Em Pernambuco, porém, a direita parece esperar pacientemente pela disputa direta entre Raquel e João, e não vem se movimentando para colocar um nome no meio dessa rinha.
Um dos grupos mais óbvios para ingressar no pleito seria o Partido Liberal, liderado no estado por Anderson Ferreira. Apesar disso, o próprio Jair Bolsonaro já reconheceu que o partido não tem musculatura para encarar a polarização entre Raquel e João.
“Como nós não temos um partido que agrega ainda para uma possível eleição para governo aqui no estado, a gente pode partir para uma coligação, algum acerto”, disse o ex-presidente, em fevereiro.
Anderson Ferreira, que disputou o governo do estado em 2022 e ficou na terceira colocação, um pouco atrás de Raquel Lyra, vem afirmando que a eleição de 2026 deverá ser tratada somente no ano que vem, mas uma candidatura parece não ser o foco dele.
Sem cargo público desde que deixou a prefeitura de Jaboatão, Anderson integrou o início do governo Raquel indicando nomes para alguns cargos, mas foi perdendo espaço para o PP e se distanciou da governadora, até que ressurgiu no palanque dela durante a filiação ao PSD, em março. Ele declarou apoio público à gestora e apontou um desejo de reaproximação.
Outro nome possível seria o do ex-ministro Gilson Machado (PL), que disputou a prefeitura do Recife em 2024 e é o braço direito de Bolsonaro no estado. Mas o ex-presidente já determinou que ele deverá disputar uma vaga no Senado. “Um senador aqui [em Pernambuco] é importantíssimo, vamos fazer o possível para tê-lo”, disse Jair.
A tal aliança indicada por Jair Bolsonaro pode pender para o lado de Raquel, uma vez que ela tem apoio do presidente estadual da sigla e de deputados estaduais — com exceção de Alberto Feitosa, que faz oposição ferrenha a ela. Mas também é difícil imaginar apoio do PL a uma candidata que também poderá ter Lula no palanque.
A legenda, então pode ter duas saídas: permanecer isenta ou lançar um terceiro nome na disputa. Recentemente, rumores afirmavam que o jornalista Joslei Cardinot seria esta nova opção, mas o comunicador já declarou que não vai participar do pleito.
Outros partidos de direita
O Partido Novo, que elegeu dois vereadores no Recife na eleição passada, deverá focar nas chapas do Legislativo em 2026. Segundo o presidente estadual da legenda, Técio Telles, a decisão sobre uma possível candidatura ao governo ficará para o ano que vem.
“Se tiver que sair candidato, vai ser construído com o grupo e com o partido. O foco do Partido Novo é montar uma nominata para que a gente possa fazer um ou dois deputados federais e 2 ou 3 deputados estaduais. Nosso foco está nisso. A discussão para o governo do estado, a gente tem tempo para tomar essa decisão”, afirmou, em entrevista ao Jornal do Commercio.
Em 2022, a eleição para governador de Pernambuco também teve um candidato do PTB, Pastor Wellington, que ficou com 0,16% dos votos. O partido se fundiu com o Patriota em 2023 e virou o PRD, que integrava a base de Raquel até o mês passado, mas se declarou independente para a disputa do ano que vem, embora não tenha anunciado qualquer nome para o pleito.
Já o União Brasil, de centro-direita, veio com Miguel Coelho na eleição passada, ficando na quinta posição. Agora, a legenda apoia o prefeito do Recife, João Campos (PSB), apesar de ter se federado nacionalmente com o PP, aliado de Raquel. Independentemente do palanque, o partido dificilmente terá candidato próprio em 2026.
Raquel Lyra x João Campos
Enquanto a direita apenas observa a disputa estadual, os outros grupos políticos já possuem amplas definições para 2026. A governadora Raquel Lyra, natural candidata à reeleição, se desvencilhou do PSDB e migrou para o PSD, onde já acumula mais de 60 prefeitos no estado, somando apoios do litoral ao Sertão.
Já o prefeito João Campos, que até agora não confirmou que disputará o governo, se tornou presidente nacional do PSB e recebeu o apoio do PSDB deixado por Raquel, na figura do novo presidente do partido, deputado estadual Álvaro Porto, presidente da Alepe.
O PT aparece no meio do caminho, com um grupo apoiando o prefeito do Recife, embasado na aliança nacional entre os partidos, enquanto outra ala petista, liderada pelo ex-prefeito e deputado João Paulo, rumam com Raquel. O destino da legenda no ano que vem passará pela executiva nacional e o presidente Lula poderá até fazer palanque duplo no estado.
Enquanto isso, o PSOL oficializou a pré-candidatura de Ivan Moraes ao governo do estado. O ex-vereador do Recife é a única opção que aparece até o momento como alternativa a Raquel e João, classificados por ele como conservadores.
“Eles defendem as privatizações, defendem projetos conservadores, nada muito além do que já é feito na política tradicional de Pernambuco. Duas candidaturas semelhantes, que se abraçam, que disputam as mesmíssimas bases, não existe um alinhamento ideológico, existe busca pelo poder. Raquel é a candidata da Amupe; enquanto João parece ser o candidato da Alepe. Então a gente precisa ser a candidatura do povo”, afirmou.
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