Gilson Machado e Gilson Filho acompanham vitória de Trump nos EUA

Na última quarta-feira (6), Donald Trump foi declarado vencedor nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, em disputa contra Kamala Harris. A vitória é considerada um marco significativo para a direita global, reforçando as expectativas e os movimentos conservadores ao redor do mundo. Entre os convidados a acompanharem de perto o resultado eleitoral estavam o vereador eleito do Recife Gilson Filho (PL) e seu pai, Gilson Machado, ex-ministro de Turismo e Cultura do Brasil durante o governo de Jair Bolsonaro. Ambos viajaram para os EUA a convite do assessor de Trump.

Gilson Filho e Gilson Machado foram os únicos brasileiros presentes, além do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), na festa em Mar-a-Lago, resort de Trump. Eles estiveram entre as 70 pessoas que jantaram com Donald Trump em uma sala reservada, com telões instalados para acompanhar os resultados da apuração.

“Estar aqui, ao lado de líderes da direita mundial, nos enche de motivação para fortalecer nossos valores e nosso compromisso com o Brasil e Pernambuco,” afirmou Gilson Filho.

O ex-ministro Gilson Machado afirmou que a vitória de Trump “representa a continuidade de ideais que são fundamentais para a preservação de valores tradicionais e para a defesa de políticas que priorizem a liberdade econômica e a segurança”.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um pronunciamento à nação nesta quinta-feira (7) após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial nos Estados Unidos.

No discurso, na Casa Branca, Biden disse já ter falado por telefone com Trump e afirmou ter garantido à equipe do adversário uma “transição pacífica” até 20 de janeiro, quando o democrata entrega oficialmente o comando dos Estados Unidos ao sucessor.

“Aceitamos a escolha que o país fez. Estamos em uma democracia, a vontade popular sempre prevalecerá. Você não pode amar seu país só quando você vence. Você não pode amar seu vizinho só quando vocês concordam”, disse. “Os eleitores fizeram seu dever como cidadãos, e eu farei o meu como presidente”.

Sorridente, Biden afirmou também que trabalhará até o fim de seu mandato, que termina em janeiro. “Agora temos 78 dias para concluir o mandato. Temos agora a responsabilidade para fazer cada dia valer”.

E expressou confiança no sistema eleitoral e na contagem de votos. “Espero que a gente possa enterrar a questão sobre a integridade do sistema eleitoral americano”, afirmou. Donald Trump, que concorreu com Biden em 2020, contestou o resultado e afirmou falsamente ter havido fraude nas urnas após perder para o democrata.

Trump venceu a disputa eleitoral deste ano na quarta-feira (6), segundo projeção da agência de notícias Associated Press. Ele derrotou a democrata Kamala Harris, que substituiu Biden na corrida pela Casa Branca quando o presidente dos EUA desistiu de concorrer diante de pressões internas após desempenho ruim no debate com Trump.

Biden disse também já ter falado com Kamala e disse que sua substituta “deve ficar orgulhosa de sua campanha”. “Ela deu todo o seu coração na campanha”.

Biden já havia se pronunciado após a vitória de Trump através de uma postagem nas redes sociais. Na publicação, no entanto, ele não mencionou o adversário e apenas elogiou o desempenho de Kamala Harris.

“Em circunstâncias extraordinárias, ela entrou na batalha e liderou uma campanha histórica guiada por uma forte bússola moral e uma visão clara de uma nação que é mais livre, mais justa e com mais oportunidades para todos os americanos”, disse Biden, na postagem.

Do g1.

O câmbio doméstico observou surpresa relevante nesta quarta-feira, ao contrariar as expectativas de que haveria uma forte depreciação do real com a vitória do republicano Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos. O dólar encerrou a sessão em forte queda, em um possível ajuste de posição dos agentes globais. Diante da forte depreciação do dólar no mercado doméstico, o real se tornou a moeda com melhor performance frente à dívida americana no dia, da relação das 33 moedas mais líquidas acompanhadas pelo Valor. Operadores também mencionaram algum fluxo de entrada que pode ter dado algum suporte para a moeda brasileira.

No fim dos negócios no mercado à vista, o dólar caiu 1,26%, cotado a R$ 5,6742, depois de ter encostado na mínima de R$ 5,6647 e encostado na máxima de R$ 5,8619. Já o euro comercial, por sua vez, teve uma desvalorização ainda maior, de 3,00%, encerrando o dia cotado a R$ 6,0918.

