Na Educação, Marco Maciel pacificou as universidades. Na Casa Civil, apagou incêndios e deu fôlego a Sarney para fazer a transição

Marco Maciel

Capítulo 16

Tão logo tomou posse, forçado pelas circunstâncias dramáticas e que comoveram profundamente o Brasil, a morte de Tancredo Neves, em 21 de abril de 1985, o então vice-presidente José Sarney, transformado no presidente da chamada transição democrática, convocou e escalou Marco Maciel para a missão de cuidar da educação no Brasil.

Desde a juventude, Marco Maciel já era envolvido com a temática educacional. Exerceu grande liderança estudantil. Em 1963, foi eleito presidente da União Metropolitana dos Estudantes de Pernambuco e mais tarde passou a lecionar. Foi Professor de Direito Internacional Público na Universidade Católica de Pernambuco.

Antes disso, estudou para ser um professor eficiente. Fez diversos cursos, entre eles, “Introdução ao Estudo de Problemas Internacionais do Brasil”, ministrado pelo sociólogo Gilberto Freyre, “Instituições Americanas”, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, em 1962, “Direito”, na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco, em 1963, “Aperfeiçoamento em História Contemporânea”, na Universidade Católica de Pernambuco e “As Nações Unidas”, realizado no Instituto Rio Branco, Ministério das Relações Exteriores, em 1970.

Estava, portanto, talhado para o grande desafio. Mas a grande vocação de Marco Maciel foi a arte da política da conciliação e por isso mesmo Sarney teve que recorrer aos seus préstimos na Casa Civil. No Ministério da Educação, o “Marco de Pernambuco”, como era conhecido, demorou pouco mais de um ano. Assumiu em 15 de março de 1985 e da pasta se despediu em 14 de fevereiro de 1986.

Não deu tempo para fazer profundas mudanças no sistema educacional brasileiro, o qual, na sua visão, sempre foi visto como uma pirâmide de cabeça para baixo por diversas razões, entre as quais destacou o “peso especial a demagogia de palanque – “as autoridades sempre deram mais atenção à ponta do que à base dessa pirâmide”.

Como ministro da Educação foi no principal foco: o acesso de todos ao ensino básico como exigência inafastável, termo usado por ele. “O acesso, dizia ele, a partir da pré-escola, à educação – e de boa qualidade. Com isso, é possível assegurar cidadania plena, que não se obtém senão quando se assegurar a todos os cidadãos o pleno domínio dos códigos básicos da sociedade em que ele vive”.

Mais tarde, em discurso já na condição de vice-presidente da República, Marco Maciel voltou a tocar na questão e fez uma mea-culpa. Disse que a educação continuava sendo o grande problema estrutural brasileiro não resolvido, por causa, segundo ele, do baixo processo de desenvolvimento com origem nas deficiências educacionais históricas.

“Aliás, no Governo do presidente Fernando Henrique Cardoso muito foi feito, valendo citar entre relevantes iniciativas a criação do Fundef, o Fundo de Desenvolvimento da Educação, que teve um significativo papel no alavancamento do ensino fundamental”, disse, após ressaltar que isso só foi possível porque a educação foi tocada por apenas um ministro, em oito anos de gestão, Paulo Renato.

Paulo Renato conseguiu, segundo Maciel, o que ele projetava quando Sarney o nomeou ministro da Educação: a universalização do ensino fundamental. Na condição de ex-ministro da Educação, o pernambucano Cristovam Buarque, que foi também governador do Distrito Federal e senador, afirma que o grande papel de Marco Maciel na pasta foi devolver tranquilidade ao ensino superior.

“Ele pacificou as universidades, especialmente a Universidade de Brasília (UNB), que encontrou em pé de guerra”, diz Cristovam, reportando-se ao convite que recebeu de Maciel para assumir a Reitoria da UNB, tão logo nomeado ministro da Educação. Escolhido nos últimos dias da ditadura, o antecessor de Cristovam era ponto pacífico: os universitários não o queriam mais na função. “Chegaram até a ensaiar uma greve, mas o primeiro ato do ministro foi destituir o reitor José Carlos Azevedo”, lembra o jornalista Ângelo Castelo Branco.

