O indulto que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve conceder no Natal deve repetir a linha adotada nos últimos dois anos e manter de fora do perdão condenados por crimes contra o Estado Democrático de Direito, o que exclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados condenados pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Nos últimos anos, o governo Lula já havia adotado essa postura, excluindo os réus do 8 de Janeiro, seguindo o entendimento do CNPCP (Conselho Nacional de Políticas Criminais e Penitenciárias), ligado ao MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública). As informações são da CNN Brasil.
O decreto presidencial costuma ser baixado em 23 de dezembro, antevéspera de Natal, com os requisitos para quem pode receber o benefício.
O documento também deixa de fora para ser indultado quem fez acordo de colaboração premiada, como exemplo o tenente-coronel Mauro Cid, que colaborou com a PF (Polícia Federal) no processo que condenou Bolsonaro.
O CNPCP também sugere que não haja concessão do indulto a líderes de facções criminosas, presos em estabelecimentos de segurança máxima, condenados por abuso de autoridade e quem cometeu crime contra a administração pública — como peculato e corrupção passiva. Além de presos por tortura, terrorismo e racismo.
O texto aprovado pelo conselho foi enviado ao ministro Ricardo Lewandowski. Da pasta, segue para o presidente Lula dar o aval e publicar o decreto, com previsão de não alteração.
A corrida de “O agente secreto” rumo ao Oscar 2026 deu mais passo nesta segunda-feira com a indicação a três Globos de Ouro: melhor filme de drama, melhor filme em língua não inglesa e melhor ator de filme de drama, para Wagner Moura. A cerimônia de premiação, organizada pela Golden Globe Foundation, acontece no dia 11 de janeiro de 2026, direto de Los Angeles.
O filme de Kleber Mendonça Filho concorre com “Frankenstein”, “Hamnet”, “Valor sentimental”, “Foi apenas um acidente” e “Pecadores” na categoria de melhor filme de drama. Na de melhor filme em língua não inglesa, os outros indicados são “Foi apenas um acidente”, “No other choice”, “Valor sentimental”, “A voz de Hind Rajab” e “Sirāt”. As informações são do jornal O Globo.
Wagner Moura aparece na lista de melhor ator de filme de drama com Joel Edgerton (“Sonhos de trem”), Michael B. Jordan (“Pecadores”), Oscar Isaac (“Frankenstein”), Dwayne Johnson (“Coração de lutador: The Smashing Machine”) e Jeremy Allen White, “Springsteen: Salve-me do desconhecido”. Esta é a segunda vez que ele aparece numa lista do Globo de Ouro. A primeira foi em 2016, na categoria de melhor ator de série de drama, pelo papel de Pablo Escobar em “Narcos”, da Netflix.
Na edição de 2025, o Brasil esteve representado no Globo de Ouro com “Ainda estou aqui”, indicado na categoria categoria de melhor filme em língua não inglesa (mas perdeu para “Emilia Pérez”) e melhor atriz de drama, que consagrou a atuação de Fernanda Torres.
O governador do Paraná e pré-candidato à Presidência, Ratinho Júnior (PSD), afirmou, no sábado (6), que sua disposição de “colaborar com o novo Brasil” passa, necessariamente, por “fazer parte de um time”, seja como protagonista, seja compondo uma aliança.
A declaração foi dada em entrevista coletiva no Rio de Janeiro após a divulgação da carta do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud). No mesmo contexto, ele mencionou o anúncio de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) será o candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2026. As informações são da CNN Brasil.
“O PSD está muito focado nesse sentido e em poder ser protagonista. Pode ser como ator principal, pode ser construindo uma aliança, pode ser estando junto com bons nomes”, disse Ratinho Jr. “Como o próprio (Romeu) Zema, o Eduardo (Leite), o (Ronaldo) Caiado e tantos outros que já foram apresentados; o próprio Tarcísio (de Freitas); agora tem o Flávio (Bolsonaro) também, que se posicionou como candidato.”
Ratinho Jr. avaliou que o momento é de análise e construção interna, reiterando que a eleição de 2026 só será discutida no ano eleitoral. O governador disse considerar positivo que a centro-direita disponha de “bons quadros” capazes de representar um projeto de renovação para o País, e que quer fazer parte de projeto que possa “modernizar” o País.
O filho “01” de Bolsonaro anunciou na sexta-feira, 5, que o pai confirmou seu nome como candidato do grupo para 2026. “É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, escreveu o senador em publicação no X.