O dólar exibiu força hoje frente à maioria das moedas mais líquidas, em especial divisas de mercados emergentes na Europa. Perto das 17h10, o dólar avançava 2,12% contra o florim da Hungria; 1,96% contra a coroa tcheca; 0,72% ante o peso chileno; e seguia perto da estabilidade contra o peso mexicano. Já o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, avançava 1,59%, aos 105,065 pontos.

Do Valor Econômico

O Porto de Suape, sexto atracadouro que mais movimenta carga no Brasil e que completa 46 anos de fundação nesta quinta-feira (7), recebeu um grande presente, nesta quarta (6), para incrementar ainda mais suas operações: a chegada do navio MSC Juliette, que marca o início da rota regular e semanal de longo curso entre a costa nordestina e o continente asiático. O porta-contêineres, de classe mundial New Panamax, com capacidade máxima de 15 mil TEUs, fará a ligação dos portos da região com Singapura e outros importantes complexos portuários da Ásia.

A embarcação atracou às 12h no Cais 2, localizado no Tecon Suape, para movimentar 2.201 contêineres, e tem previsão de saída no próximo sábado (9), com destino à cidade-estado asiática. O Serviço Santana, como é chamado o percurso, conta com navio MSC porta-contêineres da classe 366 metros, com duração média de 23 dias de viagem. A rota é viabilizada pela MSC Mediterranean Shipping Company S.A, uma das gigantes mundiais do setor de transporte marítimo de carga conteinerizada. 

“Estamos colhendo o resultado de um trabalho muito duro. No ano passado, fizemos a dragagem do canal externo de Suape. Agora, estamos dragando o canal interno e fazendo a obra de proteção do molhe. Isso tudo é para aumentar a capacidade do nosso porto de receber grandes navios. E hoje, Suape inaugura uma linha que liga o nosso Porto, o nosso Estado de Pernambuco, direto com Singapura. É uma nova rota para economia do nosso estado. Isso significa mais emprego, significa novas empresas decidindo fazer negócios a partir do Porto de Suape”, ressaltou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Cavalcanti.

Obras e infraestrutura

A conclusão da dragagem do porto externo, que atingiu 20 metros de profundidade, é uma das obras de infraestrutura realizadas pela estatal portuária para ampliar a competitividade e reunir as condições necessárias para que navios de classe mundial possam atracar com carga máxima, otimizando as exportações e importações. Já a intervenção no canal interno, que resultará no aprofundamento de até 16,2 metros, tem prazo de conclusão de cinco meses, prevendo a remoção de 3,8 milhões de metros cúbicos de sedimentos. Os serviços começam nas próximas semanas.

O mesmo pacote de obras contempla a dragagem e a manutenção da bacia de evolução e dos Píeres de Granéis Líquidos (PGLs) 3A e 3B, para aprofundamento até 18,5 metros O custo total das intervenções é de R$ 204 milhões (R$ 104 milhões de recursos próprios e R$ 100 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento/PAC3). Na finalização da dragagem do canal externo, foram investidos R$ 140 milhões.

Outra obra com reflexo direto na movimentação portuária é o serviço de reforço do molhe de abrigo do atracadouro. A quarta e última etapa da intervenção contempla 1,8 quilômetro da estrutura e já está em andamento, com prazo de conclusão previsto para 47 meses. Trata-se de uma intervenção fundamental contra a força das marés altas, permitindo que as operações sejam realizadas com menor interferência de correntes marítimas e ondas. O investimento é de R$ 123 milhões (R$ 73 milhões de recursos próprios e R$ 50 milhões do PAC3).

A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos às vésperas da cúpula de líderes do G20 traz incertezas sobre o cumprimento das decisões que serão pactuadas entre as maiores economias do mundo, de acordo com especialistas entrevistados pela Agência Brasil. Ao longo do último governo, Trump não priorizou espaços de discussão internacional e chegou até mesmo a retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.

A Cúpula do G20 representa a conclusão dos trabalhos conduzidos pelo país que ocupa a presidência rotativa do grupo, que neste ano é o Brasil. É o momento em que chefes de Estado e de governo aprovam os acordos negociados ao longo do ano e apontam caminhos para lidar com os desafios globais. A Cúpula será nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.

