Militares presos pela PF faziam segurança dos líderes mundiais no G20

Por Letícia Mendes
Do JC

A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta terça-feira (19), quatro militares que são suspeitos de envolvimento no planejamento de impedir a posse do presidente Lula em 2022. De acordo com a PF, pelo menos dois militares estavam realizando a segurança dos líderes mundiais na reunião do G20, no Rio de Janeiro.

Segundo o portal G1, um dos presos foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República em 2022. Depois, foi assessor parlamentar do deputado e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello.

Os cumprimentos dos mandatos foram realizados no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.

Presos

Hélio Ferreira Lima, integrante dos “kids pretos”, grupo treinado para atuar em missões sigilosas e em ambientes hostis e politicamente sensíveis;
Mario Fernandes, general da reserva e ex-assessor da Presidência de Jair Bolsonaro (PL);
Rafael Martins de Oliveira, integrante dos “kids pretos”;
Rodrigo Bezerra de Azevedo, integrante dos “kids pretos”;
Wladimir Matos Soares, policial federal.

O que são Kids Pretos?

Os kids pretos, também chamados de forças especiais, são militares do Exército brasileiro e especialistas em operações especiais.

De acordo com Exército, até o ano passado, os “kids pretos” tinham um efetivo aproximado em torno de 2,5 mil militares.

“Punhal Verde e Amarelo”

O planejamento feito pelos investigados era denominado como “Punhal Verde e Amarelo”. De acordo com o planejamento, os assassinatos de Lula, Alckmin e Moraes deveriam ter ocorrido no dia 15 de dezembro de 2022, três dias após a diplomação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A Polícia Federal informou que o ministro Alexandre de Moraes era um alvo sempre monitorado.

Após o planejado, o grupo previa a instituição de um “Gabinete Institucional de Gestão de Crise”, com objetivo de lidar com as consequências das ações.

A Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão e de prisão na manhã desta terça (19) contra suspeitos de integrarem uma organização criminosa que, segundo as investigações, planejou um golpe de Estado em 2022 para impedir a posse do presidente Lula (PT).

O petista derrotou o então presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma acirrada disputa de segundo turno. Durante seu mandato, o hoje inelegível Bolsonaro acumulou declarações golpistas e atualmente é alvo de investigação da PF sobre o seu papel na trama que tentou impedir a posse de Lula.

Sobre a operação desta terça-feira, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes (STF), a PF afirmou que, entre as ações que seriam desenvolvidas para evitar a posse de Lula, estava o plano “Punhal Verde e Amarelo”, que seria o assassinato do petista e de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).

Outro alvo, sempre de acordo com as apurações da PF, seria Moraes, que seria preso e morto em seguida.

Ao menos quatro militares, sendo um general da reserva, são alvos das medidas cumpridas em três estados (RJ, GO, AM) e no Distrito Federal. Todas as prisões já foram cumpridas.

São eles o general da reserva Mario Fernandes e os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. O policial federal Wladimir Matos Soares também está entre os alvos dos mandados —esse também já preso.

Mario Fernandes foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro. Ele também foi assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), mas deixou o cargo por decisão do STF.

O general mora em Brasília, mas aproveitava folga com a família no Rio de Janeiro no momento em que foi preso. Ele foi levado à Polícia Federal do Rio, onde deve ficar preso inicialmente e prestar depoimento.

Os outros militares tinham formação nas forças especiais, os chamados “kids pretos”, e estavam em cargos de comando no Exército até o início das investigações.

Rafael Martins começou a ser investigado por mensagens trocadas por ele com o tenente-coronel Mauro Cid. A PF investigava se o então ajudante de ordens de Bolsonaro repassou dinheiro para Rafael organizar a ida de caravanas de bolsonaristas para o acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília.

Em uma das mensagens, o militar pedia R$ 100 mil a Mauro Cid para pagar questões logísticas, como hospedagem, transporte e alimentação.

