Ex-gerente do BB é condenado a pagar 10 salários mínimos por desvio de R$ 2,1 milhões

O juiz Guilherme Eduardo Martins Kellner, da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa, Lavagem de Bens e Valores da Capital, condenou o ex-gerente do Banco do Brasil Paulo Cézar Zucchi Kosmack a três anos e quatro meses de reclusão – pena convertida em prestação de serviço à comunidade – e ao pagamento de 10 salários mínimos por ter desviado um total de R$ 2,1 milhões do sistema bancário entre 2007 e 2013. Ele pode recorrer junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

De acordo com os autos, Kosmack desviou R$ 1,1 milhão para a própria conta, valores para contas de parentes e uma aplicação em empresa. “A imputação de peculato na denúncia é sustentada pela confissão do acusado, sendo necessária sua condenação pelo desvio de R$ 2.106.682,89 pertencentes ao Banco do Brasil”, citou o magistrado na sentença proferida na segunda-feira, 22. Kosmack trabalhou no BB de 1981 até se aposentar em 2013. Em depoimento, admitiu os desvios por problemas de saúde, dificuldades financeiras e pressão no ambiente de trabalho. Ele negou ter fraudado o sistema. Afirmou ainda ter se arrependido dos saques irregulares e, caso pudesse, devolveria os valores.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) ainda pediu a condenação do ex-servidor por peculato digital (313-A do Código Penal), o que foi descartado pelo magistrado.

“Não há motivo para condenação pelo delito descrito no artigo 313-A do Código Penal, pois a inserção de dados falsos nos sistemas informatizados do Banco do Brasil teve como objetivo exclusivo desviar dinheiro da instituição financeira para si próprio, sendo essa conduta absorvida pelo crime fim de peculato”, registrou em outro trecho da sentença.

Lavagem de dinheiro também foi descartada pelo juiz. Para ele, os depósitos feitos em forma de investimento constituem apropriação e “não uma ação posterior que configuraria lavagem de dinheiro”.

Do Blog do Fausto Macedo para o Estadão.

O Ministério da Gestão e da Inovação afirmou nesta quinta-feira que segue trabalhando para normalizar o funcionamento do Sistema de Informação (SEI), do governo federal. A Polícia Federal foi acionada ontem para apurar um possível ataque hacker.

A pasta também afirmou que parte do problema causado pelo incidente foi solucionado e o sistema Tramita GOV.BR do Processo Eletrônico Nacional (PEN) funciona normalmente. O sistema, que permite diálogo entre órgãos do Governo Federal, estados e municípios, foi restabelecido no final da tarde de quarta-feira.

Os serviços ofertados ao cidadão via GOV.BR não foram afetados. O SEI, que segue fora do ar, é responsável pelo andamento eletrônico de processos administrativos de nove ministério e dois outros órgãos.

Foram afetadas os ministérios e órgãos atendidos pelo SEI multiórgão. São eles:

  • Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos
  • Ministério da Fazenda
  • Ministério dos Povos Indígenas
  • Ministério do Planejamento e Orçamento
  • Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços
  • Ministério do Empreendedorismo
  • Ministério da Previdência Social
  • Ministério da Igualdade Racial
  • Ministério das Mulheres
  • Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf)
  • Casa da Moeda

O Ministério da Gestão afirma que somente esses foram afetados. O SEI atende mais de 150 órgãos.

A pasta chegou a enviar um comunicado aos servidores sobre um “incidente grave de segurança cibernética”, que deixou indisponível “várias soluções tecnológicas”, como o SEI, e diversas funcionalidades. Além da PF, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também foi acionada.

Com informações do Jornal O Globo.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a Polícia Federal a abrir investigação contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por suposta participação nos planos golpistas para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder.

Delegados da PF afirmam que Zambelli intermediou a ida de uma influenciadora para a Espanha. A viagem visava colocá-la em contato com o general venezuelano Hugo Carvajal para falar sobre suposto financiamento do governo de Nicolás Maduro para movimentos de esquerda na América Latina e Europa.

A corporação diz, segundo a decisão de Moraes, que após ter voltado ao Brasil, a “influenciadora Elisa Robson teria repassado um dossiê do caso ao então ministro da Justiça, Anderson Torres, de forma que ele teria se utilizado da Polícia Federal para instaurar um inquérito policial sobre o tema”.

