o ex-chefe da Casa Civil em nota enviada a VEJA.
Em março, Dirceu comemorou 79 anos de idade. Na festa, realizada em Brasília, compareceram nada menos do que treze ministros de Estado, o presidente da Câmara, Hugo Motta, além de dezenas de parlamentares. São poucos os políticos que podem exibir tamanho prestígio. Os convivas, aliás, saudavam Dirceu pela alcunha de “comandante”. Sob sua mentoria, segundo a acusação, forjavam-se contratos entre empresas privadas e órgãos públicos. O dinheiro desviado era usado para subornar os congressistas, financiar campanhas políticas, bancar o luxo e até as despesas mais comezinhas de alguns.
O ex-deputado João Paulo Cunha, por exemplo, todos os meses enviava sua esposa a uma agência bancária para sacar sua parcela do esquema. O dinheiro era usado, entre outras coisas, para pagar a conta da assinatura de TV. O parlamentar também foi acusado de manipular uma licitação para beneficiar uma empresa de publicidade envolvida no escândalo. Condenado a seis anos e quatro meses de prisão, ele cumpriu a pena em regime semiaberto.
Nesse período, aproveitou o tempo ocioso para cursar direito em uma faculdade particular. Formou-se em julho de 2015, mas a nova carreira mesmo em 2023, depois da posse de Lula. Cunha hoje é um profissional requisitado. Aos 66 anos, ele se tornou sócio de um conceituado escritório de advocacia que foi contratado na mesma época para cuidar das demandas da Previ, o bilionário fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, comandado pelos petistas.
NOVA CARREIRA – Cunha: lobby em Brasília e sucesso na advocacia após a volta do PT ao governo (Divulgação; Pedro Ladeira/Folhapress)
As portas abertas do governo ao ex-deputado ainda permitiram a atuação dele como lobista. Em janeiro deste ano, ele pediu ao ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para conhecer o comandante do Exército, general Tomás Paiva. O encontro foi marcado e o ex-dirigente petista apareceu acompanhado de empresários que queriam apresentar ao chefe militar um portfólio do grupo na área de combate a incêndios. O encontro não constou nas agendas oficiais.
Até onde se sabe, a aproximação ainda não resultou na assinatura de nenhum contrato com o Exército. Em Brasília, uma agenda como essa é valiosíssima para quem pretende fazer negócios com o governo, mas também rende excelentes dividendos para quem consegue marcar.
Cunha e os demais envolvidos hoje tentam reescrever a história, como se o esquema de corrupção nunca tivesse ocorrido. Nesse esforço se destaca Delúbio Soares. Certa vez, ele disse que o mensalão seria lembrado como uma “piada de salão”. Não se sabe se ele estava minimizando o esquema diante de outras fraudes que viriam a ser descobertas depois ou se simplesmente tentava desqualificar o resultado das investigações. Condenado a seis anos e oito meses de prisão por corrupção, o ex-tesoureiro foi apontado como o elo entre o núcleo político e o núcleo financeiro do esquema.
Com a volta do PT ao Planalto, Delúbio, aos 69 anos, se prepara para um voo ambicioso: uma candidatura a deputado federal. “Mister Simpatia”, como é chamado pelos colegas de partido, tem rodado o país desde o início do governo Lula para divulgar o conteúdo do livro que escreveu, no qual afirma, entre outras coisas, que o mensalão foi uma conspirata “concebida no exterior”. “Tanto no mensalão quanto na Lava-Jato os objetivos eram claros: depor Lula, depor Dilma, acabar com o PT. Não conseguiram”, disse em nota enviada a VEJA. Ele, portanto, seria apenas vítima dessa trama.
O discurso no passado era bem diferente. Em 2005, ao eclodir o escândalo, Lula, em um pronunciamento em cadeia nacional, foi contundente: “Quero dizer a vocês, com toda a franqueza, que me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado pelas revelações que aparecem a cada dia e que chocam o país”.
Com o tempo, no entanto, a indignação foi refluindo. Em fevereiro passado, durante o aniversário dos 45 anos do PT, ela refluiu de vez e o presidente fez uma defesa pública dos mensaleiros. “O Zé Dirceu sabe o que é ser vítima da mentira. Está aqui o companheiro Delúbio, que sabe o que é ser vítima da mentira”, disse, com a mesma convicção de antes. José Genoíno não foi citado, mas também está nesse rol de vítimas.
VEJA revelou que o ex-deputado havia assinado um contrato fictício de empréstimo para justificar a entrada dos recursos ilegais no caixa do partido. Condenado a quatro anos e oito meses de prisão, ele se mantinha recluso até a volta do PT ao poder. Hoje, aos 79 anos, não pensa em retornar à política, mas voltou à ativa como uma espécie de conselheiro. O ex-parlamentar já criticou, por exemplo, o que seria uma suposta aliança do presidente da República com o STF. “Isso é perigoso. Ele pode ter uma boa conversa com o Supremo, mas não deve ter ilusão, porque amanhã o Supremo pode dar o troco”, advertiu.
A declaração sugere que o STF aceita conchavos e age movido por conveniências políticas, o que é uma insinuação grave. Professor da Fundação Perseu Abramo, entidade ligada ao PT, Genoino recebe uma aposentadoria de 32 000 reais da Câmara dos Deputados.
Nem todos os mensaleiros importantes foram reabilitados pelo governo petista. Dois deles renasceram antes. Condenado a sete anos e dez meses, o ex-deputado Valdemar Costa Neto manteve-se nas sombras até 2021, quando o então presidente Jair Bolsonaro decidiu se filiar ao PL. Foi a guinada à direita do cacique político que outrora caminhou ao lado de Lula e Dilma Rousseff e agora veste a camisa dos “patriotas” que condenam, entre outras coisas, a corrupção dos governos do PT.
