Coluna da sexta-feira

Com Raquel, Estado é campeão em desemprego

A governadora Raquel Lyra (PSDB) não consegue entrar numa zona de conforto real, que só existe no seu território colorido e imaginário das redes sociais. Não fossem as péssimas notícias da semana passada, quando apareceu no ranking dos governadores como a pior do Nordeste e a terceira mais impopular do País, na quarta-feira última (14), veio a queda no índice do Ideb, e ontem o Estado que a tucana governa apareceu como campeão em desemprego.

Pelo levantamento do IBGE, houve queda na taxa de desemprego, entretanto, em 15 estados. Na comparação com o primeiro trimestre, houve reduções significativas em termos estatísticos em Santa Catarina (3,2%), Rio de Janeiro (9,6%), Goiás (5,2%), Minas Gerais (5,3%), São Paulo (6,4%), Pará (7,4%), Ceará (7,5%), Maranhão (7,3%), Espírito Santo (4,5%), Acre (7,2%), Tocantins (4,3%), Alagoas (8,1%), Amazonas (7,9%), Piauí (7,6%) e Bahia (11,1%).

Nas outras 12 unidades da Federação, o IBGE disse que o indicador não teve mudanças consideradas significativas. Ou seja, a variação da taxa ficou dentro da margem de erro da pesquisa. Os dados integram a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua). A série histórica começou em 2012. Na média nacional, a taxa de desocupação recuou a 6,9% no segundo trimestre, após marcar 7,9% nos três meses iniciais de 2024. O resultado do País já havia sido divulgado pelo IBGE no dia 31 de julho.

Com a taxa de 6,9%, o desemprego no Brasil retornou ao menor patamar da série para o intervalo de abril a junho, repetindo o nível registrado dez anos atrás, em 2014 (6,9%). Tradicionalmente, o desemprego costuma cair no segundo trimestre, após alta no início do ano. A redução, conforme analistas, também refletiu em 2024 o desempenho positivo de outros indicadores macroeconômicos e a volta de atividades presenciais após a pandemia.

O exemplo que vem do Ceará – As cem escolas públicas do País com melhor desempenho educacional nos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano) são todas do Nordeste. O Ceará concentra o maior número de unidades que lideram o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), principal indicador de qualidade da educação do Brasil. Das 100 escolas com melhores resultados, 68 são escolas públicas do Ceará, 31 são de Alagoas e uma de Pernambuco. A média dessas unidades é muito superior à dos colégios particulares do País, que foi de 7,2.

Custódia, a melhor municipal – Pernambuco, felizmente, apareceu no ranking das 21 melhores escolas do País. A campeã está localizada no Sertão, em Custódia, a 330 km do Recife, mas é municipal, de ensino fundamental – Escola Municipal Manoel Leandro de Morais. No entanto, o Estado tem outras. No Recife, a Escola de Aplicação do Recife, em Garanhuns a Escola de Aplicação Ivonita Alves Guerra, em Petrolina a Escola Anexo I do Colégio da Polícia Militar.

Sobral, campeã em educação – o Ideb 2023, 21 escolas municipais atingiram a nota máxima do indicador, que varia de 0 a 10. A cidade de Sobral (CE) reúne cinco das unidades com média 10 no Ideb. Mucambo, Pires Ferreira e Cruz, também no Ceará, têm duas unidades com nota máxima. Coruripe (AL) tem duas escolas com média 10. A média do Brasil nos anos iniciais chegou a 6 no Ideb de 2023, alcançando a meta que era prevista para 2021. Entre as escolas da rede pública, a média foi de 5,7 — ligeiramente abaixo do projetado, que era de 5,8.

ICMS Educacional – O sistema de colaboração usado por esses estados surgiu com o Paic (Programa de Alfabetização na Idade Certa) a partir de 2007. O plano é apontado como um dos responsáveis pelos resultados positivos que chegaram às escolas do Ceará e que depois foram replicados em outras redes. Outro ponto central da política do Ceará foi a criação do ICMS Educacional, que inspirou mudanças na lei do Novo Fundeb. A regra estabelece a distribuição de ao menos 10% da cota municipal do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de acordo com indicadores de melhoria na aprendizagem e na equidade do sistema educacional.

Pontuação máxima – Das escolas nota dez, 15 estão no Ceará, cinco em Alagoas e uma em Pernambuco, a de Custódia, destacada em nota com foto ao lado. As unidades foram as únicas a conseguirem a pontuação máxima entre todas as escolas públicas que tiveram o ensino fundamental (anos iniciais e finais) e ensino médio avaliados. O indicador avalia o desempenho dos estudantes a partir da taxa de aprovação das escolas e dos resultados em uma avaliação de matemática e português, o Saeb.

CURTAS

ATO EM SP – O pastor bolsonarista, Silas Malafaia, marcou uma manifestação a favor do impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes, para o próximo dia 7 de setembro, na Avenida Paulista, em São Paulo. Malafaia afirmou que ele e outros bolsonaristas, como senador Magno Malta (PL-ES) e os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO), devem fazer “discursos duros” contra o magistrado.

SUPERFATURAMENTO – Um relatório do setor de Inteligência da Polícia Militar de Goiás aponta superfaturamento em compras de material escolar para colégios militares do estado e um esquema para a escolha de empresas que produzem a cerimônia de formatura dos alunos. As informações fazem parte da investigação sigilosa, obtida pelo site Metrópoles, que apontou tráfico de influência e pagamento de propina ao deputado estadual Coronel Adailton (Solidariedade).

PRISÃO – O Ministério Público de Goiás (MPGO) pediu a prisão temporária do juiz Adenito Francisco Mariano Júnior, do filho dele, Pedro Gustavo Gornattes Mariano, e de outros dois investigados no inquérito que apura suposto esquema criminoso de venda de decisões judiciais.

Perguntar não ofende: Raquel Lyra vive seu inferno astral?

Como fiquei sabendo da morte de Eduardo

Tem uma música de Nando Reis que diz que o tempo voa e, quando se vê, já foi. Jota Quest canta que o tempo escorrega pelas mãos. Dez anos se completaram, ontem, do desastre aéreo em Santos (SP) que tirou a vida do ex-governador Eduardo Campos. E como o tempo voou! Lembro-me perfeitamente de tudo.

Estava chegando na Stampa, empresa de outdoor em Olinda, para uma conversa com Durval, irmão do ex-deputado Ricardo Costa, sobre a campanha publicitária com foco nos oito anos do blog, quando me liga a jornalista Andreza Matais, então diretora do Estadão em Brasília, a quem conheci como repórter da Agência Nordeste.

“Magno, estão dizendo que o avião que caiu em Santos era o que Eduardo estava a bordo. Você tem mais informações?”. Não sabia de absolutamente nada e, na verdade, fiquei chocado. A notícia não estava em nenhum blog, não havia saído em nenhuma TV. Contei para Durval e liguei imediatamente para Eduardo Monteiro, diretor-presidente do Grupo EQM, o qual a Folha integra, e me lembro até hoje da sua reação.

“Pelo amor de Deus, Magno, não dá para acreditar”. Tão logo acabei de falar com Eduardo, me liga Andreza de volta, para informar que a tragédia estava consumada. Fui o primeiro a dar a notícia e a partir daí meu celular não parou. Gente de todos os quadrantes da terra querendo mais informações. Que dia triste! Briguei muito com Eduardo, nossa relação se deu entre tapas e beijos.

