Congelamento de R$ 15 bi no Orçamento será oficializado nesta segunda

A equipe econômica oficializará, nesta segunda-feira (22), o congelamento de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024. A suspensão dos valores constará no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, a ser enviado na tarde de segunda ao Congresso Nacional.

Na última quinta-feira (18), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antecipou o anúncio do congelamento, em meio à disparada do dólar às vésperas do envio do relatório. Dos R$ 15 bilhões a serem suspensos, R$ 11,2 bilhões serão bloqueados; e R$ 3,8 bilhões, contingenciados.

Tanto o contingenciamento como o bloqueio representam cortes temporários de gastos. O novo arcabouço fiscal, no entanto, estabeleceu motivações diferentes. O bloqueio ocorre quando os gastos do governo crescem mais que o limite de 70% do crescimento da receita acima da inflação. O contingenciamento ocorre quando há falta de receitas que comprometem o cumprimento da meta de resultado primário (resultado das contas do governo sem os juros da dívida pública).

A distribuição dos cortes pelos ministérios só será divulgada no fim do mês, quando for publicado um decreto presidencial com os limites de gastos por ministérios. Pela legislação, o detalhamento do congelamento deverá ser publicado até dez dias após o envio do relatório ao Congresso.

Em março, o governo tinha bloqueado R$ 2,9 bilhões em gastos discricionários (não obrigatórios) do Orçamento. O bloqueio foi necessário para garantir o cumprimento do limite de gastos do arcabouço fiscal.

Com a aprovação da lei que retomou a cobrança do Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (Dpvat), o governo havia liberado os R$ 2,9 bilhões em maio. Isso ocorreu porque a lei continha um “jabuti” que liberou R$ 15,8 bilhões do teto de gastos. A liberação do dinheiro estava prevista no arcabouço fiscal, caso a arrecadação tivesse crescimento acima do previsto. Em política, o termo jabuti significa a inserção, em uma proposta legislativa, de um assunto sem relação com o texto original.

O deputado federal de São Paulo pelo Psol, Guilherme Boulos , confirmou sua candidatura para a Prefeitura da capital paulista neste sábado (20). No evento que oficializou a chapa com Marta Suplicy (PT), as peças publicitárias para a campanha contavam com desenhos de coração, repetindo uma marca histórica usada  em campanhas de Paulo Maluf, atualmente com 92 anos, para governador do Estado, em 1990, e da cidade, em 1992. 

As imagens de coração foram uma estratégia criada pelo marqueteiro baiano Duda Mendonça (1944-2021) para melhorar a liberdade de Maluf entre os participantes paulistanos. À época, deu certo. Maluf venceu a disputa de 1992 no 2º turno com 58,08% dos votos. Foi filiado ao PPB (Partido Progressista Brasileiro) e venceu o candidato petista Eduardo Suplicy (PT), ex-marido de Marta Suplicy.

Foi o início da suavização da imagem de Maluf. Ele estava muito ligado à ditadura militar e ao fato de ter tentado ser presidente da República na eleição indireta de 1985 –quando o vencedor foi Tancredo Neves.

Duda Mendonça também foi marqueteiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2002. Com a mesma estratégia, também conseguiu atenuar a imagem do político.

Agora, Boulos recorre a um método clássico para reduzir a exclusão de parte dos participantes paulistanos e tentar vencer a disputa deste ano.

As artes da campanha de Boulos também dá um comando aos participantes: “Faz o coração” . É semelhante ao “faz o L”, característico das peças publicitárias de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quando concorreu à Presidência, em 2022.

Nas propagandas de Maluf, um dos jingles também usava o órgão como ponto central. Dizia: “Tum tum tum. Bate o coração” .

O Psol realizou uma convenção partidária para formalizar a candidatura de Boulos à Prefeitura de São Paulo na tarde deste sábado. O presidente Lula esteve presente, assim como outras autoridades, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad , e a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR).