O ex-presidente está preso na Superintendência Regional da Polícia Federal em Brasília desde 22 de novembro. Ele passou a cumprir, no dia 25, a pena de 27 anos e três meses imposta no processo sobre a trama golpista.
Antes de tornar pública a decisão, Flávio comunicou ao Partido Liberal e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que ainda não comentou oficialmente o anúncio.
A avenida Brigadeiro Faria Lima representa o dinamismo econômico de São Paulo. Aquele corredor com torres de lojas e escritórios luxuosos se tornou sinônimo de capital financeira e empresarial do país.
Hoje, na política e na economia, fala-se que “a Faria Lima” pensa, gosta ou quer alguma coisa. Como se fosse um ser vivo com pensamento único. Mas não é bem assim. A Faria Lima, como qualquer outro agrupamento, tem diversas correntes com propostas diversas e até conflitantes. O tom é dado pelo subgrupo hegemônico.
Em 2018, tornou-se hegemônico o subgrupo que acreditava possível tutelar um bronco capitão reformado e mal formado do Exército, enterrando de vez o sindicalista que levara o país para uma gestão esquerdista por quase 14 anos a partir de 2003.
Mas não foi possível tutelar o capitão mal formado e nem mesmo implantar o liberalismo radical desenhado por Paulo Guedes, o representante da Faria Lima na gestão de Jair Bolsonaro (PL). Por conta disso, a Faria Lima rachou sem que nenhum grupo assumisse papel hegemônico.
Nas eleições de 2022, o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reassumiu a Presidência da República para desgosto dos “faria limers”. Mas para 2026, novamente com um grupo hegemônico, voltaram a sonhar com o poder.
Este grupo ainda tem como candidato, segundo a coluna apurou, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Progressistas). Mas está preparado para encampar outro candidato, desde que não seja nem o presidente Lula, nem Bolsonaro, inclusive os filhos do ex-presidente e sua mulher.
As alternativas a Tarcísio na conta da Faria Lima são, nesta ordem, os governadores do Paraná, Ratinho Junior (PSD); de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); e de Minas Gerais, Romeu Zema.
Para a Faria Lima, assim como Lula assumirá o governo se outro petista for eleito, também Bolsonaro assumirá o Palácio do Planalto se conseguir eleger um integrante de sua família.
Tarcísio não é visto mais como um bolsonarista. A Faria Lima considera tê-lo abduzido. Tem um pensamento econômico liberal e é defensor do conservadorismo de Bolsonaro. Mas não é um bolsonarista, embora seja aceito pelo grupo. E, principalmente, é o que está em melhores condições, na direita, de concorrer contra Lula, segundo as pesquisas eleitorais.
Isso ainda o torna o candidato ideal a presidente da República, já que acabará não emplacando a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ou qualquer outro integrante do clã.
Na visão dos “faria limers” que hoje são hegemônicos naquele grupo do mercado financeiro e do empresariado paulista representado pelas altas torres, escritórios e lojas luxuosas quase às margens do rio Pinheiros, o ideal é convencer Tarcísio de Freitas a não desistir da candidatura presidencial.
A avaliação do grupo é que, apesar de Bolsonaro ter anunciado o filho como seu candidato predileto, na hora em que Flávio empacar — ou não for ao 2º Turno — Bolsonaro e os bolsonaristas votarão em peso no governador de São Paulo.
O único problema é convencer o governador a aceitar correr o risco.
O presidente nacional do Progressistas (PP), Ciro Nogueira, declarou que o deputado federal Eduardo da Fonte será candidato ao Senado pela federação PP/União Brasil. A informação foi confirmada pelo Blog Josélia Maria.
A declaração foi feita à jornalista durante visita ao Festival da Sanfona, em Dom Inocêncio, evento que contou com a participação da ex-deputada federal e ex-vice-governadora Margarete Coelho, da ex-prefeita Virgínia, do prefeito Fernandinho, do deputado estadual Hélio Isaias e de outras lideranças políticas da região.
Dois protestos foram marcados para este domingo (7) na avenida Paulista: um contra os recentes casos de feminicídio no Brasil e outro em prol da anistia do ex-presidente Jair Bolsonaro. Perto das 15h, o primeiro movimento fechou ambos os lados da avenida, em frente ao Masp e ao longo de dois quarteirões próximos. Já a reunião da direita bloqueou apenas um dos lados da avenida.