Na política, o neto de Arraes, que conheci jovem, levando a pasta do avô nas viagens pelo Interior do Estado, tinha duas faces e os que conviveram com ele assinam embaixo: era ao mesmo tempo implacável com os que pisavam nos seus calos e exímio sedutor na arte de ampliar seu exército de amigos e aliados. Primeiro-ministro da Inglaterra, Winston Churchill dizia que a política é quase tão excitante quanto a guerra e não menos perigosa. A grande diferença é que na guerra só se morre uma vez, mas na política diversas vezes.

Na vida pública, Eduardo viveu uma morte que parecia sem ressurreição, a do escândalo dos precatórios. Renasceu sendo inocentado. Recriou sua imagem quando ministro da Ciência e Tecnologia, espaço mais técnico do que político, quando fez do limão uma limonada, o que lhe deu musculatura para entrar na disputa pelo Governo do Estado e vencer a guerra mais desafiadora da sua vida.

A BRIGA – Na primeira gestão de Eduardo – 2007-2010 – passei dois anos sem falar com ele. A briga se deu por causa de um conjunto de máquinas agrícolas que estavam levando sol e chuva no IPA de Serra Talhada, fato que denunciei e ganhou amplitude nacional pelo descaso. Naquele dia, conheci a face coronelista dele: quase me esbofeteia numa discussão em Araripina. Ganhei um inimigo, sofri as perseguições, mas resisti a todas as intempéries.

A reconciliação – Com o passar dos tempos, amigos em comum, entretanto, nos levaram a fumar o cachimbo da paz. Na reconciliação, uma conversa também dura, olho no olho. Na altura do campeonato, Eduardo já era o governador mais popular do País e, no auge do seu sucesso, começava a fazer planos para um voo mais alto, de águia: a conquista da Presidência da República, projeto que passava pela sua reeleição.

Ouvia muito – Eduardo era um político diferenciado no trato com a mídia. Adorava ouvir opinião de jornalistas, publicitários, formadores de opinião em geral. De volta ao convívio sem conflitos comigo, vez por outra me surpreendia com um convite para ir ao Interior ou até mesmo para Brasília em sua aeronave. Ia sabendo que não era para entrevista, apenas para analisar cenários e colher opiniões. Era muito habilidoso, sabia ouvir os contrários, inclusive reconhecer erros, dando a mão à palmatória.

Bastidores em livro – No meu livro Histórias de Repórter, lançado em 2017, conto histórias de bastidores que vivi ao longo dos últimos 40 anos de jornalismo, algumas delas tendo Eduardo Campos como um dos personagens. Acompanhei a trajetória dele também como deputado federal, eleito o mais votado do Estado nas eleições de 1994, nas quais Miguel Arraes chegou ao Governo do Estado pela terceira e última vez, derrotando Gustavo Krause, pai da vice-governadora Priscila Krause.

No pescoço de Joca – Além de ser vítima pessoal da fúria de Eduardo Campos, ele já como governador, presenciei também outro fato do seu traço de político de personalidade forte, de não levar desaforo para casa. O ex-deputado federal Joca Colaço havia me dado uma entrevista bombástica para a Folha de Pernambuco, magoado com sua não reeleição em 94. Acusou Eduardo de entrar em suas bases para ser eleito o federal mais votado. Só não o chamou de arroz doce. Ao saber, Eduardo saiu procurando Joca no Congresso como se procura agulha no palheiro. O encontrou no cafezinho da Câmara, agarrou o desafeto pelo pescoço, pisando nos seus pés aos berros: “Repita o que você disse na entrevista para eu quebrar agora a sua cara”. Foi uma cena que nunca esqueci, presenciada por mim e o ex-senador Sérgio Guerra, além do ex-deputado carioca Miro Teixeira.

CURTAS

MALIGNO – Na minha convivência de altos e baixos com Eduardo, foi ele que, num certo dia, me pôs um apelido que pegou rapidamente no meio político do Estado e em Brasília: “Maligno”. Mas só me tratava assim na brincadeira, quando estava em alto astral, de bom humor.

BOA FONTE – Eduardo era, igualmente, uma excelente fonte de informação para os jornalistas. Sabia como ninguém contar os causos de bastidores. Com seu o humor ferino, quando se tratava de um adversário, nos levava a dar boas gargalhadas.

IMITADOR – Outro traço da personalidade de Eduardo Campos: ninguém imitava o jeito dos políticos, principalmente os folclóricos, como ele. Na voz e no modo de discursar, suas imitações eram perfeitas. Era bom contador de piadas. Esse lado alegre dele encantou o presidente Lula, que com ele criou fortes laços de amizade.

Perguntar não ofende: Quando surgirá no Estado um político tão plural como Eduardo?

Clodoaldo aderiu por questões paroquiais

A entrada do PV no Governo, através de Yanne Teles, para a Secretaria da Criança e da Juventude, é o chamado “samba do Criolo doido”, uma musiquinha do jornalista Sérgio Porto que satirizava o ensino de História do Brasil nas escolas nos tempos da ditadura, mas que na política passou a ser sinônimo de algo muito confuso, difícil de entender.

Se o PV integra a federação liderada pelo PT, que tem ainda o PCdoB, partido ao qual está filiado o candidato a vice-prefeito de João Campos (PSB), Victor Marques, como pode virar a casaca de última hora, saindo do campo esquerdista para um governo de centro, estando as outras duas legendas – PT e PcdoB – comprometidas no palanque de João?

Tem algo a mais no ar do que avião de carreira. Este é um angu que força o PT e o PCdoB a tomarem uma posição, a não ser que ambos, especialmente o PT, ainda inconformado por ter perdido a vice na chapa de João, estejam usando o PV como boi de piranha para criar dificuldades para a reeleição do prefeito. Clodoaldo é o presidente estadual do PV, mas não tem autonomia para resolver uma equação desta com o seu partido integrando uma federação.

A não ser que essa federação seja apenas um arrumadinho, um acordo de comadres para garantir a sobrevivência de deputados federais que tenham dificuldades naturais de reeleição em razão do fim das coligações. Tudo leva a crer que a explicação se dê mais nessa direção.

Mas o que soube também é que a debandada do PV se deu por questões paroquiais em Água Preta, terra de Clodoaldo, que teria pressionado João Campos a retirar a candidatura do socialista João Fernando Coutinho, para facilitar a eleição de Miruca, seu aliado incondicional no município. Mesmo que isso tenha sido o pivô do episódio, como fica o PV na eleição do Recife, depois de ocupar cargos e assumir compromisso com a reeleição de João?

Vínculo com Marília – A advogada Yanne Teles atuou na campanha de Marília Arraes para o Governo do Estado nas eleições passadas, mas não como coordenadora da área jurídica, como noticiei ontem. Prestou serviços no Grande Recife, inclusive na organização do dia do pleito. Quem, na verdade, coordenou o jurídico da então candidata do Solidariedade foi o advogado Walber Agra, segundo fontes ligadas a Marília que se apressaram em explicar o vínculo de Yanne com a candidata derrotada por Raquel no segundo turno.