Hélio Ferreira também já era investigado antes —e, como Rafael, estava afastado do cargo por decisão de Alexandre de Moraes. Ele e Cid foram colegas de Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) e permaneceram próximos após a formação básica no Exército.

O tenente-coronel participou de reuniões em Brasília com outros militares formados em forças especiais e foi um dos fomentadores das teses de que as urnas eletrônicas haviam fraudado o resultado do pleito de 2022.

O tenente-coronel Rodrigo Bezerra foi alvo pela primeira vez no inquérito sobre o golpe de Estado planejado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados no fim de 2022. O Exército acompanha as buscas e apreensões e tenta reunir informações para entender o impacto da operação na caserna.

Ao todo, são cinco mandados de prisão preventiva, três de buscas e 15 medidas cautelares diversas da prisão, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes no prazo de 24 horas, e a suspensão do exercício de funções públicas.

Segundo a PF, as investigações desenvolvidas no inquérito das milícias digitais apontam que a “organização criminosa se utilizou de elevado nível de conhecimento técnico-militar para planejar, coordenar e executar ações ilícitas nos meses de novembro e dezembro de 2022.”

Os alvos, diz a PF, são, em sua maioria, militares com formação em Forças Especiais (FE), os chamados “kids pretos” (tropa de elite da Força).

“O planejamento elaborado pelos investigados detalhava os recursos humanos e bélicos necessários para o desencadeamento das ações, com uso de técnicas operacionais militares avançadas, além de posterior instituição de um Gabinete Institucional de Gestão de Crise, a ser integrado pelos próprios investigados para o gerenciamento de conflitos institucionais originados em decorrência das ações”, diz a PF.

Os fatos investigados nesta fase da investigação configuram, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Golpe de Estado e organização criminosa.

Da Folha de São Paulo.

O Ranking dos Políticos, criado em 2011, leva em consideração a atuação dos parlamentares no combate à corrupção, os privilégios e o desperdício da máquina pública, além de presença nas sessões, economia de verbas, processos judiciais e votações nas decisões mais importantes do Congresso. Entre os senadores, o que obteve melhor desempenho foi Fernando Dueire (MDB), com 6,42 pontos. Ele foi considerado o 48º melhor parlamentar do Senado Federal e o 8º melhor congressista do Estado.

Pernambuco teve um deputado federal listado entre os 10 melhores membros do Congresos Nacional em 2024, segundo o site Ranking dos Políticos. Mendonça Filho (União Brasil) foi considerado o 9º melhor congressista do país neste ano, entre deputados e senadores, alcançando nota 8,56, de um total de 10. O parlamentar com melhor colocação foi Arnaldo Jardim (Cidadania), de São Paulo.

Além da nona posição no ranking nacional, Mendonça Filho também ficou em 9º lugar entre os melhores da Câmara dos Deputados. O feito colocou o parlamentar no primeiro lugar entre deputados e senadores do Nordeste e de Pernambuco.

“Ser reconhecido pelo trabalho, seriedade, honestidade e compromisso com o povo pra mim é uma honra. Seguirei fiel ao povo Pernambucano que me confiou este mandato com muita responsabilidade e dedicação”, disse Mendonça.

O segundo melhor pernambucano, de acordo com o ranking, é Lula da Fonte (PP), que ficou na 49ª posição geral, com nota 8,37. O terceiro lugar do Estado é Pedro Campos (PSB), com 7,25 — ele ficou na 117º posição na lista geral. (Veja o ranking completo abaixo).

Os vencedores da premiação do Ranking dos Políticos 2024 serão reconhecidos em evento no dia 4 de dezembro, em Brasília, com a presença de lideranças políticas e representantes da sociedade civil.

