Candidato a presidente do PT, Edinho Silva viajou por 13 estados em 4 meses

Em campanha para o comando do PT, o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva tem buscado votos em vários municípios brasileiros. Ele já passou por 13 estados, além do Distrito Federal, nos últimos 4 meses.

Edinho é pré-candidato à presidência do PT. A eleição interna acontece no dia 6 de julho, e o escolhido ficará à frente do partido por quatro anos.

Desde janeiro, o petista esteve em 13 estados e no Distrito Federal em busca de votos. Ele participou de plenárias do PT e eventos com a militância em ao menos 25 municípios, além de encontros com prefeitos e governadores aliados. As informações são do UOL.

A maior parte da campanha está concentrada nas capitais de estados do Sudeste e Nordeste. Edinho já foi a cinco dos nove estados nordestinos. No Sudeste, ele repetiu viagens ao Rio de Janeiro e São Paulo, mas também visitou municípios do interior, como Campinas, Sorocaba, Matão e São Carlos.

Edinho viajou mais que Lula em 2022. Na campanha para o primeiro turno da eleição presidencial, o então candidato esteve em 10 estados.

Viagens viraram alvo de questionamento de adversários. Valter Pomar, dirigente histórico do PT e pré-candidato ao comando do partido, questionou se a direção da sigla estava bancando viagens de jatinho para Edinho, após ele visitar três estados em três dias, no início de abril (Tocantins, Mato Grosso e Minas Gerais). O diretório nacional do PT nega.

Empresário emprestou avião para Edinho. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o ruralista Carlos Augustin, assessor especial do Ministério da Agricultura, cedeu sua aeronave para que o candidato se deslocasse de Palmas (TO) a Cuiabá (MT) em 5 de abril, por falta de voos de carreira.

Ao UOL, Edinho afirmou que todos os custos da pré-campanha são cobertos por filiados do partido. Ele também disse que gostaria de passar por todos os estados até a eleição, mas não sabe se será possível. “Todas [as cidades] são prioridade em uma eleição como a do PT, onde quem vota é o filiado”, disse.

PT enfrenta divergências internas
Edinho é o favorito de Lula para dirigir o partido, segundo aliados. Além de prefeito de Araraquara, ele foi deputado estadual e ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social) do governo Dilma Rousseff. Também coordenou a campanha de Lula em 2022.

Ainda não há consenso em torno do nome dele. Ao UOL, o presidente interino do PT, senador Humberto Costa, disse que vai trabalhar pela unidade em torno da candidatura de Edinho.

No início de abril, o prefeito de Maricá e atual vice-presidente do partido, Washington Quaquá, anunciou que vai disputar a eleição. Ele e Edinho integram a corrente majoritária do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB).

O deputado Rui Falcão também lançou sua pré-candidatura. Ele já comandou o PT em outras duas ocasiões e também é próximo de Lula. Há outros dois pré-candidatos até o momento: Valter Pomar e Romênio Pereira, secretário de Relações Internacionais do partido.

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, pediu demissão hoje, dias depois da divulgação das fraudes contra aposentados no INSS. Lupi estava no cargo desde janeiro de 2023. Ele anunciou sua saída hoje, após uma conversa com o presidente Lula (PT). Conforme este blog antecipou, o pernambucano Wolney Queiroz substitui Lupi no comando da pasta.

Meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações, ressaltou Lupi, em publicação no X. “Faço questão de destacar que todas as apurações foram apoiadas, desde o início, por todas as áreas da Previdência, por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula. Espero que as investigações sigam seu curso natural, identifiquem os responsáveis e punam, com rigor, aqueles que usaram suas funções para prejudicar o povo trabalhador”, escreveu. As informações são do UOL.

Ex-ministro disse que seguirá acompanhando a investigação de perto. “Colaborando com o governo para que, ao final, todo e qualquer recurso que tenha sido desviado do caminho de nossos beneficiários seja devolvido integralmente”, acrescentou.