Vá entender o PV! – O presidente do PV no Recife, Marco Aurélio Filho, se apressou em explicar, ontem, que a decisão do PV em ingressar no Governo Raquel não compromete o alinhamento do partido no Recife com a reeleição de João Campos. “Foi uma decisão pessoal do deputado federal Clodoaldo Magalhães a nível estadual, mas a nível municipal o partido continua onde sempre esteve, no palanque de João”, garantiu.

Frota mínima na greve – O Tribunal Regional do Trabalho determinou, ontem, que o Sindicato dos Rodoviários recomende aos motoristas de ônibus que voltem a operar com a frota mínima de 60% nos horários de pico e de 40% nos demais horários durante a greve que afeta 1,2 milhões de passageiros no Grande Recife. A decisão foi tomada após o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE) protocolar um pedido de julgamento do dissídio coletivo dos rodoviários no Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6).

Ameaça do uso policial – Por meio de nota, a Urbana-PE informou que o Tribunal determinou que o Sindicato dos Rodoviários volte a promover a prestação dos serviços de transporte público com frota mínima de 60% nos horários de pico, e de 40% nos demais horários. Determinou ainda que o Sindicato dos Rodoviários se abstenha de bloquear as garagens ou constituir piquetes em vias públicas, autorizando, caso necessário, o uso da força policial.

Moraes, cópia fiel de Moro – Em entrevista à CNN, o ex-ministro Nelson Jobim, do STF, comparou a atuação do ministro Alexandre de Moraes, também do STF, à da Operação Lava Jato. Disse que “os métodos” empregados pelo magistrado são “próximos” aos adotados pela investigação encabeçada pelo ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR). Jobim foi presidente do STF (2004 a 2006), ministro da Defesa (2007 a 2011) e da Justiça (1995 a 1997). É sócio e integrante do conselho do banco BTG Pactual desde julho de 2016.

CURTAS

MAIS DINDIM – O primeiro decêndio de agosto foi repassado aos cofres das prefeituras na última sexta-feira, com crescimento de 26,56%, comparado com o mesmo período do ano passado. O valor do crédito foi de R$ 7.167.198.661,64, já descontada a retenção do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Em valores brutos, incluindo o Fundeb, o montante é de R$ 8.958.998.327,05.

QUEDA – A Confederação Nacional de Municípios (CNM) informa que o crescimento de 26,56%, embora importante, se deu em função do comparativo com a queda de 20,32% no primeiro decêndio de agosto de 2023, num cenário de crise fiscal dos municípios. A comparação do atual decênio contra o primeiro decêndio de agosto de 2022, com a correção inflacionária, aponta para uma queda de 3,28%.

BATEU PONTO – Pegou muita gente de surpresa a presença, ontem, na Alepe, na homenagem a Eduardo Campos, do secretário de Governo, Túlio Villaça, um dos auxiliares mais prestigiados pela governadora Raquel Lyra (PSDB).

Perguntar não ofende: O PV em Pernambuco agora é lá e lô?

Onde Raquel está errando

A governadora Raquel Lyra (PSDB) recebeu, mais uma vez, uma péssima avaliação no ranking dos 27 governadores rastreado pelo Atlas Intel e divulgado no sábado passado. Entre os nove do Nordeste, apareceu na lanterninha. No geral, é a terceira pior do País, ganhando apenas dos desastrosos governadores Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro, e Wilson Lima, do Amazonas (União Brasil).

Nos últimos seis meses, Raquel inverteu a ordem de governar – do Interior para a capital. A estratégia é restaurar sua imagem nos grotões, a partir de um conjunto de obras, como estradas, partindo do raciocínio de que o eleitor interiorano cobra menos, se conforma com o pouco que recebe, enquanto o que está no Recife e Região Metropolitana é muito mais exigente.

Tem uma certa lógica, mas governar é, antes de tudo, delegar. O que se ouve nos bastidores é que Raquel não confia em ninguém e por isso mesmo é extremamente centralizadora. Quem quer controlar tudo, acaba não fazendo nada, porque a máquina do Estado é gigante e engole quem escolhe esta janela para o sucesso administrativo. O Governo de Raquel é Raquel, gira em torno dela e das redes sociais, seu território de gestão colorida.

Não há um só secretário que se destaque, ou que fale pelo menos. Todos têm pavor da chefona, morrem de medo de levar gritos. E ela não grita, berra, já me contaram secretários que deixaram o Governo. Ninguém governa sozinho. Governo bem-sucedido é resultado de uma equipe harmônica, competente, falando a mesma linguagem, vestindo a camisa da gestão, trabalhando com elevado espírito público e devoção.

Não se vê isso no Governo Raquel. Na sua obra clássica e primorosa “O Príncipe”, Maquiavel fala do exercício do poder pelo governante como algo fundamental para a questão da conquista e preservação do Estado, cabendo ao bom rei (ou bom príncipe) ser dotado de virtude e fortuna, sabendo como bem articulá-las.

Enquanto a virtú dizia respeito às habilidades ou virtudes necessárias ao governante, a fortuna tratava-se da sorte, do acaso, da condição dada pelas circunstâncias da vida. Para Maquiavel, quando um príncipe deixa tudo por conta da sorte, ele se arruína logo que ela muda. Sem equipe, sem delegar, sem confiar, Raquel não pode jogar suas apostas nos búzios.

Feliz é o príncipe, segundo Maquiavel, que ajusta seu modo de proceder aos tempos, e é infeliz aquele cujo proceder não se ajusta aos tempos. Raquel não pode continuar governando com empáfia e autoritarismo. Tem que entender que a atividade de gestão é política, e política, tal como arquitetura, exige um compasso de espera, de paciência, resiliência e até ternura.

Dinheiro não é tudo – Tenho ouvido de aliados de Raquel, e até de cientistas políticos, que a governadora irá superar o inferno astral de sua gestão porque está com o cofre recheado e tem muitas obras acontecendo, ou por vir, que lhe darão visibilidade. Mais uma vez, digo que há uma lógica nesse raciocínio. Mas não adianta ter uma botija se não se der ao exercício da política. E na política, ela tem errado demais. Brigou com o presidente da Assembleia Legislativa, Álvaro Porto, perdeu as duas indicações para o Tribunal de Contas, levou a pior nas investidas para trazer o MDB e o PDT, que foram parar nos braços de João Campos.

Quebra de um ciclo histórico – No quesito avaliação de gestão, Raquel abriu um paradigma no Estado. Historicamente, Pernambuco viu seus gestores na liderança nacional em popularidade. Foi assim com Jarbas Vasconcelos, igualmente com Eduardo Campos. Ambos sempre apareceram em primeiro em todas as pesquisas nacionais envolvendo os 27 governadores. Nem mesmo governadores que desandaram, como Miguel Arraes, num primeiro momento, e Joaquim Francisco, que o sucedeu em 1991, chegaram ao rabo da gata, como Raquel, em julgamento de gestão.

Dois grandes entraves – Para se recuperar, Raquel tem dois grandes desafios pela frente: reduzir a violência crescente no Estado, que deixou de ser exclusividade da Região Metropolitana, e melhorar drasticamente a saúde. Ouvi, certo dia, um relato de um médico que conhece de gestão que a saúde do Estado está, literalmente, na UTI, desde as UPAS ao mais distante hospital regional. Em relação às UPAS com o perfil “Estadual”, seus contratos com as Organizações Sociais estão vencidos desde março, sem que a governadora manifeste qualquer sinal para abertura de licitação ou renovação.

