Santa Paulina do Coração Agonizante do BR, rogai por nós!

Por José Adalbertovsky Ribeiro, periodista, escritor e quase poeta

MONTANHAS DA JAQUEIRA – Milagre é efeito sem causa, dizem os manuais científicos. Existem os milagres de fé, os milagres relativos e os milagres tipo falsiê, ou milagres fake, no dizer atual. Atribui-se ao pecador Delfim Neto o milagre econômico brasileiro da década de 1970. Ele seria quase uma Santa Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, uma Irmã Dulce.

Vou tentar resumir em poucas letras o milagre delfiniano em economia. Década de 1970, indústria automobilística em expansão, os petrodólares davam no meio da canela no mercado financeiro. “Vamos abrir a porta da esperança. Quem quer petrodólares?”, diriam os árabes no programa de Sílvio Santos. Poderoso ministro civil da Fazenda de 1967 a 1974, Delfim Neto pegou na palavra. Botou os bilhões de petrodólares no bolso e levou para o ministério.

Naqueles tempos o País era muito carente de infraestrutura (ainda hoje é, em menor escala). Com a dinheirama de bilhões de petrodólares, foram construídas hidrelétricas, pontes, rodovias, saneamento básico. Entre as obras mais simbólicas temos a ponte Rio-Niterói (13 km), a hidrelétrica binacional de Itaipu, Usinas do Xingu, de Belo Monte, no Pará, pintou até uma grana para a SUDENE e para Suape. No período de 1968 a 1973 o PIB do País cresceu de 8 % até 14 %. Eis o milagre.

Com estas obras, a infraestrutura de Pindorama deu um salto olímpico. Na década de 1970 aconteceu também uma expressiva mobilidade social. Jovens de classe média e de classe média baixa, graduados na maioria em universidades públicas, eram logo absorvidos no mercado de trabalho. Chesf, SUDENE, Banco do Brasil, Petrobras abriam as portas para a juventude. A atual geração de 60, 70 e 80 anos comprova essa realidade.

As super obras de infraestrutura mudaram a face de Pindorama. Mas, existem sempre outras faces, a vida é um caleidoscópio. Os sem face do Norte e Nordeste continuaram no atraso. No campo político, jovens da ultraesquerda, inspirados no ideário da “revolução” de Cuba, então em voga, migraram para a clandestinidade e promoveram a luta armada contra o regime. O líder comunista Carlos Prestes era contra a aventura armada. Aconteceu a guerrilha do Araguaia, uma batalha suicida.

Sob a égide do aterrorizante AI-5, o governo desencadeou repressão feroz contra as esquerdas. Houve torturas, mortes, censura, cassações, o clima das ditaduras. Impossível ao exército de Branca Leone tupiniquim enfrentar as forças oficiais superaparelhadas.

Em 1973, no governo Geisel, em meio à revolução islâmica no Irã, guerras em Israel e no mundo árabe, pipocou a crise do petróleo. O preço do barril do óleo pulou de 2,90 para 11,65 dólares. A crise abalou as economias mundiais. O óleo negro chegou a valer 90 dólares o barril. Acabou-se o que era doce. O ex-ministro passou a ser chamado de gordinho sinistro.

Deste então este reino de Pindorama navega na mediocridade, recessão e corrupção. Santa Madre Paulina do Coração Agonizante do Brazil, rogai por nós!

Por Dirac Cordeiro*

As desigualdades oriundas do rendimento de cada indivíduo induzem a divisão do espaço urbano em camadas de população, onde as menos favorecidas habitarão cada vez mais longe dos grandes polos de vida urbana, onde há mais oferta de empregos, serviços, comércio e diversões. Essas regiões habitacionais são mal equipadas em infraestruturas de transporte, onde as desigualdades de grau de motorização conduzem a um claro e evidente desnível de possibilidades de deslocamentos.

Os serviços oferecidos pelo sistema e mostrados em diversas mídias e reportagens de jornais estão longe de ser atraentes para o usuário do transporte individual, com índices de ocupação nas horas de pico acima de qualquer expectativa, chegando em muitas cidades brasileiras a cerca de 150% da capacidade ofertada. O índice de acessibilidade atual do sistema situa-se muito aquém ao do veículo particular, significando em média viagens com os tempos de duração sempre muito superiores ao tempo gasto pelo automóvel.