Grupos começaram a se reunir por volta do meio-dia. Eles ficavam a 650 metros de distância. O entorno do Masp foi escolhido pelo movimento nacional Levante Mulheres Vivas para a concentração do protesto em defesa e proteção das mulheres. Já o prédio da TV Gazeta é a referência para a manifestação que pede a liberdade do ex-presidente Bolsonaro. Próximo às 14h, a concentração do movimento bloqueou a Avenida Paulista para iniciar o protesto.
Personalidades do movimento Levante Mulheres Vivas, como a atriz Livia La Gatto e a atriz e ativista Rachel Ripani, leram bases do movimento contra feminicídios. Pedem-se, entre outras coisas, a criminalização da misoginia e previsão no orçamento público de políticas que atuem contra a violência de gênero.
O movimento nacional Levante Mulheres Vivas organizou manifestações para hoje em todas regiões do Brasil contra os recentes casos de feminicídio. “A gente veio cobrar da nossa cidade, governo e Congresso”, disse Rachel. “Todos nós e vocês que estão no governo do estado, municipal e federal tem o dever de nos proteger. A gente não merece morrer por ser mulher, qualquer mulher, progressista ou conservadora.”
Protesto contra feminicídios reúne mulheres na Avenida Paulista — Foto: Tuane Fernandes/Reuters
Protesto contra feminicídio tinha tendas e distribuição de adesivos. Movimentos sociais pela educação e das mulheres negras também participaram. Levantamento do Monitor do Debate Político do Cebrap, em parceria com a ONG More in Common, contabilizou 9,2 mil participantes na manifestação.
Josy Oliveira, 38, do povo tupinambá, participou do protesto com a filha de 4 anos. “É pelo legado, que ela cresça uma mulher independente, que saiba do seu empoderamento, confiança e sua autoestima. Que ela entenda que o coletivo é importante, que ela vai poder contar com outras mulheres”, disse ela ao UOL.
O ato ocorre após uma semana de casos de feminicídios marcarem o noticiário pelo Brasil. “Queremos mostrar o quanto violentam os nossos corpos todos os dias, para que algo seja feito, e para nós mesmos pensarmos qual educação estamos dando aos nossos filhos homens”, afirmou Josy.
Grupo pró-Bolsonaro pede anistia
Manifestantes pró-Bolsonaro se reuniram na escadaria do prédio da TV Gazeta. Vestidos de verde e amarelo, com camisetas e bandeiras do Brasil, algumas mescladas com a dos EUA, eles pedem a liberdade do ex-presidente e entoam gritos como “sem anistia, não há democracia”.
Ato foi convocado por padre Kelmon e pelo vice-prefeito coronel Mello Araújo. Segundo contagem do Monitor do Debate Político do Cebrap, em parceria com a ONG More in Common, cerca de 1,4 mil pessoas participaram. A manifestação foi encerrada com uma caminhada até a Praça da Sé.
Protesto na av. Paulista, convocado por padre Kelmon e pelo vice-prefeito de São Paulo defende anistia a Jair Bolsonaro — Imagem: Ludimila Honorato/UOL
“O que aconteceu no dia 8, a intenção não era invadir nada, ali foi um grupo de baderneiros que entrou no meio e levou pessoas inocentes”, alegou um protestante, que não quis se identificar, e afirmou ter acampado em quartéis em São Paulo, na época.
“A intenção nunca foi tomar o poder de Lula, não no meio dos patriotas, mas ter a contagem, que mostrasse o código-fonte [das urnas eletrônicas] pra população aceitar a derrota”, afirmou.
João Zambelli, filho de Carla Zambelli, compareceu ao ato. “Vamos ao Congresso, vamos pressionar, isso pode parecer pequeno, mas somos todos filhos de Deus, temos que acreditar nele todos os dias”, disse ele.
“Agora Natal, Ano Novo, meu aniversário chegando, sem passar com minha mãe. Minha mãe presa, mais de 120 dias na Itália, cinco meses sem ver minha mãe, é muita tristeza, é muito ruim isso, mas a gente não pode desistir em momento nenhum”, afirmou.
Feminicídio no Brasil
No Brasil, quatro mulheres são vítimas de feminicídio por dia. Segundo o Mapa da Segurança Pública 2025, o país registrou no ano passado o maior número de casos de feminicídio da série histórica, desde 2020. Os casos de estupro também chegaram ao maior número em cinco anos.