O dossiê elaborado pela influenciadora foi usado pela PF para abrir uma investigação sobre o assunto faltando duas semanas para o primeiro turno das eleições presidenciais, em 2022.

Segundo Moraes, o inquérito tentava “conferir credibilidade às narrativas inverídicas propagadas pela milícia digital em relação ao principal opositor político do então presidente Jair Bolsonaro, de modo a se obter vantagem de natureza eleitoral às vésperas do pleito”.

A decisão de Moraes foi tomada na última terça-feira sob sigilo. O caso foi revelado pelo G1 e confirmado pela Folha.

A assessoria de Carla Zambelli disse que a deputada recebeu com surpresa — e pela imprensa — a notícia de que foi incluída na investigação sobre a tentativa de golpe.

“Por não ter conhecimento dos fatos em questão, a parlamentar somente poderá se manifestar após ter acesso aos autos, mas estará à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos julgados necessários”, disse a assessoria.

A história sobre o general Carvajal foi citada por Bolsonaro durante reunião ministerial em 5 de julho de 2022. As falas da reunião mostram o ex-presidente discutindo com auxiliares cenários golpistas diante da proximidade das eleições.

O vídeo do encontro foi encontrado pela PF e embasou operação contra Bolsonaro, ministros e militares em fevereiro deste ano.

“Temos informações do general Carvajal lá da Venezuela, preso na Espanha, já fez a delação premiada dele lá. Por 10 anos abasteceu o dinheiro do narcotráfico, Lula da Silva, Cristina Kirchner, Evo Morales, essa turma toda que vocês conhecem”, disse Bolsonaro no começo da reunião.

Com informações da Folha de São Paulo.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), incluiu no Plano de Recuperação Fiscal do Estado uma exceção às regras do regime, para garantir um aumento salarial de 300% para si mesmo, para o vice-governador e para os secretários de Estado. A movimentação antecedeu a pressão mais recente de Zema para que a Assembleia Legislativa vote a adesão do estado ao regime de recuperação fiscal, sob resistência de deputados estaduais da oposição e até de sua base. A pauta é considerada impopular pelos parlamentares, já que prevê congelamento de salários de servidores.

O reajuste de 300%, sancionado por Zema no ano passado, levou os vencimentos mensais do governador de R$ 10,5 mil para R$ 37,5 mil. O aumento foi judicializado por uma confederação de servidores, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou analisar a ação, em dezembro, por entender que o caso não cabia à Corte. À época, Zema argumentou que o reajuste do próprio salário era necessário para corrigir o teto remuneratório da administração estadual, permitindo que outras categorias também fossem beneficiadas.

Em julho de 2022, o Tesouro Nacional habilitou o governo de Minas a negociar sua adesão ao Regime de Recuperação Fiscal. O regime busca equacionar a dívida do estado com a União, mediante uma série de regras. Durante sua vigência, o estado fica proibido de reajustar salários acima da inflação, além de prever privatizações na tentativa de dar alívio às contas.

Ao longo de sua gestão, Zema obteve liminares para postergar o pagamento integral da dívida, alegando o risco de impacto severo nas contas públicas e que a Assembleia Legislativa vinha se recusando a votar a recuperação fiscal.

Em outubro do ano passado, meses depois de autorizar o aumento salarial de 300%, Zema enviou ao Tesouro Nacional uma nova versão de seu plano de recuperação fiscal, prevendo uma exceção para o reajuste de seus próprios vencimentos. Segundo a secretaria estadual de Fazenda de Minas, tratou-se de uma orientação do Conselho de Supervisão do Regime de Recuperação Fiscal (CSRRF), órgão que conta com representantes do estado e da União.

“Por orientação do próprio Conselho de Supervisão, o reajuste indicado foi devidamente ressalvado no Plano de Recuperação revisado. Dessa forma, não coloca em risco a permanência nem a homologação da adesão ao RRF (Regime de Recuperação Fiscal)”, diz a nota.

O Ministério da Fazenda disse que o plano enviado pelo governo de Minas no ano passado ainda está sob análise do Tesouro Nacional, devido a alguns ajustes solicitados pelo governo federal. Mesmo sem que a adesão formal tenha ocorrido, o estado vem usufruindo de benefícios associados ao regime, como a suspensão de pagamento da dívida.

Embora os reajustes salariais acima da inflação violem as regras, a pasta observou que a lei federal, de 2017, que regula o regime de recuperação fiscal permite exceções, desde que exista “elevação de receita ou de queda de despesa nos mesmos valores do ato violador”.