Decisão ímpar foram os vultosos investimentos alocados pelo Governo do Estado na infraestrutura de transporte da RMR, através de novos corredores exclusivos, estações de transferências de primeiro mundo, terminais de integração e novas tecnologias (nunca se investiu tanto em infraestrutura de transporte como nos últimos 20 anos).

As contradições citadas só poderão ser atenuadas a médio e longo prazos, por meio de uma nova política de uso e ocupação do solo, onde haja um rigoroso compromisso para a utilização dos transportes coletivos. O déficit cada vez maior de vagas de estacionamento conduz a uma ampla ocupação das vias, restringindo a superfície viária, com nítido prejuízo para o transporte coletivo.

Lembramos que os ônibus são menos poluidores que os veículos individuais e a sua taxa de ocupação é significativamente superior à do automóvel. A continuar a tendência que vem sendo observada de transferência residencial urbana para a periferia, sem que haja uma aproximação correspondente das zonas de empregos, de serviços, comércio e diversões, os alongamentos e criações de novas linhas serão obrigatórios, aumentando, assim, os deslocamentos motorizados, o que contribuirá para o aumento dos fluxos nas vias que, no centro urbano, já atingiram a total saturação.

A impossibilidade de modificação da superfície viária nos centros, não só pelo elevadíssimo custo do solo, como também pela preservação das características arquitetônicas da cidade, faz ressaltar de forma imperativa a necessidade de priorizar o transporte coletivo. Sendo assim, impõe-se estabelecer uma maior dinâmica ocupacional dos prédios atualmente abandonados no centro das cidades;  que hoje funcionam como “verdadeiras sucatas prediais” para drogas e viciados.

Doutor em Engenharia de Transporte*
dmc@poli.br

Por Cláudio Soares*

A gestão da governadora Raquel Lyra tem sido alvo de severas críticas desde o início de seu mandato. A análise dos primeiros meses revela uma série de erros administrativos e decisões controversas que têm impactado negativamente a imagem e a eficácia de seu governo.

Desde a montagem de sua equipe, Raquel enfrentou críticas sobre a escolha de seus colaboradores. A falta de alinhamento e a aparente falta de experiência de alguns membros têm gerado preocupações sobre a capacidade da administração em enfrentar os desafios complexos do Estado.

Na área da saúde, educação e segurança pública, decisões precipitadas e mal planejadas têm comprometido serviços essenciais, deixando a população desamparada e frustrada.

A articulação política com a Assembleia Legislativa tem sido outro ponto fraco da administração. A falta de diálogo e negociações eficazes com os legisladores resultou em um cenário político tenso e instável.

Além disso, o trato com prefeitos e lideranças políticas tem sido criticado pela falta de coordenação e apoio, afetando a implementação de políticas públicas em todo o estado.

A área da comunicação do governo também tem sido alvo de críticas. A falta de uma estratégia clara e eficaz para transmitir informações e justificar decisões tem gerado confusão e desconfiança entre a população.

Na infraestrutura, a situação é igualmente preocupante. As estradas esburacadas do sertão são um exemplo claro da negligência em questões fundamentais que afetam diretamente a qualidade de vida dos cidadãos.

Os desafios enfrentados pelo governo Lyra são evidentes na pesquisa divulgada no último sábado (10), que reflete um descontentamento crescente entre a população.

A avaliação negativa da administração é um testemunho ocular da crise enfrentada pela governadora, que parece estar longe de reverter a situação.

O governo de Raquel Lyra, que começou com promessas de mudança e progresso, tem enfrentado uma série de dificuldades que comprometem a confiança pública e a eficácia administrativa.

A falta de uma estratégia coesa e a gestão inadequada em várias áreas têm colocado a administração em uma posição difícil, levando muitos a questionarem a viabilidade de um mandato que já é amplamente considerado um fracasso.

Se a governadora não conseguir reverter rapidamente o curso de sua administração, os desafios enfrentados podem se transformar em obstáculos insuperáveis, perpetuando a visão de um governo marcado por erros e ineficácia.

Advogado e jornalista*

Por José Adalbertovsky Ribeiro, periodista, escritor e quase poeta

MONTANHAS DA JAQUEIRA – O petróleo é uma droga alucinógena da pesada. Produz delírios de poder. A PDVSA funciona como uma imensa Cracolândia venezuelana para atender aos viciados em drogas derivadas do óleo de pedra O ditador Nicolas Maduro se embriaga com petróleo, cheira pedras de petróleo e injeta o óleo de pedra nas veias. O coração e o sangue do ditador são pretos feito carvão. O intestino do miserável possui um cano de escape que produz o efeito estuda no meio ambiente. Em seus delírios de poder, quer invadir a província de Essequibo para consumir mais drogas petrolíferas.