Ranking dos Políticos – Congresso Nacional

Arnaldo Jardim (Cidadania – SP): 8,80
Adriana Ventura (Novo – SP): 8,74
Pedro Paulo (PSD – RJ): 8,67
Alex Manente (Cidadania – SP): 8,64
Zé Vitor (PL – MG): 8,63
Caroline De Toni (PL – SC): 8,62
Kim Kataguiri (União Brasil – SP): 8,61
Pedro Lupion (PP – PR): 8,58
Mendonça Filho (União Brasil – PE): 8,56
Joaquim Passarinho (PL – PA): 8,52

Ranking dos Políticos – Pernambuco

Mendonça Filho (União Brasil): 8,56
Lula da Fonte (PP): 8,37
Pedro Campos (PSB): 7,25
Augusto Coutinho (Republicanos): 7,22
Luciano Bivar (União Brasil): 7,04
André Ferreira (PL): 6,73
Fernando Monteiro (PP): 6,61
Fernando Dueire (MDB): 6,42
Coronel Meira (PL): 6,38
Ossesio Silva (Republicanos): 6,22

Ranking dos Políticos – Senado

Fernando Dueire (MDB): 6,42
Teresa Leitão (PT): 5,92
Humberto Costa (PT): 3,92

A corridinha diária de 8 km, hoje, foi no Parque da Cidade, em Brasília. Faço essas postagens, de vez em quando, para estimular meus leitores à prática do exercício diário e permanente, única alternativa para nos manter com a saúde em dia e o alto astral nas estrelas.

Corrida é a harmonia perfeita entre o corpo e a mente. Pense nisso!

A Polícia Federal (PF) realiza, na manhã desta terça-feira (19), uma operação contra organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo a PF, o grupo – formado em sua maioria por militares das Forças Especiais (FE), os chamados “kids pretos” – visava um golpe de estado para impedir a posse do governo eleito em 2022.

Os agentes da PF cumprem cinco mandados de prisão preventiva, três de busca e apreensão e 15 medidas cautelares. Entre os alvos, estão quatro militares (incluindo um general da reserva e ex-assessor de Jair Bolsonaro) e um policial federal.

O Exército acompanhou o cumprimento dos mandados no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal.

Da CNN Brasil.

Por Letícia Lins*

Muitas vezes nós, que moramos em áreas urbanas, nem sabemos o significado da palavra “manipueira”. Mas os que vivem em áreas rurais, principalmente naquelas produtoras de mandioca  conhecem muito bem o líquido amarelado e poluente que vem a ser o resíduo tóxico gerado na produção da farinha. E que contem, “somente”,  ácido cianídrico, que contamina o ecossistema, podendo provocar problemas de saúde nas pessoas, como tontura, falta de ar e dores de cabeça. Sintomas, aliás, comuns em quem convive com a mandioca, incluindo quilombolas. Pois foi com a preocupação de solucionar problemas enfrentados nas casas de farinha do Quilombo do Caroá, em Carnaíba, no Sertão do Pajeú, que um grupo de estudantes da Escola Técnica Estadual (ETE) Professor Paulo Freire desenvolveu o Filtropinha, um filtro absorvente à base de cascas de pinha que é capaz de reduzir a carga poluente da “manipueira”.

O Filtropinha é um dos 10 projetos finalistas do prêmio Solve For Tomorrow Brasil 2024, da Samsung. A iniciativa incentiva a produção científica e tecnológica de estudantes de escolas públicas na construção de soluções inovadoras para problemas locais e globais. O projeto é o único finalista de Pernambuco. Os vencedores serão anunciados no dia 3 de dezembro. O projeto também foi apresentado na programação do Rec’n’play, no Recife, na mesa “Conexões Empreendedoras: um bate-papo das Startups com a Governadora Raquel Lyra”.