Como ministro da Educação, Maciel teve papel fundamental na restauração e reafirmação da UNE – a União Nacional dos Estudantes.  Em março de 1985, ele recebeu, depois de 21 anos, a diretoria da UNE, que solicitou o apoio, junto à Câmara dos Deputados, para a votação do projeto de legalização da entidade, de autoria do então deputado federal pelo PMDB de Goiás e ex-presidente da UNE, Aldo Arantes.

O projeto foi aprovado em setembro pela Câmara e Senado e sancionado pelo presidente da República José Sarney. Já na gestão do pernambucano Renildo Calheiros, a UNE promoveu dois seminários, um no Rio, no qual Marco Maciel foi aplaudido de pé pela contribuição dada à legalização da instituição, e outro em São Paulo, IV Seminário Nacional de Reforma Universitária.

“Construir uma nação, com instituições sólidas e regime democrático como expressão de estrutura política, começa pela educação e se sedimenta, em definitivo, na educação”, dizia Marco Maciel, que gostava também de lembrar que educação não era despesa, mas investimento. “Educação, para mim, é uma verdadeira interiorização da razão”, disse em outra ocasião, desta feita em discurso como imortal na Academia Brasileira de Letras.

Já a passagem de Marco Maciel por outro Ministério, o da Casa Civil, também no Governo Sarney, foi marcada pelo exercício quotidiano da sua maior vocação: bombeiro, apagador de incêndios políticos. Com Sarney, era a Arena que estava no poder. O temor tomava conta da população, que via a retomada do regime militar como uma possibilidade. Maciel teve papel fundamental em ajudar Sarney a dar continuidade à transição do regime militar para um governo civil e democrático, sem traumas.

Desde seu início, o trabalho do Governo José Sarney era, corriqueiramente, conter a inflação. Inúmeros programas econômicos foram sucedidos para tentar conter a crise inflacionária. No entanto, todas foram um fracasso, agravando exponencialmente a crise da inflação no País. Em alguns períodos do Governo José Sarney, como durante o Projeto Verão, a inflação atingiu a casa dos quase 2000%.

Mas, aos trancos e barrancos, tudo foi vencido com entendimento. Maciel fazia a travessia entre o Palácio do Planalto, o Congresso e o Judiciário com muita habilidade, arte que aprendeu com olho no retrovisor. “Se olharmos a história do País, vamos verificar que conseguimos resolver tensões agudas por meio do entendimento. Por exemplo, no Império houve o chamado Gabinete da Conciliação, que foi resultado de um trabalho muito bem feito de Honório Hermeto Carneiro Leão, o Marquês de Paraná”, disse Marco Maciel, numa entrevista à Folha de São Paulo.

Na mesma entrevista, destacou: “Poderia também citar, entre muitos outros exemplos na República, um episódio que está ainda bem presente em nossa memória. Falo de um grande acordo que se realizou entre 1984 e 1995, que Tancredo Neves denominou de “Nova República”. Conseguimos retomar o Estado democrático de direito sem traumas, em grande movimento de entendimento de contrários, que permitiu a convocação de uma Constituinte que deu ao País a necessária estabilidade política”.

“Marco Maciel é um homem honestíssimo. Merece participar de tudo que se passa neste país”, disse Oscar Niemeyer ao ser provocado, em entrevista à revista Veja, a falar sobre o papel que o político exerceu na consolidação da democracia. “Marco Maciel é um trator. Quem está na frente, ele derruba, e quem está atrás ele puxa”, brincou Ulysses Guimarães, que concedeu o título de “Político-Operário-Padrão” ao trator Marco Maciel.

Dona Ruth, esposa de Fernando Henrique Cardoso, tinha ouvido falar muito pouco sobre Marco Maciel e quando seu marido o escolheu candidato a vice procurou um amigo, o imortal Joaquim de Arruda Falcão e quis dele colher mais informações de quem se tratava. Com maestria, Falcão disse e depois relembrou em um artigo no jornal O Globo:

“Pensei, repensei e respondi. Dona Ruth, quando o presidente Fernando Henrique estiver pressionado a tomar uma decisão que ainda não esteja na hora e que ele não esteja confortável, pede para o presidente passar no escritório de Marco Maciel. Conversarem. Dialogarem um pouco”.