Na capital paulista, 53 feminicídios foram registrados em 2025, o maior da série histórica. Em 2024, foram 51 casos de janeiro a dezembro, até então o maior número já registrado.
Casos recentes
• Mulher foi arrastada por carro dirigido por ex-namorado. Na manhã de 29 de novembro, Douglas Alves da Silva, 26, atropelou Tainara Souza Santos, 31, e a arrastou por cerca de um quilômetro na zona norte de São Paulo. Ela teve as duas pernas amputadas. Segundo relato de testemunhas à polícia, o atropelamento foi intencional e ele teria puxado o freio de mão do carro para aumentar o atrito e machucar ainda mais a vítima.
• Mulher e quatro filhos morrem em incêndio no Recife. Também no dia 29, a Polícia Civil de Pernambuco registrou o crime tipificado como incêndio, homicídio e feminicídio. O suspeito, pai das crianças, foi preso em flagrante no mesmo dia e teve a prisão preventiva decretada.
• Mulher é baleada com duas armas. Em 1º de dezembro, uma mulher de 38 anos foi baleada no local de trabalho pelo ex-companheiro. Imagens de câmera mostram o homem vestido com moletom preto e capuz conversando com a vítima. Em dado momento, ele aponta duas armas contra ela e dispara. A mulher foi socorrida e levada ao Hospital das Clínicas.
• Mulher é morta dentro de regimento do Exército. A cabo Maria de Lourdes Freire Matos, 25, morreu em um incêndio criminoso no 1.º Regimento de Cavalaria de Guardas (RCGd) do Distrito Federal. O soldado Kelvin Barros da Silva, de 21 anos, confessou o assassinato e está preso no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília. Ele responderá na Justiça pelos crimes de feminicídio, furto de arma de fogo, incêndio e fraude processual.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
O ministro Dias Toffoli, relator do caso do Banco Master no Supremo Tribunal Federal (STF), viajou para assistir à final da Libertadores entre Flamengo e Palmeiras, em Lima, no Peru, no mesmo voo particular que um advogado que defende um dos diretores da instituição liquidada pelo Banco Central no STF. A informação foi publicada pelo colunista de “O Globo”, Lauro Jardim, e confirmada pelo Globo News com interlocutores do ministro.
Toffoli viajou num jatinho do empresário e ex-senador Luiz Oswaldo Pastore, no qual estavam também o advogado Augusto Arruda Botelho, que atua no processo do Banco Master defendendo o diretor de compliance do Banco, Luiz Antônio Bull, e o ex-deputado Aldo Rebelo.
A final da Libertadores, vencida pelo Flamengo contra o Palmeiras, foi realizada em 29 de novembro. Um dia antes, 28 de novembro, uma sexta-feira, Toffoli foi sorteado para ser relator do caso Master a partir de um recurso impetrado no STF pelos advogados do dono do banco, Daniel Vorcaro.
A interlocutores, Toffoli confirma o voo no jatinho do empresário Pastore, de quem diz ser amigo, e que, no avião, também estava o advogado Augusto Arruda Botelho, que foi secretário Nacional de Justiça do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ministro comentou com esses interlocutores que, neste voo, não conversaram sobre o processo do banco liquidado pelo BC.
Arruda Botelho defende Bull, que também foi preso junto com Vorcaro. No dia 28 de novembro, uma decisão judicial revogou as prisões e determinou medidas cautelares, como uso de tornozeleira. Toffoli afirmou aos interlocutores que Botelho só entrou com recurso no STF depois da viagem a Lima, em 29 de novembro. De fato, o advogado Augusto Arruda Botelho entrou com recurso em nome do diretor Luiz Antonio Bull em 3 de dezembro.
Neste mesmo dia, Toffoli decidiu colocar o caso em sigilo e transferiu o inquérito para o STF, sob sua relatoria, acatando o pedido do diretor, que trazia a mesma solicitação impetrada antes pelos advogados de Daniel Vorcaro. A interlocutores, o ministro alega que colocou sigilo no inquérito por envolver questões econômicas que podem ter impacto no mercado financeiro.
O STF afirmou que não vai se pronunciar sobre o caso. Procurado, o ministro não havia retornado até a edição deste texto.
A prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi considerada justa por 54% dos brasileiros, enquanto 40% discordam da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). É o que mostra pesquisa Datafolha divulgada neste domingo (7). Outros 6% não sabem ou não responderam.
