Sebrae - Silvana

Indefinição de candidato para a disputa de SP vira ‘problema’ para o governo Lula

Do jornal O Globo

Vista como fundamental para impulsionar a chapa presidencial, a tarefa de viabilizar uma candidatura ao governo de São Paulo em 2026 é classificada por diferentes aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “um problema”. Sem um nome competitivo disponível para entrar na disputa, auxiliares do chefe do Executivo e lideranças do PT admitem que as chances de vitória, em um estado em que a esquerda nunca triunfou, são remotas.

No cenário visto hoje como mais provável no Palácio do Planalto, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputaria a reeleição com amplo favoritismo para conseguir um novo mandato. Mesmo com chances reduzidas de um resultado favorável, o entorno de Lula considera que é necessário ter um palanque forte para fazer o embate com o bolsonarismo no maior estado do país.

O candidato de Lula precisaria entrar na disputa com perspectivas de chegar ao segundo turno. Em 2022, o desempenho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que teve 44,7% dos votos válidos na segunda fase do pleito contra Tarcísio, foi considerado fundamental para que Lula vencesse Jair Bolsonaro na disputa presidencial. Os paulistas representam 22% do eleitorado nacional, com 34 milhões de eleitores, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O percentual de votos do então candidato a presidente pelo PT em São Paulo foi exatamente o mesmo que o do hoje ministro. Aliados ainda destacam que Lula teve em 2022 no estado 4,3 milhões de votos a mais na comparação com o próprio Haddad, candidato a presidente pelo PT em 2018. Apesar de ter vencido entre os paulistas, Bolsonaro ficou com 1,1 milhão a menos do que na disputa de quatro anos antes.

Leitura do desempenho

Entre os petistas, a melhora do desempenho em São Paulo do presidenciável do partido no intervalo de quatro anos é atribuída em parte ao palanque forte de 2022. Em 2018, o candidato do PT a governador de São Paulo foi Luiz Marinho, que ficou apenas em quarto lugar, com 12,66% dos votos válidos.

O retrospecto de 2022 daria a Haddad a preferência para ser o candidato novamente, mas ele afirma de forma enfática em conversas internas que não tem interesse nenhum em entrar na disputa. Além disso, a sua saída do governo em abril do ano que vem (prazo necessário para desincompatibilização) poderia criar incertezas sobre os rumos da economia e prejudicar a candidatura presidencial.

A avaliação no Planalto é que, sem Haddad, o caminho que resta ao PT é apostar em um aliado. Há um diagnóstico que a legenda enfrenta uma forte resistência no estado, principalmente entre os eleitores do interior, o que inviabilizaria a construção de um novo nome competitivo. O apoio a um representante de outra sigla seria uma forma de driblar essa rejeição ao petismo.

Se isso acontecer, seria a primeira vez que a legenda abriria mão de concorrer no maior estado do país, que é também o seu berço político, desde 1982, quando o próprio Lula foi candidato a governador e terminou em quarto lugar. Os melhores desempenhos de petistas na disputa estadual foram em 2002, quando José Genoino chegou ao segundo turno e perdeu para Geraldo Alckmin, e em 2022.

Agora aliado depois de ter aceitado compor a chapa de Lula e se filiar ao PSB, Alckmin é citado como opção de palanque no estado. Mas o ex-tucano resiste e, segundo pessoas próximas, tem como único plano manter o posto de vice do petista na disputa presidencial. Há no governo ainda quem defenda a sua entrada na corrida para o Senado, outro foco de problema em São Paulo. Mas essa hipótese também é rechaçada pelo vice-presidente.

Já o ministro da Microempresa e do Empreendedorismo, Márcio França, que também é filiado ao PSB e já foi governador de São Paulo por nove meses em 2018 após a saída de Alckmin, tem manifestado a aliados a intenção de ser o candidato de Lula na disputa do estado.

Dúvidas sobre 2026

Segundo aliados, Lula ainda não tem definição sobre a eleição de São Paulo. Mesmo em relação à sua própria candidatura a um novo mandato, o presidente não tem sido contundente. Em reunião ministerial no dia 20 de janeiro, disse que precisaria estar bem de saúde para poder concorrer. O presidente também citou que o governo precisa estar forte para ele ser candidato e ter boa margem para disputar o pleito presidencial. Ao mesmo tempo, Lula é visto no PT como única opção do partido na tentativa de êxito em 2026.

Diante dos mistérios sobre a preferência de Lula em São Paulo, Márcio França evita falar publicamente sobre a sua intenção de entrar na disputa, mas revela que pretende ter uma conversa sobre o assunto.

— Queremos ouvir o presidente Lula. Nosso campo terá uma candidatura a governador e vai depender da opinião dele. E, evidentemente, que os partidos aliados devem estar juntos — afirma o ministro, que é presidente do PSB no estado.

O desenho ainda pouco claro contrasta com a situação em outros estados vistos como prioritários pelo Planalto. O presidente manifestou duas vezes nos últimos dias que gostaria de ver o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD) na disputa pelo governo de Minas Gerais. Ao deixar o comando da Casa na semana passada e indicar que avaliaria seus próximos passos, o parlamentar disse que a sinalização de apoio do presidente é motivo de “honra” e que sempre teve o sonho de ser governador.

Embate com a oposição

No Rio, é dada como certa uma aliança em 2026 com o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD), reeleito em primeiro turno com apoio do PT no pleito municipal passado e provável candidato a governador. O estado, berço do bolsonarismo e governado por Cláudio Castro (PL), é estratégico no embate com a oposição.

Entre o segundo turno de 2002 e o de 2014, o PT venceu as eleições presidenciais no Rio. A partir de 2018, no entanto, o bolsonarismo ocupou o espaço, na avaliação de especialistas, puxado pela urgência da agenda da segurança pública no estado e pelo predomínio de igrejas evangélicas nas áreas mais pobres. Paes deve enfrentar um aliado de Bolsonaro na disputa.

Além de São Paulo, Lula também enfrenta dificuldade para a construção de palanques competitivos nos estados do Sul. Principalmente Paraná e Santa Catarina, onde o bolsonarismo é mais forte e o PT enfrenta por isso mais resistência.

Jaboatão - Combate Dengue

O Sextou desta semana, programa musical que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, fará um belo tributo ao cantor e compositor paraibano Vital Farias, que fez a última viagem, aos 82 anos, na última quarta-feira, em João Pessoa, vítima de um infarto do miocárdio.

Vital era daquele tipo de artista cujas obras eram muito mais conhecidas do que ele próprio. É muito comum encontrar gente que nunca ouviu falar dele, mas que sai cantando imediatamente a letra inteira quando alguém assopra: “Não se admire se um dia, um beija-flor invadir…”

Além de “Ai Que Saudade D’Ocê”, Vital é autor de vários outros sucessos que ficaram conhecidos principalmente nas vozes de outros cantores como “Veja, Margarida”, “Caso você case” e “Canção em dois tempos”.

Isto tudo, apesar de possuir uma bela voz, com grande intensidade nas suas interpretações e, de quebra, ainda tocar um lindo violão, que pontuava suas melodias com maestria.

Entre tantas canções maravilhosas, compartilho com o leitor esta fábula: Saga da Amazônia.

Confira!

Conheça Petrolina

A Prefeitura de Paulista iniciou neste sábado (8) a obra de revitalização total da Praça Agamenon Magalhães, no Centro da cidade, com a instalação de tapumes ao redor do local e mudanças no trânsito. O espaço foi completamente fechado para o início das melhorias estruturais e urbanísticas, que incluem novas instalações e a melhoria do fluxo de pedestres e veículos. Durante a execução, medidas serão adotadas para minimizar os impactos na rotina de moradores e comerciantes da região.