O fígado é mau conselheiro – Entre os próprios aliados, a maior reclamação ao Governo Raquel recai no estilo dela, de poucas palavras, dona da verdade, extremamente centralizadora. Há um consenso de que suas decisões no dia a dia são tomadas pelo ardor da bílis. Nesta estrada da vida, nunca vi alguém dar certo governando ao sabor da amargura do fígado. Certa vez ouvi do ex-presidente Michel Temer: “Não se faz política com o fígado. Em política não se tem inimigo, mas adversário, aquele que adversa, está do outro lado, mas merece respeito”.

Desconfia da própria sombra – Contam também que a governadora não confia sequer na sombra do seu espelho. Corre uma historinha dando conta de que durante um despacho de rotina, um secretário a advertiu da necessidade de correr com uma licitação, sob o risco de o Estado sofrer consequências danosas. Não era um auxiliar reles, mas alguém da sua absoluta confiança. Diante da preocupação do subordinado, ela teria olhado no olho dele e dito: “Diga logo qual o interesse seu nessa história. Estou achando você muito interessado”!

CURTAS

PODEROSA – Outro erro da governadora, dizem os aliados também, foi ter centralizado todas as licitações na Secretaria de Administração, tocada pela “poderosa” Ana Maraíza. Até estruturas robustas, como Saúde, Educação e Infraestrutura dependem da burocracia e do bom humor de Maraíza.

ATRITOS – Não se governa, igualmente, criando conflitos com gente no Estado de alto poder para formar opinião. É o caso, por exemplo, da frente que Raquel criou para prejudicar os professores da rede estadual de ensino, não apenas do ponto de vista salarial, mas até de liberação dos precatórios a que a categoria tem direito.  

GREVES – Não dada ao diálogo, a governadora enfrenta greve na Polícia Civil e a partir de hoje quem está deflagrando uma paralisação são os motoristas e cobradores de ônibus. O sistema de transporte público da RMR é mediado pelo Estado, mas ela só dá ouvidos aos empresários do setor.

Perguntar não ofende: Qual o tempo da recuperação da governadora? 

Se a moda pega…

Se os debates no Recife envolvendo os candidatos a prefeito reproduzirem o que se deu no primeiro confronto na Band entre os postulantes a gestor da Prefeitura de São Paulo, a maior do País, o nível será subterrâneo. Foi um horror! O prefeito Ricardo Nunes (MDB) foi alvo preferencial de todos os concorrentes.

Na única vez em que tentou fazer uma dobradinha com Pablo Marçal (PRTB) para criticar Boulos, viu o influenciador e empresário devolver com ataques de cunho pessoal, como apontar “problemas cognitivos” no emedebista. Nunes precisou ficar quase o tempo todo na defensiva, exatamente como já estava esperando.

A fúria dos demais com Nunes ajudou Boulos (Psol) a apanhar menos do que o previsto. Sobretudo de Datena (PSDB) e Tabata (PSB), que parecem muito mais dispostos a fustigar o prefeito. O psolista não escapou ileso, é verdade. Mas as respostas que precisou dar foram sobre temas pelos quais já é abordado há outros tempos: a relação com o governo Lula.

E as contradições da esquerda na defesa da democracia e a posição no movimento social que promove invasões de prédios desocupados. Enquanto as trocas de farpas ganhavam atenções, Datena ficou apagado a maior parte do tempo, sobretudo no primeiro bloco, o que tem a maior audiência nesse tipo de encontro.

Ganhou atenção apenas nos embates com Nunes. Não que precise de conhecimento de quem tanto tempo ficou na TV, mas em meio ao desafio de despontar em meio à disputa particular com Tabata e Marçal pelo título de opção à polarização dos dois primeiros, foi pouco. Tanto que saiu reclamando de que foi atrapalhado e que não estava acostumado com o formato.

Pablo Marçal, como dito, queria fazer do embate um picadeiro para ganhar evidência nas redes sociais. As frases de efeito e o estilo kamikaze não trazem nada para o debate público, mas funcionam para quem queria chocar quem não o conhece e viralizar nas redes sociais. Saiu como o previsto, sendo sem qualquer dúvida o candidato mais citado nas redes.

Mas ele acabou caindo em uma armadilha ao ver o tema de sua condenação por fraude bancária tornar-se o principal assunto relacionado ao seu nome. Ao prometer desistir da candidatura se a condenação existisse (e ela existe), levantou a bola primeiro para Tabata e depois para Boulos. Na fala dela sobre o tema, ficou visivelmente nervoso.

Vantagem para Tabata – Nesse cenário, o debate serviu mais justamente a Tabata. Não pelo fato de que ela tenha se destacado em relação aos demais. Mas, enquanto pouco apanhou e tentou mostrar postura mais ponderada, a candidata do PSB acabou aproveitando sobretudo os embates com Marçal em relação à condenação do ex-coach, e com o prefeito sobre o boletim de ocorrência de agressão à mulher, para tornar-se conhecida de parte do eleitorado. Se a essa hora não são tantos os que ficam acordados para ver o debate, os recortes nas redes e a repercussão no dia seguinte devem ajudá-la nesses dois pontos.

Cabeçada em Teresina – Em Teresina, o prefeito Dr. Pessôa (PRD) agrediu o candidato do PSOL à Prefeitura da capital piauiense, Francinaldo Leão, durante o debate realizado na quinta-feira passada. Após responder uma pergunta de Francinaldo, Pessôa deu uma cabeçada no rosto do adversário. Após a agressão, Francinaldo pediu respeito por parte de Dr. Pessôa. O prefeito de Teresina, por sua vez, acusou o candidato do PSOL de dar cusparadas durante o debate. “Com todo o respeito, eu estou fazendo perguntas que o povo quer fazer”. “Não me cuspa, está molhado, deixa eu tirar o lenço aqui”, respondeu o chefe do Executivo teresinense.

Amor por Maduro – Em São Paulo, o debate na TV Band indicou ainda o que já se esperava: Guilherme Boulos (PSOL), até aqui o líder nas pesquisas de intenção de voto, não mira em Tabata Amaral (PSB). Os dois deputados de partidos de esquerda deverão ser aliados num segundo turno. O mesmo Boulos tentou flertar com Datena (PSDB) em dobradinha, mas o jornalista e apresentador de televisão, que estreia numa corrida eleitoral, refugou. Preferiu lembrar que o deputado do PSOL gosta do ditador Nicolás Maduro.

0071 goiano – O único assunto que conseguiu unir a maioria dos candidatos em São Paulo foi o prefeito Ricardo Nunes (MDB). Candidato à reeleição e bem posicionado nas pesquisas, Nunes foi atacado por Datena, Boulos, Tabata e Marçal. Este último cumpriu o papel de franco atirador. Chamado de “0071 goiano” por Tabata, Marçal falou palavrão, insultou os demais e tentou arrastar o nível do debate para abaixo do rés do chão.

