No túnel do tempo

Em 1983, após ser empossado governador de Pernambuco em solenidade na Assembleia Legislativa, Roberto Magalhães chega ao Palácio das Princesas em carro aberto. A foto é do arquivo do próprio Magalhães. Se você tem uma foto histórica no seu baú e deseja vê-la postada neste quadro, envie agora pelo WhatsApp: (81) 9.9994-4888

Mendonça Filho e Miguel Coelho

O ex-governador Mendonça Filho (UB) avisou há pouco que não será candidato ao Senado na chapa liderada pelo pré-candidato a governador, Miguel Coelho (UB). Apesar das especulações de que ele seria o indicado, Mendonça disse que não vai abrir mão da sua decisão de sair candidato a deputado federal pela legenda. As informações são do blog da Folha.

A informação foi dada na entrada do evento que Miguel promove para anunciar sua candidata a vice, a deputada estadual Alessandra Vieira. Sobre o fato de ele poder agregar os votos que tem na Região Metropolitana do Recife, Mendonça afirmou que “respeita as análises, mas meu caminho é deputado federal”, afirmou. Segundo ele, não houve qualquer convite para que ele ocupasse a vaga na majoritária.

Anderson e Gilson

Lideranças políticas e apoiadores das pré-candidaturas de Anderson Ferreira (PL) ao Governo do Estado, e de Gilson Machado Neto (PL) ao Senado Federal, prestigiaram, em Igarassu, na Região Metropolitana, mais uma edição do Simbora Mudar Pernambuco. Ao lado de pré-candidatos à Assembleia Legislativa (Alepe) e Câmara dos Deputados, o ex-prefeito do Jaboatão dos Guararapes e ex-ministro do Turismo ressaltaram o compromisso com valores éticos e princípios como a defesa da liberdade como pilares que têm norteado a pré-campanha.

“Essa eleição vai ser dividida por quem continua a perpetuar práticas da velha política como o festival de promessas e quem demonstra compromisso com a verdade e respeito ao eleitor. A população há muito se cansou desse papo de quem promete o mundo na tentativa de ser eleito sem nenhum tipo de responsabilidade para com a verdade. A nossa pré-candidatura tem base fincada em princípios éticos e que apresenta não falsas promessas, mas, sim, propostas”, disse Anderson durante o ato.

O pré-candidato lembrou que entre as propostas que integram o plano de governo estão três projetos de lei apresentados pela bancada do PL na Alepe para reduzir, em 2023, o valor do IPVA; incluir mais de dois milhões de pernambucanos na tarifa social da água a partir da migração automática dos inscritos no Cadastro Único (CadÚnico) no programa da Compesa; e resgatar a competitividade das empresas com o fim da prorrogação do Fundo Estadual de Equilíbrio Fiscal.

“É dessa forma que nós fazemos política, deixando claro que é possível fazer e como iremos mudar a realidade do nosso estado”, pontuou Anderson Ferreira.

Lula e Alckmin

Em jantar com empresários em São Paulo, o pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, aproveitou sua fala para reforçar sua proximidade com seu vice, Geraldo Alckmin (PSB). Disse que não existe existe governo Lula – e, sim, Lula-Alckmin.

A aliança com Alckmin tem sido o principal trunfo do PT para argumentar, junto a empresários, centro e mercado que um eventual novo governo de Lula não terá medidas “radicais” na economia.

A reunião aconteceu no apartamento do advogado Sergio Renault na noite de terça-feira (28), no bairro dos Jardins, em São Paulo.
“Aliança não é para ganhar, é para governar”, afirmou Lula, segundo relatos de participantes obtidos pelo blog- dizendo, ainda, que confia na habilidade de Alckmin para repactuar relação com Congresso.

O ex-presidente também disse que se sentia como se estivesse comemorando “bodas” com Geraldo Alckmin, como se fossem amigos há mais de 50 anos, e que “cotoveladas” do passado não comprometeram o respeito que eles têm um pelo outro.

Fontes que estavam no jantar disseram ao blog que ele elogiou o pessebista pelo menos quatro vezes e que ele disse estar mais animado agora para um eventual governo do que em 2003, quando tomou posse pela primeira vez.

Daniella Marques

A nova presidente da Caixa, Daniella Marques, já pediu à diretoria jurídica da Caixa documentos para analisar quais serão as primeiras mudanças que tomará assim que assumir o comando do banco. A prioridade dela será preservar a imagem do banco, assim como buscar fortalecer a governança do órgão.