“O ente atualmente recebe benefícios como se estivesse no RRF por meio de liminar do Supremo Tribunal Federal. Eventuais violações ocorridas após data adesão serão analisadas pelo CSRRF quando chegar o pleito de homologação do PRF (Plano de Recuperação Fiscal)”, afirmou o ministério em nota.

O reajuste salarial de Zema à margem das regras do regime de recuperação fiscal ampliou o desgaste do governador na Assembleia Legislativa. Deputados da base e da oposição consideraram que a tentativa do governo Zema de votar o projeto do regime, na semana passada, expôs os parlamentares a desgaste em ano eleitoral.

Do Jornal O Globo.

Após as críticas sem provas do ditador Nicolás Maduro ao sistema brasileiro de votação, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que não vai mais enviar dois servidores para acompanhar as eleições na Venezuela.

“Em face de falsas declarações contra as urnas eletrônicas brasileiras, que, ao contrário do que afirmado por autoridades venezuelanas, são auditáveis e seguras, o Tribunal Superior Eleitoral não enviará técnicos para atender convite feito pela Comissão Nacional Eleitoral daquele país para acompanhar o pleito do próximo domingo”, informou a assessoria do tribunal.

“A Justiça Eleitoral brasileira não admite que, interna ou externamente, por declarações ou atos desrespeitosos à lisura do processo eleitoral brasileiro, se desqualifiquem com mentiras a seriedade e a integridade das eleições e das urnas eletrônicas no Brasil”, acrescentou o tribunal.

O tribunal reiterou que as urnas”são auditáveis e auditadas permanentemente”, “seguras” e frisou que “nunca se conseguiu demonstrar qualquer equívoco ou instabilidade em seu funcionamento”.

As declarações de Maduro irritaram integrantes do Palácio do Planalto e assessores diplomáticos do governo Lula. Maduro afirmou que as eleições no Brasil são inauditáveis, ecoando um discurso adotado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.

Com informações do Jornal O Globo.

O primeiro programa de inclusão social da aviação civil brasileira decolou. Nesta quarta-feira (24), o Governo Federal, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), lançou o Voa Brasil, o plano que tem como público-alvo todos os aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), independentemente da sua faixa de renda, que não tenham voado nos últimos 12 meses. O programa vai atender uma nova demanda com um público que atualmente não voa, oferecendo bilhetes aéreos por até R$ 200 o trecho.

O objetivo é permitir que mais brasileiros, especialmente novos usuários, tenham acesso ao mercado aéreo do Brasil. A expectativa do Governo Federal é incluir cerca de 1,5 milhão de novos brasileiros que ainda não tenham utilizado o modal aéreo para se deslocar pelo país. As aéreas deverão oferecer bilhetes ociosos durante os 12 meses do ano em diferentes rotas. Atualmente, de janeiro a junho, a taxa média de ociosidade das aeronaves é de 20%.

“O Voa Brasil Aposentados é o primeiro programa de inclusão social da aviação aérea brasileira. Estamos abrindo a possibilidade para que mais brasileiros possam viajar pelo país, fazer turismo ou reencontrar parentes. A inclusão gera emprego e renda, gera desenvolvimento econômico”, comentou o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

O Ministro ainda complementou dizendo que as empresas aéreas já disponibilizaram mais de 3 milhões de passagens, o que significa que mais de 10% de novos CPFs vão viajar pelo País.

“O Voa Brasil, esse 1º programa de inclusão social da aviação brasileira, posso dizer que vai se perpetuar como o maior programa de inclusão social, vai fazer com que mais brasileiros entre nesse mercado da aviação civil, fazer com que mais brasileiros, possam conhecer o Brasil”, afirmou o secretário Nacional de Aviação Civil, Tomé Franca.

O Voa Brasil não envolve subsídio governamental para a aquisição de passagens aéreas, funcionando com base na liberdade de oferta das companhias aéreas aos beneficiários do programa. As empresas participantes poderão oferecer os bilhetes pelo valor limite de R$ 200 por trecho, excluindo a tarifa de embarque. 

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, reforçou que “as empresas têm ociosidade, e as pessoas querem viajar, mas não têm dinheiro suficiente. Então, é uma ganha-ganha. Você consegue lotar mais os aviões, e por um preço de 200 reais, mais a tarifa, e a pessoa poder viajar”, reforçou.