Os capachos da ditadura fazem fila na PDVSA para consumir as drogas derivadas do óleo negro. O refino de drogas na Cracolândia da Venezuela trabalha a todos os vapores malignos.

Os moradores de rua que frequentam a Cracolândia em São Paulo fumam as pedrinhas apenas com fins recreativos, para tirar uma onda. Merecem tratamento médico e compaixão humana. O padre esquerdista trata os maconheiros e viciados em crack com amor e carinho, e também com verbas das ONGs.

A Venezuela hoje é uma república quase chinesa sustentada pelos dólares da Rota da Seda. Falar em República Bolivariana significa ultrajar a memória do general Simon Bolívar, um guerreiro em prol da libertação da América da colonização espanhola. A pacificação da República venezuelana chinesa passa pelas mãos do ditador Xi Jinping e pela Praça da Paz Celestial de Pequim.

O energúmeno Maduro assinou uma penca de acordos bilionários com o Império da China para tentar a permanência no poder. Os acordos fazem parte das trilhas da nova Rota da Seda. Os exames de laboratório revelam que nas atuais CNTP – Condições Naturais de Temperatura e Pressão -será impossível pacificar a Venezuela e soerguer a economia para cumprir os acordos. Quem vier depois de Maduro irá honrar os contratos, eu juro por Buda.

O infeliz Maduro deverá ser castrado por um veterinário para que não se reproduzam novos Madurinhos e seja dedetizado o País. Os sanguessugas terão que arranjar outra lavagem de roupa.

O anão diplomático do Itamaraty, vermelho até a massa cinzenta do cérebro, faz vista grossa diante das fraudes e perseguições maduristas aos opositores, e trabalha em favor da ditadura. De tal modo cumpre a pauta de ultraesquerda do Foro de São Paulo, do qual o guru da seita do cordão encarnado é um dos fundadores, ao lado do energúmeno Fidel Castro, com licença da palavra.

A Cracolândia madurista está dando um salto mortal olimpíadas paraolímpicas da tirania e da fraude. Foi proclamada campeã inconteste na América do Sul. Ditaduras de direita são biodegradáveis. Desde Pinochet na década de 1970 já caíram todas na América Latina.

Ora, direis, comunismo é fantasma do passado. Eu vos direi: eles se fazem de defunto pra pegar o coveiro. Comunismo é um vírus mutante. Que tal os regimes da Nicarágua, Coreia do Norte, Cuba e Venezuela? Arriba, galera!

*Por Antonio Lavareda para o Jornal O Globo

Se um orador em qualquer auditório perguntar à plateia se acha necessário mudar a política, quase todos os braços se levantarão. De esquerda, centro e direita. Os dois ou três reticentes serão certamente de cientistas políticos “nefelibatas”, como diria Fernando Henrique Cardoso, que, de pronto, arguirão o óbvio — essa insatisfação é generalizada no mundo. O que não deveria, contudo, fazê-los desconhecer o diferencial de intensidade dos problemas daqui e ignorar os sinais do abismo à frente.

As disfunções do nosso sistema político são variadas. Por ora, foquemos de um lado no “presidencialismo esgotado”; de outro, na “representação sem fidúcia”, para os quais há diversos indicadores, mas por economia de espaço abordo apenas dois.

Abstraindo-se qualquer etiologia, examinemos o que denomino “taxa de sinistralidade” dos presidentes eleitos na 4ª e na 6ª Repúblicas — a do Pós-Guerra e a atual —, deixando-se de lado as demais por terem escassa ou nenhuma conformação democrática. E apenas dos titulares, valendo para a análise o período dos mandatos e eventuais ocorrências dele derivadas. Na primeira fase, dos quatro presidentes, dois exercícios foram encerrados dramaticamente: Getúlio Vargas (1954) suicidou-se, e Jânio Quadros (1961) renunciou. Cinquenta por cento de sinistralidade. Na Nova República, independentemente das reeleições, foram até agora cinco personagens, dos quais quatro amargaram problemas graves. Fernando Collor sofreu impeachment (1992); Dilma Rousseff também (2016); Lula foi preso (2018) e declarado inelegível (o que seria depois revertido); e Jair Bolsonaro foi tornado inelegível (2023) sem ainda ter sido preso. Quatro em cinco. A taxa sobe para 80%. A que montante queremos chegar?