Os pesquisadores também questionaram os entrevistados sobre o local onde o ex-mandatário deveria cumprir a pena, estipulada em 27 anos e três meses de cadeia pela Corte. Para 34%, Bolsonaro deveria cumprir a pena em casa. Já 26% pensam que ele deveria estar em um presídio comum, 20% em uma unidade militar, e 13% disseram na sede da Polícia Federal — onde o ex-presidente se encontra atualmente. Não souberam responder 7%. As informações são do jornal O Globo.
O Datafolha aponta também que 36% dos brasileiros entendem que estão bem informados sobre a prisão definitiva de Bolsonaro. O montante é próximo dos 37% que dizem ter conhecimento sobre, mas estão mais ou menos informados. Já 11% apontam que estão mal informados, e 16% afirmam sequer terem tomado conhecimento.
O Datafolha ouviu 2.002 pessoas com 16 anos ou mais entre os dias 2 e 4 de dezembro em 113 cidades do país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Progressão de pena
Após determinação do STF em novembro, que certificou o trânsito em julgado do processo da trama golpista, o ex-presidente passou a cumprir pena de 27 anos e 3 meses de prisão. Mas, de acordo com a legislação brasileira, não será todo esse período que o antigo mandatário passará atrás das grades.
De acordo com os parâmetros previstos em lei, a tendência é que mais de seis anos sejam cumpridos em regime fechado antes da migração para o semiaberto. A avaliação será feita posteriormente pela Justiça.
Bolsonaro já estava preso em casa desde agosto, mas em razão de outra investigação que corre no Supremo Tribunal Federal. O regime domiciliar foi possível por causa do estado de saúde de Bolsonaro, que desde a presidência sofre com internações e sequelas do atentado que sofreu durante a campanha presidencial de 2018, quando foi atacado com uma faca em Juiz de Fora.
Dois dias após anunciar que pretende concorrer à Presidência em 2026, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) admitiu nesta manhã que pode desistir da disputa, mas impondo condições para isto. Prometeu, ainda, ser “Bolsonaro diferente”.
Flávio admitiu que pode desistir da disputa, mas afirmou que isso teria um “preço”. “Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho um preço para não ir até o fim. Eu vou negociar”, disse o senador, sem afirmar qual seria esse preço. Ele indicou, no entanto, que a anistia aos condenados pela trama golpista seria um dos fatores. As declarações foram feitas a jornalistas após Flávio participar de culto em uma igreja em Brasília. Foi o primeiro evento público do senador após anunciar, na sexta (5), a pretensão de concorrer à Presidência em 2026. As informações são do portal UOL.
Como candidato, Flávio diz que terá a possibilidade de mostrar que é um “Bolsonaro diferente”. “Um Bolsonaro muito mais centrado, um Bolsonaro que conhece a política, que conhece Brasília, um Bolsonaro que realmente vai querer fazer uma pacificação nesse país”, declarou.
Fala foi um recado ao mercado financeiro, que, para Flávio, teve uma reação “precipitada” à sua candidatura. Após o anúncio na sexta, o dólar subiu e a Bolsa fechou em queda.
Flávio também negou que sua candidatura vai fragmentar a direita. Após o anúncio, os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), mantiveram suas pré-candidaturas à Presidência, que também representarão o campo da direita. “Tá todo mundo junto — para tirar essa ameaça à democracia, essa ameaça às famílias brasileiras, para tirar a pessoa que incentiva criminoso”, disse Flávio, em referência ao presidente Lula.
Flávio disse esperar que votação de projeto da anistia ocorra ainda esta semana. “Espero que os presidentes da Câmara e do Senado cumpram aquilo que eles prometeram para nós quando eram candidatos ainda, que pautariam a anistia e deixariam o pau cantar no voto e no plenário”, declarou. Ontem, ele disse que o “primeiro gesto” como escolhido do pai será tentar aprovar anistia “ainda este ano”.
Anistia beneficiaria Jair Bolsonaro, que cumpre pena de 27 anos e 3 meses de prisão. Ex-presidente está detido na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, após ser condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por participação na trama golpista. Apesar de ser uma das principais pautas do bolsonarismo, a anistia não avançou no Congresso.