A ex-prefeita Marta Suplicy também foi confirmada como vice na chapa durante o evento. É a primeira vez em 4 décadas que o PT não encabeça uma candidatura para o comando da cidade. 

Lula, Boulos e Marta subiram ao palco juntos, com as mãos dadas e erguidas.

Do Poder360

Por Cláudio Soares*

À medida que as eleições se aproximam, as pesquisas eleitorais tornam-se ferramentas importantes para entender as preferências do eleitorado e prever resultados. No entanto, para confiar nesses dados, é essencial avaliar a credibilidade das pesquisas.

A primeira etapa para avaliar a credibilidade de uma pesquisa é entender a metodologia empregada. Isso inclui o tamanho da amostra, a forma como os dados foram coletados e o método de análise. Pesquisas bem conduzidas detalham suas técnicas, garantindo que os resultados sejam baseados em métodos estatisticamente válidos.

Uma amostra representativa é fundamental para a precisão dos resultados. A seleção deve ser aleatória e abranger diferentes perfis dentro da população alvo. O tamanho da amostra também deve ser suficiente para garantir que os resultados sejam significativos e não influenciados por variações aleatórias.

Toda pesquisa possui uma margem de erro, que indica o intervalo em que os resultados reais podem variar. Pesquisas com margens de erro menores tendem a ser mais precisas. A divulgação da margem de erro é essencial para a interpretação dos dados e para entender a confiabilidade das previsões.

O momento em que a pesquisa é conduzida pode impactar seus resultados. Contextos políticos e sociais em rápida mudança podem influenciar as respostas dos eleitores. Portanto, a data da pesquisa é um fator importante a ser considerado na análise de sua relevância e aplicabilidade.

A credibilidade da instituição que realiza a pesquisa é fundamental. Organizações renomadas e com histórico comprovado de pesquisa confiável tendem a oferecer dados mais confiáveis. Investigar a reputação e a experiência da empresa responsável é um passo importante para validar os resultados.

Pesquisas que divulgam informações completas sobre financiamento, métodos e possíveis vieses são mais confiáveis. A transparência permite que os analistas e o público compreendam o contexto e as limitações da pesquisa.

Para uma visão mais completa, é útil comparar os resultados de uma pesquisa com outras realizadas no mesmo período. Analisar tendências e discrepâncias pode oferecer uma perspectiva mais precisa sobre o cenário eleitoral.

A credibilidade das pesquisas eleitorais é um aspecto vital para a interpretação dos dados. Ao considerar a metodologia, a representatividade da amostra, a margem de erro, o período de realização, a reputação da instituição e a transparência dos dados, é possível avaliar com mais precisão a confiabilidade das pesquisas e entender melhor as dinâmicas eleitorais.

*Advogado e jornalista

Por Marcelo Tognozzi*

Um governo sempre precisa de um comunicador. Na ditadura militar, o grande comunicador era Amaral Netto. Seu programa “Amaral Netto, o Repórter” foi campeão de audiência transmitido pela Globo, então emissora oficial do regime. Os generais não tinham talento e nem paciência para falar com o povão. 

No governo Sarney o então ministro das Comunicações Antônio Carlos Magalhães tomou para si a missão de ser o principal comunicador. Sabia manejar a imprensa como poucos.

Embora contando com profissionais muito competentes, como Fernando César Mesquita, as circunstâncias mantinham o governo Sarney muito mais reativo que proativo. Ser o dono da ação, ter a iniciativa da vanguarda, é vital para qualquer governo que deseja se comunicar bem. Quando isso não acontece, a orquestra tem de ser substituída por um solista.

No governo Bolsonaro, o comunicador principal foi o próprio presidente. A relevância era dele e apenas dele. Mais de um ano depois da posse, Lula decidiu tomar as rédeas da comunicação do seu governo. Há décadas, o PT ostenta uma invejável capacidade de comunicação, sendo um dos pioneiros na produção de conteúdo para redes sociais. Mas, neste governo Lula 3, as coisas desandaram.

