Coluna da segunda-feira

Luz amarela para Raquel

Em parceria com este blog, o instituto Opinião, de Campina Grande (PB), foi a campo, nos últimos quatro dias, em 80 municípios, entrevistando dois mil eleitores, para levantar o primeiro cenário da disputa ao Governo do Estado em 2026. Os números acendem uma luz amarela, de advertência, para a governadora Raquel Lyra (PSDB). Candidata à reeleição, a tucana levaria uma derrota acachapante se a eleição fosse hoje e não daqui a dois anos.

João abre uma frente de 60 pontos e ganha em todas as regiões do Estado, inclusive no Agreste Central, região de Caruaru, município que Raquel governou em dois mandatos, tendo o último renunciado para concorrer ao Palácio do Campo das Princesas. O maior massacre eleitoral revelado pela pesquisa se reflete na Região Metropolitana, que concentra 42% do eleitorado do Estado, quase metade.

Neste maior colégio eleitoral, João tem a preferência de 81% dos eleitores ante 11% da governadora. A vantagem avassaladora se repete da Zona da Mata aos Sertões, desde Arcoverde, considerada a porta do semiárido, até o São Francisco. Para complicar a situação da tucana, no quesito rejeição – os eleitores que dizem não votar nela de jeito nenhum – 60% dos entrevistados disseram que não dariam um novo mandato à gestora. João tem apenas 10% dos entrevistados que disseram que não votariam nele de jeito nenhum.

Raquel está numa tremenda encruzilhada, correndo contra o tempo para tentar se recuperar. Na prática, tem apenas um ano, o próximo, para mostrar a que veio, entregar obras e convencer. O ano seguinte, 2026, é o da reeleição, e pouco ou quase nada pode fazer, embora seu caixa, segundo seus aliados e adversários, esteja entupido de dinheiro para concluir obras em andamento e iniciar outras promessas de campanha que ainda não foram possíveis de cumprir.

A GRANDE INCÓGNITA – A pergunta que mais se ouve nos bastidores diz respeito às chances da governadora se recuperar. Quando se fala em recuperação, entenda-se por melhoria da imagem do seu governo e dela própria. Seu Governo ainda não tem uma cara. Diz que é de mudanças, mas se existem de fato essas transformações não chegaram ainda ao conhecimento por parte da esmagadora maioria dos pernambucanos.

Influência zero – Na eleição de segundo turno em Olinda e Paulista, os candidatos de Raquel saíram vitoriosos, mas não por força e prestígio dela. No caso de Olinda, a diferença foi de um ponto, ou seja, Mirella, apoiada pela governadora, venceu na raça, mérito dela e do seu padrinho, o prefeito Lupércio. Já em Paulista, o tucano Severino Ramos viveu um céu de brigadeiro eleitoral graças as cifras astronômicas de rejeição do seu adversário, o ex-prefeito Júnior Matuto (PSB), apoiado por João Campos.

Estratégia errada 1 – De olho na reeleição, Raquel adotou uma estratégia errada: abrir espaço no seu Governo para o PT, achando que o presidente Lula terá dois palanques no Estado – o de João e o dela. Tudo bem, isso até é possível, mas acontece que, pensando assim, a governadora vai perder fortemente o eleitorado bolsonarista, responsável pela sua vitória em 2022, quando deu uma de Diana, não assumindo nenhum dos candidatos ao Planalto – nem Lula nem Bolsonaro.

Estratégia errada 2 – As chances, entretanto, de Lula subir em dois palanques em Pernambuco são poucas. Na eleição de 2006, quando esteve nos palanques de Humberto Costa e Eduardo Campos, as circunstâncias eram diferentes. Humberto e Eduardo eram do mesmo lado, atuavam no campo da esquerda, diferente de Raquel, que está filiada ao PSDB, que faz oposição a Lula. E se vier a optar pelo PSD, corre o risco da legenda, comandada com mão de ferro por Kassab, apoiar a candidatura de Tarcísio de Freitas para presidente. Kassab, é bom lembrar, é o coordenador político do governador paulista.

Política é soma, não subtração – Por fim, dois palanques para Lula no Estado correm os riscos de virar letra morta por causa da insistente polarização no plano nacional entre o petista, de um lado, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, de outro. Se tudo isso não fossem pedras no caminho da tucana, há o agravante da sua resistência a governar não fazendo política, ampliando, como João está fazendo, e não subtraindo, marca do início da sua gestão quando abriu atritos com a Assembleia Legislativa.

CURTAS

ENCONTRO – Mais de 150 prefeitos se encontram, hoje, em Gravatá, para o primeiro seminário dos gestores eleitos promovido pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). O evento, no hotel Canarius, será aberto pela governadora.

TREINAMENTO – Já na próxima semana, os prefeitos eleitos de Pernambuco farão um treinamento na Confederação Nacional dos Municípios durante dois dias – segunda e terça. Servirá algumas advertências, como a bola de neve que virou a dívida previdenciária, além da polêmica do fim das emendas Pix. 

FRENTE A FRENTE – O Frente a Frente de hoje, programa que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, será feito direto de Gravatá, com os prefeitos Lula Cabral (Cabo), Gilvandro Estrela (Belo Jardim) e Evilásio Mateus (Araripina). A transmissão e produção será da parceira Cidade FM 99,7, de Caruaru. No debate, contarei também com os jornalistas Mário Flávio e Renata Torres, âncoras da Cidade.

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Por Larissa Rodrigues

Repórter do blog

O que Raquel deseja exigindo a volta dos servidores?

Com o fim das gestões municipais se aproximando, em 31 de dezembro, uma dúvida paira no ar: a governadora Raquel Lyra (PSDB) vai pedir de volta os servidores estaduais cedidos de todas as prefeituras do Estado, ou vai solicitar a devolução apenas dos que integram a gestão do prefeito reeleito do Recife, seu possível opositor em 2026, João Campos (PSB)?

Alguns prefeitos já sinalizaram que levarão o assunto para a reunião com Raquel, na próxima semana, quando a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) realiza o primeiro encontro dos eleitos e reeleitos, segunda e terça, em Gravatá, no Agreste pernambucano.

Um dos gestores preocupados é o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros (PL), aliado da governadora, que tem pelo menos seis funcionários estratégicos da gestão e que são servidores do Estado cedidos. Entre eles, o presidente da Empresa Municipal de Energia e Iluminação Pública de Jaboatão (EMLUME), Paulo Roberto Sales Lages.

Outros integram as secretarias da Fazenda, de Infraestrutura e de Administração do município. Não só Jaboatão, mas outras prefeituras hoje com gestões aliadas do Governo do Estado também contam com trabalhadores cedidos, como Caruaru e Olinda.

A governadora sinalizou, na última semana, que pretende chamar todos de volta, justificando que o volume de investimentos que tem sido feito em Pernambuco, boa parte pelo Governo Federal, precisa de gente para atuar e que o Estado quer economizar nas contratações, uma vez que já tem os servidores.

Por outro lado, membros das gestões alegam que nas primeiras canetadas, no início do ano, solicitando o pessoal que estava nas prefeituras, a desorganização foi tanta que funcionários que eram estratégicos nas cidades acabaram voltando para o Estado sem ter uma mesa nem um computador para trabalhar, resultando na perda de uma mão de obra importante que ficou sem servir aos municípios e acabou sem ajudar também ao Estado.