Para Arruda Falcão, o tempo era um dos vetores, senhor mesmo, conveniência e oportunidade, do diálogo político de Marco Maciel. “Era um especialista em se conectar com a oportunidade do tempo. Como dizem os americanos, tinha a noção do timing”.

Veja amanhã:

O sentimento que movia Marco Maciel: a pernambucanidade

Veja outras postagens

Paulo Câmara, o candidato de Lula

Ouvi em Brasília, nos últimos dias, que a sucessão da governadora Raquel Lyra (PSDB), em 2026, pode ter um ingrediente novo e explosivo: o PT fora do palanque de João Campos, natural e provável candidato a governador pelo PSB.

A legenda petista, segundo o que foi soprado nos meus ouvidos, lançaria uma candidatura própria – o ex-governador Paulo Câmara, hoje na presidência do Banco do Nordeste, em Fortaleza, por delegação pessoal do presidente Lula.

Principal liderança do PT no Estado, o senador Humberto Costa iria à reeleição na chapa de Paulo Câmara, que seria, naturalmente, o palanque de Lula em Pernambuco. A tese, que a princípio pode parecer uma maluquice, é baseada no fato de que nem João nem Raquel estariam dispostos a bancar o palanque de Lula.

Tudo em razão do Governo Federal, sob o comando de Lula pela terceira vez, não ter encontrado ressonância na sociedade brasileira. Os mesmos que me sopraram a notícia ressaltam que João já não assumiu Lula na campanha da sua reeleição no Recife, o que teria irritado profundamente as forças mais lulistas no Estado.

Quanto à Raquel, a governadora está buscando a travessia para o PSD, partido aliado ao Planalto, em busca de construir um palanque lulista no Estado, iludida com a tese de que o presidente teria dois palanques no Estado. Acontece que se a tucana andar por esse caminho, perderá os votos dos bolsonaristas.

Sendo assim, sua reeleição ficaria mais difícil ainda. Em 2022, na eleição de segundo turno contra Marília Arraes (SD), a quem derrotou, Raquel não assumiu lado na corrida presidencial – nem no palanque de Lula nem tampouco o de Bolsonaro. Ganhou fácil pela adesão em massa dos bolsonaristas.

Mas 2026 abre um cenário bem diferente. Na política, a história não se repete. Raquel pode até fazer a travessia do PSDB para o PSD, mas o palanque de Lula no Estado, com a possibilidade de não ser o de João Campos, será único – o do ex-governador Paulo Câmara, que irá se filiar ao PT.

SILVIO FILHO NA CHAPA DE CÂMARA – Se o fato novo Paulo Câmara for uma realidade, o Republicanos, do ministro Sílvio Costa Filho, ficaria na chapa de João Campos? O que se diz em Brasília aponta na direção contrária. Silvinho, como é mais conhecido e que sonha em disputar uma das vagas ao Senado, seria o segundo candidato na chapa de Câmara, ao lado de Humberto, por determinação e exigência do presidente Lula.

Desgaste e saudade – Aos que porventura acharem essa alternativa Paulo Câmara um sonho de verão: diante do desgaste da governadora Raquel Lyra, cuja gestão é reprovada por 57% dos pernambucanos, segundo pesquisa recente do instituto Opinião, a população já estaria com saudade dele, achando que, em comparação ao Governo tucano, fez uma gestão por excelência. E mais do que isso, chegaria com o apoio e respaldo do presidente Lula em sua inteireza.

Estado arrumado – Aliados do ex-governador Paulo Câmara exibem pesquisas internas de que seu maior feito foi o ajuste fiscal do Estado, mesmo depois de encontrar as finanças em frangalhos, herança do Governo gastador de Eduardo Campos. Dizem que Câmara fez tão bem o dever de casa nas finanças que Raquel se deparou com o Estado extremamente equilibrado de caixa, com tamanha capacidade de endividamento que a tucana já assinou dois empréstimos, sendo o último, de R$ 3,4 bilhões, aprovada no início desta semana pela Assembleia Legislativa.