“Deixo meu agradecimento aos mais de 20 mil servidores do INSS e do Ministério da Previdência Social, profissionais que aprendi a admirar ainda mais nestes pouco mais de dois anos à frente da Pasta. Homens e mulheres que sustentam, com dedicação, o maior programa social das Américas”, disse Lupi, em comunicado sobre a demissão.

Saída do ministro ocorre em meio à crise no INSS. Uma investigação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) revelou um golpe de até R$ 6,3 bilhões em aposentados e pensionistas.

Ministro foi alertado em 2023, mas demorou um ano para agir. Atas de reuniões do Conselho Nacional da Previdência Social mostram que o primeiro alerta foi feito em 12 junho de 2023.

Lupi negou discutir o assunto naquele momento. “O ministro registrou que a solicitação era relevante, porém, não haveria condições de fazê-la de imediato, visto que seria necessário realizar um levantamento mais preciso”, diz a ata.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que pode ir à manifestação pró-anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro marcada para o dia 7 de maio em Brasília. O ex-chefe do Executivo conversou com apoiadores por chamada de vídeo nesta quinta-feira, dia 1º. O vídeo da conversa foi publicado pelo portal Metrópoles.

Bolsonaro recebeu alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na quarta-feira, 30, mas segue internado no Hospital DF Star, na capital federal. Ele está na unidade desde o dia 13 do mês passado, quando foi submetido a uma cirurgia que durou 12 horas para retirar aderências no intestino e reconstruir a parede abdominal. As informações são do Jornal O Globo.

O ex-presidente não tem previsão de alta hospitalar, segundo informações do último boletim médico, mas disse na conversa esperar que a partir de sábado ou no máximo domingo “eu largue tudo que é equipamento e comece a viver se alimentando normalmente (sic)”.
“Mais uma semana em casa e eu volto à normalidade. Acredito que pelo menos lá na torre (de televisão em Brasília, local da manifestação) eu me faço presente, se estiver bem”, disse Bolsonaro.

Ele recomendou aos apoiadores que a manifestação seja pacífica e que o objetivo é fazer um ato “sem pegar pesado em cima de ninguém”. Será a primeira manifestação bolsonarista na capital federal desde dia 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes golpistas invadiram o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso e o Palácio do Planalto em uma tentativa de reverter o resultado da eleição de 2022.

“Não vou falar que vai ter muita gente porque é uma caminhada até a região da Esplanada (dos Ministérios), não é uma concentração. Vão ter lá umas 2 mil pessoas, é mais do que suficiente”, disse o ex-presidente.

O objetivo do ato é pressionar a Câmara dos Deputados a votar o projeto de lei que concede anistia total aos envolvidos no 8 de Janeiro. Uma outra saída, porém, ganhou força nos últimos dias.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), prepara um projeto para reduzir as penas aplicadas no caso. O texto está sendo negociado com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com o Supremo Tribunal Federal (STF).

Uma das versões em negociação prevê aumento da punição para os acusados de organizar tentativas de golpe de Estado. O novo projeto busca um meio termo para aliviar as penas impostas pelo STF, que chegam a 17 anos de prisão, mas assegurar que eventuais acusados de orquestrar o rompimento da ordem democrática tenham punições mais severas.

A cantora Nana Caymmi foi velada na manhã desta sexta-feira (2), no Theatro Municipal do Rio, no Centro. A cerimônia reuniu familiares e amigos da artista, que morreu aos 84 anos, na nesta quinta-feira (1º), em decorrência de falência múltipla dos órgãos.

Irmãos da artista, Dori e Danilo Caymmi, e a filha de Nana, Stella, estiveram entre os primeiros a chegar ao local. A sobrinha do ícone da MPB, Alice Caymmi, também compareceu ao velório, assim como o ator André Gonçalves e as cantoras Elba Ramalho, Teresa Cristina, Joyce Moreno e Leila Pinheiro.