O trânsito na área central sofreu alterações para garantir a segurança e fluidez. A principal mudança é o desvio de veículos, com fechamento parcial da Avenida Floriano Peixoto, exigindo que motoristas contornem a praça pela região do Panorama. A ação envolve a colaboração de diversas secretarias municipais para garantir a organização do espaço e orientar a população sobre os novos desvios. Táxis, transporte alternativo e comércio informal também não terão permissão para operar nas imediações da praça durante a obra.

Dulino Sistema de ensino
Ipojuca No Grau

A Rádio Cultura AM 1320, pioneira entre as rádios comerciais de São José do Egito, iniciou suas transmissões em fevereiro de 1990, sob a direção do empresário José Marcos de Lima. No dia 21 de janeiro de 2025, às 11h11, a emissora concluiu sua migração para a frequência FM 94,7, tornando-se a única rádio FM comercial da cidade e marcando um novo ciclo de sua história.

Para simbolizar essa transição, a primeira música transmitida foi “Rádio Pirata”, do RPM, a mesma que tocou em sua estreia na frequência AM 1320, nos anos 1990. Atualmente, a emissora tem como diretor-presidente Marcos Cesar Crispim (Marquinhos) e conta com a direção executiva do jornalista João Carlos Rocha, que já desempenhou essa função na antiga AM 1320.

Confira grade de programação:

5h às 7h – a Cultura FM 94,7 começa com o irreverente Vanduir de Souza;

7h às 8h – Giro pelos Blogs, com Marcello Patriota;

8h às 11h – Grande Manhã – ancorado pela experiente comunicadora e Jornalista Edivanice Gonçalves;

11h às 12h30 – Jornal da Cultura com o com o renomado jornalista/radialista Marcos Lima e Edivanice Gonçalves;

12h30 às 13h30 – Programas alternativos com informações e entrevistas;

13h30 às 16h30 – Tarde na Cultura sob o comando do experiente comunicador Henrique Vilar;

16h30 às 17h00 – Momento do Brega com Henrique Vilar;

17h às 18h – Valeo o Boi Vaqueiro – com Ademar Locutor e Naldo Cordeiro;

18h às 19h – Programa Frente a Frente com o jornalista Magno Martins da Rede Nordeste de Rádio;

19h às 20h – A Voz do Brasil;

20h às 22h -Cultura Amiga da Noite;

23h às 05h – Saudade teu nome é Música.

• Programação de segunda a sexta-feira.

Caruaru - IPTU 2025

Do jornal O Globo

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem trabalhado em mais um decreto para demitir milhares de funcionários do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do país (HHS, na sigla em inglês), com alguns gestores já se preparando para demitir trabalhadores identificados como menos essenciais, segundo fontes ouvidas pelo americano Wall Street Journal (WSJ).

A decisão atinge particularmente os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), onde os funcionários foram instruídos a classificar 10% dos trabalhadores em estado probatório como essencial para a missão, 50% como importante e 40% como não essencial. As classificações do CDC para esses funcionários, cujo período probatório pode durar de um a dois anos no serviço federal, deveriam ser enviadas até quinta-feira.

Ao Washington Post, um funcionário afirmou que o processo de revisão de cada funcionário foi “horrível”, com o foco das análises “na missão, e não no indivíduo”. Outras agências federais de saúde relataram pedidos semelhantes para classificar funcionários em período probatório, embora tenham dito que o processo foi menos detalhado do que o do CDC. Os líderes foram instruídos a justificar por que as pessoas deveriam ficar.

A medida pode ser oficialmente anunciada já na próxima semana, depois que os trabalhadores tiverem a oportunidade de aceitar um plano de demissão voluntária. No entanto, segundo o WSJ, os termos do decreto ainda não foram finalizados, e a Casa Branca ainda pode decidir não seguir adiante com o plano. Ainda assim, alguns republicanos já defenderam os esforços da administração, afirmando que o governo Trump deve ter o direito de revisar as qualificações dos servidores contratados no final do mandato de Joe Biden.

Risco para o futuro

Os cortes em estudo afetariam o HHS, que emprega mais de 80 mil pessoas e inclui os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), os Centros de Serviços Medicare e Medicaid (CMS), a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) e o CDC. Essas agências desempenham funções essenciais e que vão desde a aprovação de novos medicamentos até o rastreamento de surtos de gripe aviária e pesquisas sobre o câncer.

— Cortes dessa magnitude poderiam dizimar a força de trabalho da saúde pública federal, agravando a escassez de profissionais e deixando todos os americanos em grande risco quando surgir a próxima crise de saúde pública — disse Richard Besser, ex-diretor interino do CDC, ao Washington Post. — E garanto que haverá mais crises de saúde pública.

Estimativas apontam que até 10% dos 2,3 milhões de trabalhadores federais estão em período probatório — e agora podem ser dispensados mais facilmente do que os demais empregados, segundo fontes ouvidas pelo WSJ. As classificações mais recentes ocorrem no momento em que a administração do republicano busca reduzir o quadro de funcionários federais entre 2% e 5%, combinando incentivos e ameaças crescentes.

Primeiro, o governo anunciou um programa de demissão voluntária, permitindo que os funcionários se demitam e continuem recebendo salário até setembro. A oferta, que deveria expirar na quinta-feira, foi suspensa por um juiz após mais de 40 mil pessoas informarem que deixariam seus cargos sob os termos do acordo. O número, porém, foi menor do que o esperado pelo governo, com sindicatos federais e legisladores democratas pedindo aos funcionários que não aceitassem.

Alguns republicanos no Congresso pediram uma reestruturação da agência de saúde pública após a pandemia de Covid-19. Eles acusam o CDC de ter dado uma resposta “excessivamente rígida e burocrática” à crise de saúde que matou mais de 1 milhão de americanos. O órgão reconheceu ter cometido alguns erros e iniciou uma reformulação sob a administração Biden, mas sem considerar demissões em massa.

Camaragibe Cidade do Trabalho

Da BBC News Brasil

“Não tínhamos condição de enterrar os mortos. Os corpos ficavam no pátio da aldeia, porque eram muitas pessoas que morriam por dia. O meu avô falava que fugiram dos corpos, porque não tinham condições de vê-los”

Assim o ancião Paliã Zoró, de 80 anos, descreveu a situação de seu povo nos anos 1980, quando fazendeiros, madeireiros e garimpeiros levaram uma série de doenças para o território da etnia indígena zoró, no noroeste do Mato Grosso.

Vivendo em isolamento até poucos anos antes e sem defesa contra doenças como gripe, sarampo e tuberculose, o povo zoró pediu então ajuda externa para pressionar o governo a regularizar seu território como terra indígena.

Só assim, acreditavam, os forasteiros deixariam o território e as comunidades poderiam se recuperar.

Entre as pessoas que acudiram o grupo, havia uma advogada de São Paulo. Viúva e mãe de cinco filhos, Eunice Paiva havia se formado em direito aos 47 anos e, desde então, vinha se dedicando à defesa de direitos indígenas. O encontro seria um ponto de virada na história do povo zoró, que acabaria se recuperando depois de quase sofrer a extinção.

A vida de Eunice é narrada no filme Ainda Estou Aqui, no qual a advogada é interpretada pela atriz Fernanda Torres, que ganhou um Globo de Ouro por sua atuação neste papel. O filme concorre ao Oscar 2025 nas categorias Melhor Filme, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz.

O trabalho de Eunice em prol dos indígenas, porém, é pouco abordado na obra e “renderia outro filme inteiro”, diz a antropóloga Betty Mindlin, professora visitante do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP).

