Ao menos 137 ativistas internacionais foram deportados por Israel após a interceptação da Global Sumud Flotilla, missão humanitária que seguia rumo à Faixa de Gaza. A ação, considerada ilegal por organizações de direitos humanos, resultou na detenção de centenas de pessoas, entre elas 14 brasileiros, que seguem presos em uma penitenciária em Neguev, no sul de Israel.
O único integrante da delegação brasileira a ser deportado foi Nicolas Calabrese, educador popular no Rio de Janeiro e militante do PSOL. Com cidadanias argentina e italiana, Calabrese foi enviado para a Turquia com apoio do consulado italiano, que arcou com os custos da passagem. Ainda não há confirmação sobre seu retorno ao Brasil. As informações são do Correio Braziliense.
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O grupo de 137 ativistas embarcou em um avião coordenado pela Embaixada da Turquia em Tel Aviv. A lista inclui cidadãos de países como Turquia, Itália, EUA, Reino Unido, Argélia, Tunísia, Marrocos, Líbia, Jordânia, Kuwait, Suíça, Bahrein e Malásia. Segundo a organização Adalah, responsável pela defesa dos ativistas, o governo israelense não forneceu nenhuma notificação oficial sobre as deportações, o que compromete o trabalho dos advogados.
Denúncia de maus-tratos
De acordo com a assessoria de imprensa da delegação brasileira da Global Sumud, os detidos relataram uma série de violações legais, desde a interceptação da embarcação em águas internacionais. Entre quinta (2) e ontem (3), mais de 200 audiências judiciais foram realizadas sem aviso prévio e sem a presença de advogados, de acordo com a Adalah. Aproximadamente 80 ativistas foram ouvidos em audiências consideradas irregulares.
Na prisão de Ktziot, onde ainda permanecem centenas de participantes da flotilha, os advogados relataram denúncias de maus-tratos, agressões físicas, privação de comida, retenção de medicamentos e água imprópria para consumo. Segundo os relatos, muitos detidos estão completamente isolados e sem assistência consular adequada.
Greve de fome entre brasileiros
Quatro integrantes da delegação brasileira — entre eles o brasiliense Thiago Ávila — comunicaram à embaixada e aos advogados que iniciaram uma greve de fome como forma de protesto. Eles denunciam tanto a própria prisão quanto o cerco humanitário imposto por Israel à população de Gaza.
Segundo nota da equipe jurídica, a greve de fome também serve como ato político: “Privados de voz, os ativistas recorrem ao próprio corpo como instrumento de resistência, em solidariedade ao povo palestino que sofre com a fome imposta por Israel como arma de guerra.”
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