Estimulado pela primeira-dama Janja da Silva, o presidente assumiu o papel de comunicador oficial do seu governo. Adotou uma agenda proativa com entrevistas e pronunciamentos, ocupando a pista toda. Lula e Bolsonaro têm em comum o dom de falar com o povão, aquele eleitor morador dos bairros populares, hoje nossos maiores consumidores de conteúdos nas redes sociais.

Lula voltou a ser Lula. Desceu daquele pedestal do início do governo, largou a conversa fiada de paz e amor e mudou suas prioridades: trocou as viagens internacionais pelas viagens nacionais e pela defesa intransigente do que é seu. Há quem reclame das gafes do presidente, mas isso vira bobagem quando olhamos as pesquisas e constatamos que o Lula comunicador estancou a queda da popularidade do Lula presidente, embora seu governo –ao contrário da sua atuação– não tenha caído no gosto popular como antigamente. 

Bolsonaro gostava de falar para o “chiqueirinho”, apelido do cercadinho onde jornalistas se amontoavam na porta do Alvorada, disputando espaço com apoiadores. Lula criou um “chiqueirinho” digital, conversando com jornalistas em estúdios de rádio e TV, em entrevistas transmitidas ao vivo pelas redes sociais. Boa estratégia, porque a comunicação flui mais limpa e direta. Ambos, Bolsonaro e Lula, usam da sua eficiência para manter intactas suas bolhas de eleitores transformados em devotos pela força da polarização.

Noves fora as bobagens e teorias da conspiração, que brotam feito cogumelos no pasto nesses tempos de extremismos políticos, é preciso entender o que move Lula nessa ação de comunicação. Isso não é mera vaidade pessoal, mas um movimento político pensado e executado com a finalidade de manter seu poder conquistado nas urnas. 

Calou fundo no governo as manifestações bolsonaristas, a 1ª juntando 700 mil pessoas em São Paulo, e outras Brasil afora, com multidões gritando “mito, mito”. O PT e a esquerda não conseguem mobilizar essas multidões. Lula sabe disso, porque já bebeu dessa água, seja como líder sindical ou candidato vitorioso a presidente. Precisa resgatar a linha direta com o eleitor, entupida pela burocracia partidária, a corrupção desvendada pela Lava Jato e o Mensalão e a chegada de um concorrente de peso que também se comunica com a massa.

A decisão de assumir o papel de comunicador do seu governo foi, de todas, a mais importante até aqui. Ele sabe que o ministro Fernando Haddad, seu tucaninho de estimação, não tem carisma ou perfil para esse tipo de missão. Onde Lula pisa não nasce grama. Isso todos nós que o conhecemos desde os tempos de sindicato sabemos de cor e salteado. É ele, ele e ele. 

Lula saiu da presidência do Sindicato dos Metalúrgicos e nenhum sucessor teve a mesma relevância. Depois de deixar a presidência do PT, o único político com lastro nacional a comandar o partido foi José Dirceu. Os demais presidentes do partido foram, e ainda são, políticos de expressão regional. 

Lula escolheu Haddad para prefeito de São Paulo, mas na hora da reeleição ganhou João Doria, o candidato de Geraldo Alckmin. Elegeu Dilma presidente. O natural seria ela ter aberto mão do 2º mandato para Lula voltar nos braços do povo, mas não foi o caso e o que veio depois foi desastroso, um tsunami político. Dilma é uma ex-presidente irrelevante, que Lula mandou para bem longe e hoje vive em Xangai dando expediente na sede do Banco dos Brics.

Lula vive seu outono. A vida deu muito, tirou pouco e negou a ele quase nada. Seu saldo é positivo, porque ninguém até hoje saiu da cadeia para o Planalto com apenas uma escala na campanha eleitoral. Aos 78 anos, o presidente é o político mais experiente em atividade no Brasil, dono de uma capacidade invejável de ler as pessoas e de entender o papel de cada um dos atores políticos. Sabe o tamanho que tem.