“Os problemas de saúde devido à manipueira foram identificados por algumas alunas que são da comunidade. Em muitos casos, o pessoal das casas de farinha trabalha sem nenhum equipamento  de proteção e não conhece os riscos da manipueira, pois nunca foi ensinado que esse material polui e prejudica o meio ambiente”, explica o professor Gustavo Bezerra, orientador do projeto. A partir daí, os estudantes desenvolveram um protótipo que visa reduzir o descarte indevido da manipueira e a poluição tóxica que ela causa, promovendo a sustentabilidade e a reutilização da água usada na lavagem da mandioca durante o processo de fabricação da farinha.

De acordo com as pesquisas realizadas pela equipe, as farinheiras chegam a gastar de 15 a 20 mil litros de água por produção. “Visitamos a comunidade quilombola, falamos da problemática do mau descarte da manipueira e apresentamos o nosso filtro como uma possibilidade. Os moradores do  Quilombo do Caroá demonstraram muita curiosidade e interesse em aplicar o projeto no dia a dia. Afirma a estudante Luana Noêmia, que trabalhou no projeto:

O filtro pode ser uma alternativa excelente para promover uma produção sustentável e uma melhoria de qualidade de vida nessas comunidades que têm casas de farinha.  Fico muito feliz, principalmente porque o projeto abrangeu uma comunidade que não tem uma visibilidade muito grande na sociedade, nem suporte governamental. Eu, por exemplo, nunca tinha ido a uma casa de farinha e não sabia o que era a manipueira. Agora, assim como eu, outras pessoas vão ter noção do tema”.

Além de Luana, complementam a equipe os estudantes Eduardo da Silva, Beatriz Vitória e Angela Rafaela. O filtro é um modelo construído a partir de uma impressora 3D, que conta com camadas de algodão, papel filtro, farinha de cascas de pinha e carvão ativado, produzido a partir da queima dessas cascas, cujas propriedades porosas ajudam a filtrar a manipueira. O protótipo ainda conta com uma rosca pensada para facilitar a sua implementação nas caixas d’água onde fica armazenada a manipueira nas casas de farinha. Os estudantes testaram em campo o impacto do equipamento. Com a manipueira tratada pelo Filtropinha, a taxa de germinação de sementes no campo é de 80%, enquanto cai para 20% quando se utiliza o líquido em seu estado natural. “No solo contaminado pelo descarte incorreto da manipueira, não tem como germinar nada, mas a manipueira tratada pode ser reutilizada para lavar as raízes da mandioca e fazer com que o solo não se contamine também”, explica a aluna Beatriz Vitória, que é moradora do Quilombo do Caroá.

 A ETE Professor Paulo Freire é um grande celeiro de projetos científicos, que vão de fralda biodegradável a luva que estabiliza tremores em pessoas com Parkinson. Além do Filtropinha, outros projetos nascidos na escola estão circulando por feiras científicas e premiações. É o caso do Cajusol, projeto de placas solares que utilizam o líquido da casca da castanha de caju (LCC) para produzir energia renovável. Com a iniciativa, as realizadoras participam do programa Power4Girls, da embaixada dos Estados Unidos, sendo as únicas representantes de Pernambuco na disputa. 

Carnaíba fica a 400 quilômetros do Recife  e é conhecida pelo seu bom desempenho na educação. A cidade  inclusive já teve um prefeito analfabeto, Antônio Ramos da Silva, o Pezão. Ele passava o dia na Prefeitura e, à noite, ia para a escola. Na Prefeitura, destinava 37 por cento da receita municipal à educação, quando a Constituição determinava 25 por cento. Ficou famoso. 

*Jornalista do Oxe Recife

Na abertura da segunda sessão do encontro de líderes do G20, no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma ampla reforma do sistema financeiro global, que inverta as prioridades, colocando vidas humanas em posição superior à dos bancos.

Para reforçar a necessidade da reforma, Lula recordou-se da crise financeira de 2008: “O ímpeto reformador foi insuficiente para corrigir os excessos da desregulação dos mercados e a apologia do Estado mínimo. Naquele momento, escolheu-se salvar bancos em vez de ajudar pessoas. Optou-se por socorrer o setor privado em vez de fortalecer o Estado. Decidiu-se priorizar economias centrais em vez de apoiar países em desenvolvimento. O mundo voltou a crescer, mas a riqueza gerada não chegou aos mais necessitados. Não é surpresa que a desigualdade fomente ódio, extremismo e violência. Nem que a democracia esteja sob ameaça. A globalização neoliberal fracassou”. 