Público-alvo

Na primeira fase, serão atendidos os aposentados pelo INSS. Atualmente, o país possui cerca de 23 milhões de pessoas inseridas neste recorte. Desse total, a grande maioria delas, cerca de 95%, recebe até dois salários mínimos. A expectativa do Ministério de Portos e Aeroportos é lançar a segunda etapa do programa no primeiro semestre de 2025, no qual serão beneficiados os estudantes de instituições de ensino público.

O deputado e candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (Psol-SP), disse nesta quarta-feira (24) que a declaração do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, sobre as urnas eletrônicas no Brasil é “lamentável” e demonstra seu “desconhecimento” a respeito do sistema eleitoral brasileiro.

As falas de Boulos vêm depois de Maduro dizer que no Brasil “nem um único registro” de voto é auditável. A crítica, no entanto, foi feita sem provas. As informações são do Poder360.

Segundo o presidente venezuelano, seu país tem o “melhor sistema eleitoral do mundo”. “Onde mais no mundo se faz isso? Nos Estados Unidos? O sistema eleitoral é inauditável. No Brasil? Eles não auditam um único registro. Na Colômbia? Eles não auditam um único registro”, acrescentou durante um comício.

No entanto, as urnas no Brasil são auditáveis. As etapas do processo eleitoral são acompanhadas por organizações e partidos políticos. Na esteira das declarações de Maduro, o TSE também se pronunciou dizendo que os boletins de urna são relatórios “totalmente auditáveis”.

As críticas de Maduro foram feitas depois de o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ter afirmado que ficou “assustado” com a declaração do venezuelano em 17 de julho, quando disse que poderia haver um “banho de sangue” caso perca as eleições. O pleito será realizado em 28 de julho.

Boulos falou com os jornalistas depois de audiência com a presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministra Cármen Lúcia, na Corte Eleitoral sobre o aumento de fake news na eleição municipal de 2024.

Tucanos que se opõem à pré-candidatura de José Luiz Datena pelo PSDB planejam ir à convenção do partido, marcada para sábado (27), que tem o objetivo de confirmar o apresentador na disputa pela Prefeitura de São Paulo.

A iniciativa é liderada pelo ex-presidente municipal do PSDB Fernando Alfredo, que é aliado do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Na prática, boa parte dos tucanos engrossa a gestão e a pré-campanha à reeleição de Nunes, embora o partido tenha decidido lançar Datena.

O apresentador, por sua vez, é endossado pelas direções nacional, estadual e municipal do PSDB — esta última a cargo do ex-senador José Aníbal, que substituiu Fernando Alfredo após uma intervenção do comando tucano em Brasília.

Segundo Fernando Alfredo, a ideia é levar de 800 a 1.000 filiados para a convenção e pressionar Datena a debater com a militância. Essa ala pretende ainda lançar o nome de Alfredo como candidato alternativo a Datena como uma forma de protesto.

Do ponto de vista formal, porém, dificilmente a oposição terá êxito na convenção. Como o PSDB na capital é formado por uma comissão provisória, a convenção não envolve a votação em um colegiado amplo de delegados, mas apenas a própria executiva municipal — em que Aníbal tem maioria.

Em entrevista à Folha, Datena afirmou que poderia desistir da candidatura se não tivesse respaldo do partido, mencionando possíveis confusões na convenção tucana, enquanto a de outros pré-candidatos houve aclamação.

“Se sábado eu sentir que os caras vão me encher o saco na convenção, eu não vou. Acabou. […] Essas convenções [dos partidos] vão ser por aclamação e com gente pesada. Se a nossa for porrada para todo lado, no que vai me ajudar? […] A partir do momento que eu não me sinta respaldado totalmente pelo partido, que haja palhaçada nessa convenção, que tenha manifestações…”, disse nesta segunda (22).

A pré-candidatura do apresentador é vista com ceticismo no mundo político e mesmo dentro do PSDB, já que ele desistiu de disputar outras quatro eleições. Na entrevista à Folha, Datena não descartou desistir e faz uma comparação com Joe Biden, presidente americano que desistiu da reeleição.

Em seguida, porém, ao Flow Podcast, Datena afirmou nesta terça-feira (23) que não iria desistir.

Pelas redes sociais, Fernando Alfredo havia proposto a Datena um debate entre eles, mas o apresentador recusou. “Ele me disse para esperar até 2028, mas eu não quero esperar. Eu tenho condições de disputar agora”, afirmou à reportagem.