Por isso, sua decisão de assumir a comunicação do governo foi sábia. Imagino o gosto amargo sentido no 1º de maio vazio em frente ao estádio do Corinthians. Deu bronca, escalou culpados, sabendo que só ele poderia consertar o estrago.

Do ponto de vista político, o presidente chamou para si o enfrentamento com os adversários. O faz cotidianamente desde o início do ano, escolhendo seus alvos, como o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto, seu sparring predileto. Fala de tudo, sobre qualquer coisa e com todos. Ainda é cedo para cravar, mas esse esforço de comunicação pode render a Lula a conquista de novos eleitores que votaram no PT apenas porque eram contra Bolsonaro. 

A polarização global tem levado líderes políticos a assumir o papel de comunicadores. Na Espanha, o primeiro-ministro Pedro Sánchez dispensa porta-vozes; na Itália, Giorgia Meloni faz o mesmo, assim como o argentino Javier Milei, Viktor Orbán da Hungria e, agora nos Estados Unidos, Donald Trump e Joe Biden. 

Isso é bom, porque os mantém próximos do eleitorado e da realidade das ruas. Mas também pode ser ruim, porque os expõe a vulnerabilidades e a ataques diretos de opositores. Lula entrou na guerra da comunicação de peito aberto. A partir de agora ele é solista: o sucesso ou o fracasso serão apenas dele.

*Jornalista

Em seu discurso no evento de abertura da 24ª ExpoSerra, em Serra Talhada, o deputado federal Fernando Monteiro afirmou que o sucesso da feira é resultado do bom ambiente político e administrativo do município. 

“Eventos feito esse só acontecem quando há um bom ambiente administrativo e quando o poder público entrega e faz a sua parte”, disse o parlamentar, ressaltando a dedicação e o perfil realizador da prefeita Márcia Conrado.

“A ExpoSerra é fruto de trabalho, perseverança e união do setor de negócios com o poder público”, frisou Fernando Monteiro, pedindo aplausos também a todos os ex-presidentes da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Serra Talhada, que está completando 40 anos. 

A ExpoSerra é a maior feira da indústria, comércio e serviços da região e deve movimentar R$ 45 milhões na edição que encerra hoje.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta-feira (19), com um pedido para que a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT), explique uma publicação na rede social X, antigo Twitter. A parlamentar relacionou Michelle e a família Bolsonaro ao caso das joias, rachadinhas e tentativa de golpe de Estado.

A declaração questionada por Michelle Bolsonaro foi realizada na semana passada por Gleisi Hoffmann. Na ocasião, a presidente do PT listou possíveis candidaturas ao Senado Federal de nomes da família Bolsonaro, como a própria Michelle, o deputado federal Eduardo (PL-SP) e o vereador Carlos (PL-RJ).

Na sequência, a deputada petista citou possíveis crimes ligados à família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Mais um negócio de família! É estarrecedor o que a Polícia Federal vem revelando sobre a Abin de Bolsonaro. Das rachadinhas ao golpe, da espionagem às fakenews, o inelegível transformou a agência numa Gestapo particular, a serviço de seus interesses políticos e pessoais, incluindo a blindagem dos crimes da família”, disse.

“O esclarecimento das questões acima destacadas é essencial para a correta delimitação do alcance objetivo e subjetivo de futura queixa-crime. Ou seja, é imprescindível que a interpelada [Gleisi Hoffmann] apresente as explicações ora requeridas para possibilitar que a interpelante averigue efetiva autoria e materialidade dos delitos de calúnia e difamação que, por ora, são apenas cogitados”, enfatizou o advogado Marcelo Bessa, que representa a ex-primeira-dama.