Cid volta a ser ouvido – Não há outro assunto em Brasília, a não ser a trama de quatro militares malucos para eliminar o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB). O tenente-coronel Mauro Cid presta depoimento hoje à tarde ao ministro Alexandre de Moraes, outro alvo. O magistrado vai decidir se Cid deve ser punido por, segundo a Polícia Federal, ter omitido em seus depoimentos o plano para assassinar autoridades, como o próprio Moraes, o presidente Lula (PT) e o seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), no fim de 2022, antes da posse deles.

Cara a cara com Moraes – O ministro Alexandre de Moraes, contrariando o que é de praxe na Corte, não nomeou um juiz-auxiliar para conduzir o depoimento e tomou para si a responsabilidade. Ele ficará frente a frente com o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O depoimento foi marcado após a PF revelar novos detalhes da investigação sobre golpe de Estado nos últimos dias do governo de Jair Bolsonaro (PL).

CURTAS

RELATÓRIO – Os capítulos narrados pela corporação em relatório que motivou novas prisões na última terça comprometem outros nomes importantes — entre eles o do próprio ex-presidente — e dão gás para que a apuração lance luz sobre mais detalhes da suposta trama golpista que era discutida nos gabinetes do antigo governo.

NEGOU – Ao acessar aparelhos eletrônicos apreendidos em operação anterior, a PF encontrou um plano golpista nomeado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria de autoria do general da reserva com cargo no governo. Entre as tarefas elencadas estava o assassinato dos candidatos eleitos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB), além do próprio ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Cid negou, ainda na terça, saber do plano.

DOCUMENTO – Os investigadores ainda constataram que o documento foi impresso no Palácio do Planalto, em dezembro de 2022, quando o tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro estavam no local. Somado a isso, a PF descobriu que havia o plano de prender e até matar o ministro Alexandre de Moraes em 15 de dezembro de 2022.

Perguntar não ofende: Paulo Câmara vai voltar?

Petrolina - Testemunhal

O oitentão José Jorge reúne, neste momento, um grande número de amigos na sua festa de 80 anos, no Iate Clube, em Brasília. Vim com minha Nayla e podemos comprovar, mais uma vez, como ele é querido. Até o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, veio de São Paulo abraçar o ex-senador e ministro aposentado do Tribunal de Contas da União.

A festa tem ritmo de forró, um São João antecipado, com comidas típicas trazidas do Recife. José Jorge recebe seus convidados ao lado da sua Socorro, também vestida de matuta.

Conheça Petrolina

Os municípios de São Bento do Una e Brejo da Madre de Deus, no Agreste, serão os próximos municípios a entrar na rota de abastecimento do rio São Francisco. Para levar mais água às duas cidades, estão sendo executadas pela Compesa as obras da Adutora do Agreste que vão permitir o início da operação dos trechos de tubulação já assentados a partir do município de Belo Jardim e em direção aos dois municípios. A iniciativa resultará em uma mudança significativa no abastecimento, que seguem atualmente um severo calendário. 

Com investimento de R$ 27 milhões, a obra vai beneficiar 100 mil pessoas a partir de junho do próximo ano. Com 93% das tubulações já implantadas, restam assentar cerca de 4km de tubos de diâmetro entre 900 a 250mm, incluindo uma travessia sobre o Rio Ipojuca no trecho para São Bento do Una. Porém, em uma obra desta magnitude não há apenas o assentamento de tubulações a ser realizado. Diversas outras estruturas importantes estão sendo construídas. 

“Ventosas e descargas são dispositivos de operação e segurança da adutora. As ventosas servem para permitir a saída de ar na tubulação, evitando inclusive, em caso extremo de alta pressão, o estouramento da adutora. As descargas são dispositivos utilizados para a limpeza inicial das tubulações e o esvaziamento da adutora em caso de necessidade de manutenção”, explica o engenheiro responsável pela execução desse trecho, Max Coutinho.

Já a travessia que será construída sobre o rio Ipojuca terá 112 metros de extensão. Trata-se de uma armação metálica, apoiada em blocos de concreto armado. Esta estrutura aérea que tem previsão de conclusão para fevereiro de 2025, foi pensada por diversos motivos, como facilitar o acesso à adutora em caso de manutenção e devido a extensão e profundidade do rio naquele ponto, que impossibilitou passar a tubulação por dentro dele.