Silêncio – Questionada sobre quais medidas irá tomar para não perder quatro secretários (Educação, Finanças, Habitação e Ciência e Tecnologia), e diversos outros trabalhadores estratégicos no segundo e terceiro escalões, a Prefeitura do Recife não quis se manifestar, assim como a Prefeitura de Jaboatão.

Desafio – No Recife, a bomba está chiando nas mãos do vice-prefeito eleito, Victor Marques (PCdoB), que recebeu de João Campos a missão de redesenhar o secretariado para o governo que começa em 2025 sem saber se vai poder contar com uma parte dos secretários e dos executivos, assim como diversos outros cargos.

Governança – Quando o Pleno do Tribunal de Contas do Estado (TCE) aprovou, no dia 7 de fevereiro deste ano, a medida cautelar mantendo os servidores do Estado cedidos à Prefeitura do Recife em suas funções, a iniciativa serviu de parâmetro para outras cidades. O relator, conselheiro Eduardo Porto, argumentou que a decisão buscava evitar prejuízos às políticas públicas. “O retorno abrupto, sem fundamentação plausível, tem capacidade de prejudicar a governança”, destacou o relator na época.

Dema – Nos bastidores, circula a informação de que se Raquel Lyra pudesse, também mandava voltar o secretário de Governo do Recife e um dos grandes articuladores de João Campos, Aldemar Santos, o Dema. Porém, ele é servidor do Tribunal de Contas do Estado, a quem cabe ceder, nesse caso.

CURTAS

O FERA – O deputado Renato Antunes (PL) enfrenta mais uma maratona de provas no próximo domingo, no segundo dia de ENEM. O parlamentar está participando do exame para vivenciar a realidade dos estudantes do Ensino Médio. Disse que domingo vai de ônibus, pra ficar mais real ainda. Antunes tem visitado as escolas públicas em todas as regiões de Pernambuco com a Caravana Por Mais Educação. A expectativa é que o deputado apresente um relatório com indicações e sugestões que melhorem a vida dos estudantes para os próximos concursos.

SEGURANÇA – A deputada Gleide Ângelo (PSB) está fazendo um levantamento das emendas parlamentares destinadas à segurança pública em Pernambuco. Uma parcial já aponta que o Governo do Estado rejeitou R$ 80 milhões em emendas à LOA feitas pela parlamentar. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Policiais Penais do Estado. A verba, que seria utilizada para a nomeação de quase 1.400 novos policiais, não foi executada. A delegada promete fazer novo repasse para a área — além de pedidos de informação ao Executivo a respeito da execução das demais emendas destinadas por ela para as pastas que tratam da segurança.

OAB – Um grupo de advogados jovens do Recife afirmou em reserva a este blog que não vai votar em ninguém nas eleições da Ordem, que serão realizadas no dia 18 de novembro. Segundo os jovens, eles não se identificam com nenhum dos postulantes porque “esses candidatos não vieram de baixo, todos já começaram de cima, não sabem o que é ser redator e não sabem a realidade dos advogados que estão começando.”

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Prefeitos vão cair na real

Os novos prefeitos e os reeleitos estão sendo convocados pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) para o primeiro encontro da categoria pós-eleição, segunda e terça, em Gravatá. Na prática, os gestores vão se deparar com uma dura e cruel realidade, diga-se de passagem. “A lua de mel acabou”, diz o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski.

Falando para prefeitos no primeiro treinamento com os novos gestores, no início desta semana, Ziulkoski fez alguns alertas aos que vão governar seus municípios pela primeira vez. Disse que as dívidas previdenciárias, precatórios e a extensão das novas regras trazidas pela Reforma da Previdência federal aos funcionários municipais se constituem num dos maiores problemas.

“Quanto vocês acham que é a dívida dos municípios que estão no Regime Geral?”, perguntou Ziulkoski. Segundo ele, 4,2 mil Prefeituras devem R$ 250 bilhões ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). “Essas dívidas são impagáveis”, alertou. Os municípios estão encalacrados, muitos não conseguem pagar os parcelamentos já feitos”, afirmou ao contar um caso de uma Prefeitura que deve R$ 200 milhões e tem apenas R$ 100 milhões de receita corrente líquida anual.

Ele mostrou que 4,9 mil municípios têm precatórios, dívidas de R$ 100 bilhões e prazo final para liquidar em 2029. Segundo ele, o tema Reforma Tributária e a mudança em relação aos cinco impostos cobrados no consumo também preocupam. “Essa PEC está na pauta e os novos gestores devem entrar nessa luta, porque estamos falando de mais de R$ 400 bilhões. Isso não é pouca coisa, pode viabilizar o mandato”, apontou ao dizer que 38% dos municípios estão no vermelho.

ROYALTIES – Um imbróglio que se arrasta há mais de uma década foi mostrado, a luta por justiça na distribuição dos royalties do pré-sal, também fez parte da apresentação ocorrida na parte da manhã. Ganharam destaque o intenso trabalho do movimento municipalista para aprovar a distribuição dos royalties de petróleo, das plataformas em alto mar, pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM). “Os valores são enormes, quase R$ 100 bilhões. E é uma excrescência, um município com 80 mil habitantes receber bilhões de royalties e os outros não”, exemplificou ao reclamar da liminar monocrática sem julgamento do plenário há mais de 11 anos.

Parcerias na folha – Uma preocupação específica foi compartilhada, a normativa federal que inclui os valores destinados a parcerias nos limites da despesa com pessoal. Segundo Ziulkoski, os prefeitos foram incentivados a promover parcerias e agora esses gastos serão considerados na folha. Mas a CNM tem trabalhado para garantir a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 141/2024 – antigo PLP 98/2023 – e retirar os valores de parcerias ou de contratações do cômputo dos limites de despesa com pessoal. A matéria tramita no Senado Federal, assim como a PEC 66.

Fichas sujas amanhã – “Se não votar isso, todos os prefeitos serão ficha suja e podem ser condenados”, prevê Ziulkoski. Ao longo da apresentação para os novos prefeitos no encontro da CNM, especialistas e consultores fizeram apartes importantes e Ziulkoski abriu espaço para perguntas. Ele fez questão de reforçar: “Todos os que estão aqui serão ex-prefeitos amanhã, então temos que nos unir e nos ajudar”, reforçou ao lembrá-los da falta de estrutura de defesa para quem exerceu o cargo.

Novo imposto sobre serviços – Em meio ao treinamento que prefeitos eleitos estão fazendo na Confederação Nacional dos Municípios (CNM), o presidente da instituição, Paulo Ziulkoski, anunciou a criação do “Pré-Comitê Gestor” do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). Trata-se de uma saída que a entidade encontrou para garantir que os Estados, Distrito Federal e Municípios tenham direito de editar o regulamento do IBS proposto na reforma tributária. A estrutura administrativa contará com representantes dos Estados e dos Municípios para assegurar uma gestão eficiente do tributo.