Quanto à representação sem fidúcia, para prová-la basta um número. Axiomaticamente, confiança supõe conhecimento, mínimo que seja. Inexiste, se eu não me lembro sequer do representante que escolhi. Em setembro de 2023, menos de um ano depois da eleição dos atuais deputados federais, questionados pelo Ipec se lembravam o nome daquele/a em quem haviam votado, apenas 29% disseram que sim. E é legítimo supor que esse baixíssimo registro ainda diminuiria caso fosse indagado e conferido o candidato sufragam

Sendo inequívoco o impacto da governança que um sistema político propicia sobre a performance da sociedade, os dados que O GLOBO trouxe em editorial de 23/6/2024 são um veredito condenatório. Calculou quanto cresceu ao ano a renda per capita entre 2010 e 2023 — período interessante porque por ele passaram governos de todo o espectro ideológico —, chegando à cifra de 0,2%. E projetou o momento em que dobraríamos o padrão de vida, imprescindível para arrancar o país da pobreza que aflige grande parte da população. A conclusão, estarrecedora, é que isso se daria no distante ano de 2368.

Alguém lembrará que até aqui o Judiciário não foi citado. É verdade e é deliberado, independentemente da obviedade de que esse Poder também precisa mudar. Presidentes escolhem os juízes da Suprema Corte, que são confirmados ou não pelo Senado. Não é mudando o Judiciário que se muda o padrão de governação e de representação. O roteiro é o inverso.

E quais as mudanças possíveis? Quanto ao regime, um sem-número de vozes já diagnosticou a inevitabilidade de avançarmos na direção de um sistema misto. Mais francês ou mais português, o que seja. Entre nós, na ausência de um monarca, é enraizada a ideia da legitimação do poder pela escolha direta. Lá atrás, isso justificou as duas primeiras eleições nacionais — para a Regência Una (1835 e 1838). No século passado, essa preferência seria confirmada nos plebiscitos de 1963 e 1993. Não retrocedendo à captura do Orçamento pelo Parlamento, caberá adotar a convivência entre um presidente chefe de Estado e um chefe de governo escolhido pelo Congresso. Se é expressivo o agregado de líderes políticos e de intelectuais que apostam nisso, diminui bastante o daqueles que se ocupam do esforço de superação da representação sem fidúcia, que exige mudança no sistema eleitoral. Mas não será possível termos o primeiro-ministro e o gabinete parlamentar toleráveis aos olhos da sociedade com os partidos “hidropônicos” que temos hoje.

*Presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), é professor colaborador da pós-graduação em ciência política da UFPE e presidente de honra da Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais. Este artigo é uma síntese da palestra na mesa “Reforma política” no 14º Encontro da Associação Brasileira de Ciência Política ABCP/CDESS

Por Maurício Rands *

Tamires, jogadora do nosso handebol feminino, mostrou que o espírito olímpico vai além das disputas por medalhas e recordes. No jogo entre Brasil x Angola, no sábado, ela carregou nos braços a adversária Albertina Kassoma, que sentira uma lesão e não conseguia deixar a quadra para ser socorrida. Na disputa de equipes de judô pelo bronze, o brasileiro Leonardo Gonçalves toca no olho do italiano Pirelli sem querer e pede desculpas verdadeiras. Nessa mesma disputa, chamou a atenção a cena em que os italianos consolam a jovem colega de equipe de apenas 19 anos que, ao perder para Rafaela Silva, concedeu o bronze para o Brasil. Essa é a beleza educativa do espírito olímpico. Raíssa Leal e as meninas do skate sabendo aplaudir as adversárias. A coesão interna e a alegria das meninas da ginástica artística. Bonito ver Rebeca Andrade e Simone Biles em diversas cenas e entrevistas externando admiração, companheirismo e respeito recíproco. 
As Olimpíadas de Paris estão reafirmando o empoderamento feminino  e a valorização da diversidade. Desde a cerimônia de abertura, mostraram que vieram para combater a misoginia e o racismo. Foi belo ver uma plateia de larga maioria branca aplaudindo efusivamente a nossa Bia Souza, uma jovem da periferia, pobre, negra, gordinha e fora dos padrões tradicionais de beleza. Plateias que aplaudiram a nossa Rebeca Andrade tornando-se a primeira brasileira com cinco medalhas em olimpíadas. E que festejaram os feitos dos nossos medalhistas Bia Souza (ouro, judô), Rebeca Andrade (prata, ginástica), Willian Lima (prata, judô), Caio Bonfim (prata, marcha atlética), Rayssa Leal (bronze, skate), Bia Ferreira (bronze, boxe), Flávia, Jade, Julia e Lorrane (bronze, equipe ginástica), Argelina (bronze, boxe), Larissa Pimenta (bronze, judô), Rafael Macedo, Rafaela Silva, Ketleyn Quadros e Leonardo Gonçalves (bronze, equipe judô).