Retomada em junho deste ano, pela gestão da governadora Raquel Lyra, após ficar paralisada desde 2021, a obra representa um trecho importante do projeto da Adutora do Agreste. “O Sistema Adutor do Agreste foi concebido para atender a região Agreste, que historicamente sofre com fenômenos cíclicos de estiagem e a finalização deste trecho atenderá ao município de São Bento do Una e Brejo da Madre de Deus, onde há reduzida segurança hídrica. As águas oriundas do Rio São Francisco vão mudar a realidade da população das cidades”, destaca o presidente da Compesa, Alex Campos.

Em Brejo da Madre de Deus, a expectativa da Companhia é reduzir significativamente o rodízio na distribuição de água com a conclusão das obras. Hoje a maior parte da cidade conta com esquema de seis dias com água e cinco dias sem. Já no município de São Bento do Una a Companhia espera reduzir expressivamente o atual regime, que é de três dias com água e 25 dias sem. A previsão de conclusão desse trecho da Adutora do Agreste é para junho de 2025, quando serão iniciados os testes para posterior início da operação do sistema.

O Tribunal Regional de Pernambuco (TRE-PE) decidiu, por unanimidade, cassar o mandato do vereador Edmilson Alexandre Fragoso da Silva, de Água Preta, na Mata Sul, por infidelidade partidária. Ele havia assumido a cadeira na Câmara Municipal em Junho, como 1º suplente do PSB, após a saída de um dos vereadores para assumir o Executivo, já que o prefeito e o vice-prefeito do município foram cassados, trocou o partido pelo PRD dois meses antes de tomar posse, o que gerou a ação.

Com isso, quem assume a vaga aberta é Paulo de Luzemário. “Agradeço a Deus pela oportunidade de poder assumir a vaga de Vereador pela minha amada Água Preta. Irei com certeza lutar pelo nosso povo mesmo sendo nestes 40 dias que faltam para terminar o mandato. Mas a minha felicidade é a mesma de poder lutar pelo meu povo. Dias melhores virão”, pontuou.

Por Letícia Lins*

Duas datas marcam a vida de Vilma Queiroz, no mês de novembro: os dias do Empreendedorismo Feminino (19) e o da Consciência Negra (20). Preta, 50+ e plus size, ela sempre gostou de moda, embora a achasse excludente, e que necessitasse de protagonismo para a diversidade. Após aposentar-se, decidiu realizar o evento Pretinhas na Moda, que abre as portas para mulheres negras que atuam no mercado fashion e também para aquelas que desejam desfilar. E com o qual pretende valorizar a moda black, fortalecendo sua identidade, dando-lhe maior visibilidade e ainda movimentar a economia criativa.

Vilma começou a se encantar com vestuário ainda menina, quando via a avó confeccionando roupinhas para bonecas de pano. Aos doze, aprendeu a costurar, a técnica do patchwork, crochê e tricô. No próximo sábado (23) concretiza um velho sonho, ao realizar em São Paulo, pela primeira vez, o evento “Pretinhas na Moda” . Será na Fábrica de Cultura Nova Cachoeirinha, onde haverá, também, uma Feira de Economia Criativa. A realização é do Ministério da Cultura e Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústrias Criativas com recursos da Lei Paulo Gustavo. 

A produção e direção são da própria Vilma Queiroz Produções Culturais e Renata Poskus Eventos e Comunicação. O evento terá oficinas e palestras sobre moda, evidenciando a ancestralidade. Vilma já trabalhou em vários setores, mas sempre foi ligada em moda, chegando até a participar de desfiles como modelo.

“Sou negra, 50+ e plus size e por muito tempo não me sentia representada pela moda. Eu já amava moda, tinha o sonho de atuar no mercado de moda, mas não sonhava em ser modelo quando jovem. Aos 47 anos, participei do evento Dia de Modelo Plus Size, da Renata Poskus, gostei muito do resultado, da autoestima, ao me ver representada por mim que investi em um curso para modelos plus size. A Moda ainda é muito excludente, a moda não deve ser algo padrão. É identidade social, representatividade e temos que ter nesse universo pessoas de diversas faixas etárias principalmente 50+, corpos diversos e maior visibilidade a pessoas negras. Hoje realizo eventos de empoderamento feminino negro para que mulheres pretas de todas as idades alcancem seus sonhos, pois sonhar, lutar, acreditar e ter possibilidade é a força que impulsiona as mulheres negras na sociedade”, afirmou.