Raquel participa, João fica de fora – Batizado de “Gestão que transforma”, o primeiro encontro dos prefeitos de Pernambuco, iniciativa da Amupe, segunda e terça, será realizado no hotel Canarius. A abertura será feita pelo presidente da instituição, Marcelo Gouveia (Podemos). Segundo ele, a governadora Raquel Lyra (PSDB) confirmou presença, mas não se sabe ainda se na instalação, na segunda-feira, ou se no encerramento, no final da tarde de terça-feira. Já o prefeito do Recife, João Campos (PSB), estará fora do Estado e por isso não confirmou sua presença.

CURTAS

POSSE – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, ontem, que pedirá ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, que o autorize a comparecer à posse de Donald Trump (Partido Republicano) como presidente dos EUA. A cerimônia está marcada para 20 de janeiro nos Estados Unidos.  “Se o Trump me convidar, eu vou peticionar ao TSE e ao STF”, disse.

POSTE – O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não será preso. Mas afirmou que, caso aconteça, conseguiria eleger “até um poste” para a Presidência em 2026. “Eu não acredito que o Bolsonaro seja preso. Se for preso, elege até um poste de dentro da cadeia. Eles não vão fazer isso com ele. Não há motivos para isso. Bolsonaro não é uma pessoa normal, é diferente de todos nós”, disse, em entrevista ao portal UOL.

CONFLITO – Muitos ministros têm reclamado da relação difícil e conflituosa com Fernando Haddad (Fazenda). “Haddad “quer estourar o champanhe com a garrafa dos outros” a fim de mostrar resultados para Lula e para o mercado, sem combinar com os ministérios afetados”, revelou um ministro do grupo dos descontentes.

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Trump impacta Governo Lula

A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos provocou um grande impacto em Brasília. Foi o assunto mais comentado e discutido, ontem, entre auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O resultado foi encarado com preocupação por esses aliados, que veem a possibilidade das eleições americanas exercerem um reflexo sobre a política brasileira negativa para o governo Lula.

A manifestação de Lula sobre a vitória de Trump foi publicada na rede social X.  “Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo”, afirmou Lula.

Não há expectativa de que o petista faça qualquer contato com o republicano neste momento. A declaração de Lula ocorre dias depois de ele ter defendido publicamente que apoiava a agora candidata derrotada Kamala Harris. Na ocasião, o presidente brasileiro não poupou críticas a Trump. 

“Nós vimos o que foi o presidente [Donald] Trump no final do seu mandato, ou seja, fazendo aquele ataque ao Capitólio. Uma coisa que era impensável acontecer nos Estados Unidos”, disse Lula, em entrevista à emissora francesa TF1+. Para André Cesar, analista político da Hold Assessoria, a vitória de Trump logo após a declaração de Lula amplia o sentimento de derrota para o presidente brasileiro e da esquerda como um todo.

Segundo ele, esse resultado vem logo após as diversas derrotas que os seus aliados tiveram nas eleições municipais deste ano. O PT conseguiu eleger apenas 252 prefeitos, ficando em nono lugar no ranking de vitórias por partido. “O governo Lula perdeu espaço e a partir de agora vai ter que jogar um outro jogo, mas eu não vejo margem para uma mudança de posição da esquerda brasileira”, afirmou o analista. 

DIREITA COMEMORA – A direita comemorou amplamente a volta de Trump ao Governo americano. Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e conservadores acreditam que o resultado pode impulsionar a oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), visando as eleições de 2026. Pessoas próximas ao ex-presidente acreditam que, da mesma forma que a derrota de Trump para Joe Biden em 2020 foi um baque para o então governo e uma inspiração para a esquerda brasileira, o inverso pode acontecer desta vez e ajudar a mudar os ventos da política brasileira.

Semelhanças com Bolsonaro – Nos bastidores são apontadas, ainda, semelhanças nas trajetórias de Trump e Bolsonaro. Após não terem sido reeleitos, ambos demonstraram dificuldade em aceitar o revés e não agiram para coibir movimentos que pregavam uma insurreição contra o resultado das urnas. Além disso, também é feita a comparação entre a invasão ao Capitólio americano, em 6 de janeiro de 2021, e as invasões aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.

Inelegibilidade, a diferença – Outra semelhança é que ambos enfrentam processos criminais. O político americano foi condenado por ocultar um pagamento feito a uma atriz pornô para encobrir um caso extraconjugal. E é indiciado por supostamente ter incitado as invasões ao Capitólio – acusação semelhante à enfrentada por Bolsonaro em relação ao 8 de janeiro. O brasileiro ainda responde a processos como o caso das joias e a falsificação em cartões de vacina. No entanto, Bolsonaro tem um obstáculo que Trump não enfrentou: está inelegível pela Justiça Eleitoral até 2030.

Tensão na economia – Além de um possível impulsionamento da oposição, algumas promessas de campanha de Donald Trump na economia geram preocupação no Palácio do Planalto. Uma delas é fazer um cerco à economia chinesa, principal parceira comercial do Brasil e grande compradora de produtos agrícolas. Caso o presidente eleito americano cumpra com o que promete, isso pode afetar as exportações brasileiras à China, impactando em outros índices como o dólar e a inflação.

Protecionismo americano – Trump promete, ainda, ampliar o protecionismo aos produtos americanos. Medidas que podem impactar o cenário econômico do País e gerar um cenário mais propício a um crescimento da oposição. No entanto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi mais cauteloso ao avaliar a vitória de Trump: “Entre o que foi dito e o que vai ser feito, as coisas às vezes não se traduzem como foram anunciadas. E o discurso pós-vitória já é mais moderado que o da campanha”, disse, em conversa com jornalistas.

CURTAS

PACOTE – O governo deve encaminhar ao Congresso medidas para cortar gastos, com a perspectiva de mexer em políticas como o BPC e o seguro-desemprego. A nova alta do dólar provocada pelo triunfo de Trump pressiona ainda mais Haddad a propor um pacote robusto, ao mesmo tempo em que terá de lidar com o fato de serem medidas impopulares.

DESNORTEADA 1 – A imprensa americana, e a de outros países do Ocidente, ficou desnorteada com a vitória acachapante de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos, embora ela estivesse diante do seu nariz.

DESNORTEADA 2 – Mas é compreensível: para uma imprensa que se deixa guiar inteiramente pelas suas preferências ideológicas, mas ainda vendendo hipocritamente o mito da sua imparcialidade, o pensamento mágico infantil é o de que os cidadãos perceberão a realidade da mesma forma que ela e farão tudo o que a sua mestra mandar.

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Alepe a caminho do consenso

Aos poucos, os deputados estaduais estão se convencendo da necessidade de eleger a mesma Mesa Diretora da eleição antecipada anulada em decisão monocrática pelo ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal. Na prática, não apenas o presidente Álvaro Porto (PSDB) seria eleito sem disputa, mas também o primeiro-secretário Gustavo Gouveia (SD).

Numa conversa, ontem, com este colunista, Gustavo disse que não é verdade a versão que espalham de que seu grupo político invadiu bases de colegas na Alepe, o que estaria dificultando o consenso em torno do seu nome para o cargo, que é, na prática, o mais importante da Mesa depois do presidente, que tem uma função mais institucional.