Tirar a cadeira de prefeito – Quando Nunes propôs uma aparente trégua perguntando a ele sobre investimentos em empreendedorismo, levou de volta uma pedrada de Marçal: “minha proposta número 1 é te tirar da cadeira de prefeito”, respondeu o candidato do PRTB.  Nos momentos em que não se atacavam, os candidatos concordaram que o centro de São Paulo precisa voltar a ser lugar seguro e que a saúde tem filas de espera longas demais e que precisam ser encurtadas. Para o transporte público estrangulado, uma e outra promessa foi lançada ao vento. Coisa comum em campanha.

CURTAS

VAI DEVOLVER – O presidente Lula (PT) disse, na reunião ministerial, que devolverá o relógio Cartier que ganhou em 2005. Fará isso para evitar que a manutenção da peça seja utilizada para beneficiar Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias sauditas. O ministro do Desenvolvimento Agrário usou sua conta no X para dizer que o presidente não quer “se confundir” com uma decisão que pode beneficiar seu adversário político.

AUDIÊNCIA BAIXA – Levantamento exclusivo do Poder360 mostra que GloboNews, Jovem Pan News, CNN Brasil, Record News e Band News têm no máximo 195.636 telespectadores assistindo a essas cinco emissoras ao mesmo tempo. Esse número médio dos seis primeiros meses de 2024 é alcançado no período da tarde (12h-17h59), que é o de melhor desempenho.

DESPENCOU – A Globo News, emissora da família Marinho, teve um pico de audiência em maio por causa do destaque dado em seu noticiário para as enchentes no Rio Grande do Sul, mas despencou um mês depois. Em janeiro de 2024, tinha até 125.766, em média. Agora, tem no máximo 93.160.

Perguntar não ofende: João Campos vai mesmo a todos os debates no Recife?

O eufórico Lula  

Na reunião ministerial de ontem, o presidente Lula (PT) fez uma avaliação positiva da gestão, garantindo que o ambiente econômico está estável e favorável ao desenvolvimento. “O que fizemos aqui nesse um ano e oito meses era impensável de ser feito. Eu posso afirmar que já fizemos mais do que a gente tinha feito no nosso governo passado”, pontuou.

Ressaltou que há um cenário interno muito positivo no País em termos de controle da inflação, geração de empregos, valorização do salário-mínimo e oportunidades. “A gente se mantém equilibrado, numa situação boa, o emprego crescendo, o salário crescendo, a massa salarial crescendo, o desemprego caindo e a inflação equilibrada, a educação melhorando”, listou.

“Vamos aqui afinar a viola nas coisas que temos que fazer. Todo mundo tem tarefa determinada, todo mundo tem seu PAC, sua função. Então, daqui para frente, o que temos que fazer é trabalhar cada vez mais, fazer cada vez mais o esforço, porque é importante vocês trabalharem com a ideia que a gente não pode terminar o mandato sendo apenas mais um governo”, destacou Lula.

O presidente reiterou que cada ministério deve trabalhar com eficiência e dedicação para cumprir os objetivos atribuídos a cada área e garantir que o Brasil avance nas políticas públicas implementadas no país. “Eu fico sempre imaginando quantos degraus na escala social o povo pobre vai subir, porque é isso que conta, é saber se conseguiu valorizar aquelas pessoas que sempre foram esquecidas, que nunca tiveram vez, que não tiveram voz, que muitas vezes não têm nem sequer condição de se organizar. É para essa gente, de forma prioritária, que tem que estar o nosso olhar”, enfatizou Lula.

Além dos ministros, a reunião no Palácio do Planalto contou com a presença de líderes do governo no Congresso, no Senado, na Câmara, além de dirigentes do Banco da Amazônia, do BNDES, do Banco do Brasil, dos Correios, do Banco do Nordeste, da Petrobras e do IBGE.

CRIME ORGANIZADO – Ainda em sua fala de abertura, o petista ressaltou a importância da construção, junto ao ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), de um plano nacional de combate ao crime organizado e para garantir maior colaboração entre União, estados e municípios na segurança pública. “A gente não pode brincar de fazer segurança pública. A organização que acontece no crime organizado virou uma multinacional de delitos e, muitas vezes, estão muito à frente dos estados”, comentou.

Coitados dos pobres! – O programa Farmácia Popular, que fornece medicamentos gratuitos para a população mais pobre, foi a ação mais afetada pelo congelamento de gastos decretado pelo governo do presidente Lula (PT), com R$ 1,7 bilhão bloqueado no Orçamento da União. O governo promoveu uma contenção de gastos no valor de R$ 15 bilhões para cumprir as regras fiscais neste ano. Os ministérios foram responsáveis por definir quais áreas serão atingidas. Não há garantias que o dinheiro volte. Os recursos só serão descongelados se as contas voltarem a ficar em dia, o que não é o cenário atual.

Bloqueio de 36% – O programa Farmácia Popular tem um orçamento de R$ 5,2 bilhões em 2024, sendo R$ 4,8 bilhões apenas do sistema de gratuidade, que financia 100% do valor do medicamento. O restante fica para o sistema de copagamento, em que o governo paga uma parte do remédio para o cidadão atendido. O bloqueio atingiu 36% do programa gratuito. O Ministério da Saúde não esclareceu os motivos de tirar recursos do Farmácia Popular.

Congelamento de R$ 13 bi – Até a data de ontem, os ministérios e autarquias do governo implementaram R$ 13 bilhões de congelamento, somando os bloqueios (para cumprir o arcabouço fiscal) e contingenciamentos (para cumprir a meta de resultado primário). Na prática, as duas medidas impedem que o valor seja gasto. O prazo para que os ministérios detalhassem os cortes acabou, mas a Secretaria de Orçamento Federal pode implementar o congelamento até a próxima terça-feira.

Arrocho necessário – Os cortes no programa Farmácia Popular feitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) provocaram fortes críticas por parte de Lula durante a campanha eleitoral de 2022 e pautaram as falas do petista na disputa. Mesmo com o congelamento, o orçamento é maior do que no governo Bolsonaro, mas menor do que o Ministério da Saúde tinha prometido para 2024. “Corte é corte. Se precisar ajustar, ninguém vai estar com sorriso na orelha, mas é necessário “, afirmou o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, após reunião ministerial promovida pelo presidente Lula.

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SEM GÁS – Além do Farmácia Popular, os programas mais atingidos na Esplanada dos Ministérios foram a participação da União em concessões de rodovias (R$ 934 milhões) e o Auxílio Gás (R$ 580 milhões), que subsidia o botijão de gás para famílias carentes.

CONCESSÕES – O Ministério dos Transportes afirmou que efetuou o bloqueio no aporte para as concessões porque os projetos não estão mais na carteira deste ano e foram programados para 2025, devido ao atraso na realização de audiências públicas. “Sendo assim, esse bloqueio não vai prejudicar nenhuma das ações da pasta”, disse o órgão.

SEM MEIA – O governo também bloqueou verbas do programa Pé-de-Meia, que paga uma poupança para estudantes de baixa renda do ensino médio, três dias após anunciar a expansão do programa.

Perguntar não ofende: Se o Brasil está tão bem como faz crer Lula, por que a avaliação positiva da sua gestão rasteja em 35%?

Bolsonarismo sobrevive até no Recife

Na passagem, ontem, pelo Recife e Olinda, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve uma acolhida além da expectativa, segundo avaliadores aliados dele no Estado e de assessores que vieram de fora para acompanhá-lo. Uma prova de que o bolsonarismo, mesmo em território lulista, continua mais vivo do que imagina.