Visões conflitantes sobre a Amazônia

Apesar da grande mortandade entre o povo zoró nos anos 1980, a demarcação do território enfrentava forte oposição.

Segundo documentos da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) na época, já havia no território 79 invasores, uma estrada com 45 km de extensão e planos para a ocupação de 24 mil hectares por uma cooperativa de agricultores do Paraná.

Os ocupantes tinham o apoio de setores do governo federal e do governo de Mato Grosso, que havia distribuído títulos de terra dentro do território.

Não muito longe dali, em Rondônia e no norte de Mato Grosso, vastas regiões de floresta vinham sendo destruídas.

O movimento havia sido estimulado pela ditadura militar (1964-1985), que via a ocupação da Amazônia por não indígenas como um escudo contra interesses estrangeiros na região.

Quando Eunice Paiva chegou ao caso zoró, em 1986, fazia um ano que a ditadura havia acabado, mas o desmatamento seguia a pleno vapor. Eunice então elaborou um parecer jurídico analisando os argumentos favoráveis e contrários ao reconhecimento da área zoró como terra indígena. Ao final do documento, foi categórica: “Nada impede a demarcação da Área Indígena Zoró”.

“Os direitos dos índios à posse de suas terras são direitos indisponíveis e que não podem ser negociados, inexistindo qualquer impugnação válida capaz de anular, restringir, extinguir ou modificar direitos da comunidade Zoró sobre a terra que é o seu ‘habitat’ natural”, concluiu a advogada.

As posições de Eunice acabaram prevalecendo, e o governo declarou a área como terra indígena no ano seguinte.

“Quase fomos extintos, muitas doenças vieram com os brancos, e muitos de nossos parentes foram mortos por invasores”, diz à BBC News Brasil Panderewup Zoró, cacique geral do povo.

“Isso só cessou com a demarcação e homologação do nosso território e, com certeza, a doutora Eunice Paiva contribuiu neste processo”, prossegue.

“Se não tivéssemos tido a cooperação de parceiros para provar em documentos nossa existência e posse da terra desde a nossa ancestralidade, teríamos sido exterminados.”

A indigenista Maria Inês Hargreaves, que trabalha junto a comunidades da região desde os anos 1980, endossa a importância de Eunice no processo. “O laudo jurídico, a objetividade e a clareza dos argumentos foram fundamentais para a regularização desta terra indígena e outras em que ela colaborou”, afirma a indigenista.

Hargreaves endossa a noção de que, “se a demarcação não tivesse acontecido naquele momento, talvez os zoró não estivessem vivos mais”. Ela conta que, até 1978, o povo zoró vivia isolado na floresta e somava várias centenas de integrantes.

Nos anos seguintes, porém, as doenças e os confrontos com os forasteiros provocaram um declínio vertiginoso.

O desmatamento em torno da Terra Indígena Zoró

No auge das epidemias, a população zoró chegou a ter só cerca de cem pessoas, segundo os documentos da época.

“A morte acontecia rapidinho”, conta a anciã Ãjut Zoró, de 86 anos. “O sintoma era tosse, vômito, febre e pneumonia. Esses sintomas duravam mais ou menos cinco dias, até chegar a morte. A gente fazia cova para guardar os mortos. Depois de enterrados, fazíamos fogo em cima da cova”

O relato de Ãjut, assim como a fala de Paliã Zoró na abertura desta reportagem, estão no livro Zoró: antes de ver o branco (2024), que compila entrevistas com membros do grupo.

Uma das autoras do livro, a servidora da Funai Lígia Neiva diz à BBC News Brasil que, após a demarcação, o povo começou a se recuperar, e os invasores foram expulsos.

“Eles deixaram um rastro de devastação, com grandes pastagens formadas, mas a garantia de poder estar na terra foi muito positiva”, diz Neiva, que trabalha com o grupo desde 1988.

Ela afirma que o trabalho de Eunice foi essencial para a demarcação, embora poucos membros do povo zoró saibam da participação da advogada.

Isso porque Eunice fez o trabalho à distância analisando documentos e estudos antropológicos, mas não visitou o território devido a dificuldades logísticas.

Mas Neiva também destaca a atuação dos próprios indígenas nesse processo. Pouco numerosos e com raros falantes de português, eles se aliaram a etnias vizinhas — incluindo inimigos históricos, como o povo suruí — para confrontar os invasores e chamar a atenção da opinião pública, ela diz. “Foram para o embate, morreu gente, e aí a coisa tomou uma dimensão maior”, diz Neiva.

Um dos momentos mais críticos da mobilização foi o assassinato do líder Yaminé Suruí, em 1988. Na época com 70 anos, ele teve seu corpo esquartejado e queimado por dois pistoleiros dentro da Terra Indígena Zoró.

A dupla foi condenada por homicídio qualificado quase 30 anos depois, em 2017, mas jamais cumpriu pena por conta de um recurso ainda não julgado.

Ícone da resistência à ditadura

Ainda Estou Aqui aborda a trajetória de Eunice Paiva após seu marido, o engenheiro e ex-deputado federal Rubens Paiva, ser capturado e morto pela ditadura militar, em 1971.

A obra retrata a luta de Eunice para que o Estado brasileiro reconhecesse a morte do marido, uma vez que, oficialmente, ele estava apenas desaparecido.

A demanda só foi atendida em 1996, com a emissão da certidão de óbito de Rubens Paiva, que acaba de ser retificada para responsabilizar oficialmente o Estado brasileiro pela morte do parlamentar. Eunice morreu 22 anos depois, aos 89 anos.

Mas se a batalha de Eunice pelo reconhecimento da morte do marido a transformou em um ícone do movimento de resistência à ditadura, as ações dela em favor de indígenas ainda não receberam reconhecimento semelhante, diz a antropóloga Betty Mindlin à BBC News Brasil.

Em 7 de janeiro, Mindlin publicou no Jornal da USP um artigo sobre o trabalho de Eunice junto a povos indígenas.

A antropóloga relata no texto um dia em que, durante o governo de José Sarney, Mindlin, Eunice Paiva, o cacique Raoni Metuktire e os músicos Sting, Gilberto Gil e Rita Lee, entre outros apoiadores da causa indígena, foram ao Palácio do Planalto se reunir com o chefe de gabinete da Presidência da República.

O objetivo era cobrar a demarcação de 4,9 milhões de hectares de terra para o povo kayapó menkragnoti, no Pará. Mas, à entrada do edifício, o grupo foi barrado, conta Mindlin.

“Não admitimos a proibição e, unidos, empurramos a porta de vidro”, ela lembra. “Os funcionários de segurança, pasmos de ver grandes artistas solicitando com respeito a entrada, mas forçando o vidro, mais de forma simbólica que efetiva, acabaram cedendo, nos deixaram passar, cada vez uns poucos, por fim todos.”

Segundo a antropóloga, o próprio Sarney acabou aceitando receber o grupo. Mas eis que, a caminho do gabinete presidencial, Eunice titubeou, conta Mindlin, porque não queria apertar a mão de um político que se aliara aos militares na ditadura.

Por fim, Mindlin conta que Eunice foi “persuadida a nos acompanhar, jurista ponderada capaz de argumentar e comprovar o direito às terras reivindicadas pelos kayapó”. “Sarney prometeu, mas a demarcação demorou muito a ser realizada. Foi homologada pelo presidente Itamar Franco em 1993”, ela diz.

Mindlin destaca no artigo o papel de Eunice no Programa Polonoroeste, nos anos 1980, quando se uniu a um grupo de antropólogos para avaliar o impacto da pavimentação da rodovia BR-364 (Cuiabá-Porto Velho) entre povos indígenas da região.