Em seu Instagram, o ex-dirigente tucano afirmou estar se preparando para sábado. “Iremos lá colocar nosso ponto de vista e nossas opiniões.”

Alfredo afirmou à Folha que Datena “joga palavras ao vento sem entender nada de gestão pública” e criticou o alinhamento que ele enxerga entre o apresentador e Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato apoiado pelo PT e que é o principal adversário de Nunes.

“Vamos lá pressionar, perguntar por que ele não quer debater com a militância. Não queremos que ele renegue o debate e renegue o partido. Quero, por exemplo, que ele faça uma comparação entre as gestões tucanas em São Paulo e as petistas, que ele elogia quando fala do Boulos. A militância quer discutir essas questões”, disse.

De acordo com Fernando Alfredo, outra razão para ir à convenção são as ameaças de retaliação e expulsão por parte do PSDB. Dirigentes do partido haviam dito que esperavam que a oposição interna a Datena não fosse ao evento.

Da Folha de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (24), que o combate à fome é uma escolha política dos governantes. “A fome não resulta apenas de fatores externos, ela decorre, sobretudo, de escolhas políticas. Hoje o mundo produz alimentos mais do que suficientes para erradicá-la. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos”, disse.

“Enquanto isso, os gastos com armamentos subiram 7% no último ano, chegando a US$ 2,4 trilhões. Inverter essa lógica é um imperativo moral, de justiça social, mas também essencial para o desenvolvimento sustentável”, acrescentou o presidente no evento de pré-lançamento da força-tarefa para a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, no Rio de Janeiro.

A iniciativa estabelece um compromisso internacional para obter apoio político, recursos financeiros e conhecimento técnico para implementação de políticas públicas e tecnologias sociais comprovadamente eficazes para a erradicação da fome e da pobreza no mundo. Entre as iniciativas bem-sucedidas estão experiências nacionais voltadas para os mais pobres e vulneráveis, como transferência de renda, alimentação escolar, cadastro de famílias vulneráveis, apoio à primeira infância, apoio à agricultura familiar, assistência social, protagonismo das mulheres e inclusão socioeconômica e produtiva, entre outros.

“A fome não é uma coisa natural, a fome é uma coisa que exige decisão política”, reforçou Lula. “Não é possível que, na metade do século 21, quando a gente já está discutindo até inteligência artificial, sem conseguir consumir a inteligência natural que todos nós temos, a gente ainda seja obrigado a fazer uma discussão dizendo para os nossos dirigentes políticos do mundo inteiro, ‘por favor, olhem os pobres porque eles são seres humanos, eles são gente e eles querem ter oportunidade’”, completou o presidente.

A aliança está sendo proposta pelo Brasil no G20 e, no encontro de ministros no Rio de Janeiro, o bloco aprovou os documentos fundacionais da iniciativa, dando início à adesão pelos países. Qualquer país interessado pode aderir à aliança. O lançamento oficial será formalizado na Cúpula de Líderes do G20, em novembro, também na capital fluminense.

“A aliança representa uma estratégia de conquista da cidadania, e a melhor maneira de executá-la é promovendo a articulação de todos os atores relevantes. Nossa melhor ferramenta será o compartilhamento de políticas públicas efetivas. Muitos países também tiveram êxito em combater a fome e promover a agricultura e queremos que esses exemplos possam ser conhecidos e utilizados”, disse Lula, explicando que essa transferência de conhecimento não será imposta.

“Vamos sistematizar e oferecer um conjunto de projetos que possam ser adaptados às realidades específicas de cada região. Toda adaptação e implementação deverá ser liderada pelos países receptores, porque cada um conhece seus problemas. Eles devem ser os protagonistas de seu sucesso”, afirmou.

Financiamento

A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza será gerida com base em um secretariado alojado nas sedes da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma, e em Brasília. Ela funcionará até 2030, quando será desativada, e metade dos seus custos será coberta pelo Brasil.

“Quero registrar minha gratidão aos países que já se dispuseram a contribuir com este esforço”, disse Lula, ao explicar que a iniciativa não criará fundos novos, mas que os recursos globais e regionais que já existem, e estão dispersos, serão redirecionados para as políticas de Estado de cada país.

Hoje, o Banco Mundial declarou apoio à aliança, colocando a segurança alimentar em sua agenda estratégica nos próximos anos. O Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Africano de Desenvolvimento também anunciaram contribuições à iniciativa, com o estabelecimento de novo um mecanismo financeiro. A Associação Internacional para o Desenvolvimento também fará nova recomposição de capital para ajudar os países mais pobres.