Danilo lamentou a perda da irmã e ressaltou o sofrimento da família e a importância de Nana para a música. “Olha, muito difícil, muita dor, né? Ela tinha vários canais de dor, né? Uma coisa impressionante. Ela ficou nove meses no hospital, na UTI. Então estava cansada também, né? A gente perde uma grande intérprete, né? Não só minha irmã, mas tendo um distanciamento, você vê a cantora fabulosa que ela é era, né? É uma perda muito grande para nós”, disse. As informações são do Jornal O Dia.

“A pessoa tão generosa que ela era, uma mulher fora do tempo dela, que sempre brigou muito… uma agressividade para se impor como mulher em um meio tão difícil, dominado por homens”, completou o familiar.

Stella Caymmi relembrou o papel da mãe na valorização do bolero no cenário musical brasileiro. “Eu fiquei muito feliz com os discos de Bolero, foi uma atitude corajosa dela, porque até então o Bolero era considerado uma coisa brega, não entrava no mercado brasileiro, e depois que ela gravou, diziam para ela que ela era um cometa, ela fazia as coisas e os outros artistas vinham atrás”.

Ela também mencionou a paixão de Nana pela era do rádio, além de sua conexão intensa com os compositores da fase dos festivais. “Minha mãe tinha uma predileção pela era do rádio, mas ela gostava muito dos compositores da era dos festivais. Gravou Ivan Lins, Milton Nascimento, Clube da Esquina, entendeu? Então ela tinha uma admiração profunda. Como ela foi uma cantora da era dos festivais, a marcou muito. Ela ganhou o primeiro Festival Internacional da Canção (FIC) na fase brasileira”.

Gilberto Gil, que foi casado com Nana de 1967 até 1969, esteve presente para dar o ‘último adeus’. O cantor foi acompanhado da mulher, Flora Gil. Durante o velório, o artista deu um beijo na testa da intérprete da canção “Resposta ao Tempo”.

Nana Caymmi foi enterrada no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul, no início da tarde.

Considerada uma das maiores cantores do Brasil, a cantora estava internada há nove meses na Clínica São José, no Humaitá, Zona Sul. Além dos problemas cardíacos que abalaram sua saúde em 2024, que obrigaram os médicos implantar um marcapasso para contornar uma arritmia cardíaca, ela também já havia enfrentado um câncer de estômago em 2015.

Carreira

Filha do compositor baiano Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris, Nana nasceu no Rio de Janeiro, com o nome de Dinahir Tostes Caymmi, o mesmo de uma tia, irmã do pai. Incentivada pelos pais, começou a estudar piano clássico ainda criança. Em 1960, entrou no estúdio com Caymmi para fazer sua primeira gravação, Acalanto, a canção de ninar feita para ela pelo pai. No mesmo ano, gravou um compacto simples com as músicas Adeus e Nossos Beijos.

Ao mesmo tempo que dava seus primeiros passos na carreira como cantora, Nana decide deixar o Brasil e se casar com o médico venezuelano Gilberto José Aponte Paoli, com quem teve seus três filhos, Stella, Denise e João Gilberto.

De volta ao País, separada, enfrenta o preconceito de Caymmi, que decide não falar mais com a filha. Nana é então socorrida pelo irmão, Dori, que faz a canção Saveiros para ela cantar no I Festival Internacional da Canção (TV Globo). Foi vaiada ao ser anunciada a vencedora da competição.
Casada agora com Gilberto Gil, apresenta-se no III Festival de Música Popular Brasileira na TV Record, em 1967, com a canção Bom Dia, assinada em parceria com Gil. Grava com o grupo Os Mutantes a canção Alegria, Alegria, de Caetano Veloso, além de um álbum de carreira.

Em 1973, faz uma exitosa temporada em Buenos Aires, na Argentina, onde lança um disco pela gravadora Trova. No repertório, músicas de compositores que seriam presença constantes em seus discos, como Tom Jobim, João Donato, Chico Buarque, além de Caymmi. Nesse mesmo ano, Caymmi se reaproxima da filha, em um programa de televisão.