Para justificar a pirueta, Valdemar jura que nunca pegou mesada em troca de votos e afirma que os milhões que recebeu diziam respeito a uma dívida do partido de Lula relativa à campanha de 2002 — nada de corrupção. Na época, o ex-deputado renunciou ao mandato e teve de se afastar do comando de seu partido — tudo enfrentado “sem lamentação”, como costuma rememorar. O tom muda ao comentar sobre a atuação do ministro do STF Joaquim Barbosa. Com palavras impublicáveis, ele já prometeu um dia desmascarar o relator do caso. Enquanto isso não acontece, Valdemar pilota um partido com 91 deputados, tem nas mãos um cofre bilionário e se empenha em manter o protagonismo em 2026.
DENUNCIANTE – Jefferson: queda, ascensão e nova queda após revelar o esquema (Italo Nogueira/Folhapress; Sérgio Lima/Folhapress)
O segundo resgatado foi Roberto Jefferson. Condenado a sete anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-deputado perdeu o mandato depois de revelar o esquema e confessar que seu partido recebeu 4 milhões de reais. Após cumprir a pena, Jefferson voltou a comandar o PTB e, em 2018, se aliou a Jair Bolsonaro, passando a propagar o que havia de mais radical e tresloucado na pregação bolsonarista: a posse de armas, a falta de credibilidade das urnas eletrônicas e os ataques ao STF.
Em retribuição ao apoio político, o PTB foi contemplado com cargos no governo. Uma nova queda não tardou. Certo dia, o ex-deputado postou uma foto segurando um fuzil e pediu para que o então presidente da República substituísse os onze ministros do Supremo. Investigado, em 2022, na véspera das eleições, ele teve a prisão preventiva decretada por incitar ataques a autoridades. Sentenciado a mais nove anos, Jefferson deve ficar em regime fechado até 2029. Seus advogados pediram autorização para que a pena seja cumprida em regime domiciliar, justificando que o ex-deputado está muito doente.
Maurício Marinho, o pivô do escândalo, é uma exceção. Ele sofre até hoje as consequências do que classifica como um “ato impensado”. O ex-chefe de departamento dos Correios tinha 27 anos de serviço quando viu a imagem dele embolsando o dinheiro sendo replicada milhares de vezes nos principais canais de televisão. Demitido, ele não conseguiu mais se recolocar no mercado de trabalho. Após o escândalo, abriu uma empresa de consultoria, mas os clientes não apareceram.
Em 2013, foi contratado como professor de uma faculdade particular. Deu aulas de matemática até 2020, quando a instituição fechou as portas. Nos últimos vinte anos, Marinho respondeu a mais de vinte processos judiciais. O principal deles prescreveu há dois anos e acusava o ex-servidor de integrar uma organização criminosa que atuava nos Correios. Hoje, aos 72 anos, ele quase não sai de casa e se mantém com uma aposentadoria que, em 2020, estava em R$ 4.600 mil. Nas redes sociais, apresenta-se como professor de raciocínio lógico-matemático (RLM) e posta mensagens religiosas e críticas ao governo Lula. Procurado por VEJA, não quis se pronunciar. “Não me encham o saco”, limitou-se a dizer.
O JUIZ – Barbosa: aposentado, ele não descarta candidatura à Presidência (André Coelho/Agência O Globo)
A verdade é que o mensalão foi o primeiro grande escândalo de corrupção a romper a tradição de impunidade dos poderosos. Joaquim Barbosa é o responsável por esse desfecho. Diligente, o ministro enfrentou críticas e driblou obstáculos que poderiam ter colocado todo o processo a perder. Ficaram na história, por exemplo, os calorosos embates entre ele e o revisor do caso, Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça.
Aposentado há onze anos, Barbosa hoje tem um escritório em São Paulo e não gosta de falar do passado. Seguro de sua atuação, limita-se a dizer, quando indagado, que se preparou por um ano e meio para o julgamento e escreveu pelo menos quatro vezes o voto que sacramentaria o destino de influentes nomes da política sem que houvesse lacunas para contestações ou reviravoltas judiciais — a exemplo do que aconteceu com a finada Operação Lava-Jato. Nas poucas vezes em que deixa escapar algum comentário dos tempos da toga, celebra o fato de o julgamento ter brecado a roubalheira no país e lamenta a percepção de que, duas décadas depois, a impunidade dos poderosos voltou ao imaginário das pessoas. “Os políticos estão mais ousados”, comentou, certa vez, a uma pessoa próxima.
Mesmo se mantendo distante dos holofotes, vez ou outra Joaquim Barbosa faz barulho. Odiado pelo PT, ele surpreendeu ao anunciar seu voto em Lula contra Jair Bolsonaro — um ser humano classificado por ele como “abjeto” e “desprezível”. Por essas e todas as outras, o ex-ministro enfrenta a ojeriza da classe política em geral, o que impõe barreiras à sua entrada nesse universo.
Em 2018 ele se filiou ao PSB com a pretensão de disputar o Planalto, mas acabou boicotado dentro de seu próprio partido. No pleito seguinte, foi cortejado por outras legendas — o ex-juiz Sergio Moro, por exemplo, lhe propôs uma chapa jurídica, na qual ocuparia a vice, mas a conversa acabou não prosperando. O projeto, ao que tudo indica, não foi sepultado.
No início do ano, enquanto tomava um lanche em uma cafeteria, Barbosa foi abordado por um rapaz que se disse professor e lhe pediu um trocado para comprar comida. Ao se aproximar, o homem reconheceu o ex-ministro. “Se for o senhor mesmo, prazer em conhecê-lo.” Joaquim assentiu, lhe deu dinheiro e o aconselhou a voltar à sala de aula. O rapaz agradeceu e disse torcer para que o ex-ministro ingresse na política. À sua maneira, Joaquim encerrou a conversa: “Vou pensar”.
A comitiva oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Japão e ao Vietnã, no fim de março, incluiu ao menos 220 pessoas, além do próprio petista e da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. O grupo gastou na viagem ao menos R$ 4,54 milhões – o valor total ainda é desconhecido, mais de um mês depois do fim da viagem.