Apesar de ainda ocorrer sob a presidência norte-americana de Joe Biden, os acordos firmados deverão ser cumpridos pelo país sob a liderança de Trump. “Isso é algo que preocupa o mundo inteiro porque a economia dos Estados Unidos ainda é a maior do mundo”, diz o pesquisador Vitelio Brustolin, da Universidade de Harvard. De acordo com ele, propostas que estão sendo discutidas pelo G20 como propostas para o meio ambiente, combate à fome e taxação de grandes fortunas, “com a vitória de Trump, são esvaziadas”, diz.

Segundo o pesquisador, Trump tem um perfil isolacionista, de colocar os Estados Unidos em primeiro lugar, de não valorizar espaços internacionais multilaterais como o G20 e até mesmo de descumprir acordos internacionais, como foi o caso, em 2017, do Acordo de Paris. “Então, como é que se fala em compromissos em um evento como esse quando o histórico do Trump não é de manutenção desse tipo de compromisso?”, questiona.  

Participação de Biden

Diante desse cenário de possível esvaziamento, o tom da participação de Joe Biden no encontro é incerto, segundo especialistas. De acordo com o Professor Associado de Relações Internacionais no Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF) Márcio José Melo Malta, o encontro poderia ser uma oportunidade para Joe Biden deixar um legado. 

“Seria uma ótima oportunidade para Biden, no seu final de mandato, na perspectiva de legado. Uma ótima oportunidade para tentar encerrar o mandato com chave de ouro e enaltecer o papel do G20”, diz.

O pesquisador do Núcleo de Inteligência Internacional da FGV e professor de Relações Internacionais do Ibmec Leonardo Neves complementa: “Não é claro se o governo Biden vai assumir compromissos ou tentar avançar nenhum debate já que ele sabe que, muito possivelmente, ou melhor, quase que certeiramente, daqui a dois meses, o governo vai ser do candidato a presidente eleito Donald Trump. Então, por consequência, ele iria desfazer tudo”, diz e acrescenta: “Eu não acho que vai traumatizar o G20 efetivamente, mas a gente vai esperar para ver qual vai ser o nível de engajamento do governo americano nesse contexto. Se ele vai tentar um apoio para tentar constranger Trump ou se ele vai efetivamente já tirar o pé do acelerador”.

Discussões não se perdem

Apesar do cenário de incertezas com a eleição de Trump, a professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Lia Valls não acredita que as discussões que foram feitas até o momento irão se perder. “Um governo do Trump tem impactos importantes, sem dúvida nenhuma. Mas pelo menos será possível mostrar onde conseguimos chegar, a convergência em vários assuntos. Além disso, todas as conversas que ocorreram a nível da sociedade civil durante esse tempo também não vão se perder”, defende.

A agenda do G20 é extensa. Foram feitas reuniões de grupos de trabalho, reuniões ministeriais e diversas reuniões bilaterais ao longo de todo o ano.  

Valls explica ainda que o G20 se trata de um fórum onde se busca convergências entre as maiores economias do mundo, mas não se trata de um espaço deliberativo ou de uma instância jurídica internacional.

Dessa forma, o que será firmado entre os países será um compromisso em se buscar determinados objetivos comuns: “O G20 é um fórum onde são importantes as trocas de ideias e as construções de convergência entre os países. A ideia é que haja esse compromisso. Só que não é um compromisso formal no sentido de assinar algo de uma instância jurídica internacional, mas sinaliza o desejo daquele país em perseguir determinados objetivos”.

A eleição de Trump deverá impactar também as discussões futuras do grupo. Em 2026, os Estados Unidos irão sediar as reuniões do G20, logo após a África do Sul, em 2025. “Como será que o Trump vai se comprometer com uma agenda do G20, que obriga convergências, discussões. Será que ele vai levar adiante? Talvez sim, mas com que bandeira?”, questiona.

Cada país que preside o grupo pode selecionar o lema das discussões. Para a presidência do Brasil no G20, as prioridades são: inclusão social e o combate à fome e à pobreza; a promoção do desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental e transições energéticas; e a reforma das instituições de governança global, incluindo as Nações Unidas e os bancos multilaterais de desenvolvimento. “Certamente o Trump não terá uma agenda desse tipo”, comenta a professora.

G20

O Grupo dos Vinte (G20) é o principal fórum de cooperação econômica internacional. É composto por Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, República da Coreia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos, além da União Europeia.

Os membros do G20 representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos por um país) global, mais de 75% do comércio global e cerca de dois terços da população mundial.