Ao longo dos anos 1970 e 1980, grava regularmente. Seus álbuns reuniam não somente um repertório sofisticado, mas também grandes músicos, como João Donato, Helio Delmiro, Toninho Horta, Novelli, além dos irmãos Dori e Danilo. Em 1980, participa da faixa Sentinela, no disco de Milton Nascimento. No início dos anos 1990, grava Bolero, disco inteiramente dedicado ao gênero.

Com o prestígio de uma das principais cantoras do País, Nana, embora tenha alcançado relativo sucesso com músicas como “Mãos de Afeto”, “Beijo Partido”, “Contrato de Separação” e “De Volta ao Começo”, além de ser voz presente em trilhas sonoras de novelas da TV Globo, não tinha, no entanto, a mesma popularidade de nomes como Maria Bethânia, Gal Costa e Elis Regina.

Sucesso popular

O reconhecimento popular só chegou em 1998, quando o bolero “Resposta ao Tempo”, de Cristovão Bastos e Aldir Blanc, foi escolhido para ser tema de abertura da minissérie “Hilda Furacão” (1998), de Glória Perez. A história da moça de uma família tradicional mineira que larga o noivo no altar e se torna uma das mais famosos prostitutas da zona boêmia de Belo Horizonte conquistou a audiência e ampliou o público de Nana.

Anos antes, Nana havia batido na trave. Sua gravação de “Vem Morena” havia sido escolhida para a abertura da novela “Tieta” (1989), um dos maiores sucessos da TV Globo. Porém, dias antes da estreia da trama, em agosto de 1989, o então diretor geral da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, pediu uma música “mais animada”. Ele mesmo fez a letra da canção gravada por Luiz Caldas. “Fiquei esperando minha música tocar e aparece o Luiz Caldas dizendo que a lua estava cheia de tesão”, reclamou, tempos depois, Nana nos jornais.

Com a carreira em alta, arrisca e coloca em prática um antigo desejo: fazer um segundo volume de um álbum dedicado apenas a boleros. “Sangra de Mi Alma” foi lançado em 2000, com clássicos do gênero como “Amor de Mi Amores” e “Solamente Una Vez”, essa última escolhida para trilha da novela “Laços de Família” (2000).

Nos anos 2000, Nana se dedica a regravar as canções de Caymmi em álbuns temáticos. “O Mar e o Tempo” (2002), “Para Caymmi: de Nana, Dori e Danilo” (2004), “Quem Inventou o Amor” (2007) e “Caymmi” (2013) compreenderam boa parte da obra do compositor.

Seus últimos dois álbuns foram “Nana Caymmi Canta Tito Madi”, de 2019, sobre a obra do compositor pré-bossanovista, e Nana, Tom, Vinicius, de 2020, com canções de seus dois grandes amigos, Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Nana, porém, a essa altura, já estava afastada dos palcos. Sua última apresentação foi em 2015, em São Paulo. A cantora havia prometido voltar a cantar ao vivo se o empresário Danilo Santos de Miranda, seu grande amigo, diretor do Sesc São Paulo, se recuperasse de uma internação. Miranda morreu em outubro de 2023. O Selo Sesc, projeto criado por Miranda, guarda um registro inédito do show Resposta ao Tempo, gerado a partir de uma apresentação de Nana no Sesc Pompeia.

A última imagem conhecida de Nana é a que aparece no documentário “Dorival Caymmi – Um Homem de Afetos”, de Daniela Broitman. Nele, Nana dá um forte depoimento sobre o pai e canta, à capela, o samba canção “Não Tem Solução”, em um dos melhores momentos do filme.

Em agosto de 2024, o cantor Renato Brás lançou a faixa “A Lua e Eu”, sucesso de Cassiano, com a participação de Nana nos vocais. A voz dela foi capturada em sua casa, no Rio de Janeiro.