Gustavo disse que está procurando todos os deputados e com quem já conversou tem encontrado bastante receptividade ao seu nome. Por outro lado, parlamentares com ligação mais estreita com o presidente da Casa admitem que Porto já entrou de corpo e alma no processo para construir o consenso também envolvendo todos os cargos da direção da Alepe.

“A eleição já ocorreu, todos que estão na Mesa hoje já foram escolhidos e têm a confiança para uma nova eleição imposta pelo Supremo”, diz um deputado bem próximo a Porto. Segundo ele, o sentimento é de unidade, de se construir o consenso e o que tiver pela frente dificultando será construído pelo diálogo.

Dos partidos que estão representados na atual Mesa, apenas o PP, do deputado federal Eduardo da Fonte, tem admitido entrar na disputa pela Primeira-Secretaria, tendo já escolhido o deputado Kaio Maniçoba como candidato. Como a eleição está marcada para o período entre 1º de dezembro e 2 de fevereiro, até lá é possível que Porto consiga superar algum tipo de barreira colocada na candidatura de Gustavo Gouveia.

RAQUEL NEGA SAÍDA – “Acabamos de fazer o PSDB o partido com mais prefeitos no Estado, e sou grata por tudo o que construí até aqui”, disse, ontem, a governadora Raquel Lyra ao romper o silêncio sobre os rumores de que estaria trocando o PSDB pelo PSD. Apesar de toda a movimentação política indicar que se filiará ao PSD, a tucana afirmou ter recebido convites de outras legendas, reforçando cautela sobre qualquer mudança. “Recebi convite de diversos partidos, mas qualquer anúncio será feito por mim”, acrescentou.

Escândalo em Ipojuca – Presidente da Câmara de Ipojuca, o vereador Deoclécio Lira, do Republicanos, foi afastado por suspeita de liderar um esquema de “rachadinhas”. Ele foi um dos alvos da Operação Fetta, deflagrada ontem, em Pernambuco e na Bahia. Além dele, outros 13 comissionados do seu gabinete foram retirados de seus cargos. Cumpridos pela Polícia Civil pernambucana, foram realizados, ao todo, 23 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Comarca de Ipojuca.

Motta quase unânime – O PSB declarou, ontem, apoio para o candidato à presidência da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A sigla tem 14 deputados. Outros 10 partidos já embarcaram com Motta: PL, PT, PP, Republicanos, MDB, Podemos, PC do B, PV, PSDB e Cidadania. O congressista já conta com o apoio de uma bancada de 355 deputados –como o voto é secreto e individual, isso não assegura adesão automática dos integrantes. Para se eleger, o candidato precisa da maioria absoluta de 257 congressistas.

PT com Alcolumbre – O PT anunciou, ontem, que apoiará Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) para a presidência do Senado. A bancada do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 9 dos 81 senadores. A eleição será realizada em fevereiro de 2025. Alcolumbre também conta com o endosso de PL, PP, PDT e PSB, além de seu partido, o União Brasil. Juntas, as siglas somam 44 senadores. No entanto, o voto é secreto e individual. São necessários ao menos 41 para se eleger em 1º turno.

CNM ensina o beabá aos prefeitos – Prefeitos eleitos e reeleitos de Pernambuco têm encontro agendado nos dias 18 e 19 em Brasília para um treinamento na Confederação Nacional dos Municípios (CNM). O evento é voltado basicamente para prefeitos que nunca passaram pelo executivo e que vão se deparar com um emaranhado de leis impostas pelos órgãos de controle. “Trata-se de um encontro da maior importância para quem irá governar um município pela primeira vez”, diz Eduardo Tabosa, ex-prefeito de Cumaru, agora integrante da diretoria da CNM.

CURTAS

CORTES 1 – Enquanto a lista de medidas de contenção de gastos não é definida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliados dele no PT e em outros partidos da base aliada no Congresso torcem para que as áreas de educação, saúde e assistência social não sofram cortes que possam machucar a imagem do partido após eleições municipais em que a esquerda já saiu enfraquecida.

CORTES 2 – As medidas dependerão de aprovação do Congresso Nacional, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já sinalizou que será preciso apresentar uma PEC – Proposta de Emenda Constitucional, que demanda a aprovação de dois terços de cada Casa em duas votações.

CORTES 3 – A reunião sobre as medidas de corte de gastos para reequilibrar as contas públicas convocada pela Casa Civil foi realizada ontem. Participaram do encontro os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Carlos Lupi (Previdência), Wellington Dias (Desenvolvimento Social), Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão), além de representantes do INSS, Dataprev e Serpro.

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Escândalo no Ministério da Cultura

Não há uma gestão do PT que preze pela ética e a moralidade. Se nos dois governos anteriores de Lula pipocaram escândalos, começando pelo Mensalão, arquitetado pelo ex-ministro José Dirceu, neste terceiro não está sendo diferente. O Estadão publicou, ontem, que o governo federal criou um programa para difusão de cultura nos Estados que beneficia ONGs (Organizações Não Governamentais) ligadas a dois assessores do próprio Ministério da Cultura e a militantes do PT.

Segundo a reportagem, em dois anos, os “comitês de cultura”, instituídos pela ministra Margareth Menezes, serão financiados com R$ 58,8 milhões, ao todo. Entre os contemplados também está, pasmem, um empresário do Mato Grosso que responde por suposto envolvimento com uma quadrilha acusada de crimes como peculato, desvio de recursos e lavagem de dinheiro.

Ele foi alvo da Operação Pão e Circo, do Ministério Público estadual, que investiga desvios milionários na Cultura do Estado. Os primeiros repasses do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para as ONGs foram viabilizados entre dezembro e julho, perto do início da campanha eleitoral. As próximas parcelas estão previstas para novembro.

Um dos principais contemplados concorreu a vereador, recebeu a ministra para lançamento do comitê enquanto pré-candidato e usou o mesmo espaço para atividades da própria campanha. Criado em setembro de 2023, o Programa Nacional de Comitês de Cultura (PNCC) estabeleceu comitês nas 27 unidades da federação. O plano consiste em contratar entidades culturais para coordenar atividades de fomento nos Estados.

Cabe a elas realizar “ações de mobilização social, formação em direitos e políticas culturais, apoio à elaboração de projetos, comunicação social e difusão de informações sobre políticas culturais”.

A VERSÃO DA MINISTRA – A seleção dessas Organizações da Sociedade Civil (OSCs) para as coordenações se deu por meio de edital lançado em outubro passado – segundo a definição usada pelo Sebrae, OSC pode ser usado como sinônimo de ONG. Os termos de colaboração das entidades com o ministério foram firmados em dezembro. De lá para cá, o governo já pagou cerca de 26% dos R$ 58 milhões. Em nota, o Ministério afirmou que as seleções foram feitas com base na capacidade técnica e na qualificação profissional dos contemplados, ressaltou que os órgãos internos não apontaram conflitos de interesses e que não cabe julgamento da pasta sobre a filiação partidária de coordenadores.