Compõem o grupo 11 representantes do Congresso e ao menos 72 pessoas de órgãos ligados à Presidência da República, como o Gabinete Pessoal da Presidência, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Secretaria de Comunicação (Secom), e a Casa Civil.
Procurada, a Secom se negou a fornecer informações sobre o número de viajantes e os gastos totais. Segundo o órgão, a lista de integrantes da comitiva oficial – composta pelas autoridades – foi publicada no Diário Oficial da União. Já as listas de integrantes das comitivas técnicas e de apoio são “classificadas no grau de sigilo reservado”, ou seja, podem ser omitidas por até cinco anos.
“Vale lembrar que conforme determina o Decreto nº. 940/93, as despesas de hospedagem das autoridades integrantes das comitivas oficiais do presidente, do vice-presidente da República, do titular daquele ministério e dos servidores integrantes de equipe de apoio em viagem ao exterior são custeadas pela dotação orçamentária do Itamaraty”, disse a Secom, em nota.
As informações completas sobre todos os viajantes ainda não estão disponíveis no Painel de Viagens, mantido pelo Ministério do Planejamento, nem no Portal da Transparência. O pagamento das diárias e passagens dos servidores é regulamentado por um decreto de 1985, que dá prazo máximo de 30 dias para a prestação de contas dos servidores públicos.
A lista de integrantes da comitiva foi compilada pela reportagem do Estadão usando informações do Diário Oficial da União, do Painel de Viagens, e de ordens bancárias (OBs), consultadas por meio do Siga Brasil, do Senado Federal.
Esta é a maior comitiva presidencial identificada no terceiro mandato de Lula. Em setembro passado, o petista levou pouco mais de 100 pessoas, entre assessores e autoridades, para acompanhá-lo na 79.ª reunião da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York (EUA).
Na quarta-feira (7), Lula viajou a Moscou, na Rússia, onde permanece até este sábado (10). É a 29.ª viagem internacional do petista em seu terceiro mandato presidencial.
A lista de autoridades que acompanham Lula inclui o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o deputado Elmar Nascimento (União-BA), vice-presidente da Câmara, e os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Mauro Vieira (Relações Exteriores).
Assim como fez na viagem ao Japão, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, viajou antes do presidente, num voo da Força Aérea Brasileira (FAB), que partiu de Brasília no dia 2. A FAB mandou sua maior aeronave, um Airbus A 330-200, com capacidade para 250 pessoas.
Até agora, a lista de viagens mais caras para o Japão é encabeçada por Márcio Fernando Elias Rosa, número 2 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com R$ 112,2 mil. Um dos voos do ministro, pela Qatar Airways, saiu a R$ 48,1 mil. Ele também recebeu R$ 22,2 mil em diárias.
Procurado, o MDIC disse que a compra das passagens foi feita após uma pesquisa de preços por uma empresa contratada pelo governo. “O valor final incluiu todas as despesas e abrange os trechos tanto até Tóquio como o retorno a partir de Hanói, Vietnã”, disse o MDIC.
Ex-ministro das Comunicações, o deputado federal Juscelino Filho (União-MA) vem em seguida, com R$ 99,6 mil gastos – a viagem ao Japão foi a última missão oficial dele no cargo.
Uma semana depois da viagem, em 8 de abril, Juscelino pediu demissão do posto após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por desviar emendas parlamentares. O caso foi revelado pelo Estadão. Juscelino levou consigo mais dois assessores para o Japão, ao custo de R$ 106,9 mil.
Voo de Janja custou R$ 60 mil
A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, gastou cerca de R$ 60 mil com os voos de Tóquio a Paris, onde discursou em um evento sobre nutrição; e de Paris a Brasília, via São Paulo. No Painel de Viagens, o custo total dos deslocamentos dela soma R$ R$ 60.210,58. Ao voar de volta de Paris para São Paulo, Janja ficou no assento 1L, na classe “Premium Business”.
De acordo com as regras atuais sobre concessão de passagens, só ministros de Estado e detentores de certos cargos podem voar em classe executiva, e mesmo assim em viagens com mais de sete horas de duração. Janja não detém cargo formal no governo.
Na ida, a primeira-dama pegou um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) junto com o Escalão Avançado (Escav), que prepara a chegada do presidente da República. Em entrevista à BBC News Brasil, Janja disse que viajou com a equipe precursora “para economizar passagem aérea”.
“Obviamente, eu vim com a equipe precursora, inclusive, para economizar passagem aérea. Vim um pouco antes, fiquei hospedada na residência do embaixador”, disse ela. Janja também disse que “nunca houve falta de transparência” em suas viagens.
Segundo as notas bancárias publicadas no Siafi, o sistema de pagamentos do governo federal, 112 pessoas integraram o escalão avançado da viagem ao Japão e ao Vietnã.
A maior parte dos integrantes deste grupo é formada por militares, pessoal do GSI e do Itamaraty, mas há exceções: viajaram com o Escav o fotógrafo de Lula, Ricardo Stuckert; parte da equipe do “gabinete informal” de Janja; e a médica infectologista Ana Helena Germoglio, que trabalha na Presidência e atende o presidente da República no dia-a-dia; entre outros.
Além das diárias pagas aos servidores e do custo das passagens aéreas, as viagens presidenciais incluem outros custos. Na missão ao Japão, houve gastos de R$ 77.903,80 para pernoites no hotel Crowne Plaza, em Anchorage, no Alasca (EUA). O local foi escolhido para a escala dos voos da FAB que levaram o grupo ao Japão.
O governo também desembolsou R$ 397,8 mil para alugar “veículos com motorista para uso da comitiva de apoio ao pouso técnico da aeronave do presidente da República” em Anchorage. A quantia foi paga à empresa BAC Transportation LLC.
Dentre os órgãos públicos, o que mais mandou representantes na viagem ao Japão foi o Ministério das Relações Exteriores (MRE), com pelo menos 32 pessoas. O Gabinete Pessoal da Presidência levou ao menos 27 nomes, e o GSI, outros 18. Na Secom, foram pelo menos 16 pessoas. Já a Casa Civil levou ao menos 10 pessoas.