No Brasil, 40% dos adultos negros são empreendedores, com negócios que movimentam R$ 1,7 trilhão, segundo a Pesquisa Afroempreendedorismo Brasil, realizada em 2021. O estudo destaca que 4,7% das startups brasileiras foram fundadas exclusivamente por mulheres, mas que esse percentual sobe exponencialmente quando o foco é o empreendedorismo negro, com as mulheres representando 61,5% do total.

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), esses negócios representam 17% do total no país e que, entre essas mulheres, 49% são as responsáveis financeiras pelo próprio núcleo familiar. Dentro desse contexto o “Pretinhas na Moda” tem entre seus objetivos incentivar e orientar empreendedoras negras no mundo da moda – as que já atuam no mercado e principalmente aquelas que desejam empreender na área – e a programação totalmente gratuita destaca palestras e oficinas – todas ministradas por mulheres pretas que são referência em seus segmentos. 

Entre as palestras e oficinas, há preocupação com a sustentabilidade:  “Saiba criar brincos e acessórios com materiais sustentáveis”; “Do lixo ao luxo: aprenda a criar novas roupas usando a arte do upcycling”; “Moda é arte e ser modelo é ser artista”.  Acompanhe Pretinhas na Moda pelo @pretinhasoficial.

*Jornalista do Oxe Recife

Patrimônio Vivo de Pernambuco, a cirandeira Lia de Itamaracá foi anunciada, nesta quarta-feira (20), como futura secretária de Turismo, Cultura e Lazer da Prefeitura de Itamaracá. Ela integrará a gestão do prefeito eleito Paulo Galvão (PSDB).

Maria Madalena Correa, a Lia, tem 80 anos de idade e 50 de carreira artística. Será a primeira vez que a artista (que já traz Itamaracá em seu nome artístico) representará oficialmente o município.

Em um post conjunto nas contas do instagram de Paulo Galvão e da cirandeira, o prefeito eleito destacou: “Lia será nossa voz no turismo e na cultura nacional e internacional. A Rainha da Ciranda irá conversar com governos, empresários, instituições e entidades para recolocar Itamaracá num espaço de respeito e relevância como nunca foi visto antes.”

Já Lia comemorou a escolha do seu nome para o secretariado. “Estou muito feliz. Meu papel será parecido com algo que eu já faço, que é o de levar o nome de Itamaracá para todo o Brasil e para o mundo, só que agora como Secretária. Quero abrir portas para trazer investimentos para a Ilha que eu carrego no meu nome”, afirmou Lia.

Da Folha de Pernambuco

No terceiro dia da missão em Londres, o prefeito Simão Durando e a comitiva de líderes do partido União Brasil participaram de uma reunião com o embaixador do Brasil no Reino Unido, Antônio Patriota. O encontro ocorreu na sede da Embaixada Brasileira, na capital inglesa, durante a manhã desta quarta (20). Os líderes conversaram com Patriota sobre a relação comercial e as oportunidades potenciais entre o Brasil e os países que formam o Reino Unido.

O prefeito de Petrolina focou em tratar sobre a exportação de frutas. Simão relatou o potencial econômico da fruticultura irrigada do Vale do São Francisco e pediu ao embaixador para fortalecer as relações comerciais com as nações britânicas. “Petrolina é um dos maiores polos exportadores de uva e manga do Brasil, e a Inglaterra é um mercado importante para o nosso Vale do São Francisco. O apoio da embaixada é fundamental para ampliarmos esse diálogo e consolidarmos parcerias que impulsionem nossa economia”, afirmou o prefeito.

Simão Durando ainda convidou Antônio Patriota para uma visita institucional ao Vale do São Francisco para ver de perto todo o processo produtivo da fruticultura e derivados. “Hoje, essa é nossa mola propulsora para a economia da região. Petrolina é uma das cidades que mais cresceu e gera empregos no Nordeste. Isso se deve em grande parte aos produtores, ao setor da fruticultura. Então, é importante que o governo brasileiro possa facilitar ainda mais os processos para ampliar negócios no exterior. O embaixador Patriota é parte importante nisso e tenho certeza que ele vindo a nossa cidade vai ter mais convicção dessa necessidade”, explicou o prefeito após o encontro.