Se isso vai se traduzir em votos para os candidatos a prefeito do PL, partido do ex-presidente, no Estado, não se sabe. Candidato a prefeito do Recife, o ex-ministro Gilson Machado aposta na força e na popularidade de Bolsonaro para alavancar seu projeto eleitoral na capital.

Expectativa semelhante revela Isabel Urquiza, em Olinda; Fernando Rodolfo, em Caruaru; e Lara Cavalcanti, em Petrolina. Transferência de voto, entretanto, é algo muito difícil de se concretizar. Que o diga Marília Arraes, que perdeu para prefeita do Recife, em 2020, e para governadora, em 2022, tendo Lula como cabo eleitoral.

E olhe que Lula ainda pode ser considerado um “deus” no Nordeste, especialmente nos grotões! No Recife, nunca teve essa força, tanto que João Campos (PSB) foi eleito enfrentando-o e o PT, juntos. Se Lula não está com essa força toda, imagine Bolsonaro, de baixa densidade eleitoral no Nordeste.

Independente disso, o fato é que Bolsonaro foi ovacionado em vários cantos por onde passou, ontem, no Estado, a começar pela sua chegada no Aeroporto dos Guararapes, quando foi recebido por uma multidão entusiasmada e eufórica, gritando palavras de ordem para sua volta à Presidência da República.

Mais amado de Olinda? – Em Olinda, depois de percorrer vários trechos de carro, o ex-presidente Bolsonaro fez um discurso de agradecimento pela acolhida. “Quero dizer a vocês do carinho, do apreço e do respeito que tenho pelo povo nordestino. Vocês sabem o que aconteceu ao longo do meu mandato e vocês estão aqui porque eu acho que eu sou o ex-presidente mais amado de Olinda. Ser ex com um bom passado desse é muito bom. E esse divórcio quem fez não foi o povo. Mas vamos lá”, afirmou.

Quase não sobrou um prefeito – O presidente do Tribunal de Contas do Estado, Valdecir Pascoal, entregou, ontem, ao presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Cândido Saraiva, a lista negra dos prefeitos e ex-prefeitos que podem ficar inelegíveis na disputa eleitoral de outubro. O calhamaço é grande, mas precisa de melhores explicações. Se for mesmo 144 prefeitos de 108 municípios que estejam no exercício do cargo, supera a casa dos 70%, porque o Estado tem 184 prefeitos e 1.123 gestores de 404 órgãos fiscalizados, incluindo secretarias municipais, autarquias e empresas públicas.

Haja dinheiro! – O governo Lula deve pagar até R$ 30 bilhões em emendas parlamentares antes das eleições municipais deste ano, maior volume da história para o primeiro semestre do ano e para um período pré-eleitoral. O objetivo é viabilizar obras e acelerar o atendimento à população nos municípios. O Executivo resolveu, em acordo com o Congresso Nacional, repassar uma quantia equivalente a 60% das emendas previstas para 2024 antes das eleições de outubro, uma dimensão que não tem precedentes em anos anteriores. O valor inclui recursos distribuídos sem critérios técnicos, emendas Pix e heranças do orçamento secreto.

Drible na lei – A lei eleitoral proíbe o pagamento de emendas três meses antes da eleição, período que começa no próximo dia 6, com exceção de repasses para obras executadas anteriormente. Manobras do Congresso com aval do governo, porém, mudaram a forma de pagamento de emendas neste ano, gerando dribles à lei eleitoral e tornando a regra ineficaz. Em nenhum período anterior houve tanto recurso para ser gasto em plena campanha.

Dois pesos, duas medidas – O TCU entendeu que o presidente Lula (PT) não precisa devolver o relógio de ouro da marca de luxo Cartier, avaliado em R$ 60.000, que recebeu em 2005, no exercício da Presidência da República, ao acervo patrimonial da União. A tese vencedora foi do ministro Jorge Oliveira, que defendeu que não há lei para especificar os valores e critérios dos presentes recebidos pelo presidente para classificá-los como personalíssimos ou de direito da União. Na prática, esse entendimento da Corte de Contas pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias sauditas.

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PRECEDENTE – O antigo chefe do Executivo brasileiro é alvo de um inquérito da PF (Polícia Federal) que investiga um desvio de R$ 6,8 milhões em bens. Com uma posição do TCU de que o presidente não precisa devolver itens de cunho pessoal, nesses casos, joias e relógios, a defesa de Bolsonaro deve ser fortalecida.

REPRESENTAÇÃO – O processo foi instaurado na Corte de Contas a partir de solicitação do deputado Ubiratan Antunes Sanderson (PL-RS), em 2023. Foi aberta uma representação para analisar se Lula deveria devolver o relógio recebido em seu 1º mandato.

NO INVENTÁRIO – O relógio de ouro, modelo Santos Dumont, foi um presente da própria marca francesa de luxo durante visita do então presidente a Paris (França). O item é fabricado com ouro branco 16 quilates e prata de 750 quilates. Consta no inventário de Lula.

Perguntar não ofende: Independente de qualquer decisão, Lula deveria devolver o relógio?

Eleições dominam reunião ministerial

Na primeira reunião ministerial, marcada para amanhã, dentro do calendário do segundo semestre do ano, o presidente Lula (PT) vai tratar, dentre outros assuntos, das questões que envolvem diretamente o Governo e as eleições municipais. Vai pedir mais atenção dos ministros às condutas vedadas aos agentes públicos na campanha.

Lançará a ideia de um pacto de não-agressão entre partidos aliados do governo na campanha. Em conversas reservadas, Lula tem dito que quer transmitir uma mensagem importante: fazer tudo para que os adversários não estejam criando problemas para o Governo. Segundo o Estadão, o que mais impressionou Lula, recentemente, foram vídeos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad – em que ele responde a perguntas da jornalista Marília Gabriela com referências a taxas e impostos.

E do assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Celso Amorim. Os dois casos mostram como a tecnologia da inteligência artificial pode ser utilizada para o compartilhamento de notícias falsas. O vídeo em questão, por exemplo, era uma montagem. A gravação exibia Amorim em um longo abraço com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e foi publicada na quinta-feira pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O Estadão apurou que uma parte da reunião ministerial será dedicada ao tema “eleições”, além do balanço dos 18 meses de governo. No encontro, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, também apresentará as linhas gerais do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, lançado há uma semana.

Cartilha e multa – A dois meses das disputas para as prefeituras, Lula quer repassar à equipe as orientações da Advocacia-Geral da União (AGU), que produziu uma cartilha de 79 páginas sobre o assunto. Durante as comemorações do dia 1º de Maio, porém, o próprio presidente infringiu a Lei Eleitoral ao pedir votos para o candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, e foi multado em R$ 20 mil. No capítulo 8 da cartilha distribuída aos ministros, a AGU cita resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para destacar que a disseminação de notícias falsas restringe a livre vontade do eleitor.

