Arrastões, vandalismo e violência
Para não largar o osso, o PSB é capaz de tudo em Pernambuco, até mesmo pegar carona na fama de um jovem cantor em ascensão, o piseiro João Gomes, como fez anteontem, no Recife, na gravação do DVD do artista, tendo como cenário o Marco Zero, cuja logística contou com a retaguarda do Governo do Estado e da Prefeitura do Recife.
Nunca se viu algo tão extravagante e oportunista! João Campos chegou a explorar vídeos pelas redes sociais ao lado do piseiro, estilo musical de gosto duvidoso. Cards rolaram também pela internet com o candidato do PSB a governador, Danilo Cabral, de um lado, e o ex-presidente Lula de outro, assediando o artista. O prefeito chegou a dar uma coletiva e afirmou que o evento traria resultados benéficos para a imagem da cidade.
Leia maisTrouxe, sim, mas pelo contrário. O que se deu foi um vendaval de vídeos exibindo a face mais terrível da festa: a violência. Assaltos, brigas, arrastões e até tiros de revólver disparados pela polícia para dissipar os vândalos, que dilapidaram o patrimônio público. Uma irresponsabilidade, tremenda falta de bom senso do prefeito, em permitir a gravação de um DVD numa área pública, tombada.
O que viu foi uma anarquia geral, ampla e irrestrita. O que seria uma festa de um astro do piseiro se transformou numa guerra campal. A Polícia do PSB, mal orientada, mobilizou um efetivo pequeno, pouco mais de 200 PMs, o que, convenhamos, impossível para controlar um mar de gente baderneira.
Triste episódio para a imagem do Recife. “Ainda estou chocada com tamanho vandalismo, anarquia, bagunça”, comentou, extremamente desapontada, uma jovem fã que foi ao evento achando que iria relaxar e curtir as músicas do seu ídolo. A Prefeitura, além de gastar com a logística, embora o prefeito tenha dito que não liberou um tostão, abusou da paciência de donos de bares.
A Dircon – Diretoria Executiva de Controle Urbano do Recife – espalhou terror em todos bares abertos nas redondezas, obrigando seus proprietários a retirarem das calçadas até as cadeiras ocupadas por clientes. Em truculência, sim, a gestão de João é competente, ágil e eficaz.
Precedente – Ao permitir e apoiar a gravação de um DVD no Marco Zero, pondo em risco o patrimônio público, o prefeito do Recife abriu um precedente grave: se o piseiro pode, a partir de agora a Prefeitura não pode negar o direito de outros artistas requisitarem o local para promover evento semelhante. Uma pisada de bola, diga-se de passagem, terrível, mas com forte conotação política.
Origem tribal – Do consultor e professor em Marketing Político César Rocha, à propósito da identificação de um candidato com uma cor. “As cores em uma campanha política têm diversas funções. Servem, por exemplo, para identificar as candidaturas na paisagem; transmitem certos sentimentos e trazem uma subjetividade relacionada a determinadas ações. Tem uma origem tribal, onde grupos distintos se identificam pelas cores que usam. No interior, essa ainda é uma questão muito forte”.
Guerra santa – “Demônios”, “fariseus”, “diabos”, “Deus acima de tudo”, “terrorismo religioso”, “Bolsonaro usa Deus, Deus usa Lula”. As frases ditas pelos dois candidatos que lideram as pesquisas para a Presidência da República nesta largada de campanha remetem a uma “guerra santa” para angariar votos de fiéis. Para Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição, manter a hegemonia entre o eleitorado evangélico representa uma chance de virada sobre o ex-presidente Luiz Inácio Inácio Lula da Silva, candidato do PT e líder nos levantamentos. Já o petista vê a possibilidade de ganhar no primeiro turno caso cresça no segmento.
Em espécie – Candidato a deputado federal pelo Rio de Janeiro, o empresário Clébio Lopes Pereira (União), de 52 anos, conhecido como Jacaré, declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 5,15 milhões em espécie. Trata-se do maior valor em dinheiro vivo declarado pelos mais de 28 mil candidatos das eleições de 2022, revela levantamento do site Metrópoles junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Fora dos debates – Três dos mais importantes ministros de Jair Bolsonaro – Paulo Guedes, Ciro Nogueira e Fábio Faria – vêm defendendo que o presidente não participe de debates, especialmente se Lula não for. A avaliação do trio é que seria uma exposição desnecessária para Bolsonaro, que só deveria ocorrer num eventual segundo turno, quando estiver cara a cara com Lula.
CURTAS
TURISMO – Segundo balanço semestral do Ministério do Turismo, das dez cidades mais procuradas no primeiro semestre deste ano por turistas, sete são do Nordeste. A lista é liderada por Gramado, seguida por Fortaleza, Maceió e Natal. Ipojuca, onde fica o balneário de Porto de Galinhas, é apenas a 8ª cidade do ranking e Recife, a 10ª, atrás ainda de Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Seguro e Salvador.
DESCANSO VAPT-VUPT – A partir de hoje, aproveitando o meu niver, na próxima terça-feira, saio de circulação por seis dias e passo o bastão da coluna para Ítala Alves, editora deste blog. O Frente a Frente, pela Rede Nordeste de Rádio, neste período, será ancorado pelo comunicador Nill Júnior, diretor da Rádio Pajeú.
Perguntar não ofende: Se Bolsonaro não for aos debates, Lula vai?
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