A demolição do edifício Kátia Melo, em Piedade, que desabou na última terça-feira (6), começou hoje. A empresa contratada pela Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes começou a executar o serviço no início da manhã. A previsão é que o trabalho seja concluído até a próxima segunda-feira (12).
O prédio foi interditado no último domingo (4), após uma vistoria técnica feita pela equipe. O prédio apresentava sinais, como fissuras, abatimento de piso e indícios de movimentação na estrutura.
A demolição do edifício Kátia Melo é de responsabilidade da administração do condomínio. Porém, diante do cenário de risco à população, a Prefeitura realizou uma contratação emergencial para cessar o risco e voltar à normalidade no local. As 16 famílias que residiam no imóvel desocuparam os apartamentos e não houve vítimas.
O prefeito Mano Medeiros disse que a Prefeitura agilizou o processo para dar início à demolição. “Ficamos sensibilizados com a situação dos moradores e sabíamos que era necessário realizar este trabalho emergencial, para evitar mais transtornos para os condôminos e moradores ao redor do prédio. Esta ação foi importante para garantir a segurança de todos. Além disso, os imóveis que ficam no entorno do edifício precisam ser liberados. Nossa principal preocupação é proteger as pessoas”, reforçou. O secretário executivo de Defesa Civil do município, Elton Moura, e a secretária municipal de Infraestrutura do Jaboatão, Flávia Ribas, acompanharam a operação.
O Papa Leão XIV explicou hoje que escolheu seu nome papal por representar um compromisso com as questões sociais e trabalhistas. Em encontro com cardeais na manhã deste sábado, no Vaticano, o Pontífice afirmou que sua decisão reflete um caminho também de “verdade, justiça, paz e fraternidade”.
— Justamente por me sentir chamado a seguir nessa linha, pensei em adotar o nome de Leão XIV — afirmou, em discurso — Na verdade, são várias as razões, mas a principal é porque o Papa Leão XIII, com a histórica encíclica Rerum novarum, abordou a questão social no contexto da primeira grande revolução industrial; e, hoje, a Igreja oferece a todos a riqueza de sua doutrina social para responder à outra revolução industrial e aos desenvolvimentos da inteligência artificial, que trazem novos desafios para a defesa da dignidade humana, da justiça e do trabalho.
Na ocasião, apesar de citar um antecessor que exerceu o pontificado na virada dos séculos XIX e XX, o novo Papa prometeu dar continuidade ao estilo de Francisco de “dedicação total ao serviço”. Disse que ser Pontífice implica ser “um humilde servo de Deus e dos irmãos, e nada mais”.
— Neste momento, ao mesmo tempo triste e alegre, providencialmente envolto pela luz da Páscoa, gostaria que olhássemos juntos para a partida do saudoso Papa Francisco e para o conclave como um acontecimento pascal, uma etapa do longo êxodo através do qual o Senhor continua a guiar-nos em direção à plenitude da vida. — disse.
No encontro, Leão XIV agradeceu aos presentes pelo trabalho durante o período de Sé Vacante, intervalo entre a morte de seu antecessor e sua eleição. Alguns cardeais foram mencionados nominalmente durante o discurso: o camerlengo Kevin Joseph Farrell e o decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, para o qual o Papa pediu aplausos.
— Queridos Cardeais, vós sois os colaboradores mais próximos do Papa, e isto é de grande conforto para mim, que aceitei um fardo claramente muito superior às minhas forças, assim como o seria para qualquer outra pessoa — afirmou Leão XIV — A vossa presença recorda-me que o Senhor, tendo-me confiado esta missão, não me deixa sozinho a carregar tal responsabilidade.
O Papa Leão XIV também confirmou neste sábado a imagem do brasão que utilizará em seu pontificado.
O emblema, que ele já havia adotado como cardeal, é um escudo dividido em duas imagens, uma delas é um lírio branco, a outra é um livro fechado sobre o qual há um coração transpassado por uma flecha.
A primeira figura é um marco da unidade da Igreja e símbolo de pureza e inocência. A segunda remete à experiência de conversão cristã de Santo Agostinho, descrita tradicionalmente com as palavras “feriste meu coração com tua palavra”.
O lema inscrito em latim no brasão é In Illo uno unum, outra referência a um ditado agostiniano. Ele significa que “embora nós cristãos sejamos muitos, no único Cristo somos um”.
Três mulheres da mesma família foram encontradas mortas em um apartamento em Belo Horizonte (MG), ontem. Cristina Antonini, de 66 anos, sua filha Daniela Antonini, de 40 anos, e a neta Giovanna Antonini Vasconcelos, de apenas 1 ano, estavam sobre a cama, segundo a polícia.
Quatro cães também estavam mortos em cômodos do apartamento, onde foram encontradas ainda três bandejas com carvão queimado. As janelas estavam vedadas e não havia marcas de violência nos corpos. A primeira suspeita da polícia é que todos tenham morrido intoxicados, mas a investigação da Polícia Civil está apenas começando.
Daniela era separada e morava com a mãe e a filha. Na quinta-feira (8), a ex-sogra foi até o prédio onde Daniela residia, na rua Mato Grosso, no bairro Barro Preto, e perguntou ao porteiro sobre a família. O porteiro disse que não via nenhuma das mulheres desde domingo (4). A ex-sogra foi embora, mas na manhã de ontem ligou para a síndica do prédio e contou que estava muito preocupada com a falta de notícias da ex-nora.
“Eu disse que estava chegando no prédio e que iria até o andar onde elas moravam”, contou a síndica, Raquel Moreira, em entrevista à TV Globo. Ela foi ao 13º andar. “Logo que cheguei, senti um odor muito forte e chamei a polícia”. Policiais militares arrombaram a porta e entraram no apartamento, onde encontraram o trio morto.
Em Arcoverde, onde tenho uma choupana para refúgio do corre-corre da minha vida super agitada, sou habituê do restaurante Ferreira, na praça da Bandeira, do meu amigo Ferreirinha, que veio da sua Serrita para ser acolhido com muito carinho em nossa cidade.