Dúvidas sobre candidatura e polêmicas
Manutenção da candidatura de Flávio gera dúvidas. Como mostrou a colunista do UOL Letícia Casado, o PL pode decidir lançar Flávio novamente ao Senado, no próximo ano. O senador enfrenta um histórico de investigações e desgaste, o que tornaria a campanha presidencial mais arriscada. O sobrenome Bolsonaro também dificulta alianças partidárias amplas e amplia o escrutínio sobre seu passado, como destacou a colunista.
Se mantiver candidatura, Flávio deve ver campanhas de opositores retomarem escândalos envolvendo o seu nome. Há algumas histórias no passado de Flávio, como as investigações de rachadinha na Alerj (Assembleia Estadual do Rio), a sociedade em uma loja da Kopenhagen, a compra de uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília e a relação dele com Adriano da Nóbrega, miliciano integrante do Escritório do Crime que foi morto pela polícia na Bahia em 2020.
Centrão prefere candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, dirigentes e líderes de partidos do bloco avaliam que Tarcísio teria mais chances de vencer a corrida presidencial e também unir o apoio de mais partidos do que Flávio. Com o senador candidato, a tendência seria que os partidos do centrão lançassem outras candidaturas, dividindo votos da direita.
Flávio disse hoje que pretende procurar líderes de partidos do centrão para discutir a candidatura. Segundo ele, as conversas começarão amanhã.
Dirigentes do União Brasil em sete estados, incluindo locais como Rio, Bahia e Amapá, vêm acumulando desgastes neste ano devido a investigações da Polícia Federal (PF) que atingem ou os próprios caciques, ou aliados próximos. No caso mais recente, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar, foi preso por suspeita de vazar uma operação da PF contra o deputado estadual TH Joias (MDB). Outras apurações, envolvendo desde desvios de emendas parlamentares até aportes de fundos de previdência em papéis do Banco Master, também arranharam lideranças do partido.
A lista de dirigentes citados em diferentes apurações inclui o presidente nacional do União, Antonio Rueda, e os deputados Elmar Nascimento (BA) e Pedro Lucas Fernandes (MA), respectivamente ex e atual líderes do partido na Câmara. Em paralelo aos casos que vieram à tona, a relação entre o partido e o governo Lula (PT) se deteriorou, e o União ordenou que seus filiados entregassem cargos nos últimos meses.
Rueda, que já trocou farpas publicamente com Lula, é um dos nomes mais próximos a Bacellar, que foi preso pela PF na operação “Unha e Carne”, deflagrada na quarta-feira. Amanhã, a Alerj terá sessão para votar se mantém ou revoga a prisão.
Ainda que ocorra a soltura, a operação gera desgaste para o União Brasil no Rio, cujo diretório estadual é presidido por Bacellar. Rueda planeja se candidatar a deputado federal no estado em 2026 e já deu outras amostras de alinhamento ao chefe da Alerj. No mês passado, o jornal Valor revelou que Rueda pediu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o partido ser admitido na defesa de Bacellar no julgamento do caso Ceperj — em que o deputado estadual pode ser cassado por abuso de poder econômico na última eleição. Procurado pelo Globo, Rueda não retornou os contatos.
O próprio Rueda, embora não seja formalmente investigado, foi citado no âmbito das operações Carbono Oculto, deflagrada em agosto, e Poço de Lobato, de novembro, nas quais a PF investiga indícios de fraude e sonegação no setor de combustíveis.
Na primeira ação, um piloto de aeronaves declarou à PF que Rueda seria o verdadeiro dono de aviões usados por integrantes de uma facção criminosa. Já a segunda atingiu a empresa Refit, cujo dono, Ricardo Magro, já atuou como DJ em um evento familiar de Rueda, como noticiou o colunista do Globo Lauro Jardim. O dirigente do União Brasil já disse não ser dono das aeronaves e negou qualquer envolvimento com irregularidades investigadas nas operações.
Outras gestões do PT já tiveram turbulências com partidos do Centrão devido ao avanço de investigações policiais. No entanto, o cientista político Marco Antônio Teixeira, professor da FGV, enxerga circunstâncias distintas na atual tensão com o União Brasil.
“Dilma (Rousseff) perdeu apoio do Congresso quando veio a Lava-Jato. Lula está conseguindo não ficar emparedado. O União Brasil, que já não apoiava efetivamente o governo, é que tem saído menor, até porque essas operações atrapalham a formação da federação com o PP”, avaliou.