Lula lembrou ainda que a presidência do Brasil no G20 defende a reforma das instituições de governança global, inclusive as financeiras. “A representação distorcida na direção do FMI [Fundo Monetário Internacional] e do Banco Mundial é um obstáculo ao enfrentamento dos complexos problemas da atualidade. Sem uma governança mais efetiva e justa, na qual o Sul Global [países do Hemisfério Sul] esteja adequadamente representado, problemas como a fome e a pobreza serão recorrentes”, disse.

A taxação dos super-ricos também é uma agenda proposta pelo Brasil, que está em debate no bloco. “A riqueza dos bilionários passou de 4% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial para quase 14% nas últimas três décadas. Alguns indivíduos controlam mais recursos do que países inteiros”, disse Lula.

“Vários países enfrentam um problema parecido: no topo da pirâmide, os sistemas tributários deixam de ser progressivos e se tornam regressivos. Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora. Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido no tema da cooperação internacional para desenvolver padrões mínimos de tributação global, fortalecendo as iniciativas existentes e incluindo os bilionários”, reforçou o presidente.

Fome no mundo

Precedendo a reunião ministerial de hoje, a FAO lançou seu Mapa da Fome, segundo o qual, uma em cada 11 pessoas pode ter passado fome no mundo em 2023. No ano passado, a estimativa era que 28,9% da população mundial (ou 2,33 bilhões de pessoas) estava em moderada ou grave insegurança alimentar. Tendências crescentes de obesidade de adultos e de anemia entre mulheres de 15 a 49 anos também são consideradas preocupantes, diz a FAO.

Para Lula, os dados são “estarrecedores”, sendo a fome “a mais degradante das privações humanas”. “O problema é especialmente grave na África e na Ásia, mas também persiste em partes da América Latina. Mesmo nos países ricos, aumenta o apartheid nutricional, com a pobreza alimentar e a epidemia de obesidade”, disse o presidente, lembrando ainda que a situação é mais grave para mulheres e crianças.

“A fome tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança. Mesmo que elas preparem a maioria das refeições e cultivem boa parte dos alimentos, mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo. Muitas mulheres são chefes de família, mas ganham menos. Trabalham mais no setor informal, se dedicam mais aos cuidados não remunerados e têm menos acesso à terra que os homens. A discriminação étnica, racial e geográfica também amplifica a fome e a pobreza entre populações afrodescendentes, indígenas e comunidades tradicionais”, afirmou Lula.

Programas que colocam a mulher como componente central das ações também deverão fazer parte da cesta de políticas públicas da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

Em seu discurso, o presidente brasileiro afirmou que a globalização neoliberal, a concentração de riqueza e as crises recorrentes e simultâneas agravaram o quadro da pobreza no mundo. Ele citou a pandemia de covid-19, que aumentou drasticamente a subnutrição, conflitos armados que interrompem a produção e distribuição de alimentos, eventos climáticos extremos, além de subsídios agrícolas em países ricos e o protecionismo que discrimina os produtos de países em desenvolvimento.

De acordo com a FAO, no Brasil, ainda há 2,5 milhões de pessoas em insegurança alimentar severa. Em 2014, o Brasil havia conseguido deixar o Mapa da Fome, no entanto, a insegurança alimentar aumentou ao longo dos anos e o país voltou a constar no relatório em 2021.

“Este é o compromisso mais urgente do meu governo: acabar com a fome no Brasil, como fizemos em 2014. Meu amigo, diretor-geral da FAO [Qu Dongyu], pode ir se preparando para anunciar em breve, ainda no meu mandato, que o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome.

O Brasil está na presidência do G20, grupo composto por 19 países e dois órgãos regionais (União Africana e a União Europeia). Os membros do G20 representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos mundialmente) e mais de 75% do comércio mundial, e cerca de dois terços da população do planeta.

Da Agência Brasil

Para tentar fazer frente à bancada do agro, militantes, assentados e acampados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) concorrerão a cargos nas eleições municipais de 2024. De acordo com o próprio movimento, serão pelo menos 700 candidatos “do MST” concorrendo aos cargos de vereador, prefeito ou vice-prefeito no pleito de outubro.