Leia o discurso:

A história do G20 está entrelaçada com os abalos sofridos pela economia global nas últimas décadas.

Ações oportunas evitaram que a crise de 2008 redundasse em um colapso de proporções catastróficas.

O ímpeto reformador foi insuficiente para corrigir os excessos da desregulação dos mercados e a apologia do Estado mínimo.

Naquele momento, escolheu-se salvar bancos em vez de ajudar pessoas.

Optou-se por socorrer o setor privado em vez de fortalecer o Estado.

Decidiu-se priorizar economias centrais em vez de apoiar países em desenvolvimento. 

O mundo voltou a crescer, mas a riqueza gerada não chegou aos mais necessitados.

Não é surpresa que a desigualdade fomente ódio, extremismo e violência. Nem que a democracia esteja sob ameaça.

A globalização neoliberal fracassou. 

Em meio a crescentes turbulências, a comunidade internacional parece resignada a navegar sem rumo por disputas hegemônicas.

Permanecemos à deriva, como se arrastados por uma torrente que nos empurra para uma tragédia.

Mas o confronto não é uma fatalidade.

Negar isso é abrir mão da nossa responsabilidade.

Em torno desta mesa estão os líderes das maiores economias e blocos regionais do planeta. 

Não há ninguém em melhor posição do que nós para mudar o curso da humanidade.

Este ano, a reforma da governança global entrou em definitivo na agenda do G20. 

Pela primeira vez, o grupo foi à ONU e aprovou, com o endosso de outros quarenta países, um Chamado à Ação.

Mas esse chamado é apenas um toque de despertar.

A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional. 

O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos cinco membros permanentes.

Do Iraque à Ucrânia, da Bósnia a Gaza, consolida-se a percepção de que nem todo território merece ter sua integridade respeitada e nem toda vida tem o mesmo valor.

Intervenções desastrosas subverteram a ordem no Afeganistão e na Líbia.

A indiferença relegou o Sudão e o Haiti ao esquecimento.

Sanções unilaterais produzem sofrimento e atingem os mais vulneráveis.

As instituições de Bretton Woods impuseram obstáculos aos próprios objetivos de desenvolvimento sustentável que deveriam promover.

Impasses recentes em torno do Tratado de Pandemias, do Pacto para o Futuro e da COP da biodiversidade de Cáli mostram que a diplomacia vem perdendo terreno para a intransigência.

Não deve haver debates interditados, nem linhas vermelhas intransponíveis.

Por isso, o Brasil propôs, em Nova York, a convocação de uma conferência de revisão da Carta da ONU, nos termos do artigo 109.

Apenas 51 dos atuais 193 membros das Nações Unidas participaram de sua fundação.

Também é urgente rever regras e políticas financeiras que afetam desproporcionalmente os países em desenvolvimento.

O serviço da dívida externa de países africanos é maior que os recursos de que eles dispõem para financiar sua infraestrutura, saúde e educação.

A cooperação tributária internacional é crucial para reduzir desigualdades.

Estudos encomendados pela Trilha de Finanças do G20 são reveladores.

Uma taxação de 2% sobre o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar recursos da ordem de 250 bilhões de dólares por ano para serem investidos no enfrentamento dos desafios sociais e ambientais do nosso tempo.

A estabilidade mundial depende de instituições mais representativas. A pluralidade de vozes funciona como vetor de equilíbrio.

O futuro será multipolar. Aceitar essa realidade pavimenta o caminho para a paz.

Também é chave na construção de uma governança que maximize as oportunidades e mitigue os riscos da Inteligência Artificial.