Palco de atos históricos – Na passagem pelo Recife, hoje, o ex-presidente Bolsonaro escolheu a Pracinha do Diário como cenário para uma manifestação de rua. Trata-se de um palco histórico de grandes atos de esquerda no Estado, mas que sucumbiu com o tempo devido ao elevado nível de abandono da área, especialmente o memorável e centenário prédio do Diario de Pernambuco que o Governo Jarbas comprou, mas nunca reformou para funcionar como Arquivo Público.

Logística tira Petrolina do roteiro – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, o deputado Alberto Feitosa (PL), um dos organizadores da agenda de Bolsonaro ao Estado, explicou que Petrolina saiu da agenda do ex-presidente por uma questão de logística. “Bolsonaro queria conhecer a candidata e dar uma forcinha, mas os horários de voos não ajudaram”, disse o parlamentar, referindo-se à Lara Cavalcanti, candidata bolsonarista à prefeita do município.

Cada macaco no seu galho – Marcadas para outubro, as eleições municipais põem em lados opostos vários ministros do governo. Em São Paulo, Lula e o PT apoiam a candidatura de Boulos, enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Empreendedorismo, Márcio França, estão no palanque de Tabata Amaral (PSB). Ministros do MDB, como Simone Tebet (Planejamento), Renan Filho (Transportes) e Jader Filho (Cidades), por sua vez, aderiram à campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que concorre a novo mandato.

Haddad vai explicar cortes – O congelamento de R$ 15 bilhões em despesas no Orçamento deste ano, para cumprir a meta fiscal, vai afetar praticamente todos os ministérios e será detalhado por Haddad na reunião ministerial de amanhã. Apesar do bloqueio de recursos, Lula bate na tecla de que 2024 é o “ano da colheita”. Sob esse argumento, avisará os ministros que eles continuarão viajando a seu lado para entregar obras e programas sociais.

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CONGRESSO – A pauta de votações na Câmara e no Senado será outro tema da reunião ministerial. Ainda não há acordo sobre uma fórmula para compensar a desoneração da folha de pagamentos, que está sob análise do Senado, assim como a regulamentação da reforma tributária.

ESFORÇOS – Por causa da campanha eleitoral, o Congresso promoverá algumas semanas de “esforço concentrado” para votações, intercalando esse período com uma espécie de “recesso branco”. De qualquer forma, há muitas arestas em negociação, sobretudo em temas econômicos.

EMENDAS – Nos bastidores, tanto deputados como senadores acham que o ministro Flávio Dino, do STF, não tomaria a decisão de segurar o pagamento das emendas – que, de acordo com ele, só podem ser liberadas se houver publicidade sobre a aplicação dos recursos – caso não houvesse pedido do governo.

Perguntar não ofende: Quem vai levar puxão de orelha na reunião ministerial de amanhã?

O pior momento de Lula

A pesquisa do Datafolha apontando uma queda na avaliação da gestão de Lula para 35% acendeu uma luz vermelha no Palácio do Planalto. Nunca, três vezes presidente da República, o petista esteve tão em baixa. Os números, para desespero dele, se equiparam ao período mais complicado da era Bolsonaro.

Lula vai pior entre a parcela da população mais ligada ao bolsonarismo, de acordo com a pesquisa. Entre a classe média, que ganha de 5 a 10 salários-mínimos, 47% dos entrevistados consideram a gestão do petista “ruim ou péssima”. Os níveis de desaprovação se repetem entre a parcela da população que ganha até 10 salários-mínimos, com 46%.

Entre pessoas que têm diploma de curso superior, de 43%; bolsonaristas evangélicos, 41%; moradores do Centro-Oeste, 40%; e do Sudeste, 39%. Quando comparado ao segundo mandato do petista, de 2007 a 2010, entretanto, há diferenças marcantes: 64% aprovavam o governo e somente 8% o consideravam ruim ou péssimo. Já a avaliação do governo como regular era de 28%, semelhante a atual.

A pesquisa ressalta que as últimas declarações do presidente Lula sobre a crise na Venezuela, quando disse que “não tem nada de grave, nada de anormal” nas eleições sob suspeita naquele país, ocorreram enquanto os pesquisadores já faziam as entrevistas, mas, segundo eles, a política externa não contribui tanto na avaliação dos governos.

O resultado, segundo os pesquisadores, reflete ainda a extrema polarização no eleitorado, vista há alguns anos no País, e faz com que as fatias intermediárias, ou seja, as que consideram o governo como “regular”, sejam as mais “fiéis” na balança.

Reprovação crescente nos evangélicos – Entre os evangélicos, a reprovação ao governo Lula subiu de 38% para 43%, enquanto a aprovação oscilou de 26% para 25%. Os que consideram o governo regular caíram de 34% para 30%. O levantamento mostra também que 44% dos entrevistados acreditam que o governo Lula tem mais vitórias do que derrotas, enquanto 42% consideram o contrário. No segmento com renda de dois a cinco salários-mínimos, a avaliação negativa de Lula foi de 35% para 39%. Já na faixa de cinco a dez salários, esta avaliação subiu de 38% para 48%. Para 58% dos eleitores entrevistados, o presidente da República fez menos do que poderia no governo. Já 24% consideram que Lula cumpriu o prometido, e 15%, que superou as expectativas.

Todos contra Pimentel – Em Araripina, a 640 km do Recife, maior colégio eleitoral do Sertão do Araripe, as oposições se uniram para tentar derrotar Camila Modesto (Podemos), candidata do prefeito Raimundo Pimentel. No sábado passado, a deputada Roberta Arraes (PP) abriu mão da sua postulação e anunciou apoio ao candidato do PDT, o vice-prefeito Evilásio Mateus. Ontem, tomou o mesmo rumo o então pré-candidato do PSB, Tião do Gesso. O slogan agora é “Todos contra Pimentel”.

Sem espaço na chapa – Marília Arraes (SD) sonha acordada com o Senado nas eleições de 2026, mas o que se diz nos bastidores é que, mesmo tendo feito a travessia para João Campos (PSB), por quem foi derrotada em 2020, não terá chances numa eventual chapa que venha a ser encabeçada pelo prefeito do Recife como candidato a governador. Os dois senadores já estariam escolhidos desde agora: Humberto Costa, pelo PT, e Silvio Costa Filho, pelo Republicanos. O candidato a vice do socialista seria o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho.

Clássico eleitoral – Além de Caruaru, onde teve seu nome lançado para governador, João Campos (PSB) também esteve, domingo passado, na convenção de Véia de Aprígio, candidata socialista à prefeita de Surubim. Terra de Danilo Cabral, candidato do PSB a governador na eleição passada, Surubim é fortemente um reduto socialista. Ali, a prefeita Ana Célia (PSB) tem aprovação acima de 70%, mas o adversário Chaparral (UB) promete acabar com o reinado vermelho. O que se diz por lá é que a eleição será um clássico, uma das mais acirradas da região.

Quem joga a toalha? – Depois de duas desistências em Caruaru, primeiro o delegado Erick Lessa (PP) e em seguida Tonynho Rodrigues (MDB), quem será o próximo a jogar a toalha diante da polarização irreversível entre o prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) e Zé Queiroz (PDT)? Fernando Rodolfo (PL), com 3,8%, segundo pesquisa do Opinião, acha que cresce em cima do eleitorado bolsonarista. Armandinho (SD), por sua vez, com 2,7%, afirma que no seu calendário não existe a palavra renúncia.