Com os resultados oficiais até o meio-dia do domingo, o G-20 do quadro de medalhas era o seguinte: China: 18 ouros, 13 pratas e 9 bronzes; EUA: 14, 25 e 23; França: 12, 14 e 16; Austrália: 12, 8 e 7; Grã-Bretanha: 10, 10 e 14; Coréia: 10, 7 e 6; Japão: 8, 5 e 9; Itália, 6, 8 e 5; Holanda 6, 4 e 4; Alemanha: 5, 5 e 2; Canadá: 4, 4 e 8; Romênia, 3, 3 e 1; Hungria: 3, 2 e 2; Irlanda: 3 e 0; Nova Zelândia: 2, 4 e 1; Croácia: 2, 1 e 1; Bélgica: 2, 0 e 2; Hong Kong: 2, 0 e 2; Azerbaijão: 2, 0 e 0; Brasil: 1, 4 e 5. O Brasil em 20º lugar.

Pedi ao Chatgpt4 para simular um quadro de medalhas caso fossem dados peso 3 à medalha de ouro, peso 2 à de prata e peso 1 à de bronze. O resultado mudaria. Os EUA desbancariam a China na liderança. A Grã-Bretanha tomaria a 4ª posição da Austrália. A Alemanha passaria o Canadá no 10º lugar. O Brasil sairia da 20ª posição e saltaria para a 13ª  posição. Ultrapassaria Hungria, Nova Zelândia, Irlanda, Croácia, Bélgica, Hong Kong e Azerbaijão, que no oficial estavam à sua frente. 

As 10 medalhas nos emocionaram. Sabemos dos esforços e dos obstáculos que os nossos atletas têm que enfrentar. Muitas vezes competem em desvantagem, sem a mesma estrutura e apoio dos seus competidores. Com o respeito aos nossos atletas e o agradecimento pelo empenho e alguns resultados, não podemos deixar, todavia, de entrar no debate sobre a performance insuficiente do Brasil. Somos a 5ª maior população do planeta, o 5º território, a 10ª economia e temos uma população com muita diversidade vivendo num clima tropical. Não seria razoável esperar melhores resultados? Como lembrou-me o comunicador Geraldo Freire, o mesmo ocorre com grandes países como Índia, México, Espanha, Indonésia, Nigéria e África do Sul. Muitos apontam a ausência de políticas públicas mais efetivas para desenvolver nossos esportes olímpicos. Que deveriam começar pelas escolas. Públicas, mas também privadas. As confederações de cada esporte precisam de mais patrocínios do poder público e das empresas privadas. Que cada cidade se torne uma cidade olímpica: na estrutura, mas também no espírito. Faltam políticas públicas de apoio material, técnico e emocional aos nossos atletas. Não devemos continuar a valorizar quase que exclusivamente o futebol. Até porque o nosso futebol já não é mais a potência que foi um dia.

Ao lado disso, precisamos melhor desenvolver uma cultura de espírito olímpico. Cultivar a formação dos nossos atletas na disciplina, lealdade, equilíbrio e espírito coletivo. Em algumas ocasiões podemos ter deixado de vencer por fatores emocionais. Mas, quando tivemos equilíbrio emocional, fomos bem. Como na ginástica, que levou a dra. Lara para trabalhar o psicológico das nossas atletas. Precisamos de menos ufanismo e mais realismo. Tudo isso pode nos ajudar a ingressar no seleto time das grandes potências olímpicas. Para que estejamos mais perto do nosso potencial e das nossas características demográficas e econômicas. 