ONG do Paraná terá R$ 2,6 milhões – A ministra Margareth Menezes foi pessoalmente ao lançamento do comitê de cultura do Paraná. O ato contou com cortejo pelas ruas de Curitiba, blocos de carnaval, artistas regionais e trupes circenses. Para coordenar o programa no Estado, a selecionada foi a ONG Soylocoporti, dirigida por João Paulo Mehl, que foi candidato a vereador, mas não se elegeu. As atividades do comitê de cultura do Paraná ocorrem em torno do Terraço Verde, um projeto ambiental de Mehl que também funciona como braço cultural de seu grupo político. O mesmo espaço serviu para atividades da campanha eleitoral. Ele é líder de uma rede com centenas de sites, blogs e influenciadores à esquerda e já tem sido provocado para novos planos eleitorais em 2026. Em dois anos, a ONG dele receberá R$ 2,6 milhões.

Filiais entregues a petistas – O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda segundo o Estadão, mantém uma estrutura de “filiais” do Ministério da Cultura e entregou os cargos a pessoas filiadas a partidos políticos, especialmente militantes do PT. Os chamados escritórios estaduais da pasta estão em 26 unidades da Federação, onde estão lotados 80 servidores nomeados pela gestão petista. Os escritórios, criados no início do ano passado, têm por atribuição influenciar a escolha das Organizações Não Governamentais (ONGs) que formam os comitês de cultura dos Estados. Esses comitês fazem parte de uma política nacional que, em dois anos, vai repassar R$ 58,8 milhões para difusão cultural.

PSB e PDT com Motta – O PSB (Partido Socialista Brasileiro) e o PDT (Partido Democrático Trabalhista) se unirão às siglas que apoiarão o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) para a presidência da Câmara, segundo o Poder360. O anúncio será conjunto e deve ser realizado ao longo desta semana.  Integrantes das legendas avaliam que o melhor caminho é apoiar Motta – que hoje tem o apoio de 8 partidos – depois de Elmar Nascimento (União Brasil-BA) ser preterido pelo próprio partido e ficar isolado na disputa. As duas bancadas têm 32 deputados.

Unidade na Alepe – De volta ao batente, depois de uma cirurgia na coluna em São Paulo, o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto (PSDB), já certo de que sua reeleição é unanimidade na Casa, tem pela frente o desafio de unir a Casa também em torno da reeleição do primeiro-secretário Gustavo Gouveia (SD). Para isso terá que começar pelo PP. O presidente estadual da legenda, Eduardo da Fonte, está inclinado a entrar na disputa pelo espaço, lançando o nome do deputado Kaio Maniçoba.

Curtas

NADA SABE – O presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, conversou com Andreza Matais, colunista do UOL, sobre a informação dada por Lauro Jardim, de O Globo, de que a governadora Raquel Lyra já teria acertado seu ingresso no PSD, do ex-prefeito Gilberto Kassab. Estranhou a informação e não acredita que a tucana saia.

PODE SER PERUA – Perillo também se mostrou surpreso. Na verdade, não se sabe ainda de onde Jardim tirou essa informação, porque a governadora estava em Portugal e não iria se desfiliar do PSDB sem ter uma conversa com o presidente nacional da legenda, com quem tem uma excelente relação.

SEM PRESSA – A governadora pode até trocar o PSDB pelo PSD, mas isso não se dará de imediato, porque, como dizia Marco Maciel, quem tem prazo não tem pressa. Ela só vai precisar estar filiada a um novo partido em abril de 2026.

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A lógica e o risco da filiação ao PSD

O Globo deu como certa, ontem, a filiação da governadora Raquel Lyra ao PSD, travessia que vem se cogitando desde a sua eleição, em 2022. Há uma lógica em trocar de partido, optando pelo PSD, do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Mas também um risco. Raquel quer apoiar a reeleição de Lula, de quem se aproximou efetivamente por meio do ministro da Casa Civil, Rui Costa, ex-governador da Bahia.

E Kassab, hoje principal auxiliar do governador de São Paulo, Tarcisio Freitas (Republicanos), torce e trabalha nos bastidores pela candidatura do chefe ao Palácio do Planalto, fazendo contraponto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, cujas chances de readquirir seus direitos políticos são perto de zero. O que move Raquel a deixar o PSDB é o fim melancólico da legenda, não em Pernambuco, onde elegeu o maior número de prefeitos, mas em nível nacional.

Partido que protagonizou a política brasileira junto com o PT nos anos 1990, 2000 e começo dos anos 2010, o PSDB não elegeu um só prefeito de capital nas eleições municipais deste ano. Há quatro anos, havia conseguido emplacar quatro. Era a segunda legenda com mais prefeitos em capitais, atrás apenas do MDB. Neste ano, os tucanos só elegeram dois prefeitos em primeiro turno nas 103 maiores cidades brasileiras, aquelas que têm mais de 200 mil eleitores — Santo André (SP) e Caruaru.

O partido já vinha definhando municipalmente mesmo antes da eleição. Das 17 grandes prefeituras que conquistou há quatro anos, só manteve dez. O maior símbolo do fiasco está em São Paulo, cidade em que o PSDB venceu nas duas últimas eleições, com João Doria em 2016, no primeiro turno, e Bruno Covas em 2020.

Neste ano, o deputado federal Aécio Neves (MG) e o presidente da legenda, Marconi Perillo, que são alguns dos poucos líderes históricos que restam no partido, patrocinaram a filiação e a candidatura de José Luiz Datena, que antes havia se filiado ao PSB, com a perspectiva de ser vice na chapa de Tabata Amaral.

Completando uma dezena de partidos em menos de dez anos, Datena havia antes ensaiado por quatro vezes se candidatar a um cargo eletivo, sempre desistindo na última hora. Desta vez foi até o final, mas amargou a quinta colocação na disputa, com 112.344 dos votos, o equivalente a 1,84% do total. O próprio ex-apresentador qualificou seu desempenho como “péssimo” e “horrível”.

E AGORA, PREFEITOS? – Se trocar o PSDB pelo PSD, como se especula, o que a governadora Raquel Lyra dirá aos 32 prefeitos que a legenda tucana elegeu entre o primeiro e o segundo turno no Estado, incluindo Paulista, cidade de maior expressão? Terá sido em vão, igualmente, o trabalho competente – e de formiguinha – feito pelo presidente estadual tucano, Fred Loyo, um dos principais responsáveis pela aderência que o partido conquistou no Estado no pleito municipal?

Entre o discurso e a realidade – Por falar em Fred Loyo, em entrevista ao Frente a Frente, tão logo foram abertas as urnas do segundo turno em Pernambuco, no qual o PSDB saiu vitorioso em Paulista, o dirigente estadual da legenda atribuiu o crescimento de cinco para 32 prefeituras à força e liderança da governadora Raquel Lyra. Dá para entender o abandono da legenda pela governadora depois de criar o discurso diante do PSB, seu principal adversário em 2026, de que elegeu o maior número de prefeitos nas eleições municipais deste ano?

A insegurança de Dirceu – O ex-ministro José Dirceu tem conversado discretamente com aliados nos últimos dias, desde que suas condenações foram anuladas pelo STF e o ex-ministro se livrou das restrições da Lei da Ficha Limpa. O petista vem dizendo que “passa pela cabeça” voltar a se candidatar a deputado federal em 2026, mas pediu cautela e disse ser muito cedo para tomar uma decisão. Uma pessoa próxima do petista apontou que é preciso esperar a reação do PT com a volta dos direitos políticos de Dirceu. Uma parte da legenda avalia que o PT abandonou Dirceu, que já presidiu o partido e foi um de seus principais expoentes, segundo apurou o site Metrópoles.