Ainda durante esta quarta-feira, a comitiva brasileira visitou instituições como a The Royal Institution of Great Britain, uma fundação de inovação que atua como um hub para resolver desafios sociais. A programação contou ainda com uma imersão no principal centro de inovação para Cidades Inteligentes, fechando com uma pauta voltada à educação no Department of Education do Reino Unido, que desempenha um papel vital na definição e coordenação das políticas educacionais de longo prazo.

A missão na Inglaterra segue até o final da semana, com atividades que abordam modelos inovadores de administração pública, sustentabilidade, parcerias e encontros com autoridades internacionais.

A Câmara de Vereadores do Recife aprovou o projeto de lei, do vereador e ex-secretário de Esportes da capital pernambucana, Rodrigo Coutinho (Republicanos), que altera o nome do Campo do Pina, localizado na Zona Sul do Recife, para Gramadão Armando Monteiro Filho, ex-senador e ex-ministro de Estado que faleceu em 2018, aos 92 anos.

“Armando Monteiro Filho foi um homem público de trajetória exemplar, que sempre esteve comprometido com o desenvolvimento do nosso estado e com a melhoria da qualidade de vida dos recifenses. Dar o nome dele ao Gramadão é reconhecer sua contribuição para o país e para o Recife”, afirmou Rodrigo ao blog do Jamildo.

“Esse é um espaço frequentado por milhares de moradores e visitantes. Com essa mudança, também trazemos para o presente a lembrança de um pernambucano que deixou um legado de trabalho e compromisso com a sociedade”, pontuou Rodrigo Coutinho.

Mergulhar na construção do universo lúdico de uma criança e suas descobertas, experiências e saberes – e tirar desse mundo próprio uma narrativa que desafie outras crianças a entrar e participar desse espaço: essa é a proposta da obra “O Jardim de Clara”, da jornalista e escritora Zalxijoane Ferreira.

Inspirado nas vivências da própria mãe – e sua observação na construção de um infinito que cabe no jardim da filha – a obra convida a enxergar o mundo com a mesma curiosidade e encantamento da pequena Clara.

Também como elementos do cotidiano, como o cheiro da chuva, o frescor de um banho de mangueira e o carinho da família são tão importantes nessa fase do desenvolvimento. Ao lado da própria mãe, do irmão Chico, da amiga Cileide, do cãozinho Nando, e com a ajuda da avó Dôra e do jardineiro Djalma, Clara explora cada cantinho do jardim, cultivando memórias e experiências inesquecíveis.

Um lembrete de que o extraordinário mora nas pequenas coisas e no amor ao nosso redor. Com uma linguagem leve e cativante, O Jardim de Clara desperta em cada criança a importância de valores como natureza, família e afeto.

Uma saborosa experiência para as crianças, mas também para envolver toda a família, levando todos para dentro do universo de Clara, com possibilidades como uma roda para contação de suas histórias e o despertar para a descoberta do mundo que habita cada criança.

Sobre a autora

Zalxijoane Ferreira é formada em Radialismo e TV, pela Universidade Federal de Pernambuco, e em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, com exitosa carreira no rádio e na TV. Tem passagens por Rádio Jornal AM, Rádio Universitária AM, Rádio 103 FM e Rádio Itapuama FM, onde atua hoje no programa “De Primeira Categoria” e também coordenando o Departamento de Jornalismo da emissora. É mãe de dois filhos, Clara e Francisco.

Serviço:

Lançamento de “O Jardim de Clara”, de Zalxijoane Ferreira

Feira Literária do Sertão (FELIS) 2024 – Leitura, Literatura e Livro

Sábado, 23 de novembro – 17 horas

Praça Winston Ferreira (Virgínia Guerra), centro de Arcoverde

Informações (81) 9 9226-6110

O Deputado Joel da Harpa votou contra dedicar a ‘Medalha Antirracista Marta Almeida’, comenda especial da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), à ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco. A comenda é para pessoas ou organizações que se destaquem na luta antirracista, porém o parlamentar acredita que a ministra não tem serviços relevantes prestados ao povo pernambucano que justifique tal honraria.