Com o tempo, virou o principal point gastronômico da terra do cardeal. É o nosso Piantela, famoso restaurante frequentado pelos políticos de Brasília, infelizmente fechado durante a pandemia. Era frequentado pela elite da política brasileira.
Ulysses Guimarães tinha mesa cativa para degustar o seu Poire, licor de peras feito no sítio Pedras Rolantes, na cidade de Alfredo Wagner, bebida preferida do velho e saudoso cacique.
O Ferreira também é povoado por políticos, empresários, jornalistas, radialistas, profissionais liberais e boêmios. Um dos seus clientes fiéis é o prefeito Zeca Cavalcanti. Ambiente refinado, agradável, onde se bebe um bom chope extremamente gelado, caipirinhas e excelentes escoceses, com um variado cardápio, de espetinhos a saborosos pratos com frutos do mar.
Ferreirinha sempre prestigia os artistas da sua Serrita. Quinta-feira, tão logo fui bater o ponto lá, chegando de Brasília, na companhia da minha Nayla, assisti a um excelente show de um cover de Roberto Carlos. Lá, atualizei a resenha da política regional com meus amigos Nill Júnior e Edilson Xavier.
Nill, aliás, também virou um quase cidadão arcoverdense, com suas idas às quintas para apresentar seu podcast pela TV LW, com transmissão simultânea pela rádio Itapuama.
E ontem, ao lado do meu amigo Nando, dono da maior retífica do interior pernambucano, com sede em Arcoverde, curti um showzão: o intrépido Jean, o mágico, que canta de tudo e faz malabarismo com a sua guitarra.
O Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) informou ontem que fará a devolução de R$ 292,7 milhões a aposentados e pensionistas que tiveram descontos no benefício. O valor, referente aos pagamentos do mês de abril, será estornado automaticamente na folha de maio, entre os dias 26 de maio e 6 de junho, conforme calendário do órgão.
As cobranças de desconto associativo foram todas descontinuadas e os Acordos de Cooperação Técnica (ACT) com as entidades e associações em vigor também foram suspensos. Com isso, não deverá haver cobranças de mensalidades enquanto as entidades estiverem bloqueadas no INSS. Com a suspensão, os segurados não precisam solicitar o cancelamento. Também não é necessário ir até uma agência do INSS para receber o valor descontado em abril.
Ressarcimento
A devolução dos valores não reconhecidos pelos beneficiários anteriores ao mês de abril de 2025 ainda estão sob análise da Advocacia Geral da União (AGU), órgão responsável pelo Plano de Ressarcimento Especial aos Aposentados, envolvendo a fraude bilionária. Não há prazo para este estorno. No entanto, já foram divulgadas as orientações para o beneficiário buscar informações.
A partir da próxima terça-feira, o Instituto irá notificar pelo aplicativo Meu INSS os aposentados e pensionistas que tiveram descontos em seu contracheque. Lá, será possível responder se há o reconhecimento ou não da dedução. Na quarta-feira, o serviço para pedir reembolso de descontos indevidos estará disponível.
Canais de atendimento
Diante da informação de que golpistas estão se passando por agentes do INSS para, mais uma vez, subtrair dinheiro de aposentados e pensionistas, o governo tem repetido que os únicos canais de comunicação serão o aplicativo Meu INSS e o telefone 135. Na última quinta-feira, o presidente do INSS, Gilberto Waller, fez um alerta, em coletiva de imprensa: “não abram e-mail, mensagens de WhatsApp, o INSS não se comunica com você por nenhum outro meio que não seja o canal Meu INSS”.
Os descontos podem ser questionados também no canal de atendimento 135. Além das associações com bloqueio em desconto associativo, 12 delas tiveram bens e contas correntes congeladas, totalizando R$ 2 bilhões em patrimônio. É possível que esse valor seja utilizado também para o ressarcimento dos beneficiários do órgão lesados na fraude.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em conversa com jornalistas em Moscou na manhã de hoje, que não deve conseguir realizar uma visita ao novo Papa, Leão XIV, nas próximas semanas. Em seu lugar, ele avalia mandar o vice-presidente, Geraldo Alckmin, para representar o Brasil na missa que marcará o início do pontificado do religioso. A celebração está marcada para acontecer no dia 18 deste mês, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
Após o anúncio da nomeação do cardeal americano Robert Prevost como o novo pontífice, Lula o parabenizou pelas redes sociais e desejou continuidade ao legado deixado por seu antecessor. “Desejo que ele dê continuidade ao legado do Papa Francisco, que teve como principais virtudes a busca incessante pela paz e pela justiça social, a defesa do meio ambiente, o diálogo com todos os povos e todas as religiões, e o respeito à diversidade dos seres humanos”, disse no post.
“Não precisamos de guerras, ódio e intolerância. Precisamos de mais solidariedade e mais humanismo. Precisamos de amor ao próximo, que é a base dos ensinamentos de Cristo”, completou o presidente. Alckmin também celebrou a nomeação em uma publicação que repetia a expressão em latim “habemus papam”, usada por representantes do Vaticano para o anúncio da escolha do novo pontífice.
“Neste momento histórico, nós, brasileiros, temos o orgulho de nos unir a todos os que comungam da alegria pela eleição do Papa Leão XIV, confiando que, sob a sua liderança, a Igreja Católica Apostólica Romana haverá de perseverar em sua missão evangelizadora, inspirando paz, união e esperança a toda a humanidade”, escreveu Alckmin.
Procurada pelo Globo, a Secom não deu retorno sobre a possibilidade de envio do vice-presidente para a Roma nas próximas semanas. O espaço segue em aberto.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não apresentou um prazo para a devolução do dinheiro desviado do pagamento de aposentados do INSS e responsabilizou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo escândalo envolvendo a instituição.
Lula afirmou em entrevista no final de sua visita à Rússia que antes de definir valores e prazos para a devolução do dinheiro desviado dos aposentados e pensionistas, é preciso apurar todos os detalhes.