Foi nesse contexto que, segundo Mindlin, “Eunice fez pareceres magistrais para a causa indígena” — entre os quais o laudo defendendo a demarcação da terra zoró.

“Com os estudos e resultados da equipe de avaliação, incluindo e transmitindo a voz indígena e suas reivindicações, mais de 30 demarcações dos 60 povos afetados foram realizadas, além da defesa de povos isolados até então ignorados”, ela diz.

Hoje, conforme mostram imagens de satélite, grande parte da floresta que sobrou no entorno da BR-364 fica nos territórios demarcados naquela época. Quase todo o resto virou terra agrícola ou pastagem.

Mindlin destaca outras contribuições de Eunice às causas indígena e ambiental: a publicação de livros e artigos, a participação nas ONGs Instituto de Antropologia e Meio Ambiente (IAMÁ), Fundação Mata Virgem (FMV) e Comissão Pró-Índio de São Paulo (CPI-SP), e sua assessoria à Assembleia Nacional Constituinte (1988), quando influenciou na elaboração do capítulo que trata de povos indígenas.

O trabalho de Eunice, segundo Mindlin, beneficiou “no mínimo 300 povos indígenas, cada um com uma saga, um enredo, uma história de costumes, línguas, enfrentamentos e resistência”.

A antropóloga diz à BBC News Brasil que Eunice foi pioneira neste campo: ao lado de juristas como Dalmo Dallari (1931-2022) e José Gregori (1930-2023), ela foi uma das primeiras pessoas a recorrer a argumentos jurídicos para fortalecer demandas indígenas.

Os casos que envolviam indígenas, porém, ocupavam só parte de seu tempo como advogada, já que ela precisava pegar outros casos para sustentar a família, diz Mindlin.

Segundo a antropóloga, Eunice “era muito discreta” sobre sua vida pessoal e “aguentou muitas dores sozinha”, mas era inegável a conexão entre suas ações em prol dos indígenas e a luta pela memória do marido.

“Ela viu que os indígenas estavam ainda mais desprotegidos que os políticos que tentaram transformar o Brasil em um país diferente, como o Rubens Paiva”, diz.

O povo zoró hoje

Depois da expulsão dos invasores e da demarcação do território, a população zoró voltou a crescer.

Hoje, segundo Lígia Neiva, da Funai, eles somam cerca de mil pessoas e habitam um território de 358 mil hectares — uma área três vezes maior do que o município do Rio de Janeiro.

“Estão muito bem de saúde, e não se veem mais situações de doenças alarmantes”, diz Neiva. “Eles têm uma fábrica de castanha dentro da terra indígena e são referência nessa atividade.”

Não que os problemas tenham desaparecido: segundo ela, o território voltou a ser alvo de madeireiros e garimpeiros nos últimos anos, o que tem preocupado os indígenas. Mas, hoje, o grupo encara esse cenário em situação bem mais confortável do que nos anos 1980.

Neiva conta que hoje a imensa maioria da população zoró vive dentro da Terra Indígena. “É um povo que superou muitos desafios e é muito forte, estratégico, diplomático, com uma cultura viva.”

Segundo ela, mulheres, crianças e idosos só falam a língua zoró, e desde 1992, uma escola construída com apoio do governo norueguês permite que jovens cumpram todo o ciclo educacional dentro do território.

Por tudo isso, diz Neiva, poucos membros do grupo estão a par da repercussão de “Ainda Estou Aqui” e do interesse em torno de sua protagonista.

Em parte graças a Eunice Paiva, quase nenhum zoró hoje sabe quem foi Eunice Paiva.

Cabo de Santo Agostinho - IPTU 2025

As chuvas da semana passada atingiram não apenas Pernambuco, mas diversos outros estados no litoral nordestino como Alagoas e Paraíba.

O fenômeno que ocasionou o estrago foi um Vórtice Ciclone de Ar Superior, que fica há aproximadamente 12 km de altura e sempre aparece entre os meses de dezembro e março.

Esse fenômeno ocorre quase todos os anos e a sua força depende de onde estejam as bordas do ciclone, que este ano ficou exatamente em cima do litoral nordestino.

Falta de lonas

Um prefeito do interior do estado, aliado à governadora Raquel Lyra, cuja cidade foi bastante afetada pelas chuvas, foi à Casa Civil para tentar obter emergencialmente lonas para as encostas. “O Governo do Estado não tem sequer um rolo de lona de plástico para fornecer às prefeituras, emergencialmente”, falou o prefeito que pediu para não ter seu nome identificado.

Licitação tem

Todos os anos o Governo do Estado de Pernambuco tem renovado uma ata de registro de preços para a contratação de até 1000 rolos de lona plástica. Os meios estão aí, faltam as atitudes. Só no atual governo essa licitação foi renovada por duas vezes.

Abrigos prontos em 24 horas

No Recife, o prefeito João Campos se anteviu aos estragos da chuva e entregou imediatamente sete abrigos para 500 pessoas, que já haviam sido projetados e implantados. E com mais 24 horas, mais três abrigos totalizando dez. Os abrigos contam com, além de camas e materiais e higiene e limpeza, alimentação e acompanhamento da assistência social.

Toritama - Prefeitura que faz

Não será surpresa se a Paraíba aumentar ainda mais o espaço de poder que ocupa hoje em Brasília com a chegada do senador Veneziano Vital (MDB), que encerrou sua missão de vice-presidente da Casa Alta, ao Ministério de Lula.

Seu nome está cotado para a pasta de Relações Institucionais ou a liderança do Governo no Congresso. É o que tenho ouvido nos bastidores.

Palmares - Outlet

Do Correio Braziliense

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse nesta sexta-feira (7) que as críticas contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, motivadas pela alta da inflação no preço dos alimentos, “não ficam de pé” se comparadas com os valores registrados durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“O que eles esquecem de dizer são duas coisas: primeiro, se você comparar a inflação de alimentos dos dois anos do governo Lula, ela é infinitamente menor do que nos quatro anos do governo Bolsonaro. Ou seja, se comparar, não fica de pé esse argumento, porque os preços em 2023 caíram”, argumentou o chefe da pasta à Rádio Metropole, da Bahia.

O ministro explicou que o preço da carne estava em baixa em 2023 e que isso levou ao que é chamado de “ciclo da carne” — quando os preços “mergulham” muito, os produtores realizam o abate das fêmeas, o que diminuiu o rebanho, e, consequentemente, força a escassez do produto e a subida do preço.

Além disso, ele relacionou a alta dos preços aos eventos climáticos vividos ao redor do mundo e à abertura de novos mercados internacionais para os produtos brasileiros. Segundo Costa, o Brasil abriu para exportação para mais de 200 mercados internacionais e isso impactaria a oferta interna.

O chefe da Casa Civil apontou ainda que as enchentes e secas recordes registradas em 2024 impactaram diretamente no mercado de alimentos nacional. “Primeiro, nós tivemos muita seca e, depois, todos acompanharam o Rio Grande do Sul ficando debaixo d’água por mais de 30 dias. Isso impacta na oferta de alimentos”, frisou.

Prezado Magno,

Receba minha sincera gratidão por ter publicado minha crônica “Ninguém fica com o grande amor de sua vida” em seu renomado Blog, de alcance nacional.

Seu gesto fraternal não apenas deu visibilidade ao texto, mas proporcionou uma repercussão imensa, alcançando leitores que se identificaram com as emoções ali expressas.

Ter meu trabalho compartilhado em um espaço de tamanha credibilidade e alcance é, para mim, motivo de regozijo e emoção.