A resposta para a crise do multilateralismo é mais multilateralismo.

Não é preciso esperar uma nova guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações de que a ordem internacional necessita.

Em 1940, o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema chamado “Congresso Internacional do Medo”, que traduzia o sentimento prevalente em meio à Segunda Guerra Mundial.

Para evitar que o título desse poema volte a descrever a governança global, não podemos deixar que o medo de dialogar triunfe.

Muito obrigado, companheiros.

Entre outubro e novembro, o Ministério da Cultura (MinC) recebeu mais de 8,5 mil propostas de gestores culturais e proponentes submetidas à Lei Rouanet. Com o elevado volume de inscrições no último ciclo do programa, encerrado na segunda-feira (12), a Pasta registrou a inscrição recorde de 19.129 propostas culturais em 2024. O total representa um aumento de 40,2% em relação ao ano anterior, que obteve a marca, antes inédita, de 13.635 submissões.

Até o momento, o MinC já aprovou 7.887 propostas apresentadas ao mecanismo de fomento do Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac).

Com mais duas reuniões da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), previstas até o fim do ano, a expectativa é atingir a captação de recursos recorde de R$ 3,1 bilhões neste ano. Criada pela Lei Rouanet, a CNIC atua como órgão consultivo, fornecendo pareceres técnicos que orientam a pasta na aprovação e enquadramento de projetos para incentivos fiscais.

Para o secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural (Sefic), Henilton Menezes, o marco representa o retorno da valorização das manifestações culturais no Brasil. “Assumimos o compromisso do Governo Federal de reerguer o fomento aos movimentos e aos protagonistas que constroem, promovem e fazem cultura no país. E foi com o trabalho e esforço do governo Lula e da ministra da Cultura, Margareth Menezes, que atingimos tamanha marca e devolvemos a credibilidade da Lei Rouanet. É o retorno da valorização das manifestações culturais no Brasil”, declarou.

Como funciona a Lei Rouanet?

Produtores culturais, artistas e instituições que desejam promover eventos, produtos ou ações culturais podem submeter suas propostas ao MinC para aprovação. As propostas que cumprem os critérios da Lei Rouanet recebem autorização para captar recursos junto aos patrocinadores — pessoas físicas e jurídicas —, que, em contrapartida, podem obter benefícios de renúncia permitidos pela legislação.

Por meio do incentivo, o Governo Federal permite que parte dos tributos seja direcionada ao financiamento de atividades culturais, fortalecendo o setor e ampliando o acesso da população a bens culturais. Após a captação, a equipe do MinC, com auxílio de sistema automatizado, acompanha os projetos em execução, que permite a adoção de medidas preventivas e corretivas oportunas. O objetivo é garantir a transparência e eficiência no uso dos recursos públicos destinados à promoção cultural.

A Argentina de Javier Milei assinou a adesão formal à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, proposta do Brasil e uma das prioridades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o G20.

Assim, o primeiro posicionamento oficial do presidente argentino durante a Cúpula do G20 desfaz um dos obstáculos previstos na relação de Milei com as propostas brasileiras para o grupo.

O argentino já havia retirado sua delegação da COP29, realizada na semana passada no Azerbaijão, por discordar das metas de redução das emissões de gases de efeito estufa. Durante os preparativos para o G20 Social, no Brasil, a Argentina se recusou a assinar documento em defesa de políticas públicas referenciadas em gênero.

Ainda resta saber quais serão os posicionamentos que Milei vai adotar sobre outros temas em discussão, especialmente a taxação dos super-ricos.

Em coletiva, o ministro brasileiro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, informou que Javier Milei aderiu à Aliança por entender que, entre os objetivos da iniciativa, consta o desenvolvimento de mecanismos de mercado e participação de empresas, sem choque frontal, portanto, com a defesa que Milei fizera, momento antes, da solução pelo capitalismo.