Desde 2008, os países revezam-se na presidência. Esta é a primeira vez que o Brasil preside o G20 no atual formato. 

Da Agência Brasil

Por Marianna Holanda e Catia Seabra
Da Folha de S. Paulo

Dirigentes e parlamentares de direita viram na vitória de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos o fortalecimento do bolsonarismo no Brasil para 2026.

O republicano liderou os estados-pêndulo e não apenas foi eleito com maioria nos colégios eleitorais, como também no voto popular.

Ainda na madrugada, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) divulgou mensagem parabenizando Trump. Horas depois, divulgou um longo texto em rede social, no qual disse: “Que a vitória de Trump inspire o Brasil a seguir o mesmo caminho”.

“Talvez em breve Deus também nos conceda a chance de concluir nossa missão com dignidade e nos devolva tudo o que foi tirado de nós”, disse ainda o ex-presidente, que está inelegível.

Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, aliados de Bolsonaro avaliam que a vitória do republicano elevará a pressão sobre o STF (Supremo Tribunal Federal) para reverter a inelegibilidade do ex-presidente.

Esse cenário, no entanto, dependeria de uma série de decisões e articulações hoje improváveis.

O senador e secretário-geral do PL Rogério Marinho foi mais contundente, ao dizer que a eleição americana pode repercutir na inelegibilidade do ex-presidente, sem maiores detalhes.

“A eleição do Trump fortalece a luta pela liberdade e de valores conservadores de direita, acredito que o bom senso e a justiça irão prevalecer e Bolsonaro poderá disputar as eleições em 2026”, disse.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, por sua vez, disse que Bolsonaro vai aumentar sua base de apoiadores.

Reservadamente, aliados mais pragmáticos do ex-presidente admitem ver com dificuldade uma mudança nas condenações de Bolsonaro no âmbito jurídico, mesmo com a eleição de Trump.

A avaliação é de que, no Legislativo, ganha força o movimento de direita bolsonarista como um todo, e que isso pode ajudar Bolsonaro a reverter a inelegibilidade com o apoio dos parlamentares.

O tom de esperança perpassou ainda outros aliados de Bolsonaro e dirigentes de partido de direita.

O senador, presidente do PP Ciro Nogueira e ministro na gestão do ex-presidente disse que os americanos votaram em Trump porque não houve melhora na vida deles, e que a resposta dos brasileiros virá em 2026.

Um dos nomes cotados para eventual sucessão de Bolsonaro na direita em 2026,o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), compartilhou a foto do ataque contra Donald Trump durante a campanha.

“Trump eleito! Começamos o dia celebrando a vitória do conservadorismo, do patriotismo, da prosperidade, da liberdade. Olhamos para os Estados Unidos com esperança ao ver o movimento conservador superar um dos seus obstáculos mais desafiadores”, disse.

Nas redes sociais, bolsonaristas também exploraram a declaração de apoio do presidente Lula (PT) a Kamala Harris na última sexta-feira (1º), sobretudo a menção que ele fez à existência de um nazismo com “outra face” no mundo, ao criticar Trump.

Nesta quarta-feira (6), o petista parabenizou Trump pela vitória e lhe desejou boa sorte.

“Desejando sorte a governo nazista?”, disse Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

O parlamentar viajou para os Estados Unidos nos últimos dias para acompanhar as eleições e esteve no clube em que Trump acompanhou a apuração das urnas.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não poderá comparecer à posse do aliado Donald Trump, marcada para o próximo dia 20 de janeiro nos Estados Unidos. Isso porque o ex-mandatário brasileiro está com o passaporte retido e proibido de deixar o país em meio às investigações da trama golpista de 2022.

Para mudar esse cenário, seus advogados precisam recorrer mais uma vez ao STF (Supremo Tribunal Federal) com pedido de revogação da medida. Em ocasiões anteriores, ao ingressarem com o mesmo pedido, a revogação da medida foi negada.

Na prática, a devolução do passaporte depende ou de uma decisão individual do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito da trama golpista, ou de uma votação colegiada na Primeira Turma do Supremo, responsável pela avaliação dos recursos sobre o tema no tribunal.

Em março passado, Moraes rejeitou o pedido do ex-presidente para que tivesse o passaporte devolvido a fim de viajar a Israel. Os advogados do ex-mandatário haviam solicitado ao magistrado a autorização para que ele pudesse ir a Israel a convite do primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu.