Obrigado por essa generosidade e pelo apoio à escrita, que segue sendo um ato de resistência e beleza. Sempre grato. Abraços com apreço.

Flávio Chaves

Da CNN*

Quase 14 milhões de equatorianos devem ir às urnas neste domingo (9) para eleger o próximo presidente do país, enquanto as forças de segurança foram mobilizadas para garantir que o dia da votação ocorresse pacificamente.

Os trabalhadores do Conselho Eleitoral do Equador (CNE) prepararam e despacharam as urnas eleitorais na capital Quito sob a supervisão de observadores internacionais que chegaram ao país para monitorar o processo eleitoral.

No começo da semana, o presidente do Equador, Daniel Noboa ordenou a militarização dos portos, reforço da presença de forças de segurança nos limites do sul e do norte do país, e o fechamento das fronteiras a partir de sábado (8) até segunda-feira (10), alegando “tentativas de desestabilização de grupos armados”.

A violência relacionada às drogas abalou o Equador nos últimos anos e é mais uma vez o maior problema para muitos eleitores na votação deste domingo.

Ao todo, 16 candidatos concorrem ao posto, mas o pleito está polarizado entre o presidente de direita, Daniel Noboa, do Movimento Ação Democrática Nacional (ADN), e a candidata Luisa González, do partido de esquerda Movimento Revolução Cidadã, liderado pelo ex-presidente Rafael Correa.

O presidente do Equador, Daniel Noboa, está apostando que suas promessas de impulsionar iniciativas de combate ao crime iniciadas sob sua primeira administração e de lidar com cortes de energia garantirão a ele um mandato completo na votação.

Duas pesquisas de opinião recentes apontaram para uma possível vitória no primeiro turno para Noboa. Ele foi em Guayaquil e é herdeiro da vasta fortuna empresarial de seu pai, que inclui participações em plantações de banana, embalagens e remessas.

Outras pesquisas sugerem que a votação irá para um segundo turno em abril, onde ele provavelmente obteria uma vitória contra a esquerdista Luisa González.

González diz que seus planos de gastar em assistência social e impor penalidades mais severas para criminosos funcionarão melhor do que as políticas do titular Noboa, mas ela enfrenta uma batalha difícil para vencer a eleição presidencial deste domingo.

Como é a votação no Equador

A votação para presidente no Equador acontece das 7h da manhã às 17h, no horário local (9h às 19h do horário de Brasília). O voto é obrigatório para todos os equatorianos de 18 a 65 anos, sob pena de multa de 47 dólares (R$ 271).

Após se identificarem, os eleitores recebem quatro cédulas, uma delas as oito chapas de candidatos a presidente e vice-presidente. Para votar, é necessário marcar com uma caneta qual é a chapa de preferência. Após isso, depositar a cédula de papel na urna.

As demais cédulas são para escolher legisladores nacionais, legisladores provinciais e integrantes do Parlamento Andino, órgão de controle da Comunidade Andina, bloco formado por Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela.

Nesses casos, o eleitor tem que decidir entre listas fechadas de legisladores dos diferentes partidos.

Se nenhum candidato obtiver 50% dos votos ou 40% com uma diferença de 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado, a disputa presidencial vai para segundo turno, que será realizado no dia 13 de abril.

*Com informações da Reuters

A festa de aniversário do presidente da Câmara de Paulista, Eudes Farias, ontem, numa chácara, movimentou a política do município, que vive um novo momento com a chegada ao poder pelo prefeito tucano Severino Ramos. O próprio gestor, na foto acima com a esposa, foi abraçar o parlamentar, além de grande parte dos integrantes da Câmara, secretários municipais e uma penca de lideranças comunitárias.

Entre os que foram abraçar o aniversariante, os vereadores Marcelly da Aquarela, George Freitas, Raul Silva, Jonas da Prestação, João Pereira, Suzy Racinha, Júnior de Irmã Linda, Vinícius Campos e Alemão. Passaram por lá também os secretários Francisco Padilha (Assuntos Jurídicos) e Gilberto Sabino (Educação), reforçando a sintonia entre o Legislativo e o Executivo de Paulista.

O vereador, conhecido por sua simplicidade e humildade, destacou a importância da harmonia política para garantir avanços no município. Seu aniversário se tornou uma ocasião para fortalecer alianças e reafirmar o compromisso com o desenvolvimento do município.

Quem nunca foi a Caruaru e de lá saiu cantando que em sua feira há de tudo, que atire a primeira pedra sobre este cronista! Tem massa de mandioca, batata assada, tem ovo cru, laranja e manga, batata-doce, queijo e caju. Tem cenoura, jabuticaba, guiné, galinha, pato e peru.

Tem bode, carneiro e porco, se duvidar isso é cururu. Tem cesto, balaio, corda, tamanco, greia, tem boi tatu. Tem fumo, tem tabaqueiro, tem tudo e chifre de boi zebu. Caneco, arcoviteiro, peneira, boi, mel de uruçu. Tem carça de arvorada, que é pra matuto não andar nu.

Na feira de Caruaru, tem coisa pra gente ver. De tudo que há aí no mundo, nela tem pra vender. Não há uma canção mais famosa no mundo sobre a terra do Coronel Ludujero! Se vivo fosse, Nelson Barbalho, que imortalizou a cidade como “O País de Caruaru”, certamente concordaria comigo em número, gênero e grau.

“A Feira de Caruaru”, canção imortalizada na voz de Luiz Gonzaga, saiu da pena de outro gênio parceiro do Rei do Baião: o caruaruense Onildo Almeida, que está entre nós, com 97 anos, esbanjando saúde e charme na sua Caruaru.

Já fiz até um Sextou com ele, programa musical que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, no qual exibiu uma incrível vitalidade e uma lucidez impressionante. Nele, Onildo contou uma história fantástica: a despedida precoce do Gonzagão dos palcos da vida que não se concretizou por obra do próprio Onildo, que deu uma bronca no rei e depois lhe presenteou com a música “A hora do Adeus”.

Onildo Almeida é acadêmico e com o tempo virou Doutor Honoris Causa da UFPE. Parceiro musical e amigo de Luiz Gonzaga por cerca de 32 anos, gravou junto com o Rei do Baião 22 músicas. Entre os clássicos, além da composição “A Feira de Caruaru”, se imortaliza também com “Aproveita Gente”, “Regresso do Rei”, “Sanfoneiro Zé Tatu” e “A Hora do Adeus”.

Onildo contou que em 1967, o Rei do Baião o pediu para escrever uma música que representasse o fim da sua bem-sucedida carreira. Segundo Onildo, Gonzaga sentia que o tempo dele no cenário musical havia chegado ao fim. No início, Onildo se recusou, mas depois fez a canção.

“Uma semana depois [do pedido de Gonzaga] fui ao Rio de Janeiro. Meus colegas de rádio de Caruaru estavam lá e nos encontramos. Luiz Queiroga, que era um deles, tirou um papel do bolso com umas palavras e disse: ‘Vocês querem ver o que é talento? Onildo, coloca música nisso aí’. Quando eu abri o papel, tinham dois versos: O meu cabelo já começa prateando, mas a sanfona ainda não desafinou / A minha voz vocês reparem eu cantando, que é a mesma voz de quando meu reinado começou. E eu fiz desses verso uma música”, relembrou, na entrevista ao Sextou.

Quando Onildo voltou para Caruaru, percebeu que Queiroga havia escrito poucos versos e decidiu completar a obra. “Dias depois, Luiz Gonzaga chegou perguntando se eu havia feito a música para ele. Respondi que não faria, mas acabei mostrando ‘A Hora do Adeus’, com os meus versos e os de Luiz Queiroga”, acrescentou.