O Brasil manteve na declaração do G20 o apoio à igualdade de gênero e taxação de bilionários, apesar das pressões da Argentina. Segundo uma cópia do documento obtida pela Folha, o G20 deve apoiar, em sua declaração, “nosso comprometimento total com igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas”. A Folha teve acesso a duas versões do texto. Na primeira, do dia 17, constava a observação [ARG:reserve], indicando a oposição da Argentina. Num documento posterior, a menção à Argentina em colchetes já não existe.

Em linguagem diplomática, quando se usam colchetes, significa que algum país ainda está em consultas sobre o tema. Ou seja, ainda não aceitou esse item e se distancia dele.

Um dos trechos a que o governo de Javier Milei apresentou objeções condena todas as formas de discriminação contra mulheres e meninas e reafirmava o “compromisso de acabar com a violência de gênero, incluindo a violência sexual, e de combater a misoginia online e offline”. A Argentina também não quis apoiar, no texto do dia 17, o trecho que defendia “igualdade de gênero no trabalho”.

Na semana passada, a Argentina foi o único país a votar contra uma resolução da ONU não vinculante que condenava a violência contra mulheres. Irã, Coreia do Norte e Rússia se abstiveram.

No parágrafo sobre taxação dos chamados super-ricos, a declaração se compromete a se engajar de forma produtiva para garantir que indivíduos com patrimônio ultra elevado [ultra-high-net-worth] sejam tributados de forma efetiva. A menção à taxação está em colchetes no texto do dia 17, com referência à Argentina [ARG:ultra-high-net-worth].

Outro tema que vinha recebendo objeções de Buenos Aires, mas que entrou na versão final da declaração, foi o endosso da Agenda 2030 da ONU. O texto relata que as Metas de Desenvolvimento Sustentável (SDG) da Agenda 2030 devem ser atingidas em apenas 6 anos e que há “progresso mínimo” por enquanto.

“O G20 está bem equipado para abordar esses desafios por meio da necessária cooperação internacional e decisão política”.

Em outubro, Milei enviou instrução afirmando que os diplomatas que apoiassem qualquer declaração, resolução ou projeto que endossasse a Agenda 2030 da ONU ou objetivos da entidade, seria instado a se retirar. Esse comunicado foi enviado aos diplomatas após a demissão da chanceler Diana Mondino por apoiar resolução da ONU contra o embargo de Cuba pelos Estados Unidos.

A delegação de Buenos Aires se opôs ainda a um trecho do documento que trata da desinformação e discurso de ódio no ambiente virtual. A redação diz que a digitalização da informação e a acelerada evolução de novas tecnologias, como inteligência artificial, impactou dramaticamente a velocidade e alcance da desinformação e do discurso de ódio. Nesse parágrafo, a objeção argentina também ao termo desinformação e discurso de ódio também aparecia em colchetes no texto de domingo.

O ultraliberal Milei é um aliado de Elon Musk, o bilionário dono da rede social X.

O texto ao qual a reportagem teve acesso não menciona questões geopolíticas, como as guerras da Ucrânia e de Israel contra o Hamas e o Hezbollah. É um sinal de que este ponto ainda está em negociação entre os membros do G20.

Como a Folha mostrou, o governo da Argentina, sob orientação de Milei, adotou uma postura nas negociações do G20 de se opor a trechos na declaração final sobre igualdade de gênero e empoderamento das mulheres.

A delegação de Buenos Aires também levantou objeções a menções, no texto em negociação, aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e à Agenda 2030 da ONU —17 metas adotadas em 2015 para promover a sustentabilidade, erradicar a pobreza e proteger o planeta até o final da década.

Bandeira do ministro Fernando Haddad (Fazenda), a taxação dos super-ricos também entrou na mira da delegação de Milei.

A estratégia argentina preocupou o Itamaraty durante todos os dias de negociação no Rio, que tentou negociar um documento que pudesse ser aceito por todos os membros do G20.

Da Folha de S. Paulo