Jogou a toalha – Em entrevista ao jornal O Globo de ontem, o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, cotado para assumir a presidência do PT na sucessão de Gleisi Hoffmann, disse que a classe média popular votou contra o PT no Brasil inteiro. “O antipetismo se tornou mais presente em 2024”, disse, adiantando que o partido precisa rever conceitos e trabalhar uma estratégia de recuperação da sua imagem. Para ele, figuras como José Dirceu, João Paulo Cunha e Ricardo Berzoini são de extrema importância e defende que eles voltem a ser protagonistas da legenda.

Em Caruaru, Frente a Frente agora é na Cidade FM 99,7– Hoje, o Frente a Frente, programa que ancoro pela Rede Nordeste de Rádio, tendo como cabeça de rede a Rádio Folha 96,7 FM, no Recife, muda de canal em Caruaru. Saí da Rádio Cultura, parceria que durou dez anos, e segue para a Rádio Cidade 99.7 FM, do grupo empresarial Adolfo da Modinha, em sociedade com os jornalistas Mário Flávio e Renata Torres. A estreia acontece logo mais, às 18 horas, com uma mesa redonda tendo a participação do presidente da Amupe, Marcelo Gouveia, e os prefeitos de Gravatá, Joselito Gomes (Avante), e São Caetano, Josafá Almeida (UB). Mário e Renata vão me ajudar na coordenação do debate.

CURTAS

CALADO – Procurado, ontem, para falar sobre o possível ingresso da governadora Raquel Lyra ao PSD, Gilberto Kassab, cacique da legenda em nível nacional, silenciou. Lá atrás, numa conversa com este colunista, ele confirmou que o convite à tucana foi feito tão logo ela se elegeu.

SINALIZAÇÃO – A direção estadual da legenda, à frente o ministro da Pesca, André de Paula, também não quis se manifestar. Na última terça-feira, em entrevista ao Frente a Frente, ele disse que a governadora seria muito bem-vinda ao partido.

VÁRZEA – O secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, definiu como “completamente errada” a estratégia da campanha para a Prefeitura de São Paulo, onde o partido apoiou a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), e partiu para o ataque ao dizer que ministros do governo Lula jogaram “na várzea”.

Perguntar não ofende: Se ingressar no PSD, Raquel assume também a presidência estadual no lugar de André de Paula e leva os 32 prefeitos tucanos para a nova legenda?

Álvaro Porto de volta à Alepe para colher os frutos da boa relação com os colegas

Por Larissa Rodrigues

Repórter do blog

O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), deputado Álvaro Porto (PSDB), desembarca no Recife no final da tarde deste sábado (2). O parlamentar viajou para São Paulo no dia 20 de outubro e lá passou por cirurgia para tratar dores na coluna. Em entrevista ao blog, na noite de ontem, Porto relatou que está recuperado e que não sente mais dores. Já na próxima segunda-feira (4), estará de volta à Alepe, onde começa a comandar as negociações para a eleição da nova Mesa Diretora da Casa.

Álvaro Porto falou pela primeira vez sobre o novo pleito. Quando houve a decisão do ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), de suspender a reeleição antecipada da Mesa, realizada em novembro de 2023, o presidente já estava em São Paulo. O parecer de Dino foi publicado no dia 22 de outubro, atendendo a uma solicitação do procurador-geral da República, Paulo Gonet. De imediato, o presidente enviou uma nota, por meio da assessoria de imprensa, afirmando que a decisão seria acatada. “Deliberação judicial não deve ser enfrentada, mas cumprida”, informou o comunicado.

Mesmo afastado, o parlamentar não deixou de receber os apoios dos colegas e jamais perdeu o favoritismo para a permanência na presidência, motivo pelo qual tem enfrentado a questão com tranquilidade. Álvaro Porto comentou que não tem tratado ainda do tema, que está deixando para quando estiver pessoalmente na Casa, mas recebeu ligações de vários deputados e também da governadora Raquel Lyra (PSDB), na sua estadia em São Paulo. A gestora garantiu ao presidente que não se meteria na disputa.

“Ela disse que a Assembleia era quem tinha que resolver e que não iria se envolver na nova eleição da Mesa. Acho que foi um gesto com a Casa também, que mostra a independência da Casa. De todo jeito, a gente nunca teve nenhum problema em aprovar os projetos do Governo. É claro, são discutidos, mas as coisas são feitas na base do acordo, conversando”, afirmou Porto.

Pelo menos 30 deputados, de vários partidos, já afirmaram ao blog que votarão novamente em Álvaro Porto, que o estilo dele e a autonomia que o presidente conferiu à Alepe são alguns dos motivos. O próprio Álvaro destaca que não tem barreiras para dialogar com os colegas, postura que o faz receber de volta os gestos num momento como o que virá, de nova eleição. É a colheita de um plantio feito dia a dia, na rotina do Poder Legislativo.

Questionado como tem avaliado todo o apoio público que tem recebido para enfrentar a nova disputa, Álvaro respondeu: “Eu vejo essa questão pelo olhar do fortalecimento que hoje tem a Assembleia e pelo convívio que a gente tem na Casa, o diálogo com todos os deputados. O gabinete da Presidência está sempre aberto. Deputado não precisa estar ligando para mim para marcar. É só chegar lá. Eu estando na Assembleia, o gabinete é aberto para todos”, destacou.

Gustavo Gouveia – Sobre a primeira-secretaria, um ponto de divergência entre os deputados, já que alguns defendem a permanência de Gustavo Gouveia (SD) e outros o querem fora do cargo, Álvaro Porto disse que só tem acompanhado o caso pela imprensa. “Até agora ninguém conversou comigo a respeito dessa questão. A gente vem acompanhando os comentários na imprensa, mas não tratei sobre isso com nenhum deputado. A partir da próxima semana é que a gente vai sentar para ver realmente o que é que está acontecendo”, frisou.

Dani Portela defende Gouveia – A deputada Dani Portela (Psol) foi uma das que se manifestou publicamente em apoio à recondução da mesma chapa para a Mesa, defendendo que continuem nos cargos tanto Álvaro quanto Gouveia. “Destaco com alegria ver ações como o Alepe Cuida, a realização do PPA Participativo, de forma descentralizada em todo o Estado, além da instalação de uma política institucional antirracista dentro da instituição. Esses avanços são importantíssimos para que a Casa do Povo siga ampliando o seu trabalho junto à população”, declarou a deputada, que preside a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Participação Popular.

Eleições municipais – Álvaro Porto também comentou o resultado das eleições municipais em Pernambuco. “Eu achei que o cenário ficou equilibrado. Todos se saíram bem, tanto o Governo quanto a oposição. Acredito que a partir do próximo ano devem começar as construções para 2026.” Questionado se achou que a governadora Raquel Lyra ficou mais forte, Porto salientou: “a gente vem acompanhando o que estão dizendo, que há 125 prefeitos a apoiando. Você não pode dizer que não houve fortalecimento, mas acredito que o jogo está equilibrado.”