Em sua última entrevista ao “Estadão”, quando completou 80 anos, Nana manifestou o desejo de gravar as parcerias do irmão Dori com Nelson Motta. Também desejava cantar Milton Nascimento – um de seus grandes amigos – e Beto Guedes. “Se eu não gravei, são inéditas para mim”, disse, reforçando uma insatisfação constante dos últimos anos, a de que não havia bons novos compositores para lhe fornecerem repertório.

Como uma metáfora da vida, a artista, também nessa entrevista, falou sobre seu sentimento ao gravar uma canção. “Ela acontece, assim como o amor. É como uma nascente, ela corre. Para quem consegue molhar o rosto nessa água límpida, como eu faço quando estou gravando, é um delírio”, disse.

EXCLUSIVO

O presidente Lula deve anunciar ainda hoje o nome do pernambucano Wolney Queiroz para suceder Carlos Lupi no Ministério da Previdência. A escolha ocorre em meio à crise provocada pelas investigações sobre fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que enfraqueceram a permanência de Carlos Lupi no cargo. A definição do nome foi tomada nesta sexta-feira (2), durante reunião entre Lula e Lupi no Palácio do Planalto.

Wolney, que ocupa atualmente o posto de secretário-executivo da pasta, é filiado ao PDT e tem boa interlocução com o Congresso, onde exerceu seis mandatos como deputado federal.

O presidente Lula tinha um plano: depois de semear na primeira metade do mandato, ele finalmente iniciaria a colheita em 2025. Programas prioritários do governo deslanchariam e cairiam no gosto popular, principalmente na área da saúde. O pessimismo com os rumos da economia seria revertido com uma série de medidas, do prometido combate à inflação dos alimentos à injeção direta de recursos no bolso dos trabalhadores. Uma renovação de acordos políticos com partidos de centro fortaleceria a posição do mandatário no Congresso e, de quebra, a sua eventual candidatura à reeleição.

A combinação desses fatores garantiria o sucesso da safra, que seria coroada com a recuperação de uma popularidade que derreteu na virada do ano. O roteiro era claro e otimista, mas até agora quase nada saiu como planejado. Para piorar, o petista passou a lidar com um velho fantasma: a corrupção, que voltou à agenda nacional com o escândalo dos descontos ilegais de benefícios pagos a aposentados e pensionistas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Por mais que se esforce, Lula ainda terá de remar muito contra a maré. As informações são da Revista Veja.

O desafio mais imediato é o caso do INSS, que envolve roubo a pessoas consideradas vulneráveis, revela omissão e incompetência do governo e tem forte apelo popular. No último dia 23, a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram uma operação para combater um esquema nacional que descontava valores de aposentadorias e pensões sem a autorização dos segurados e repassava os recursos para sindicatos e entidades de classe que dizem representá-los.

De acordo com as investigações, 6,3 bilhões de reais foram descontados entre 2019 e 2024, mas ainda não se sabe quanto de forma ilegal — ou seja, sem concordância prévia. Uma pequena amostragem citada pelas autoridades dá uma noção do tamanho do problema: de 1 300 casos analisados, 97% registraram irregularidades, como assinaturas fraudadas. Os descontos são de pequenas quantias no caso individual de cada aposentado e pensionista, mas somados encheram os caixas de entidades de classe.

Tanto que houve uma ordem judicial para o sequestro de bens de cerca de 1 bilhão de reais como forma de garantir eventuais reparações. Conforme as investigações, só um operador do esquema repassou 7,5 milhões de reais a pessoas e empresas ligadas ao procurador-geral do INSS, Virgílio Antonio Ribeiro de Oliveira Filho, que foi afastado do cargo.

Pelas regras atuais, os sindicatos e associações assinam um acordo de cooperação com o INSS que permite o desconto de valores, desde que autorizado, em troca de alguns benefícios para aposentados e pensionistas, como auxílio jurídico e assistência médica. O modelo começou a funcionar no governo de Michel Temer, ganhou tração na gestão de Bolsonaro, quando a totalidade de descontos (legais ou não) superou 700 milhões de reais, e explodiu na gestão Lula, ultrapassando a casa de 2 bilhões de reais. Independentemente da origem, a bomba explodiu no colo do petista.