A Polícia Federal (PF) indiciou Bolsonaro no caso das vendas das joias sauditas. O relatório parcial da investigação indica que os desvios dos presentes recebidos em viagens oficiais começaram em meados de 2022 e tiveram fim no começo do ano passado.

Michelle Bolsonaro, no entanto, não foi indiciada e disse “não saber de nada” sobre o suposto esquema. A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro nega quaisquer irregularidades.

Do Metrópoles

Por Márcio de Freitas*

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) montou algo a mais do que uma simples estratégia eleitoral para as disputas municipais deste ano: converteu a campanha num tribunal popular sobre si mesmo para enfrentar a avalanche de acusações que responde na Justiça. Ao dar seu apoio a cada candidato nas cidades brasileiras, criou uma vanguarda alinhada com seus posicionamentos ideológicos. São soldados que ele converteu em advogados populares de sua causa espalhados por diversas capitais, cidades grandes e pequenas.

O exército do capitão Bolsonaro tem soldados rasos, como os candidatos a vereadores nos rincões do país, mas também generais estratégicos em cidades de grande visibilidade midiática, seja na imprensa nacional ou nas redes sociais. Serão porta-vozes obrigatórios de sua defesa, alguns com autêntica indignação, outros por conveniência política, diante da força de transferência de votos demonstrada nas últimas eleições.

Os voluntários do exército do capitão têm respostas na ponta da língua para os crimes que são imputados ao seu líder nos casos das joias, da fraude no certificado de vacina, na organização de milícias digitais, na tentativa de golpe e no uso da máquina pública em favor do filho Flávio Bolsonaro, acusado de embolsar os salários dos funcionários de seu gabinete quando era deputado estadual no Rio de Janeiro. Eles falarão e postarão as justificativas às acusações, tornando o processo de escolha dos candidatos em uma espécie de tribunal popular para o ex-presidente.

Do Norte ao Sul, Bolsonaro tem rodado o país organizando sua linha Maginot para a batalha que passa pela eleição deste ano, que deve avançar até 2026 – pelo menos. Se uns foram voluntários no credo conservador, outros foram levados por pressão política a aderir aos dogmas impostos pelo ex-presidente diante do temor de enfrentar seus correligionários nas urnas. O maior exemplo disso é o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

Na maior capital do país, com o maior eleitorado, maior visibilidade e maior cobertura midiática, Bolsonaro foi brindado pelo presidente Lula com um chamado para o enfrentamento. Aceitou o desafio e conquistou um aliado de peso: um prefeito que está no poder, com um volume de obras imenso e crescente aprovação administrativa. Nunes avança nas pesquisas de intenção de voto com consistência a cada aferição nos últimos meses.

O prefeito tem perfil conservador, mas moderado. De fala tranquila, posicionamentos equilibrados e gestão eficiente, Nunes não é bolsonarista raiz. Tem pontos de convergência com parte do eleitorado do ex-presidente. É católico e professa a fé. É liberal na economia, mas com doses equilibradas de responsabilidade social. Mas tem mais capacidade de diálogo com um arco de aliança política mais amplo e não é agressivo como Bolsonaro.

Dificilmente, Nunes estaria fora do segundo turno. Foi convencido, entretanto, que poderia enfrentar um representante do bolsonarismo e isso acabaria por favorecer o candidato da esquerda, Guilherme Boulos (PSOL), que conta com o apoio do presidente Lula. A síndrome de Rodrigo Garcia (PSDB), derrotado por Tarcísio de Freitas (Republicanos), pesou a favor de uma aliança com o PL de Bolsonaro.

Assim, Nunes foi convertido em grande general da estratégia de Bolsonaro. Em toda entrevista, sabatina, debate ou enquete que participe, o prefeito é questionado sobre sua relação com o ex-presidente. No lugar de falar sobre obras realizadas, entregas, melhoria de serviços públicos essenciais para a população, Nunes é obrigado a justificar a aliança e exercitar a advocacia em favor de Bolsonaro.