Caso Master
A influência do União Brasil em institutos de previdência estaduais também atingiu dirigentes da sigla após o Banco Central, no mês passado, liquidar o Banco Master por suspeita de gestão fraudulenta. No mesmo dia, a PF deflagrou a operação “Compliance Zero”, que prendeu o dono do Master, Daniel Vorcaro — ele obteve um habeas corpus da Justiça Federal e foi solto no último fim de semana.
Fundos de previdência sob a alçada do partido aparecem entre os principais compradores de papéis do Master, desde o fim de 2023. O maior comprador foi o Rioprevidência, que aportou R$ 970 milhões sob a gestão de Deivis Antunes, considerado próximo a dirigentes do União Brasil no estado. Antunes, que é advogado de formação, já atuou em outro fundo de previdência e em processos judiciais ao lado do ex-secretário estadual de Transportes, André Nahass, outro indicado pelo União ao governo do Rio.
Também houve investimentos relevantes em papéis do Master nos fundos do Amapá, com R$ 400 milhões, e do Amazonas, com R$ 50 milhões. O instituto amapaense é dirigido por Jocildo Lemos, integrante da executiva estadual do União Brasil e aliado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). O senador nega ter relação com esses investimentos. E o instituto de previdência do Amapá diz que os aportes “seguiram rigorosamente as normas do sistema financeiro nacional”.
Já o aporte do Amazonas recebeu o aval do ex-presidente do fundo, Ary Renato Vasconcelos, também membro do diretório do União no estado. Antes disso, Ary foi contador da campanha eleitoral, em 2022, do governador Wilson Lima, que comanda o partido no Amazonas. O governo estadual afirma que o aliado de Lima tinha “capacidade técnica” para fazer os aportes.
Investigações sobre emendas parlamentares também atingem pessoas próximas a dirigentes do União Brasil. Uma das ações da PF, a operação “Overclean”, chegou a prender um primo do deputado federal Elmar Nascimento durante apuração sobre desvio de recursos destinados a Campo Formoso (BA). A cidade é reduto eleitoral de Elmar, que faz parte da executiva do partido na Bahia.
O caso corre no Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por julgar políticos com foro privilegiado, como Elmar. O deputado nega envolvimento em quaisquer irregularidades.
Elmar foi sucedido na liderança do União Brasil na Câmara, neste ano, pelo deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), também citado em uma investigação da PF sobre destinação de emendas. O inquérito foi aberto em novembro, por determinação do STF, após reportagem do Globo revelar que recursos destinados pelo deputado ao município de Arari sumiram do caixa da prefeitura. Pedro Lucas, que é o presidente do União no Maranhão, afirmou não ter conhecimento sobre a aplicação das verbas, e disse que cabe à prefeitura “prestar contas” sobre o uso.
Fogo amigo
Outro caso na alçada do STF é uma apuração sobre irregularidades na compra de kits de robótica em Alagoas com verba do orçamento secreto. A PF fez operação, em 2023, contra o presidente do diretório local do União Brasil, Luciano Cavalcante. No mesmo ano, a Corte enxergou nulidades e arquivou o inquérito. Posteriormente, no entanto, o ministro Flávio Dino enviou à Procuradoria-Geral da República um relatório do Tribunal de Contas da União sobre o caso, para avaliar a abertura de nova investigação. O Globo não conseguiu contato com Cavalcante.
Em Sergipe, o ex-deputado André Moura, presidente do diretório estadual do União, costurou um acordo de não persecução penal com o STF para extinguir uma pena de oito anos de prisão por desvio de recursos públicos na prefeitura de Pirambu (SE). O acordo envolveu a devolução de R$ 300 mil ao município, para “reparar os danos causados pelo crime perpetrado”.
O caso, no entanto, segue tendo desdobramentos no município, uma das bases eleitorais de Moura — que pretende se candidatar ao Senado por Sergipe em 2026. No mês passado, o juiz Rinaldo Nascimento pediu ao STF o compartilhamento da denúncia contra Moura, para dar prosseguimento a um processo no Tribunal de Justiça do estado.
O caso gerou desgastes a Moura no governo do Rio, onde ele está lotado como secretário do governador Cláudio Castro. O advogado Victor Travancas, ex-assessor da Casa Civil, pediu demissão há duas semanas e acusou Moura de cometer atos ilícitos.
“Os crimes de Bacellar são até de juizado de pequenas causas, perto dos crimes cometidos pelo André Moura. Ele deveria ter sido preso, mas fez acordo com o Ministério Público”, diz Travancas.