*Advogado, professor de Direito Constitucional da Unicap, PhD pela Universidade Oxford

Por José Adalbertovsky Ribeiro, periodista, escritor e quase poeta

Dedico este artigo ao meu colega, o gênio Luís de Camões, que anunciou no século 16 o advento do Novo Mundo

MONTANHAS DA JAQUEIRA – Os poetas Fernando Pessoa e Camões são irmãos dos rios e dos mares. Camões anunciou: “Cesse tudo que a musa antiga canta que um valor mais alto se alevanta”. Referia-se à era das navegações e o advento do Novo Mundo. Fernando Pessoa pegou na palavra: “Ensinam estas Quinas que aqui vês/ que o mar com fim será grego ou romano: o mar sem fim é português”.

Imortal da Academia Brasileira de Letras, José Paulo Cavalcanti Filho possui um fardão ornamentado com ramos de ouro e tecido com fios do bicho da seda. Os súditos perguntam: Vós sois rei? Doutor, me empresta este fardão para eu dar uma voltinha.

Com um escafandro à moda do fardão, ele mergulhou nos mares em busca das pérolas e dos tesouros do poeta da tabacaria e do Rio Tejo. Zé Paulo é um argonauta, na trilha dos gregos da Antiguidade. Assim, produziu o livro “Fernando Pessoa – Uma quase autobiografia”. Somos todos argonautas nos mares da vida.

Eis um inventário existencial do poeta, desde o primeiro gemido da criação, os gemidos da alma, os poemas, os amores, os desamores, sossegos e desassossegos, a infância, juventude, maturidade. Sua pátria Portugal, a família, a morte. “Um raio hoje deslumbrou-se de lucidez. Nasci. 13 de junho de 1888”. “Se, depois de eu morrer, quiserem escrever minha biografia, não há nada mais simples. Tem só duas datas — a da minha nascença e da minha morte. Entre uma e outra coisa todos os dias são meus”. Novembro de 1935: o último suspiro.

Num desses dias, Fernando Pessoa recitou, diante do mar, de homem para homem, um dos mais belos poemas da língua portuguesa: “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal. /Por te cruzarmos, quantas mães choraram,/ quantos filhos em vão rezaram! / Quantas noivas ficaram por casar para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena/ se a alma não é pequena”.

O bípede Zé Paulo hoje tem dois corações. O coração número zero 1 habita em sua tenda nesta cidade lendária de Recife, contempla o Capibaribe e abraça os caranguejos do mangue. O coração zero 2 atravessa a nado o Oceano Atlântico e vai conversar com os golfinhos do Rio Tejo.

Zé Paulo hoje é um recifense quase lusitano. Em sendo um José, é também um quase paraibano da terra de Zé Pereira, da República de Princesa, de Zé Lins do Rego, Zé Américo de Almeida, Zé Limeira e Zé Gomes-Jackson do Pandeiro. Eu sou um Zé pequenininho do tamanho de um pé de coentro da Serra da Borborema.

Se eu fosse um intelectual de muitos saberes; escreveria um tratado sobre o magistral Inventário do argonauta José Paulo. Mas, meu fôlego é curto e o espaço é exíguo. Registro apenas estas singelas notas. E recomendo a admirável biografia. Arriba, galera!

VENEZUELA, choramos por ela. Domingo brilharam, nas telas, os Jogos Olímpicos. Em Paris, depois do Recife, talvez, a mais bela cidade do mundo. Que só é o que é, bom lembrar, graças às relações entre um visionário ‒ o Barão Haussmann, prefeito do Sena, que redesenhou a cidade; com o apoio de Napoleão III (sobrinho do Bonaparte), eleito presidente em 1848 e depois ditador (em 1850) até 1870 ‒ quando foi para o exílio, em Chiselhurst, para morrer em 1873. Um estranho casamento entre o sonho e as baionetas.

Com a dupla, nasceram os grandes bosques (de Boulogne, de Vincennes), as Tuileries, o Palais Royal, as Gares (estações) de Trem (Lyon, du Nord), a Ópera Garnier, o Ettoile, hoje Place Charles de Gaulle (para onde convergem 12 avenidas). Houssmann desenhou ainda jardins e grandes avenidas, feitas pela demolição de quarteirões inteiros, de um lado a outro da cidade. Sem pagar nada. Segundo se conta, sitiando o Museu do Louvre, havia 22 mil mocambos, derrubados e queimados em um único dia. Difícil fazer isso tudo numa Democracia, pois é…