Nesta quarta-feira (6), Bolsonaro postou um vídeo no X exibindo imagens de um encontro com Trump nos EUA quando ambos estavam no cargo.

Acompanhado do vídeo, Bolsonaro agradeceu a Deus pela vitória de Trump, que embora provável ainda não está confirmada, e citou uma passagem bíblica: “O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.”

Declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até 2030 por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral, o ex-presidente foi indiciado neste ano pela Polícia Federal em inquéritos sobre as joias e a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.

Além desses casos, Bolsonaro é alvo de outras investigações, que apuram os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito, incluindo os ataques de 8 de janeiro de 2023.

Parte dessas apurações está no âmbito do inquérito das milícias digitais relatado pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) e instaurado em 2021, que podem em tese resultar na condenação de Bolsonaro em diferentes frentes.

Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, Bolsonaro poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.

Do Estado de Minas.

Por Mônica Bergamo
Colunista da Folha de S. Paulo

A vitória de Donald Trump para a Presidência dos EUA levou aliados de Jair Bolsonaro à euforia, e injetou novo ânimo no projeto de torná-lo elegível para disputar as eleições presidenciais de 2026.

De acordo com interlocutores do ex-presidente, o Supremo Tribunal Federal (STF), que poderia ter a última palavra tanto sobre os direitos políticos como sobre uma anistia que beneficiasse Bolsonaro, não conseguirá resistir ao “vento contra” que poderá soprar sobre os magistrados a partir dos EUA.

No próprio STF já se admite que as pressões vão aumentar.

Elas viriam do próprio Trump, de um de seus principais aliados, o dono do X, Elon Musk, e do Congresso dos EUA, onde os Republicanos passarão a ter a maioria de votos.

Musk, que é arqui-inimigo do ministro do STF Alexandre de Moraes, sai fortalecido como nunca do pleito. Ele estava ao lado de Trump no jantar oferecido nesta terça (5) pelo presidente eleito em sua casa na Flórida para acompanhar as eleições. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também estava no local.

Em seu discurso de vitória, Trump destacou o “surgimento de uma nova estrela”, Elon Musk.

Ainda sob o governo de Joe Biden, foram inúmeras as tentativas de pressão de norte-americanos sobre o STF.

Neste ano, o comitê de assuntos judiciários da Câmara dos EUA divulgou um relatório sobre “o ataque à liberdade de expressão no exterior e o silêncio da administração Biden: o caso do Brasil”.

Os deputados norte-americanos que tomaram a frente da investigação foram municiados por parlamentares brasileiros alinhados com o bolsonarismo.

Elon Musk também investiu contra o STF, atacando Alexandre de Moraes e desobedecendo ordens judiciais.

Com os Democratas no poder, as pressões não evoluíram. O quadro agora pode mudar, acreditam integrantes do grupo de Bolsonaro.

Poderiam ser aprovadas, por exemplo, medidas como um veto para que Alexandre de Moraes entre nos EUA, e também sanções econômicas contra o Brasil.

A nova correlação de forças poderia impulsionar também a aprovação de uma anistia para Bolsonaro no Congresso brasileiro.

Sob pressão, o STF não colocaria empecilhos para que ela valesse de fato já a partir de 2026, o que permitiria que Bolsonaro disputasse a Presidência da República.

Por Bruna Miato
Do g1

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos provocou um aumento expressivo nos juros futuros americanos nesta quarta-feira (6) e, como consequência, o dólar também dispara frente a outras moedas no mundo todo.

No Brasil, às 10h35, o dólar tinha alta de 0,63%, cotado a R$ 5,7827. Na máxima do dia, até aqui, a moeda já bateu os R$ 5,8619. O índice DXY — que mostra qual a variação do dólar em relação a uma cesta de moedas de outros países (como euro, iene, libra esterlina e dólar canadense) — tinha alta de cerca 2%.

Os juros futuros indicam a expectativa do mercado financeiro para qual deve ser a taxa de juros definida pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) nos próximos anos. Essas taxas, que hoje estão entre 4,75% e 5,00% ao ano, servem como referência para o rendimento das Treasuries, os títulos públicos americanos, considerados os ativos mais seguros do mundo.

Durante a manhã, o rendimento do Treasury de 10 anos saltou para o maior patamar em quatro meses, em torno de 4,47%, rompendo a máxima da semana passada, de 4,388%. Os rendimentos de dois anos também avançaram, chegando a 4,31%.