Não bastasse isso, uma das onze entidades que foram alvo de medidas judiciais na ação realizada por PF e CGU, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, tem como diretor, desde 2008, e como vice-presidente, desde o ano passado, Frei Chico, irmão do presidente da República.

Ele não é investigado, mas o dado inflamou ainda mais o ânimo da oposição, que protocolou na quarta 30 o pedido para abertura de uma CPI sobre o caso. “Frei Chico está em evidência apenas por seu parentesco com o presidente Lula. Trata-se de pura politicagem eleitoral, que engana muita gente de boa-fé”, reagiram os presidentes de seis centrais sindicais em nota.

Não será surpresa se o presidente Lula confirmar o ex-deputado pernambucano Wolney Queiroz, atual secretário-executivo do Ministério da Previdência, no lugar do ministro Carlos Lupi. Lá atrás, ao bater o martelo da sua primeira equipe de alto escalão, Lula já queria Wolney ministro da pasta destinada ao PDT.

Mas Lupi, presidente nacional da legenda, bateu o pé e fez chantagens. Lula acabou cedendo e nomeando-o, mas exigiu que Wolney fosse uma espécie de ministro-adjunto e Lupi foi obrigado a nomeá-lo. Se virar ministro, Wolney pode entrar na cota pessoal de Lula, tendo em vista que o PDT ameaça se rebelar.

Lula tem uma relação próxima, de admiração e confiança com Wolney, que é filho do ex-prefeito de Caruaru, Zé Queiroz, brizolista histórico, mas que nunca deixou de apoiar os projetos presidenciais do atual chefe da Nação.

A adesão de mais de 187 mil vítimas do rompimento da barragem de Mariana ao Programa de Indenização Definitiva (PID), incluindo 117 mil participantes da ação coletiva movida contra a mineradora BHP, no Reino Unido, está gerando forte impacto no escritório Pogust Goodhead (PG), que lidera o processo bilionário em Londres. Desde o início dos pagamentos, em 26 de fevereiro, o PID já liberou quase R$ 64 milhões por dia em compensações, o que representa uma perda diária estimada de R$ 21 milhões em honorários para o escritório, que cobra 30% sobre as indenizações.

O recuo dos autores brasileiros ocorre em um momento sensível para o PG, que enfrenta dificuldades financeiras após divulgar com atraso os balanços de 2022. Segundo auditores, o escritório britânico apresenta um grave déficit e “incerteza material” sobre sua continuidade. Em 2022, a empresa contraiu R$ 982 milhões em empréstimos, mas suas dívidas somavam R$ 3,3 bilhões. Apesar de um aporte de R$ 3,1 bilhões da gestora americana Gramercy, o PG ainda busca novos investidores para manter suas operações.

Em meio à crise, crescem os questionamentos sobre a governança interna do escritório, especialmente após a revelação de que um empréstimo de R$ 31,7 milhões ao sócio Thomas Goodhead foi perdoado. O próprio Goodhead estima que a ação coletiva contra a BHP possa chegar a R$ 260 bilhões, enquanto o acordo firmado no Brasil alcança R$ 170 bilhões. No entanto, com julgamento final previsto apenas para 2027 no Reino Unido, muitas vítimas optaram por aceitar as indenizações já disponíveis no país.

O secretário de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas do Ministério do Planejamento, Sérgio Firpo, decidiu deixar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Firpo é o secretário responsável por conduzir as análises de avaliação de políticas públicas, uma bandeira da ministra Simone Tebet. Ele sairá do cargo na semana que vem.

O secretário conduziu uma série de análises em relação a temas como Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC). A maior parte das propostas dele, porém, não foram incorporadas no projeto do governo com corte de gastos no ano passado. As informações são do Jornal O Globo.

Em entrevista no ano passado, ele disse que a revisão de gastos significa “identificar oportunidades de redução ou realocação de recursos a partir da correção de falhas no desenho e na implementação de políticas públicas”.