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QUEIXO CAÍDO – O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) voltou a Brasília, na noite de domingo passado, impressionado com o gigantismo da convenção de João Campos, seu aliado socialista. Contou que há tempo não via algo igual, em público e animação.

SEM GRAÇA – Observadores da cena municipal dizem que se há um município no Estado no qual não haverá eleição, literalmente, é São Lourenço da Mata, devido ao franco favoritismo do prefeito Vinícius Labanca (PSB), que tem uma gestão aprovada por mais de 80%.

ESVAZIADO – O Congresso retoma suas atividades, hoje, mas com grande parte dos deputados e senadores ainda em temporada de prolongamento do recesso de julho em seus Estados. Devido ao baixíssimo quórum, o presidente da Câmara, Arthur Lira, deixou para a próxima semana o debate em torno da reforma tributária e a desoneração da folha para 17 setores da economia.

Perguntar não ofende: A quem Lula vai culpar pela baixíssima popularidade do seu Governo?

O fator Tonynho Rodrigues  

Em Caruaru, o Instituto Opinião traz a primeira pesquisa com o ambiente de pré-campanha com um cenário de segundo turno entre o prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) e o ex-prefeito José Queiroz (PDT). A diferença do tucano para o pedetista é de 11 pontos, mas os demais candidatos somam dez pontos. Para emplacar um novo mandato logo no primeiro turno, Rodrigo tem que adotar uma estratégia que passa pela visibilidade da governadora Raquel Lyra (PSDB) no município.

Pela pesquisa, a gestão de Raquel em Caruaru tem uma aprovação acima da média estadual, em torno dos 56%. Rodrigo, que sucedeu a aliada tucana na Prefeitura, está mais bem situado. É aprovado por mais de 60%. Sua relação com Raquel teve alguns percalços no início, mas já superados. Na reta final para as convenções de ontem, vazou que Raquel queria Tonynho Rodrigues, filho do ex-prefeito Tony Gel, na vice de Rodrigo e que o prefeito teria rejeitado qualquer tentativa de negociação nessa linha.

Resultado: Tonynho foi confirmado candidato a vice de José Queiroz, trazendo de imediato consequências danosas para o pai. Nomeado para uma diretoria da Copergás, com salário superior a R$ 20 mil, Gel teve que entregar o cargo à governadora e romper o alinhamento automático com a gestão estadual. Um caminho sem volta, porque quem estiver ao lado de José Queiroz em Caruaru, estará, automaticamente, contra o seu governo, adversário nas eleições de 2026, quando a tucana tentará a reeleição.

Aliados de Queiroz já espalham a versão de que a ida de Tonynho e todo o grupo de Tony Gel para o palanque do pedetista foi uma pancada política violenta na governadora, com consequências eleitorais para Rodrigo. O tempo dirá! Mas pela pesquisa do Opinião, isso não se configura, porque, além de aparecer, com apenas 4% na condição de pré-candidato a prefeito, o filho de Gel é o segundo mais rejeitado, atrás apenas de Queiroz, seu novo aliado e companheiro de chapa.

O desafio de Queiroz – A pesquisa do Opinião revela o que já era previsível: a baixa aceitação de José Queiroz nos segmentos eleitorais mais jovens. Seus maiores percentuais de indicação de voto aparecem entre os eleitores acima de 60 anos e com renda superior a dez salários mínimos. Nos demais, leva grande desvantagem para o prefeito, que se situa bem entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, e nas faixas até 55 anos. Queiroz governou Caruaru por quatro mandatos, está com 82 anos e será obrigado a fazer uma estratégia para ganhar a confiança dos mais jovens.

Caruaru antecipa 2026 – Tão logo teve sua candidatura homologada, ontem, numa estrondosa convenção no Clube Português, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), correu para participar da festa da democracia que transformou José Queiroz, ontem, em Caruaru, no principal adversário do prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB). A presença dele na convenção tem tudo a ver com a sucessão estadual, em 2026. Afinal, a capital do forró é o berço eleitoral de Raquel Lyra. Sem dúvida, a eleição em Caruaru será estadualizada. Trabalhando pela vitória de Queiroz, João quer impor uma derrota à governadora.

Risco de primeiro turno – A saída de Tonynho Rodrigues da disputa pela Prefeitura de Caruaru provoca, em contrapartida, um cenário que pode ser ruim para Queiroz: uma possível decisão da eleição logo no primeiro turno. Embora tenha aparecido com apenas 4%, os demais nomes que restaram – Fernando Rodolfo e Armandinho – aparecem abaixo desse percentual e tendem a murchar em razão da polarização Rodrigo x Queiroz. Para quem está na oposição num município com eleitorado acima de 200 mil, como é o caso de Caruaru, a infalível estratégia é a provocação de um cenário de segundo turno para unir todos no campo oposto a quem está no poder.

Linha dura – Nas suas primeiras falas antes e durante a convenção que homologou sua candidatura a prefeito do Recife, sábado passado, Daniel Coelho (PSD) deu o norte da sua campanha: tentar desmistificar a gestão de João Campos mostrando que ele não tem compromisso com o Recife ao escolher para vice um amigo, sem a menor experiência em gestão pública. “Escolheu um amiguinho de prédio para manipular, mas na hora de liderar é incapaz de representar um projeto liderado por mulheres”, disse numa alusão ao espaço da vice, hoje ocupado por uma mulher, Isabella de Roldão, do PDT, que optou pela neutralidade nas eleições do Recife.

Ataques rasteiros – Na coletiva após a convenção que homologou sua candidatura à reeleição, João Campos deu uma resposta indireta ao candidato de Raquel. “Aprendi a fazer política respeitando as pessoas, somando e botando a gestão a serviço das pessoas. Tempo de eleição é o tempo em que chega uma conversa que não é fácil, e quem não vai ter o que mostrar, o que defender, pode partir para um ataque mais rasteiro. Eu vou fazer o que eu faço, que é cuidar, trabalhar, fazer tudo com alegria e respeito”, disse, sem citar o nome de Daniel Coelho.

CURTAS

AS MAIORES – As convenções mais gigantes: João Campos, no Recife; Véia de Aprígio e de Chaparral, em Surubim; Simão Durando, em Petrolina; Rodrigo Pinheiro e José Queiroz, em Caruaru; Lula Cabral e Keko do Armazém, no Cabo; Mano Medeiros e Clarissa Tércio, em Jaboatão; Vinícius Labanca, em São Lourenço da Mata; Gilson Machado, no Recife; a Adilma Lacerda, em Ipojuca; e Gilvandro Estrela, em Belo Jardim, além de Zeca Cavalcanti e Madalena Britto, em Arcoverde.

DESPENCOU – A aprovação da gestão Lula está crescendo feito rabo de cavalo – para baixo. No último fim de semana, pesquisa do Datafolha mostrou que seu governo só tem 35% de aprovação ante 33% de reprovação. Beira a mesma desaprovação do ex-presidente Bolsonaro.

AS RAZÕES – O empresário Guilherme Coelho não quis ser o vice de Júlio Lóssio em Petrolina porque seus projetos estão hoje na área empresarial. Também não participou da convenção do aliado em razão de uma cirurgia que fez recentemente no quadril, estando em convalescência.

Perguntar não ofende: Por que a popularidade de Lula está virando pó?