Emocionado, Gonzaga chorou ao ouvir a música pela primeira vez. E a gravou, mas ela não marcou o fim da carreira do Rei do Baião. Para Onildo, “A Hora do Adeus” é uma das principais obras dele porque conta a história de Gonzaga do começo. “É uma canção importante porque conta a história do que é, para mim, o maior nome da música popular brasileira. Gonzaga não era só cantor, era compositor e instrumentista, por isso o acho o maior. Ele mudou e despertou no governo a realidade nordestina. Deu nome ao baião, xote, xaxado, coco de roda. Ninguém queria saber da música nordestina, era música de subdesenvolvimento. Mas, por causa da música de Gonzaga, o Nordeste mudou a cara”, ressalta Onildo.

O pequeno gigante Onildo Almeida é tão fenomenal quanto Zé Dantas, Humberto Teixeira e João Silva, o trio de ouro das melhores composições de Gonzagão. “A feira de Caruaru”, em 1957, vendeu, entre março e maio daquele ano, 100 mil cópias, configurando o primeiro grande recorde musical do Nordeste.

No mesmo ano, Onildo gravou o primeiro de seus dois discos na Mocambo, interpretando de sua autoria “A feira de Caruaru nº 2” e o xote “Casamento antigo”. Em 1960, a cantora Marinês gravou, de sua autoria, o xaxado “História de Lampião”.

Em 1961, a mesma cantora gravou dele e Jacinto Silva o coco “Gírias do Norte” e a moda de roda “Marinheiro”, de motivo popular, com arranjos dele. Em 1962, Marinês voltou a gravar composições de sua autoria: as modas de roda “Siriri, sirirá” e “Meu beija-flor”.

No mesmo ano, teve seu forró “Sanfoneiro Zé Tatu” gravado por Luiz Gonzaga. Gravou também no mesmo período, de sua autoria, os baiões “Zé Dantas”, em homenagem ao famoso compositor, falecido naquela ocasião, e “Vaquejada”. Em 1967, gravou, de sua parceria com Luiz Queiroga, “Hora do adeus” no LP “Óia eu aqui de novo”.

Em 1970, no LP “Sertão 70”, Luiz Gonzaga gravou o “Xote de saiote”. Em 1973, no LP “O fole roncou”, Luiz Gonzaga gravou, de Onildo e Janduhy Filizola, músico do Quinteto Violado, a composição “Cidadão de Caruaru”. Em 1974, compôs com Luiz Gonzaga “É sem querer”. Em 1978, teve sua composição “Onde o Nordeste garoa” gravada por Luiz Gonzaga no disco “Dengo maior”.

Em 1980, compôs com Luiz Gonzaga “Lá vai pitomba”. Em 1983 teve a música “Saudade de você” gravada por Jorge de Altinho e “Sai do sereno” por Dominguinhos. Em 1984, compôs com Luiz Gonzaga “Regresso do rei”. No mesmo ano, Jorge de Altinho gravou “Lamento”.

Em 1985, mais uma de suas parcerias com Luiz Gonzaga, “Sanfoneiro macho”, deu nome ao disco do Rei do Baião naquele ano. Em 1987, a cantora Marinês gravou no LP “Balaio de paixão” um pot-pourri com suas composições “E tará-rá-rá”, “Minha açucena” e “Meu benzim”.

No mesmo ano, Jorge de Altinho gravou “Sem você”. O Trio Nordestino obteve grande sucesso com a composição “Amor pra te dar”, parceria de Onildo e Agripino Aroeira. Em 1994, sua composição “A volta do regresso”, com Irandir Costa foi gravada pelo cantor Falcão no disco “Dinheiro não é tudo, mas é cem”.

Em 2001, teve a composição “ABC do amor” gravada por Flávio José. Com 543 composições gravadas, tendo sua composição “A feira de Caruaru” registro de gravações em 34 países, desde o final dos anos 1990, Onildo passou também a atuar como empresário, assumindo a posse e o comando da Rádio Cultura de Caruaru. Em 2006, completando 50 anos de gravação, “A feira de Caruaru” foi gravada no Japão, cantada na língua daquele país.

Em 2011, foi lançada uma coletânea, pela Star Music, com 23 músicas de sua autoria interpretadas por Luiz Gonzaga, em anos variados. As suas canções gravadas foram: “A feira de Caruaru”, “Capital do agreste” (c/ N. Barbalho), “Sanfoneiro Zé Tatu”, “Cidadão de Caruaru” (c/ Janduhy Finizola), “regresso do Rei” (c/ Luiz Gonzaga), “Hora do Adeus” (c/ Luiz Queiroga), “Zé Dantas”, “Só Xote”, “Queimando lenha”, “Tei-Tei no arraiá”, “Sanfoneiro macho” (c/ Luiz Gonzaga), “Tá bom demais”, “Lá vai Pitomba”, “Xote do saiote”, “Bom pra uns” (c/ Juarez Santiago), “Onde o nordeste garôa”, “É noite de São João”, “Meninas do grotão”, “É sem querer” (c/ Luiz Gonzaga), “Aboios” (c/ Luiz Gonzaga), “A feira de Caruaru (ao vivo)”, “Renascença” e “Aproveita gente”.

Foi na rádio em que trabalhava que Onildo Almeida conheceu e se tornou amigo de Luiz Gonzaga. O pernambucano de Exu foi um dos maiores divulgadores do trabalho do músico caruaruense. Em 2021, Onildo recebeu uma bela homenagem dos seus conterrâneos pelo conjunto da sua obra: Patrimônio Vivo de Caruaru, iniciativa da Fundação de Cultura do berço de Vitalino.

Saiba quais foram os dez carros usados mais procurados em 2024 no Brasil

A Webmotors, portal de negócios do segmento automotivo, acaba de revelar que o Honda Civic foi o carro mais procurado do Brasil em 2024. A informação faz parte de um levantamento inédito para apontar os 10 modelos de automóveis mais buscados do ano pelos usuários da plataforma em todo o país. Segundo o levantamento, o clássico da Honda recebeu 4,5% do total de visitas de usuários da plataforma entre janeiro e dezembro de 2024. O ranking é seguido pelo Toyota Corolla (3,7%) e Chevrolet Onix (2,8%), por exemplo (veja, abaixo, o top 10).

“É interessante observar que os modelos de entrada, como Onix, HB20, Gol e Polo seguem mantendo sua força no mercado brasileiro. No entanto, os dois modelos mais procurados no país em 2024 foram Civic e Corolla. Isso indica que a escolha de compra do brasileiro tem em grande parte o preço como influência, mas também considera atributos, como espaço, conforto, design e desempenho”, observa Eduardo Jurcevic, CEO da Webmotors. No portal da Mobiauto, o campeão de procura foi outro: mesmo tendo saído de linha em 2022, o Volkswagen Gol continua sendo bastante desejado por quem pretende comprar ou trocar de carro. O hatch foi o modelo mais buscado na plataforma por clientes nas cinco regiões do Brasil em janeiro de 2025. Atrás do Gol na preferência dos consumidores, o Chevrolet Onix — que ocupa a vice-liderança nas buscas nas regiões Sudeste e Sul. O Fiat Palio, por sua vez, é o segundo modelo mais procurado no Nordeste e no Norte do país.

Na região Centro-Oeste, a segunda posição no ranking de buscas por modelo é ocupada pelo Volkswagen Voyage. O posto de terceiro carro mais procurado pelos consumidores se repete somente nas regiões Nordeste e Norte, com o Hyundai HB20. No Centro-Oeste, região do agronegócio, a Fiat Strada foi o terceiro modelo mais procurado. Mesmo fora de linha, os veteranos Fiat Uno e Chevrolet Celta ocupam a terceira posição nas buscas no Sudeste e no Sul, respectivamente.