Bolsonaro pode até não alcançar a vitória total, mas vai ganhando terreno e escalando aliados fortes para o enfrentamento político que impacta no cuidado jurídico que tem transparecido no tratamento de seus processos. Alguns de seus aliados podem até morrer pelo caminho, assim como ele mesmo pode ser vítima desse processo. Esse é sempre o risco numa grande guerra.

*Analista político do Exame

A primeira-dama Janja tem sido incentivada a se manifestar após a revelação de mensagens de WhatsApp, nas quais o empresário Luís Cláudio, filho de Lula, refere-se a ela como “p*ta” e “oportunista”. Curiosamente, as cobranças partem tanto de apoiadores da socióloga quanto de opositores.

Os simpatizantes sustentam que Janja não pode se calar, tendo em vista que, em outras situações, colocou-se como porta-voz na defesa dos direitos das mulheres. Sendo assim, nem mesmo o fato de as ofensas partiram do filho de Lula seria um impeditivo para uma manifestação.

“Janja, não se cale. Você não merece ter sido xingada daquele nome”, escreveu a apoiadora Alinne Lana na última postagem feita pela primeira-dama no Instagram.

E os críticos de Janja também a instigam a se manifestar. Nesta sexta-feira (19), viralizou uma reportagem, de janeiro de 2023, que informava que Janja processou um conselheiro do Corinthians que a chamou de “putana”.

“Quero ver essa mulher empoderada responder ao filho do Lula”, provocou Hugo Damasceno, na mesma rede social. Até algum tempo atrás, Janja contava com uma equipe própria de assessoria de imprensa, para auxiliá-la em posicionamentos públicos e no contato com jornalistas, mas ela já não faz uso dessa estrutura individualizada.

Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco

O que mais se ouve em Brasília é que ninguém se atreve a falar de Janja, a primeira-dama do Planalto, diante do presidente Lula. Os últimos que escorregaram no verbo se deram mal. Lula só não esperava uma reação contra o “amor da vida dele” por parte de um filho. Ontem, o site Metrópoles, de Brasília, provocou abalos da república lulista por causa de uma arranca-rabo provocado por um filho de Lula envolvendo Janja.

Em mensagem no WhatsApp, o empresário Luís Cláudio Lula da Silva, filho de Lula, xingou a primeira-dama Janja de “p*ta” e “oportunista”. Um print obtido pelo colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, trouxe o diálogo entre Luís Cláudio e sua então esposa, a médica Natália Schincariol. A conversa faz parte de um acervo de arquivos relacionados à investigação sobre violência doméstica que envolve o caçula do presidente.

Na manhã do último dia 15 de setembro, em 2023, Natália perguntou a Luís Cláudio, às 10h05: “O que vai fazer hoje?”. Quatro minutos depois, ele responde: “Tô indo tomar café. Mais tarde assino um termo de compromisso com aquela empresa que te mostrei. Final da tarde vou ver meu pai”.

Natália prossegue: “Que chique. Queria um café preto”.

Às 10h13, o empresário faz um complemento sobre o encontro que teria com Lula. E lamenta a presença da madrasta, a socióloga Rosângela Lula da Silva: “A p*ta vai estar junto”, diz, demonstrando desprezo.

Mais adiante, na mesma conversa com Natália Schincariol, Luís Cláudio chama Janja de “oportunista”. Naquele dia, uma sexta-feira, Janja viajou com Lula a Cuba, para acompanhá-lo em agenda oficial. Registros do Planalto informam que o casal embarcou às 12h, na base aérea de Brasília, e chegou ao Aeroporto Internacional José Marti, em Havana, no fim da tarde, às 18h20.

Luís Cláudio também estava em Cuba na ocasião. No País, o empresário de 39 anos se reuniu com o pai e, ao lado dele, posou para a foto que ilustra a reportagem do Metrópole. O momento de confraternização foi captado pelas lentes do fotógrafo oficial da Presidência da República, Ricardo Stuckert.