Cidadão de Pernambuco – Na próxima segunda-feira (4), às 18h, o secretário da Fazenda de Pernambuco, Wilson José de Paula, receberá o Título de Cidadão Pernambucano na Assembleia Legislativa. A iniciativa é de autoria da deputada Débora Almeida (PSDB). Existe uma expectativa para que o presidente Álvaro Porto abra a reunião, mas ainda não está confirmada a participação dele.

Vai dar Trump ou Kamala? – A próxima semana será agitada no cenário político internacional, com as eleições dos Estados Unidos, na terça-feira (5). A disputa entre o ex-presidente Donald Trump e a vice-presidente Kamala Harris está acirrada. No Brasil, o presidente Lula (PT) afirmou, ontem, em entrevista ao canal de televisão francês TF1, que torce para Kamala, porque ela fortalece a democracia. “Eu acho que a Kamala Harris, ganhando as eleições, é muito mais seguro de a gente fortalecer a democracia nos Estados Unidos. Como eu sou amante da democracia, acho que é a coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para bem governar nosso planeta, obviamente fico torcendo para Kamala ganhar as eleições.” A entrevista foi gravada por videoconferência pela manhã, no Palácio da Alvorada, e transmitida na Europa à tarde.

CURTAS

FALTOU – O deputado federal Pedro Campos (PSB) foi às redes sociais, na noite de ontem (1), explicar a ausência na votação do imposto de grandes fortunas, no último dia 30, na Câmara. O parlamentar não estava em Brasília porque nasceu sua primeira filha, Nina, no Recife. Mas disse que é favorável ao imposto e defendeu a discussão internacional da taxação.

IMPACTO AMBIENTAL- A Alepe vai realizar uma audiência pública para debater o tema “Direitos Humanos e Empresas: Impactos Socioambientais da Mineração e Energias Renováveis em Pernambuco”, na próxima segunda-feira (04), às 10h, no auditório Ênio Guerra.

ANTISSEMITISMO – A Alepe aprovou em Plenário, na última semana, o Projeto de Lei que institui no calendário oficial de Pernambuco o Dia Estadual de Combate ao Antissemitismo e ao Fascismo, a ser celebrado em 9 de novembro. Para o autor da proposta, deputado Renato Antunes (PL), as duas expressões são nefastas e precisam ser combatidas. O projeto segue para sanção da governadora Raquel Lyra (PSDB).

DISPUTA – Com mais de 25 anos de atuação jurídica e também como professora universitária, a advogada Ana Carolina Lessa é um dos nomes na disputa por uma vaga no Quinto Constitucional do TJPE (Tribunal de Justiça de Pernambuco). A eleição, que ocorre no próximo dia 18, promete ser uma das mais concorridas dos últimos anos.

Perguntar não ofende: O presidente da TV Pernambuco, Fúlvio Wagner, vai explicar para os deputados na Alepe o que levou a televisão pública do Estado a não transmitir o programa Roda Viva com o prefeito João Campos? 

Trapalhada ou censura?

A TV Pernambuco deu uma tremenda mancada ao tirar do ar a entrevista do prefeito do Recife, João Campos (PSB), no programa Roda Viva, da afiliada TV Cultura. Erro grosseiro, desnecessário e que está sendo associado à censura, o que expõe diretamente a governadora Raquel Lyra (PSDB).

Sim, porque é um canal estatal, controlado pelo Estado, sob a responsabilidade da Secretaria de Ciência e Tecnologia. A direção da TV Pernambuco alegou que não transmitiu porque priorizou o contrato para colocar no ar o jogo do Sport pela série B do Brasileiro, versão esquisita, já que há um contrato com a Cultura pelo qual é obrigada a transmitir os programas em rede.

Além de esquisita, mentirosa. O deputado Rodrigo Faria, da bancada do PSB na Assembleia Legislativa, ocupou a tribuna da Casa e assegurou que a TV Pernambuco, desde que ele se entende por gente, sendo do Conselho do Sport, inclusive, nunca transmitiu um jogo do rubro-negro. Mais um indicativo de que houve censura à entrevista de João.

A trapalhada vai custar caro ao Estado. Hoje, em reunião, a direção da TV Cultura deve decidir pelo fim do contrato com a TV Pernambuco. Seus diretores e a âncora Vera Magalhães ficaram indignados com a postura do Governo de Pernambuco. Tão logo o programa foi ao ar, na última segunda-feira, as reclamações de telespectadores no Recife e no restante do Estado congestionaram os celulares dos diretores e da própria Vera.

A bancada do PSB na Câmara, através do deputado e presidente estadual da legenda, Sileno Guedes, resolveu convocar o diretor da TV Pernambuco para dar explicações sobre o assunto, o que deve ocorrer já no início da próxima semana. Os parlamentares desconfiam de censura, o que, se comprovado, deixará a governadora em maus lençóis.

CÓPIA DO CONTRATO – Na convocação do diretor da TV Pernambuco, Fúlvio Wagner, seria oportuno que a bancada de oposição na Alepe exigisse dele a cópia do referido contrato que sustenta ter assinado, obrigando a emissora a transmitir o jogo do Sport na mesma noite em que o prefeito do Recife dava entrevista ao Roda Viva. Pelo contrato assinado com a Cultura, a estatal pernambucana é obrigada a retransmitir todos os programas da afiliada em rede.

O curinga de Raquel – Diretor da TV Pernambuco, o radialista Fúlvio Wagner, responsável pela decisão de não exibir na emissora a entrevista de João Campos no Roda Viva, é um soldado de Raquel para missões espinhosas. Antes de assumir a TV em novembro do ano passado, ocupou a função de gerente-geral de acompanhamentos de projetos especiais da Casa Civil, sendo o pivô dos entreveros do prefeito de Garanhuns, Sivaldo Albino (PSB), com o Estado, no tumultuado Festival de Inverno de 2023. Na campanha da tucana para o Governo do Estado, em 2022, conduziu o guia eleitoral do rádio e até na campanha da reeleição do prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro, foi escalado por Raquel para dar pitacos.

Segurança em debate – O presidente Lula (PT) se reuniu, ontem, com alguns governadores para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, ideia trabalhada em conjunto com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Entre outros, estavam lá Jerônimo Rodrigues (PT), da Bahia, e Elmano de Freitas (PT), do Ceará, além de opositores, como Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás. O mandatário do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), declinou o convite por um conflito de agendas. Participaram também os ministros com experiência de governadores, como é o caso de Camilo Santana (Educação), que já foi mandatário do Ceará; Rui Costa (Casa Civil), ex-governador da Bahia; e Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), ex-chefe do Piauí.

Motta se fortalece – O PL, PT e o MDB já declararam apoio ao deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) na disputa pela presidência da Câmara. Juntas, as siglas somam 204 deputados. O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, disse esperar mais anúncios na próxima semana. Na terça-feira passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), formalizou o deputado como seu candidato. Desde então, Republicanos, PP e Podemos endossaram o favorito de Lira.

