Raquel vazou porque saiu da conversa extremamente desapontada com Miguel, a quem ofereceu a Secretaria de Infraestrutura e outros espaços, sem que houvesse da parte do interlocutor qualquer interesse. Se tivesse beliscado a isca, aliás, o ex-prefeito petrolinense teria cometido um dos maiores erros da sua, até aqui, bem-sucedida carreira.
Mais popular prefeito de Petrolina, um dos mais aprovados na gestão de cidades de porte médio do País, Miguel foi candidato a governador nas eleições de 2022, mas não chegou ao segundo turno por uma fatalidade: a morte do marido de Raquel, no dia da eleição, fator que provocou uma grande emoção no Estado, arrastando a tucana para o poder.
Ela nunca admitiu esse episódio fatídico e lamentável, mas basta fazer uma simples consulta ao Google: mais de 400 mil pernambucanos foram buscar o número da candidata tucana no site de buscas no dia da eleição. Na chegada ao segundo turno, Raquel ganhou o apoio de Miguel no calor da comemoração do primeiro turno.
Um apoio que deu resultado: saiu de Petrolina com mais de 86 mil votos, enquanto no primeiro turno recebeu pouco mais de quatro mil votos. Os votos caíram no balaio de Raquel pela força de Miguel, porque o Sertão, com exceção de Petrolina, votou em peso em Marília Arraes, casando o voto com o do presidente Lula.
Passadas as eleições, Raquel esteve três vezes com Miguel e em todos os encontros não abriu o seu Governo para o ex-prefeito. Tergiversou o tempo todo e na hora dos finalmente não colocou nada na mesa, tudo porque temia sombra, como temeu a sombra de outros aliados, como Anderson Ferreira. Como disse, ontem, neste espaço, Raquel acha que o sol só brilha para ela.
RECADO DADO – Diferente do encontro sigiloso e mal explicado com a governadora, Miguel Coelho esteve, ontem, com João Campos no Recife e logo após o encontro o prefeito levou ao conhecimento público pelas redes sociais. Tudo, claro, para mostrar à governadora que ela não vai conseguir dividir as lideranças que João está arregimentando em torno da sua provável candidatura a governador nas eleições de 2026.
Dos três, vai sobrar um – Por falar em Miguel, o projeto do ex-prefeito de Petrolina é disputar uma vaga ao Senado na chapa de João Campos. Em 2026, estarão em jogo duas vagas para a Casa Alta. No campo da aliança com João, Miguel terá pela frente uma queda de braço com dois concorrentes que seriam candidatos naturais na chapa do socialista ao Palácio das Princesas: o senador Humberto Costa, que tem projeto de ir à reeleição, e o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.
Presidencialismo moderno – Em entrevista à Folha e ao Frente a Frente, ontem, o deputado Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), autor da proposta da adoção do semipresidencialismo, que já tem números de assinaturas suficientes para começar tramitar no Congresso, disse que a ideia não foi colocada para um plebiscito porque não se trata de uma mudança de regime, mas do aperfeiçoamento do presidencialismo.
Estado pode sofrer apagões – Pernambuco está incluso na lista dos 11 estados com riscos de sofrer apagão, segundo alerta Operador Nacional do Sistema Elétrico, o ONS. O motivo apresentado pelo órgão é a produção de energia por painéis solares em casas e comércios. No Nordeste, além de Pernambuco, estão ameaçados a Paraíba, Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte. O relatório recomenda que sejam traçadas estratégias para assegurar uma operação eficiente da malha energética com os desafios causados pela “crescente descentralização dos recursos de geração”.
Tabata ministra? – Corre nos bastidores de Brasília que a deputada Tabata Amaral, namorada do prefeito do Recife, pode despachar em breve na Esplanada dos Ministérios. Se couber ao PSB mais uma fatia de poder no bolo que os partidos aliados disputam junto a Lula, ela iria para o Ministério de Ciência e Tecnologia, hoje ocupado pela pernambucana Luciana Santos (PCdoB), que seria remanejada para o Ministério da Mulher.
CURTAS
REVOADA – Mais de 80 prefeitos pernambucanos desembarcaram, ontem, em Brasília, para um encontro promovido pelo Governo Federal no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. O ponto alto será, hoje, com a presença do presidente Lula e uma penca de ministros.
PETRIBU – Pertence ao grupo Petribu a fábrica de cimento que encerrou suas atividades, definitivamente, em Carnaíba, no Sertão do Pajeú, jogando na rua da amargura mais de 40 trabalhadores. Com a marca “Cimento Pajeú”, a indústria ainda operou por 12 anos depois de identificar uma grande jazida da matéria prima naquele município.
ACÓRDÃO – Na conversa com João Campos, Miguel Coelho antecipou o que veio a ser oficializado no início da noite: o controle do União Brasil no Estado, travado com o deputado Mendonça Filho, teria chegado a um bom termo, ele na presidência e Mendonça na vice.
Perguntar não ofende: Raquel vai para o MDB ou o PSD?
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