Os carros mais buscados em 2024 no Brasil na Webmotors

  1. Honda Civic
  2. Toyota Corolla
  3. Chevrolet Onix
  4. Honda HR-V
  5. Hyundai HB20
  6. Volkswagen Gol
  7. Volkswagen Polo
  8. Jeep Compass
  9. Honda Fit
  10. Volkswagen Jetta

Má gestão de frotas e os gastos com pneus – Os pneus de uma frota carregam muito mais do que o peso dos veículos. Eles representam 8% dos custos totais de uma frota, ficando atrás apenas de combustível e manutenção, segundo o sindicato das empresas de transportes de carga de São Paulo. Porém, algumas empresas do setor relatam que os gastos com esse item podem chegar até 20% – se houver má gestão da frota. Com esse impacto financeiro e a segurança em jogo, fica claro que a gestão eficiente dos pneus é mais que necessária. “Ela é capaz de prolongar sua durabilidade e reduzir custos, além de garantir mais segurança nas estradas”, diz Paulo Raymundi, CEO da Gestran, desenvolvedora de soluções tecnológicas para a gestão de frotas. Segundo ele, pneus desgastados perdem aderência e tornam o veículo mais propenso à aquaplanagem, elevando o risco de acidentes.

Dados do Datasus mostram que os acidentes de transporte terrestre causam cerca de 45 mil mortes por ano no Brasil. Isso sem contar que também elevam o consumo de combustível, já que o motor precisa trabalhar mais. Dessa forma, tecnologias que automatizam e simplificam a gestão de frotas surgem como uma aliada estratégica. “Tradicionalmente, a administração de frotas era feita manualmente, com pouca visibilidade e controle. Hoje, existem soluções inovadoras que realizam leituras detalhadas, avaliando a profundidade dos sulcos e níveis de calibragem, permitindo a identificação de desgastes, falhas potenciais e a necessidade de substituição”, diz Raymundi, sobre a Pneufit, solução recém-desenvolvida pela Gestran. Ele diz que o software de gestão de pneus pode gerar uma economia de até 25% nos custos operacionais relacionados à frota, ao otimizar processos como controle de desgaste, recapagens e monitoramento da pressão dos pneus, garantindo maior durabilidade e eficiência no uso dos recursos.

Toro ganha versões a diesel – A Fiat trouxe na linha 2025 uma boa opção para os consumidores fãs da picape Toro: a Volcano e a Ranch, ambas no patamar mais alto de equipamentos e preços, passam a ser equipadas com um novo motor diesel. É o mesmo 2.2 turbo usado na Ram Rampage. Os engenheiros dizem que agora ele passa a ter 200cv de potência e 45,9kgfm de torque, um ganho de 18% no primeiro e de 29% no segundo (o anterior tinha 170cv e 35,7kgfm). Este incremento garante maior desempenho em todos os tipos de terrenos. E ainda pode andar a 120km/h em uma rotação abaixo de 1500 rpm. A mudança, que deve se estender a modelos da Jeep, outra marca da Stellantis, foi motivada pelas novas regras de emissão e consumo – que, este ano, estão bem mais rigorosas. Dados como preço e consumo não foram divulgados.

Kicks Play chega com novidades – O SUV da Nissan, que no ano passado bateu seu recorde histórico de vendas, com crescimento de 19%, passa a ter sobrenome: Play. Produzido em Resende, no estado do Rio, o agora Kicks Play chega em fevereiro aos concessionários da marca. Essa nova estratégia, que será adotada gradativamente durante 2025, faz com que a linha passe a ter três versões: Active Plus, Sense e Advance Plus. Os preços não foram divulgados. Todas, externamente, passam a ter sobrenome Play identificado no lado esquerdo inferior da tampa do porta-malas, embaixo do nome do modelo.

Adequado à nova legislação Proconve L8, que entrou em vigor em janeiro, o motor 1.6 16V do Nissan Kicks Play desenvolve até 113cv de potência. A mudança é só uma preparação, na verdade, para a chegada da nova geração do modelo – maior e mais caro e que deve conviver junto ao antigo. Os compradores (pessoas físicas) da família Play vão ganhar, sem custos, um ano de assinatura do serviço de streaming de áudio da Amazon Music, no plano Unlimited. Disponível para iOS, Android e na web, o serviço oferece mais de 100 milhões de músicas de diferentes estilos e a possibilidade de se ouvir podcasts variado.

Os 100 anos da GM: as novidades do centenário – A General Motors está festejando os 100 anos de Brasil. Claro que, para marcar a data, viria algo por aí. Pois bem: é uma série especial com os modelos Onix hatch, Tracker e S10. É um modelo cada – de fábricas diferentes, para públicos diferentes, preços idem… “Mostramos a relevância que cada um deles representa para o mercado nacional”, diz Paula Saiani, diretora de Marketing de Produto da GM América do Sul. Os veículos da série especial terão lotes limitados e serão lançados ao longo do ano, em momentos distintos. Todos com cores diferenciadas e elementos exclusivos, como de acabamento. A primeira a chegar será a S10, com customizações, como a suspensão e os pneus especiais. A marca também promete cinco lançamentos para este ano.

A Leapmotor no Brasil – E vem aí a chinesa Leapmotor, a 15ª marca de veículos da gigante Stellantis em todo o mundo. No Brasil, ela não terá somente opções elétricas, segundo garantiu recentemente Emanuele Cappellano, o chefão da empresa. Lá na China, a marca produz modelos a gasolina e híbridos, mas deve trazer apenas híbridos e elétricos. Não há data definida para a chegada da Leapmotor, mas certamente será este ano.

Venda de leves cresce em janeiro – Os brasileiros continuam apostando no transporte individual. Em janeiro, por exemplo, foram vendidos diariamente 7,2 mil carros – num total de 158,3 emplacamentos, um aumento de 4,2% sobre janeiro do ano passado. Os eletrificados continuam ter bom mercado, com um crescimento de 35% nesta mesma comparação. As marcas chinesas, claro, se destacaram, aumentando a participação no mercado de veículos leves para 8,8%.

Bajaj inaugura três concessionárias no Nordeste – O grupo indiano Bajaj, com 40 empresas e 36 mil funcionários e terceira maior fabricante de motocicletas do mundo, abriu mais três concessionárias no Nordeste. Elas estão nas cidades de Arapiraca (AL), Feira de Santana (BA) e João Pessoa (PB). Com isso, a Bajaj do Brasil passa a ter 9 endereços na região – e 36 em todo o Brasil. “O Nordeste é uma das regiões onde a moto desempenha um papel social muito importante, sendo muitas vezes, além de um meio transporte, um instrumento de trabalho e geração de renda”, diz Waldyr Ferreira, Managing Director da Bajaj do Brasil.