“Devolver ou não vai depender de você constatar a quantidade de pessoas enganadas. A quantidade de pessoas que tiveram o seu nome numa lista sem que elas tivessem assinado. Porque aqueles que assinaram já autorizaram. Então, o que nós queremos, e é por isso que tem a crítica de que ainda demora, é porque poderíamos ter feito uma pirotecnia e não ter apurado (o escândalo)”, disse ele.
Na sequência, Lula responsabilizou o governo anterior pelo escândalo. “Nós desmontamos uma quadrilha que foi criada em 2019. E vocês sabem quem governava o Brasil em 2019”, disse o presidente durante coletiva de imprensa em Moscou.
“Vocês sabem quem era o ministro da Previdência, quem era o chefe da Casa Civil. A gente poderia ter feito um show de pirotecnia, mas não queríamos manchete. Queríamos apurar”, continuou.
Lula chegou a sugerir que algum integrante da gestão passada poderia estar envolvido no escândalo.
“Nós vamos a fundo para saber quem é quem nesse jogo. E se tinha alguém do governo passado envolvido nisso. É isso que nós vamos fazer. Eu não tenho pressa. O que eu quero é que a gente consiga apurar para apresentar ao povo brasileiro a verdade e somente a verdade”, disse.
Ele também ressaltou que nem todas as entidades envolvidas têm responsabilidade nas irregularidades. “Tem entidades sérias no meio que certamente não cometeram nenhum crime, e tem entidades que foram criadas para cometer crime”, afirmou.
O presidente disse que os aposentados e pensionistas afetados não arcarão com os prejuízos, mas sim as entidades envolvidas.
“Quem vai ser prejudicado são aqueles que um dia ousaram explorar o aposentado e o pensionista brasileiro […] As entidades que roubaram vão ter seus bens congelados. Nós vamos usar esses bens, repatriar o dinheiro, para que a gente possa pagar as pessoas”, afirmou.
Ele também ressaltou que a profundidade da investigação justifica o tempo necessário para revelar o que de fato aconteceu. “A gente não quer uma manchete de jornal, a gente quer apurar […] e é por isso que tem a crítica de que ainda demora, é apurar com seriedade. Tanto a CGU como a Polícia Federal foram a fundo para chegar ao coração da quadrilha”, concluiu.
O esquema, revelado no mês passado por uma operação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), envolvia o desconto indevido de valores em contracheques de aposentados e pensionistas por sindicatos e associações. A fraude teria movimentado cerca de R$ 6,3 bilhões nos últimos anos.
Desde a revelação do caso, seis servidores públicos foram afastados, e o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, pediu demissão. Em meio à crise, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), também deixou o cargo após reunião com Lula.
Os governos dos Estados Unidos e da China têm um encontro marcado para hoje, em Genebra, na Suíça, para a primeira rodada de negociações sobre a guerra de tarifas recíprocas entre os dois países, iniciada pelo presidente norte-americano Donald Trump.
Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, e o negociador-chefe de comércio dos EUA, Jamieson Greer, se encontrarão com o czar econômico da China, He Lifeng, na Suíça, para conversas que podem ser o primeiro passo para resolver suas disputas comerciais. As informações são do g1.
Atualmente, os EUA cobram uma tarifa de 145% sobre todas as importações chinesas, medida que se iniciou no chamado “Dia da Libertação” em que Trump distribuiu tarifas a mais de 180 países. A China, por sua vez, aplicou uma taxa de 125% contra os produtos norte-americanos.
Em sua primeira declaração sobre o encontro, Trump afirmou na última quinta-feira (8) que acredita em uma reunião “amigável” e em negociações “substanciais”. Já ontem, disse que tarifas de 80% sobre as importações de produtos chineses “parecem corretas”.
Em sua conta na plataforma Truth Social, Trump mencionou que a decisão sobre reduzir o percentual cobrado em taxas pelos EUA sobre os produtos chineses “é do Scott B”, referindo-se a Bessent.
O presidente norte-americano também escreveu que a China “deveria abrir seus mercados para os EUA”. “Seria ótimo para eles!!! Mercados fechados não funcionam mais!!!”.
Essa foi a primeira vez que Trump mencionou um número específico ao falar sobre uma possível redução nas tarifas sobre a China. Ele já havia sinalizado em outras ocasiões que desejava uma trégua entre os dois países e uma redução nas taxas aplicadas entre eles.
No início do mês, o Ministério do Comércio da China declarou que estava avaliando uma proposta dos EUA para iniciar conversas sobre a guerra comercial, mas que os EUA precisam “demonstrar sinceridade” e estarem dispostos a “corrigir suas práticas equivocadas e cancelar as tarifas unilaterais”.
No ano 455 da era cristã, Roma foi cercada pelas tropas de Genserico, o germânico rei dos vândalos. Alto, forte e sanguinário, ele lançou a pá de cal sobre o decadente Império Romano. Cercou e saqueou Roma durante 14 dias.
O estrago não foi total, porque o papa Leão I, mais conhecido como São Leão Magno, interferiu e usou todo o seu talento diplomático para negociar com Genserico e lograr que o Exército vândalo não queimasse a cidade e poupasse a vida da maioria dos cidadãos. O famoso roube, mas não mate.
Leão foi papa numa era de turbulência e transformação muito parecida com a que vivemos hoje, com um império emergente, a China, e outro que luta para manter a sua posição, os Estados Unidos. Talvez por estas coincidências o cardeal Robert Francis Provest, um agostiniano, tenha escolhido se chamar Leão em homenagem ao papa diplomático, tornado santo pelo destino.
Antes de Genserico, no ano de 452, Leão negociou com Átila, o Huno, e o convenceu a não invadir Roma. Átila era conhecido como “o flagelo de Deus” e deixara em ruínas cidades ao Norte da Itália, como Milão.
A Germânia, que há mais de 1.000 anos englobava todo o Norte da Europa, foi uma das poucas regiões não conquistadas pelos romanos. Em 429, Genserico liderou um Exército de cerca de 80.000 homens, cruzou o estreito de Gibraltar e invadiu o Norte da África. A região onde hoje é a Argélia era estratégica para os romanos, por ser a maior fornecedora de grãos para Roma, especialmente trigo.