Pena que, na transmissão, o pessoal da televisão tenha perdido a chance de nos informar direito. “Enfants de la Patrie”, senhores, como está no hino da França, não é “juventude da pátria”, mas “meninos de rua”. “Ça irá” (isso vai), faltou dizer, era o hino dos revolucionários franceses, depois substituído pela Marselhesa. “Flutua, não afunda” (Fluctuat nec Mergitur) é o lema de Paris. “Bel Ami”, nome do barco do Brasil, também poderiam ter dito, é título do talvez mais famoso romance de Guy de Maupassant; com o personagem central, Georges Durox, um pobre sub-oficial da cavalaria nas colônias da França na África, subindo na vida por meios escusos – o que, para o ministro Marcelo Navarro (STJ), poderia ser inspiração para homens públicos e ditadores no mundo inteiro.

E já que de ditador falamos, afinal, chegamos na Venezuela. Que sobrevive, importante lembrar, apenas graças ao apoio financeiro dos Estados Unidos. Que, depois da guerra da Ucrânia, deixou de comprar petróleo à Rússia, e passou a ser cliente do país sul-americano (5,5 milhões de barris, só ano passado). São esses dólares de Biden que dão sobrevida a Maduro, o que torna falsa a indignação do presidente americano.

Domingo, como vimos, foi também dia de eleição na Venezuela. Razão pela qual me arrisco a falar de outros personagens de nossa vida pública. Como aquele em Brasília, conhecido como Cego (Celso) Amorim que, representando o governo brasileiro, disse “a Democracia (da Venezuela) está consolidada”. O estômago embrulha, perdão.

Também dói ver “Nota Oficial” da Executiva Nacional do PT exaltando “o processo eleitoral que foi democrático e pacífico”. Ainda, “Maduro dialoga com a oposição”. É demais. Pensando bem, trata-se de algo até natural para um partido que não votou em Tancredo (e até expulsou dois de seus membros que o fizeram – a atriz Beth Mendes e o amigo Airton Soares), votou contra a Constituição de 1988, votou contra o Plano Real, votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, por aí vai. Antes que me esqueça, o MST também já manifestou seu apoio a Maduro.

Ainda é ruim ver nossa primeira-dama fazer turismo, à custa dos impostos que pagamos, junto à enorme comitiva. Não nos faz bem. Fosse pouco, em evento na “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”, ainda teve a coragem de dizer que seu marido, neste governo, já tirou “24 milhões de brasileiros da pobreza absoluta”. Como, senhora? De onde veio isso? Onde?

Por fim, e também, ver nosso presidente posar de oráculo, infalível, como se estivesse acima do bem e do mal; ou como se seus depoimentos, nesse campo, fossem algo decente. É constrangedor. “Não há nada de grave, de anormal, na eleição da Venezuela. É um processo normal e tranquilo”, diz com pompa infantil ‒ esquecendo que, só até terça, já tivemos 11 mortos e quase 800 presos políticos, entre eles, lideranças da oposição. E sugere, singelamente, “apresentar a ata. Se (a oposição) tiver dúvida, entra com recurso e espera na Justiça andar o processo”. É uma piada. Só pode ser. Em palavras de José Nêumanne Pinto, “Lula apodrece junto com Maduro”.

José Paulo Cavalcanti Filho
jp@jpc.com.br FILHO
Membro da Academia Brasileira de Letras

Por Iedo Ferraz

Oligarquia é o predomínio de grupos políticos e familiares no comando da administração pública. Ela simboliza um Governo eleito pela maioria dos eleitores que, no entanto, representa os interesses de uma minoria da população governada.

A oligarquia é constituída por um grupo pequeno de pessoas que deseja se manter o maior tempo possível ou se perpetuar no poder. Os detentores da administração municipal defendem seus privilégios, suas conveniências politicas, sociais e econômicas, utilizando-se dos mecanismos de fazer alianças indecorosas com todos da oposição e também da situação, visando ter o controle total do Município.

Geralmente, o oligarca é centralizador, autoritário, arrogante, raivoso e perseguidor perante os seus adversários. Ele não aceita ser contrariado em nenhuma decisão pessoal, política ou administrativa praticada no exercício do cargo. Este sujeito tem o hábito de impor sua vontade na base do grito, na força física e ameaças, caso seja necessário.

O mandatário vergonhosamente utiliza uma política clientelista baseada no “toma lá, dá cá” entre os eleitores de baixa renda, que precisam quase sempre do poder público local. Suas ações maquiavélicas são centradas em como devemos nos comportar politicamente para nos perpetuar no poder, passando por cima de tudo e de todos.