Dueire dá conta do recado – O ex-senador Armando Monteiro Neto (Podemos) tem sido um observador atento da cena nacional e estadual. Por onde passa, não se cansa de elogiar a atuação do senador Fernando Dueire (MDB), substituto de Jarbas Vasconcelos na Casa Alta. “Culto, preparado e jeitoso, Dueire tem trazido a debate temas importantes da vida nacional e no Estado está se inserindo muito bem até na micropolítica do Interior”, disse. Armando fala com propriedade, pois foi senador atuante e de amplitude nacional.

CURTAS

EX-AMIGO – O deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA), que deve desistir da disputa pelo comando da Câmara, está profundamente magoado com o presidente Arthur Lira (PP-AL). “A única coisa desse processo é que já comecei perdendo. Perdi um amigo que eu considerava que era o meu melhor amigo, o presidente Arthur Lira. A gente era amigo de se falar todo dia, várias vezes por dia”, disse Elmar.

PROCESSO – O senador Flávio Bolsonaro está sendo processado no STF pelo prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão (MDB), após ter afirmado que a Prefeitura da cidade fluminense tinha acordos com traficantes durante a campanha eleitoral. O candidato de Flávio e do clã Bolsonaro, Renato Araújo (PL), foi derrotado por um aliado de Jordão, Ferretti (MDB).

PLANO – O plano de segurança que Lula discutiu, ontem, com os governadores, visa integrar as polícias, reforçar o Sistema Público de Segurança Pública (SUSP) e aumentar as responsabilidades da União. Além disso, cria uma nova polícia comandada pelo governo federal com mais poderes de policiamento ostensivo a partir da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Perguntar não ofende: Por que o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, se recusou a participar do encontro de Lula ontem com os governadores?

Rasteira ou acerto para salvar Bolsonaro?

Ninguém sabe ao certo se a decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de cancelar a tramitação do projeto de anistia política na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), ao mesmo tempo em que criou uma comissão especial para analisar a matéria, tem por trás um acordo para beneficiar o ex-presidente Bolsonaro ou se sepulta suas chances de readquirir seus direitos políticos.

Se por um lado a reviravolta agradou opositores da anistia, pela tramitação mais demorada e até com mais chances de ser inviabilizada, nos bastidores ela envolve também outros interesses. Em visita de surpresa ao Senado, Bolsonaro deixou claro que a atitude de Lira foi previamente discutida com ele e com aliados e que traz nas entrelinhas a forte possibilidade de, nessa comissão, ser acrescentada emenda para que se livre de sua inelegibilidade e possa disputar a Presidência da República, em 2026.

“Tem certos acordos, não vou enganar vocês, que a gente faz no tête-à-tête, não tem nada escrito, nem passa para fora. (…) A gente conversa, poxa, na mesa [de negociação] é igual namoro, você conversa tudo, vou casar: vai ter filho, não vai ter filho, vai morar onde, o que você tem, o que você não tem”, disse Bolsonaro ao ser questionado se a sua própria anistia foi colocada à mesa como condição para o apoio do PL a Motta na Câmara e a Davi Alcolumbre (União Brasil) para presidir o Senado.

A medida de Lira foi elogiada também pelos presidentes do PL, Valdemar Costa Neto, e do PP, Ciro Nogueira, ex-articulador e ainda um dos principais aliados de Bolsonaro. O PL fez, ontem, um encontro das suas bancadas na Câmara e no Senado e, segundo Bolsonaro, a tendência é declarar apoio a Hugo Motta (Republicanos (PB), candidato a presidente da Câmara e a Davi Alcolumbre, candidato a presidente do Senado (UB-AP).

IRRITAÇÃO DE LIRA – Antes de anunciar a criação de uma comissão especial para discutir o Projeto de Lei que anistia investigados pelo 8 de Janeiro – e, claro, retirá-lo da pauta da Comissão de Constituição e Justiça –, Arthur Lira (PP-AL) fez questão de reclamar com aliados sobre a associação do tema à sucessão dele à presidência da Câmara. Criticou, inclusive, as declarações de Valdemar Costa Neto, aliado de primeira hora e que apoiará Hugo Motta (Republicanos), candidato de Lira, na sucessão à presidência.

Valdemar quer anistiar o ex-presidente – Na semana passada, Lira conversou com Valdemar. O presidente do PL queria que fosse incluída uma emenda ao projeto que tramitava na CCJ liberando o ex-presidente a participar das próximas eleições e que essa proposta fosse votada até dezembro, ainda na gestão Lira. Mas o presidente da Câmara pediu que Valdemar não fizesse associações a fim de não contaminar a sucessão na Câmara. Lira enfatizou: “O tema deve ser debatido pela Casa, mas não pode jamais, pela sua complexidade, se converter em devido elemento de disputa política, especialmente no contexto das eleições futuras da Mesa Diretora da Câmara”.

O nu no Planalto – A segurança do Palácio do Planalto barrou, ontem, uma mulher que tentava entrar no Palácio do Planalto, sem roupas, para ser ouvida por Lula e Geraldo Alckmin. O movimento se deu enquanto o vice-presidente estava no prédio, prestes a participar de um evento sobre indústrias e sustentabilidade. Em imagens feitas no local, a pessoa aparece vestindo apenas sandálias. A mulher chegou vestida ao balcão da recepção do Planalto, onde costumam ser recebidos os visitantes da sede do Executivo. Despiu-se na sequência. Em vídeos gravados por participantes do evento, apareceu questionando: “Isso é pro Lula fazer isso comigo e com a minha família?”.

Surto de loucura – A Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República), informou que o episódio se tratou de um surto psicótico. Pessoas que assistiram às cenas avaliaram que as falas da mulher eram desconexas e pouco objetivas. Depois de contida pela segurança, foi a ala médica que a atendeu. Na sequência, uma ambulância a encaminhou para o Hospital de Base do Distrito Federal.

Nunes quer tirar o MDB de Lula – O prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), adiantou que irá trabalhar internamente no MDB para que a legenda não apoie o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma eventual candidatura à presidência em 2026. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele disse ainda que já conversou com o prefeito reeleito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), sobre o movimento, mesmo com o partido ocupando três ministérios no governo petista. Ele ainda revelou ter esperado uma conversa de Simone Tebet em 2022, antes dela anunciar o apoio a Lula, então candidato à Presidência.

CURTAS

SEM AVAL – A Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia recorrer da decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que anulou duas condenações impostas pela Lava-Jato ao ex-ministro José Dirceu (PT-SP). A decisão de Gilmar foi tomada na última segunda-feira.

SEGUNDA TURMA – Caso seja apresentado, o eventual recurso será apreciado pela Segunda Turma do STF, colegiado que declarou a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, autor das sentenças contra Dirceu. Além de Gilmar, a turma hoje conta com os ministros Edson Fachin, Dias Toffoli, André Mendonça e Nunes Marques.

VISÃO DO PROCURADOR – O posicionamento contrário à anulação das condenações impostas a Dirceu já foi externado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, em manifestação no processo. Para o chefe do Ministério Público Federal (MPF), a solicitação de Dirceu não atendeu a requisitos específicos – logo, ele não poderia ser alcançado pela extensão de decisão que beneficiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também na Lava Jato.

Perguntar não ofende: Com a postergação da anistia de Bolsonaro, o PL lança candidato à Presidência da Câmara?