É nesta época que o destino de Leão e Agostinho se cruzam. Genserico e suas tropas tomam Cartago, o maior centro comercial da região, e, em seguida, cercam Hipona, onde vivia o bispo Agostinho, 75 anos. Ele ora todo o tempo durante o cerco num pequeno quarto com salmos escritos nas paredes. Debilitado por uma febre, desnutrido e fraco, Agostinho morreu antes de Hipona cair nas mãos dos vândalos e passar a ser cultuado como santo pelos cristãos.
Nascido e criado na região onde hoje é a Argélia, Agostinho costuma ser retratado com physique du role europeu, quando na realidade ele era um mouro africano típico, tez morena, como a maioria dos árabes habitantes daquela região. “Confissões” é sua obra mais importante, uma autobiografia na qual relata sua transformação. De família rica, Agostinho era boêmio e teve um filho fora do casamento com uma amante com quem conviveu anos a fio. Passou muito tempo na gandaia.
“Confissões” é uma obra densa, espiritual, na qual a transformação do homem adorador da carne e da matéria em adorador de Deus é descrita em forma de oração. Um texto de 1.600 anos, ainda atual. Santo Agostinho fala de um episódio muito interessante sobre o vício de roubar, o roubo pelo roubo, um hábito disseminado feito epidemia nos dias de hoje.
O roubo das peras está no livro 2 das Confissões. Quando era adolescente, Agostinho e um grupo de amigos roubaram peras de um pomar. As peras nem eram muito boas e depois de roubá-las jogaram fora. “Eu as roubei não para comer, mas por prazer no roubo. […] Eu amava o meu pecado, não o que eu ganhava com ele, mas o próprio pecado”, escreveu o santo.
O papa Leão XIV certamente leu e releu este episódio sobre um vício que segue contaminando a humanidade como acabamos de ver aqui no Brasil no caso do roubo aos aposentados do INSS.
Como reconhece Santo Agostinho, as pessoas corrompidas não roubam pela necessidade, mas pelo prazer de fazer algo proibido. Uma inclinação de fazer o mal simplesmente porque é proibido: “Talvez eu não roubasse se estivesse sozinho. Meu prazer não estava nas peras, mas no próprio ato de roubar em companhia dos outros”.
Santo Agostinho foi pioneiro a levantar questões como a ética cristã, envolvendo culpa, consciência, desejo e responsabilidade. Não é por acaso que seus ensinamentos seguiram incólumes durante os últimos 1.600 anos.
Os caminhos de Leão e Agostinho se cruzaram naqueles anos de derrocada do Império Romano, precedendo uma outra era, a Idade Média, na qual o mundo viveu uma estagnação só quebrada muitos séculos depois pelo Renascimento.
Quando o papa Leão XIV fala em construir pontes, provavelmente se refere ao esforço diplomático de seu antecessor Leão I, o Magno, transformado em santo. Ele conseguiu o que parecia impossível: convencer Átila, o rei dos hunos, a não invadir Roma com seu Exército bem treinado e que acabara de arrasar boa parte do que hoje é a Itália. Há uma versão de que Leão foi ajudado por uma peste que contaminou o Exército de Átila, obrigando o huno a partir sem invadir Roma. Mas isso não tira o mérito do papa.
Também foi eficiente em convencer Genserico a não matar e não queimar Roma, como pretendia o rei dos vândalos. Leão nasceu na Toscana e governou a Igreja Católica como 45º papa de 440 a novembro de 461, quando morreu.
Leão XIV também se inspira em Leão XIII, cuja encíclica Rerum Novarum focou nas condições dos trabalhadores da 1ª Era Industrial. Ele teve este olhar social, construiu pontes entre a Igreja Católica e o proletariado, ao mesmo tempo que cuidou da diplomacia, mas, diferentemente do seu sucessor, pertencia à ordem de São Francisco.
Nesta era de incertezas, o novo papa terá pela frente uma missão difícil num cenário de guerras eclodindo, como se deu semana passada na Caxemira, conflitos no Oriente Médio e na Europa, guerra comercial entre Estados Unidos e China, crescimento do Islã na Europa e dos evangélicos na América Latina, além do antissemitismo. Sem falar das fake news e da desinformação como arma política.
Precisará de muita inspiração, num mundo onde a corrupção tem cada vez mais tentáculos, inclusive tecnológicos. Os corruptos de hoje são os vândalos e os bárbaros de ontem, invadindo e saqueando, deixando tudo arrasado por onde passam.
Santo Agostinho tinha a convicção de que a corrupção surge quando o homem ama mais o poder, a riqueza ou o prazer do que a verdade, a justiça ou Deus. O pecado está não só no ato de tomar algo, mas no desejo corrupto que motiva o roubo: vaidade, orgulho e desafio. No Brasil, isto é o cotidiano.
Leão terá de andar de mãos dadas com Agostinho e ser muito firme para enfrentar estes tempos em que a qualquer momento tudo pode acontecer.
Carla Zambelli e a lealdade bolsonarista Por Larissa Rodrigues Repórter do blog
Uma das figuras mais questionáveis já produzidas pela política brasileira, a bolsonarista Carla Zambelli, do PL de São Paulo, está prestes a ter sepultada sua carreira na vida pública – e da pior maneira possível: presa, desmoralizada e abandonada pelo líder no qual acreditava e a quem se dedicou.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou, ontem (9), para condenar a deputada federal pela invasão a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica. Moraes é o relator do caso.
O ministro Flávio Dino acompanhou o voto de Moraes, deixando o placar em 2 a 0 para a condenação de Zambelli, até o momento. O julgamento está sendo realizado no plenário virtual da Primeira Turma da Corte, e os ministros podem inserir os votos no sistema eletrônico até a próxima sexta-feira (16). Também votam os ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
O hacker Walter Delgatti também está sendo julgado pelos mesmos crimes e, como Zambelli, recebeu de Moraes e de Flávio Dino votos favoráveis à sua condenação. Para a deputada, Alexandre de Moraes sugeriu a pena de 10 anos de reclusão, inicialmente em regime fechado, além do pagamento de multa e da perda do mandato parlamentar.