O impostor se acha dono da Prefeitura Municipal e os eleitores são obrigados a votar de acordo com a vontade dele. Nessa estrutura, a população não é ouvida ou consultada sobre as necessidades prioritárias do município governado. A Oligarquia atende às pretensões de uma minoria em detrimento de uma maioria excluída socialmente, politicamente e administrativamente, pois ela visa satisfazer os privilégios das poucas pessoas aliadas daquele chefe.

Trata-se de uma forma de governo camuflada na falsa democracia, sendo, portanto, um poder ilegítimo sem a verdadeira participação popular, onde a concentração do domínio recai em pessoas ligadas por vínculos familiares durante a sucessão preestabelecida entre os chefões do poderio.

Em São José do Egito foi instalado um monopólio político dominado pela família Valadares que se encontra na sua fase de decadência irreversível. O grupinho restrito e fechado se reúne para debater entre eles quem será o próximo sucessor e herdeiro do trono entre os Valadares. Em nenhum momento da reunião ocorrida, os interesses da população e do município se tornaram prioridades. Neste ano, através da vontade do povo, esta corrente do atraso será banida para o bem de todos os moradores da terra da poesia.

A administração pública tem como pressuposto básico atender e satisfazer o bem-estar da coletividade. No passado, alguns municípios pernambucanos foram submetidos por este tipo de controle familiar, onde o povo e a cidade ficam sempre no segundo plano. Com o passar do tempo, os moradores se sentiram excluídos. Com isto, os eleitores tiraram os oligarcas do comando. Agora, chegou a vez de São José do Egito retirar por meio da democracia popular todos aqueles que se acham donos do poder. Diante de tudo isto relatado por mim, chegou a vez de Fredson Brito ser eleito prefeito de São José do Egito.

Ex-xepeiro da Casa do Estudante de Pernambuco e contemporâneo de Fredson*

Por Cláudio Soares*

O papel de Luiz Inácio Lula da Silva dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) tem sido uma fonte constante de debate e análise. Desde o início de sua trajetória política, Lula tem exercido uma influência poderosa e significativa sobre as diretrizes e decisões do partido, influenciando seu rumo e orientando suas estratégias eleitorais de acordo com suas conveniências.
Em um cenário recente, esse controle ficou ainda mais evidente, evidenciando a complexidade e as contradições do momento político atual. Lula é amplamente reconhecido por sua capacidade de influenciar decisões dentro do PT. Ele não apenas sugere, mas frequentemente determina candidatos para cargos importantes, como vice-presidentes da república e candidatos a governadores.

Este nível de controle é notável nas decisões sobre alianças e coligações, bem como nas estratégias eleitorais do partido.

Em Recife, por exemplo, a decisão de não indicar um candidato a a prefeito ou vice-prefeito foi uma ordem direta de Lula, demonstrando seu poder sobre as escolhas estratégicas do partido e a subserviência de líderes locais.

No entanto, a situação se torna ainda mais complexa quando se observa a postura de Lula em relação a temas internacionais. Recentemente, o PT, sob orientação de Lula, reconheceu as eleições na Venezuela como democráticas, uma posição que contrasta fortemente com as críticas de opositores que descrevem o sistema político venezuelano como corrupto e autoritário.

Lula, ao optar por não criticar abertamente o regime de Nicolás Maduro, levanta questões sobre a coerência entre sua postura internacional e as realidades políticas denunciadas por organismos de direitos humanos e observadores internacionais.

Esse panorama cria uma dicotomia entre o papel de Lula como líder do PT e sua abordagem em questões globais. A habilidade de Lula em comandar o partido é indiscutível, mas sua relutância em confrontar diretamente as falhas do sistema político venezuelano demonstra um embate entre interesses políticos e ideológicos.

A questão central é até que ponto a influência de Lula sobre o PT reflete uma estratégia política coerente ou se revela uma tática para manter a unidade interna e atender a interesses externos.

Em resumo, a dinâmica de poder entre Lula e o PT ilustra um exemplo claro de como a liderança pode influenciar não apenas as decisões internas de um partido, mas também suas posturas em relação a temas internacionais controversos.

Essa influência levanta questões sobre a transparência e a integridade das posições políticas adotadas pelo partido, refletindo as complexidades de um cenário político em constante evolução.

Advogado e jornalista*