“Meu voto reflete esse entendimento e o compromisso com homenagens que realmente reconheçam ações significativas para Pernambuco”, afirma. Joel destaca que também é negro, mas não se sente representado pela ministra. “É importante que a gente lute contra o racismo, mas sem querer fazer política partidária. E é isso que esses grupos tentam fazer em todo tempo. Por conta disso, sou contrário a homenagem”, explica.

Lembrando que Joel da Harpa é o autor da principal lei de combate ao racismo do Estado. A Lei Vini Jr. Atos discriminatórios praticados contra negros, mulheres ou população LGBTQIA+ em espaços esportivos serão punidos com ainda mais rigor em Pernambuco. É o que determina a Lei n° 18.576/2024, aprovada pela Alepe e em vigor desde agosto. Além de impor o pagamento de multas de até R$ 200 mil, a norma proíbe os infratores de frequentarem as arenas e ginásios do Estado por até 30 anos.

Por Letícia Lins*

Todo mundo sabe que as aves são os animais que aparecem no topo do tráfico de animais silvestres no mundo. E o Brasil não é exceção. Calcula-se que cerca de 38 milhões de animais sejam vítimas do tráfico por ano no país, o que representa 15% do contrabando mundial. As aves ocupam um percentual de cerca de 80% entre os animais ilegalmente comercializados. Entre os pássaros, ararajuba é uma das mais visadas. E não é de hoje. No Brasil colônia, a unidade do psitacídeo tinha o valor de dois escravos. A cobiça em cima desses animais de plumagem verde e amarela ainda é tão grande que a espécie, hoje, é ameaçada de extinção.

Felizmente, há projetos em desenvolvimento no Brasil para garantir a preservação da  espécie.  E uma ararajuba está entre 61 animais que acabam de ser repatriados para a Amazônia, de onde – aliás – nunca deveriam ter saído, mas o tráfico não dá trégua. Os bichinhos foram enviados pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) para o Pará, depois de serem atendidos no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres, Cetras Tangará, a quem cabe legalmente abrigar, cuidar e reintroduzir à natureza animais vítimas de tráfico ou de confinamento irregular.

A operação de retorno dos bichinhos é uma ação conjunta da CPRH e Ibama-PE. Os animais viajaram por terra, acompanhados de quatro técnicos dos dois órgãos. Durante o percurso, receberam alimentação e foram hidratados para garantir o bem estar. Antes da viagem, todos passaram por avaliação e exames no Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres Cetras Tangara, unidade gerida pela CPRH. Entre os repatriados estavam nove tartarugas da Amazônia e um tracajá (cágado) que viviam confinados em um mini zoológico do Parque Treze Maio, no Recife, que foi fechado em outubro de 2023. Veja quais as espécies de animais repatriados: ararajuba (espécie ameaçada de extinção), três Maracanãs do buriti (“Orthopsittaca manilatus”); uma Maitaca-de-cabeça-azul (“Pionus menstruus”); dois Papagaios-campeiros (“Amazona festiva)”; uma Iraúna-do-norte (“Molothrus oryzovorus”); 38 Tracajás (“Podocnemis unifilis”: 14 adultos e 24 filhotes) e 5 Tartarugas-da-amazônia (“Podocnemis expansa”).

As aves, com a exceção da ararajuba, foram deixadas no CETRAS da Universidade Federal Rural da Amazônia. Elas vão passar por um período de descanso da viagem e por novas avaliações para, posteriormente, serem soltas. A Ararajuba foi deixada no Projeto da Fundação Lymington voltado para a reintrodução da espécie no parque do Utinga, da Iderflor-Bio. Os cágados foram soltos no rio Guamá, no município de Belém-PA. Durante a viagem de volta, os técnicos do Ibama e CPRH repatriaram dois animais para a Região Nordeste, uma jaguatirica (“Leopardus pardalis”) para o CETAS de São Luís/MA, e um sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) para o CETAS de Teresina/PI.

*Jornalista do Oxe Recife