Já para o hacker Walter Delgatti, Moraes propôs a pena de 8 anos e 3 meses de reclusão, inicialmente em regime fechado, além do pagamento de multa. De acordo com a acusação da PGR (Procuradoria-Geral da República), Zambelli comandou a invasão do sistema do CNJ para emitir um mandado de prisão de Moraes, como se ele mesmo estivesse determinando a própria prisão.
No voto, Moraes afirma que a inserção de documentos falsos nos sistemas do CNJ, inclusive um mandado de prisão contra um ministro do STF, é uma “afronta direta à dignidade da Justiça” e compromete “gravemente” a confiança da sociedade na Justiça. Ele declarou também que Carla Zambelli e Walter Delgatti atuaram de forma “completamente absurda” e “vil”.
CADÊ O CAPITÃO?– Quem não se lembra da imagem de Carla Zambelli vestida de verde e amarelo, com uma arma na mão, correndo atrás de um homem pelas ruas de um bairro nobre de São Paulo, um dia antes do segundo turno da eleição presidencial de 2022, que elegeu Lula (PT)? Por causa dessa cena, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atribuiu a derrota naquela eleição a Carla Zambelli e jamais ofereceu ajuda à deputada. Jogou a parlamentar, uma das mais fiéis, aos leões e procura desassociar sua imagem da deputada, depois de Zambelli ter levantado as bandeiras bolsonaristas de forma aguerrida. O caso Zambelli é o puro suco da lealdade bolsonarista.
Preço alto pela escolha política – Carla Zambelli, inclusive, já disse à imprensa que se entristeceu com a declaração dada por Bolsonaro, de que ela teria sido responsável por sua derrota nas eleições de 2022. “Essa declaração do Bolsonaro me deixou bastante entristecida, é um peso muito grande para uma pessoa carregar”, disse. O fato é que Zambelli pagou o preço pela escolha política que fez e não pode reclamar, porque Bolsonaro nunca escondeu de ninguém suas características morais. Quem a ele se uniu, o fez sabendo. O que Zambelli esperava? Que um homem com o histórico público de absurdos de Bolsonaro, principalmente com relação às declarações machistas, fosse defendê-la publicamente?
Noronha pede espaço – O Conselho Distrital de Fernando de Noronha solicitou à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) a realização de uma audiência pública para discutir temas centrais para o arquipélago, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 21/2024, que prevê eleições diretas para o cargo de Administrador Geral do Distrito Estadual. O pedido foi aprovado por unanimidade pelos conselheiros durante reunião ordinária realizada em 6 de maio e encaminhado ao presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB).
Devolução do INSS– O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) soltou um comunicado, ontem (9), no qual anuncia a devolução de R$ 292.699.250,33 para aposentados e pensionistas entre os dias 26 de maio e 6 de junho. Segundo o instituto, esse valor é referente às mensalidades de abril que, mesmo após o bloqueio, foram descontadas por sindicatos e associações, porque a folha do mês já havia sido rodada. “O dinheiro foi bloqueado pelo INSS e será devolvido aos beneficiários na folha de maio”, afirmou o INSS.
Silvinho confia– O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (RP), disse que confia na reeleição do presidente Lula (PT). Durante entrevista ao portal Brasil 247, cravou: “Eu tenho muita confiança que o presidente Lula (PT), em 2026, será reeleito presidente da República. Quem estiver apostando que o governo vai chegar fragilizado em 2026, vai errar”. Ao ser questionado sobre qual lado tomaria em uma eventual disputa entre Lula e Tarcísio de Freitas (RP), do seu partido, Costa Filho destacou que o cenário político ainda está em aberto – e que não seria surpresa se o governador de São Paulo mudasse de ideia. “Tem muito tempo ainda, então acredito que a gente só vai ter uma leitura mais clara do processo no final deste ano agora”, ponderou.
CURTAS
Zazá comemora sucesso de vinícola – O deputado estadual Izaías Régis (PSDB) apresentou na Alepe um Voto de Aplauso à Vinícola Vale das Colinas, sediada em Garanhuns (Agreste), pelo reconhecimento conquistado na 10ª edição da Grande Prova Vinhos do Brasil, uma das mais importantes premiações do setor vitivinícola do país. Para ele, a premiação simboliza o talento, a dedicação e o compromisso da Vinícola Vale das Colinas com a qualidade. “Como garanhuense, sinto-me orgulhoso em ver uma empresa da nossa terra ser reconhecida nacionalmente”, destacou.
Dando exemplo– A Câmara de Vereadores de Itaíba (Agreste) aprovou o projeto de lei enviado pelo prefeito Pedro Pilota (Republicanos) que concede reajuste de 24,84% no piso salarial dos professores efetivos da rede municipal, com efeitos retroativos a 2023. A medida também torna permanente uma gratificação de 10% pelo exercício do magistério no salário-base. Já os professores aposentados terão um aumento de 14,84%. O menor salário da categoria passa a ser de R$ 3.650,83 para jornada de 150h/aula, podendo chegar a R$ 8.265,03 para docentes com doutorado e carga horária de 200h/aula.
Carlos Veras candidato– Foi registrada, ontem, a candidatura do deputado federal Carlos Veras (PT) à presidência da sigla em Pernambuco. A inscrição foi formalizada às 17h, na sede do partido, no Recife, com a presença de dirigentes e lideranças partidárias. O nome de Veras reúne apoio das correntes Construindo um Novo Brasil (CNB), Esquerda Popular Socialista (EPS) e Socialismo em Construção, além de militantes independentes, movimentos sindicais e sociais.
Perguntar não ofende: O PT de Pernambuco vai conseguir construir uma unidade para o Processo de Eleição Direta no Estado?