O carro e o verão: como protegê-lo? – Em temporadas de verão no Brasil, a combinação de praia, sol e mar pode ser excelente para quem está de férias ou quer aproveitar as altas temperaturas. No entanto, para quem tem carro, é preciso redobrar os cuidados para evitar danos causados pelo calor extremo e raios ultravioletas (UV). Marco Lisboa, CEO e fundador da KoalaCar, microfranquia de limpeza a seco de automóveis, separou cinco dicas:

  1. Vidros – Eles, especialmente o para-brisa, podem ser afetados pela radiação UV o ano todo, mas no verão o risco é ainda maior. Com o tempo, essa exposição pode comprometer a visibilidade, causando manchas e opacidade no vidro. O ideal é estacionar sempre na sombra – mas, se não for possível, use capas ou cubra o carro em estacionamentos abertos. Outra opção é fazer a cristalização da pintura, que traz de volta o brilho da lataria e remove micro riscos, ocasionando uma proteção duradoura contra os efeitos adversos do tempo. “Esses cuidados não só prolongam a vida útil dos componentes, como também ajudam a manter a estética do carro em boas condições”, diz o CEO da KoalaCar.
  2. Partes plásticas – Os componentes plásticos e emborrachados, como os para-choques e as borrachas das janelas, são mais vulneráveis à radiação. O sol pode ressecar e rachar essas partes, comprometendo sua integridade e causando problemas como infiltrações de água. “A exposição do veículo ao Sol e à chuva podem provocar esse problema. É possível recuperar por meio de um produto que faz a revitalização de plásticos, trazendo mais vida e um visual mais atraente às peças que vão se desbotando ao longo do tempo”, explica Marco.
  3. Pintura – A exposição excessiva à radiação UV também pode causar o desbotamento da coloração da pintura, deixando-o com uma aparência opaca e envelhecida. Além disso, pode acelerar o processo de oxidação da cor, o que leva a manchas e corrosão. “É possível encontrar no mercado uma super cera que cria uma película de proteção sobre a lataria, vedando os microporos da pintura. Isso leva a menos danos provocados pelos raios solares e é ideal para quem tem o hábito de deixar o carro estacionado no sol o dia inteiro. Para quem já está com a tintura do veículo prejudicada, é possível fazer o polimento para reavivar a cor e o brilho da lataria, eliminando riscos”, diz o CEO da KoalaCar.
  4. Interior – É outra parte que pode ser prejudicada com a exposição dos raios UV, especialmente em dias quentes. Bancos de couro podem ressecar e rachar – e os de tecido, desbotar. Além disso, o painel corre o risco de  perder sua cor e apresentar rachaduras. As películas de proteção solar podem ser soluções para essas questões, pois bloqueiam essa radiação, protegem o interior do carro e regulam a temperatura interna.
  5. Protetores – As películas solares são essenciais, principalmente em épocas de muito calor. Elas bloqueiam uma parte significativa dos raios UV, mantendo o interior mais fresco. Já os protetores de pára-brisa, que são aqueles refletores que ficam dentro do carro, evitam o superaquecimento do painel, do volante e protegem os vidros das altas temperaturas.

Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico 

Do jornal O Globo

Deputados governistas criticaram a fala do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), desta sexta-feira, quando disse que os atos de violência contra os prédios dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023 não foram uma tentativa de golpe, mas atitudes de “vândalos” e “baderneiros”. Petistas consideraram a fala “ruim” e um “verdadeiro absurdo”.

Em entrevista à rádio Arapuan FM, de João Pessoa, Motta afirmou que 8 de janeiro não teve um líder nem apoio de instituições interessadas para que pudesse chamar de golpe.

— Negar a tentativa de golpe de 8 de janeiro é um verdadeiro absurdo depois de tantas provas obtidas na CPI do Congresso e nas investigações do STF. Enquanto ficarmos passando o pano em golpistas vamos continuar vivendo sob ameaças — disse o deputado Carlos Zaratini (PT-SP).

A base do governo, no entanto, nega que isso vá gerar uma crise entre Motta e apoiadores de Lula. Apesar das críticas, os petistas naturalizaram a fala do presidente da Câmara, já que o parlamentar pertence ao centrão e foi eleito com votos da oposição.

— É o jeito dele, ele foi eleito com os dois lados. Ele vai ficar sempre fazendo uma mediação. Ele está em um processo de construção coletiva. O importante é ele trabalhar pelos projetos do governo — avaliou o deputado Jilmar Tatto (PT-SP).

Os petistas, porém, disseram que será necessária uma atenção redobrada com os passos de Motta para ver se a postura irá se materializar em um apoio ao projeto de lei de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro.

Aliados de Motta, de partidos do Centrão, defenderam que o presidente da Câmara tem direito a opinião, concordam que os atos se trataram apenas de “vandalismo”, mas negaram que isso signifique um avanço para o projeto de lei da anistia. Eles ponderam que a pauta é polêmica e que julgamentos cabem ao judiciário, mesmo que as penas estejam desproporcionais.

Já o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), viu na fala de Motta uma sinalização a favor da proposta que livra os condenados pelo ato contra os três poderes.

— Acho que a declaração dele pavimenta para que possamos pautar em breve o PL da Anistia. O Hugo está demonstrando ser um presidente com convicções com opiniões próprias, eu concordo com tudo o que ele falou sobre o 8 de janeiro, aquilo nunca foi golpe. Assim como impeachment da Dilma também não foi golpe. Para a esquerda tudo é golpe — disse.

Do jornal O Globo

Uma operação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 18 trabalhadores indígenas em condições análogas à escravidão em um alojamento em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. A maioria dos trabalhadores eram da reserva indígena Kaingang, de Benjamin Constant do Sul (RS), e haviam sido contratados por uma empresa terceirizada para a colheita da uva na serra gaúcha.

Foram identificados doze homens e seis mulheres, com idades entre 17 e 67 anos, alguns deles não alfabetizados. No alojamento havia ainda um bebê e uma criança de cinco anos, filhos de trabalhadores.

Segundo o MTE, o grupo estava em um galpão de madeira com canchas de bocha pertencente a uma associação, sem piso adequado, paredes seguras ou cobertura em boas condições. No espaço não havia camas, e os trabalhadores dormiam em colchões espalhados pelo chão.

Condições precárias e falsas promessas

De acordo com o ministério, os trabalhadores chegaram ao local no dia 7 de janeiro com a promessa de início imediato na colheita da uva, carteira assinada e pagamento de diárias de R$ 150, além de alimentação e moradia.

Um dos produtores rurais que contratou a empresa terceirizada garantiu que os trabalhadores estavam devidamente registrados, o que parecia coerente para eles por terem feito os exames médicos admissionais. Mas o registro nunca foi efetivado, uma irregularidade descoberta somente após a dispensa, e as diárias só foram pagas em 20 de janeiro.

Segundo a equipe de fiscalização, os trabalhadores foram contratados e levados a Bento Gonçalves antes que tivesse início a safra no local. A ideia era impedir que eles buscassem trabalho na colheita da maçã. Com a promessa de emprego durante toda a safra da uva, eles foram enganados e dispensados após quase um mês à disposição do empregador, tendo trabalhado apenas em algumas diárias.

Os auditores-fiscais também identificaram a venda de itens que deveriam ser fornecidos gratuitamente aos trabalhadores, como papel higiênico, e ainda por preços superiores aos do mercado.

Terceiro resgate em 2025

A empresa prestadora de serviços foi notificada para quitar os valores pendentes e arcar com o retorno dos trabalhadores às suas cidades de origem. No último dia 6, dez trabalhadores voltaram para casa com parte dos pagamentos e as passagens custeadas pelos contratantes, que ainda têm a obrigação de quitar integralmente os créditos trabalhistas de 18 trabalhadores até a próxima semana.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ainda emitirá o seguro-desemprego especial para os trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão, garantindo o recebimento de três parcelas no valor de um salário-mínimo cada.

Este foi o terceiro resgate realizado durante a safra da uva em 2025. No dia 28 de janeiro, Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, quatro trabalhadores argentinos foram resgatados em São Marcos (RS). Poucos dias depois, em 2 de fevereiro, outros nove argentinos foram encontrados em condições análogas à escravidão em Flores da Cunha (RS).