Essa é mais uma baixa na equipe de Orçamento montada por Tebet. Antes, o secretário de Orçamento, Paulo Bijos, também havia pedido demissão.

Líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) confirmou que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, deve entregar o cargo. Uma reunião entre Lula e o ministro acontece neste momento.

O que aconteceu

  • Lupi sofre desgaste por causa de um esquema de fraudes no INSS. Investigação da PF (Polícia Federal) identificou que 11 entidades realizaram descontos na folha de pagamento de beneficiários sem autorização.
  • Outros ministros de Lula e a opinião pública pressionam pela queda. O principal problema apontado é que em 2023 ele foi alertado sobre suspeitas de irregularidades e demorou quase um ano para tomar providências.
  • Pesquisa da AtlasIntel apontou que 85,3% dos brasileiros querem a saída de Lupi. Além do descontentamento da sociedade, a oposição está usando a operação da PF contra Lula. A manutenção do ministro no cargo e os valores envolvidos aumentam o desgaste.
  • A fraude no INSS ocorreu sobre R$ 6,3 bilhões pagos em benefícios. A repercussão política ajudou e na sociedade a oposição a conseguir votos para abertura de uma CPI na Câmara. A instalação não deve ser autorizada pelo presidente Hugo Motta (Republicanos-PB).

PDT independente

  • O líder do partido na Câmara defende que o PDT deixe a base do governo. O partido tem 17 deputados, três senadores e possui histórico de alianças com governos do PT.
  • Mário Heringer adiantou que a tendência é o PDT se tornar independente. Isto significa que não haverá compromisso em votar com o governo. Já houve discussão interna sobre o assunto e a posição que tem prevalecido é esta.
  • O partido não gostou da forma como Lupi foi tratado. Questionado pelo UOL, o líder do partido na Câmara usou a palavra “ruim” para descrever a forma que o governo encarou o caso do ministro – que é a principal liderança do PDT a décadas.
  • Um fato que chama a atenção foi Lula escolher um novo presidente do INSS sem consultar Lupi. A operação da Polícia Federal fez o nomeado por Lupi pedir demissão. Atitude do presidente em preencher o cargo sem discutir com o ministro foi considerada uma demonstração pública de falta de prestígio.
  • Mas Heringer não considera que o PDT devesse se envolver na escolha do sucessor no Ministério da Previdência. O deputado concorda com a nomeação de Wolney Queiroz, secretário-executivo do Ministério da Previdência, que foi veiculada nos últimos dias. O líder do partido classificou o movimento como algo “natural numa transição”.
  • Ele acrescenta que o partido concordou com a saída de Lupi do cargo. “A bancada sempre disse que apoiaria [Lupi] na decisão que ele tomasse. E assim será”, declarou Heringer.

O esquema e a omissão

  • Associações e entidades faziam descontos na folha de pagamento de beneficiários do INSS. Existia a obrigação de autorização por parte dos aposentados e pensionistas, mas esta premissa não estaria sendo respeitada conforme a PF.
  • Auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União) identificou irregularidades. Foram avaliadas 29 entidades e verificado que algumas não tinham condições de entregar as contrapartidas prometidas: descontos em academias, convênios com planos de saúde, apoio jurídico e auxílio funerário.
  • De acordo com a investigação, 11 associações participavam do esquema. A CGU fez uma análise por amostra e questionou 1.300 casos. Em 97% deles, os aposentados responderam que não autorizaram o desconto.
  • Atas de reuniões sugeriram omissão de Lupi. Os documentos mostram que o ministro foi alertado em 12 de junho de 2023. Ele se recusou a abordar o assunto naquele momento. Embora tenha registrado que a denúncia era grave, alegou que não havia como averiguar o caso de forma imediata porque se tratavam de 6 milhões de beneficiários.
  • A primeira providência só foi tomada em março do ano seguinte, nove meses depois. O governo publicou novas regras, mas o presidente do INSS agiu para providenciar brechas para os descontos serem mantidos.