Espalhados por 22 estados e filiados a pelo menos 12 partidos, os pré-candidatos já tiveram quatro dias de formação política em um evento na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), também conhecida como Escola do MST.

Somente o Partido dos Trabalhadores (PT), sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conta com 215 pré-candidatos ligados ao movimento. A reportagem questionou o MST sobre quais seriam essas 12 legendas citadas anteriormente, mas não obteve retorno.

A reunião de lideranças, políticos e pré-candidatos ocorreu entre os dias 9 e 11 de julho. Além de marcar os 40 anos de existência do MST, o evento foi feito para debater o projeto de ampliar o poder de influência do movimento na política.  

Após ser combatido durante os quatro anos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o movimento vem ganhando forças no terceiro mandato de Lula (PT). Sem repreender as mais de 100 invasões já ocorridas em um ano e meio de mandato, o petista tem defendido o MST e prometeu abrir mais o diálogo com os seus integrantes.

“A gente ouviu as demandas e a avaliação política dos movimentos, e também o governo falou”, disse o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, ao lembrar que o MST sempre apoiou Lula durante a prisão em Curitiba e que “hoje está presente ajudando o nosso presidente a governar o nosso país”. 

Embora pregue a “necessidade de ampliação do diálogo”, o movimento reforça o seu apoio ao governo. Com aval do presidente, o objetivo do MST é “ocupar” o maior número de cargos possível.

Depois da Esplanada, MST foca nas eleições 

O projeto eleitoral do MST deve atuar como uma continuação do processo do movimento para chegar ao poder. Com a posse de Lula em 2023, integrantes foram nomeados nos diversos escalões do governo federal. Há militantes do MST, por exemplo, na presidência e diretorias da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e na articulação da Secretaria de Governo.

Apesar de já estarem espalhados pela Esplanada dos Ministérios, a meta agora vai além de ser resistência, como bradavam durante o governo de Bolsonaro, e é conseguir eleger representantes em prefeituras e em Câmaras de Vereadores. 

O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) gravou um vídeo com um dos pré-candidatos do MST falando sobre o papel das lideranças políticas e a sua missão.

“São lideranças do Brasil inteiro para refletir sobre caminhos para que a gente possa resistir aos ataques feitos à democracia, empurrar o governo Lula para ele ir para a frente, para produzir coisa melhor para a nossa gente. Para tudo isso tem que ter mais força política. E o MST ter lideranças políticas eleitas para ser porta-voz da luta popular é muito importante. Aqui é o lugar onde a gente está preparando esse plano e vai dar bom”, disse o deputado durante o evento organizado pelo MST no interior de São Paulo.

Compromisso nas eleições é selado com o boné vermelho do MST

O evento do MST contou com a presença de cerca de 250 pré-candidatos. Durante as atividades, eles discutiram os aspectos políticos e burocráticos das campanhas. Os futuros postulantes a cargos eletivos também tiveram contato com os marqueteiros das campanhas de Lula em 2022 e Haddad em 2018: os publicitários Sidônio Palmeira e Otávio Antunes. Os quatro dias também foram de oportunidades para os pré-candidatos gravarem vídeos para alavancar suas campanhas. 

O compromisso com o movimento foi selado com o habitual boné vermelho com a logomarca que estampa o mapa do Brasil em verde e um casal, onde o homem empunha um facão.  

João Pedro Stédile, um dos líderes do MST, deixou clara a simbologia do boné e enfatizou que as candidaturas não serão somente apoiadas, mas contarão com o engajamento do movimento.

“Como símbolo dessa nossa unidade e o nosso apoio, eu estou aqui entregando esses bonés, para que eles não tirem nem dormindo durante a campanha, para que fique claro o compromisso também deles com a classe trabalhadora. Aqui, como na mística, assumam o compromisso de vencer e sempre defender a classe trabalhadora”, disse Stédile ao distribuir os bonés. 

A mística, mencionada por Stédile, é uma prática coletiva e enraizada historicamente dentro do MST e que diz respeito à doutrinação esquerdista. Em uma parte das reuniões, os integrantes do MST são ensinados sobre os “ideais” que envolvem o movimento e aprendem que precisam se juntar a outros membros para prosseguir com a “luta pela terra”.  

O boné vermelho do MST também já foi usado em diversas oportunidades no Congresso Nacional. Durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o movimento em 2023, deputados de esquerda ocuparam as fileiras do plenário usando esses bonés para marcar posição.

Da Gazeta do Povo