Em Havana, Lula participou do G77, principal grupo de países em desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU). O enfoque do governante brasileiro, que abriu os discursos da cúpula, foi estreitar laços diplomáticos com a China.

Missão bem mais árdua seria estreitar a relação entre Luís Cláudio e Janja. Segundo interlocutores de ambos, o diálogo ali se limita ao essencial. Nas redes sociais, o enteado não posta fotos com a madrasta. A primeira-dama tampouco aparece com o empresário.

Procurado, Luís Claudio se pronunciou após a publicação da reportagem do site: “Essa mensagem não existiu, não! Veja! Ela é esposa do meu pai e temos um ótimo convívio”, escreveu por WhatsApp. “A coluna mantém todas as informações publicadas”, revela o colunista.

E adiantou: “Às 16h46 desta sexta-feira (19/7), advogados do filho de Lula enviaram uma nova nota à coluna. Nela, “lamentaram profundamente a exposição da intimidade e da vida privada” de Luís Cláudio”.

Piada

Em 2010, Luís Cláudio Lula da Silva se envolveu em outra polêmica ao fazer uma piada de cunho homofóbico. Na época, fez menção a um jogo entre o São Paulo e o Monterrey, do México, pela Copa Libertadores da América. “Olha, contaram uma piada para mim… eu não achei graça, mas vou passar: Amanhã tem Monterrey contra um monte de gay… que pecado rsrs”.

Após receber críticas, o empresário apagou o post da rede social: “Não entendi a ira de alguns comigo. não fui eu que fiz a piada… eu nem entendi ela. Por isso contei aqui. Boa. fiz uma piada. Quero pedir desculpas a quem não aceitou”, escreveu na ocasião.

Procurada pelo colunista do Metrópole, Natália Schincariol não retornou o contato. “A coluna também procurou Janja, por meio de sua antiga assessoria de imprensa, mas foi informada de que a primeira-dama não conta mais com o serviço individual”, escreveu o colunista.

Após a médica Natália Schincariol denunciar Luís Cláudio alegando ter sofrido agressões físicas e psicológicas, em abril, Lula e Janja evitaram comentar o caso publicamente. Uma declaração do presidente na terça-feira, contudo, repercutiu na mídia.

Disse Lula: “Fiquei sabendo, Haddad, que tem pesquisa que mostra que, depois do jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corinthiano, tudo bem. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente”.

Nas redes sociais, internautas interpretaram a fala como um aval do presidente a Luís Cláudio, corinthiano, para cometer violência doméstica. Em reunião no dia seguinte, Lula reclamou do destaque dado pela imprensa ao assunto.

“Muitas vezes você está vendo o telejornal, e o que predomina no telejornal não é a notícia completa. É uma frase da notícia, tirada de contexto, que, de preferência, se puder fazer intriga, melhor”, disse ele no encontro com parlamentares e ministros.

O Tribunal Superior Eleitoral definiu ontem e tornou público, numa portaria, os limites de gastos para candidatos a prefeituras e câmaras de vereadores de todo o País nas eleições deste ano. Os valores foram atualizados com base no IPCA de junho/2016 a junho/2024. 

Nos maiores colégios eleitorais de Pernambuco, onde pode haver segundo turno, os limites de gastos para o primeiro turno são os seguintes:

Recife – R$ 9 milhões e 776 mil para prefeito e R$ 1 milhão e 313 mil para vereador

Caruaru – R$ 3 milhões e 875 mil para prefeito e R$ 194 mil para vereador

Petrolina – R$ 3 milhões e 39 mil para prefeito e R$ 170 mil para vereador

Olinda – R$ 1 milhão e 879 mil para prefeito e R$ 136 mil para vereador

Jaboatão dos Guararapes – R$ 1 milhão e 648 mil para prefeito e R$ 180 mil para vereador

Paulista – R$ 1 milhão e 543 mil para prefeito e R$ 72 mil para vereador.