Mas qual a razão para este desempenho?

O candidato republicano defende uma política econômica mais protecionista, que prioriza a produção interna nos Estados Unidos em detrimento da importação de outros países.

Isso pode reduzir tanto as exportações brasileiras, que têm o país norte-americano como segundo principal destino, como criar uma guerra comercial mais rígida para a China, por exemplo. Essa antecipação de cenário ajudou a valorizar o dólar contra outras moedas emergentes.

“Já havia um impacto da percepção do risco de vitória do Trump, com a expectativa de que ele possa colocar tarifas de importação sobre países como México e China. Exportadores de commodities, como o Brasil, também podem ser afetados”, diz o economista Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Corretora.

Além de uma possível redução das exportações, que fariam com que menos dólares entrassem em circulação no Brasil, o aumento das tarifas nos Estados Unidos também encareceria os preços dos produtos dentro do próprio país, pois quanto mais taxas, mais caros ficam os produtos e serviços.

Preços mais altos gerariam uma nova pressão na inflação americana, o que pode levar o Fed a manter os juros mais altos, por mais tempo, para controlar os preços.

“Desta forma, investidores farão a opção de investir nos EUA com as taxas das Treasuries (títulos públicos americanos, considerados os mais seguros do mundo) mais altas”, diz Alexandre Viotto, chefe da mesa de câmbio da EQI Investimentos.

No Brasil, pode ser pior

Além da força do dólar no mundo inteiro pelas expectativas de juros maiores durante o governo de Trump, no Brasil ainda pesa a questão fiscal.

O cenário das contas públicas brasileiras preocupa os investidores. Quando os gastos públicos estão elevados, acima das receitas do governo (gerando déficit público), o mercado passa a desconfiar da capacidade do país de arcar com suas dívidas no médio e longo prazo.

Esse risco mais alto faz com que investidores esperem juros também mais altos para trazerem seus recursos para o Brasil. O resultado dessa demanda por taxas maiores foi uma desvalorização ainda mais forte do real na última semana.

Havia uma grande expectativa do mercado financeiro de que a equipe econômica do governo federal apresentasse algum pacote de cortes nos gastos públicos ainda na semana passada, logo após o segundo turno das eleições municipais no Brasil. Isso não aconteceu.

A equipe econômica do governo venha afirmando que está discutindo os gastos — o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, inclusive que o governo está na “reta final” das definições dos cortes.

Porém, enquanto não há definição de quais despesas serão cortadas, o dólar deve continuar subindo com mais força, aliado à eleição de Trump. “Quanto mais tempo passa, mais o mercado vai se protegendo”, diz Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos.

Bitcoin bate recorde

O bitcoin, criptomoeda mais popular do mundo, também dispara nesta quarta-feira (6) e renova seu maior patamar histórico, sendo negociado próximo dos US$ 74 mil, com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.

Às 08h, o bitcoin registrava alta de cerca 6,50% e era vendido a US$ 73.863. Na máxima do dia, a moeda subiu 8,63%, ultrapassando os US$ 75 mil. No Brasil, a alta da criptomoeda era ainda mais expressiva, de mais de 11%, vendida a quase R$ 443 mil.

O efeito da vitória do candidato republicano sobre a democrata Kamala Harris também impulsiona outras criptomoedas pelo mundo, como o ethereum, a solana e a BNB, alguns dos principais criptoativos da atualidade.

Isso porque Donald Trump é um defensor mais ferrenho das criptomoedas do que Harris e investidores esperam que o político adote medidas que favoreçam esse mercado durante seu mandato.

No fim de julho deste ano, durante sua campanha eleitoral, Trump participou da conferência Bitcoin 2024 e disse aos participantes do evento que eles seriam “muito felizes” com uma eventual vitória sua.

“Se a criptografia vai definir o futuro, quero que seja extraída, cunhada e fabricada nos Estados Unidos”, disse o republicano.
Essa postura favorável às criptomoedas foi uma mudança nos discursos de Trump. Há alguns anos, ele se manifestava publicamente contra esse tipo de ativo.

Em um post no X (antigo Twitter) em 2019, Trump afirmou que não era “fã” do bitcoin e de outras criptomoedas, dizendo que esses ativos “não são dinheiro e cujo valor é altamente volátil e baseado no ar”.

“Ativos criptográficos não regulamentados podem facilitar comportamento ilegal, incluindo comércio de drogas e outras atividades ilegais”, disse o republicano à época.

Por Tales Faria
Colunista do UOL

O ex-presidente Donald Trump venceu as eleições para retornar à Casa Branca em condições bem superiores àquelas do seu primeiro governo. Além do poder Executivo, terá uma maioria tão sólida quanto nunca teve na Suprema Corte e o domínio já garantido no Senado e, muito provável, na Câmara dos deputados.

O controle do Executivo, do Legislativo e do Judiciário neste momento dá o que se pode chamar de superpoderes ao futuro presidente para executar tudo aquilo que prometeu a seus eleitores. Em sua primeira eleição, em 2016, embora tivesse maioria no Congresso, ele não detinha controle algum sobre seu partido. Sofria oposição interna de grupos poderosos no Partido Republicano.

O próprio vice-presidente de seu primeiro mandato, Mike Pence, resistia a seu comando. Enquanto Trump impulsionava seus apoiadores a invadirem o Capitólio, em 7 de janeiro de 2022 após a derrota nas urnas, Pence reconhecia a vitória do democrata Joe Biden.

Agora o vice-presidente eleito, James David Vance, é considerado como absolutamente afinado com o chefe da Casa Branca.

Na Suprema Corte, durante quase todo seu primeiro governo, Trump contava com uma frágil maioria de ministros conservadores: 5 a 4. Somente no último ano de seu mandato, em 2022, conseguiu ampliar para 6 a 3 o número de ministros aliados.

Essa maioria sólida com que governará é muito importante. Permite a tomada decisões polêmicas, que antes não ocorreriam. Desde 1973, quando foi aprovado o direito ao aborto, por exemplo, os republicanos buscavam derrubar a decisão, mas não ousavam tentar objetivamente, com uma maioria frágil. Após Trump formar a maioria de 6 a 3, a Suprema Corte reverteu a decisão.

A candidata democrata à Presidência, Kamala Harris, pretendia retomar o direito ao aborto caso fosse eleita. Mas agora, com a vitória de Trump, o desejo dos progressistas terá que ser adiado.

No Senado, hoje o Partido Democrata detém a maioria. Contava com os votos de seus 47 senadores e o apoio de independentes para superar os 49 representantes dos republicanos. Mas agora, com a vitória de Trump, o partido Republicano elegerá no mínimo os 51 senadores que lhe garantem maioria.

Na Câmara, o resultado da apuração deve demorar mais a sair. Em 2022, os republicanos asseguraram a maioria na Casa com 220 deputados contra 212 democratas. Até a manhã desta quarta-feira, 8, o placar estava em 193 representantes para o partido de Trump contra 173 para os democratas.

Ou seja, o futuro presidente deve ficar com o controle das duas Casas legislativas, de uma Suprema Corte de sólida maioria conservadora e dos indicados pelo Partido Republicano, agora sob seu total controle, para cargos no poder Executivo.

O superpoderoso novo presidente poderá então cumprir o que prometeu durante a campanha. Ele disse que irá fazer “tudo aquilo” que não teria podido em seu primeiro governo devido à “oposição interna”.

Disse, por exemplo, que irá terminar de construir o muro entre os Estados Unidos e o México que prometeu na campanha eleitoral de 2016. Também havia prometido fazer a “maior deportação em massa da história dos EUA, expulsando “todos os indivíduos ilegais”, o que não conseguiu naquela época.

Ameaçador, o candidato defendeu diversas vezes nesta nova campanha eleitoral uma retaliação, caso saísse vitorioso das urnas, contra os sistemas, instituições e pessoas que ele acredita que o injustiçaram nos últimos tempos.

Seus aliados sugerem que Trump irá usar o Departamento de Justiça contra seus inimigos políticos, expurgar o que chamam de “burocratas desleais” e consolidar seu poder.

Também acreditam que ele concederá indulto a si próprio pela condenações que já sofreu na Justiça comum e a paralisação de todos os processos contra si e contra seus principais aliados. A expectativa é de que conceda perdão até mesmo aos invasores do Capitólio.

A outra retaliação se volta para o resto do mundo. Líderes da Europa, como Emanuel Macron, da França, que o confrontaram, e na América Latina, como o presidente Lula, do Brasil, que anunciou apoio a Kamala, não perdem por esperar. Especialmente a organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU). que ele sempre odiou.