Marques vai passar pelo comitê de elegibilidade do banco e, só depois, assume o comando da Caixa – o que deve acontecer na semana que vem. Daniella, convidada por Jair Bolsonaro (PL) depois da saída de Pedro Guimarães do cargo, quer revisar a governança da Caixa e, inclusive, já fez as primeiras consultas ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que o órgão compartilhe um programa de prevenção de assédio com a Caixa.

A ideia de Marques é montar uma força-tarefa para apurar as denúncias de assédio no banco, como as feitas contra Guimarães e, comprovadas as acusações, fazer uma “limpa” em todos que estiverem envolvidos nos casos.

Segundo integrantes do Palácio do Planalto, foi garantido a Marques “carta branca” para fazer mudanças no banco. Ela chegou ao cargo por indicação de Paulo Guedes, de quem foi sócia no mercado financeiro. Ela é nome de confiança do ministro da Economia – que se fortalece com mais uma indicação para um cargo importante nas últimas semanas. Antes, ele emplacou Caio Paes de Andrade na Petrobras.

No governo, Daniella tem um programa nacional de empreendedorismo feminino com iniciativas em prol das mulheres. Na Caixa, quer se colocar como uma aliada das funcionárias assim que assumir.

Violência doméstica – Nos bastidores, Daniella Marques repete que a “luta da mulher não é de esquerda nem de direita”. Daniella tem um histórico de vítima da violência contra a mulher também.

Em 2019, ela foi alvo de violência doméstica por um ex-companheiro – e entrou na Justiça pedindo medidas protetivas. No entanto, o inquérito foi arquivado pela Justiça e, em 2020, o ex-marido entrou com uma petição sigilosa contra Daniella. O blog da Andreia Sadi procurou a defesa de Daniella, que disse que “hoje, então, Daniella é alvo de um inquérito que investiga fatos do qual foi vítima, renovando a violência contra a mulher”.

Marco Maciel

Capítulo 16

Tão logo tomou posse, forçado pelas circunstâncias dramáticas e que comoveram profundamente o Brasil, a morte de Tancredo Neves, em 21 de abril de 1985, o então vice-presidente José Sarney, transformado no presidente da chamada transição democrática, convocou e escalou Marco Maciel para a missão de cuidar da educação no Brasil.

Desde a juventude, Marco Maciel já era envolvido com a temática educacional. Exerceu grande liderança estudantil. Em 1963, foi eleito presidente da União Metropolitana dos Estudantes de Pernambuco e mais tarde passou a lecionar. Foi Professor de Direito Internacional Público na Universidade Católica de Pernambuco.

Antes disso, estudou para ser um professor eficiente. Fez diversos cursos, entre eles, “Introdução ao Estudo de Problemas Internacionais do Brasil”, ministrado pelo sociólogo Gilberto Freyre, “Instituições Americanas”, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, em 1962, “Direito”, na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco, em 1963, “Aperfeiçoamento em História Contemporânea”, na Universidade Católica de Pernambuco e “As Nações Unidas”, realizado no Instituto Rio Branco, Ministério das Relações Exteriores, em 1970.

Estava, portanto, talhado para o grande desafio. Mas a grande vocação de Marco Maciel foi a arte da política da conciliação e por isso mesmo Sarney teve que recorrer aos seus préstimos na Casa Civil. No Ministério da Educação, o “Marco de Pernambuco”, como era conhecido, demorou pouco mais de um ano. Assumiu em 15 de março de 1985 e da pasta se despediu em 14 de fevereiro de 1986.

Não deu tempo para fazer profundas mudanças no sistema educacional brasileiro, o qual, na sua visão, sempre foi visto como uma pirâmide de cabeça para baixo por diversas razões, entre as quais destacou o “peso especial a demagogia de palanque – “as autoridades sempre deram mais atenção à ponta do que à base dessa pirâmide”.

Como ministro da Educação foi no principal foco: o acesso de todos ao ensino básico como exigência inafastável, termo usado por ele. “O acesso, dizia ele, a partir da pré-escola, à educação – e de boa qualidade. Com isso, é possível assegurar cidadania plena, que não se obtém senão quando se assegurar a todos os cidadãos o pleno domínio dos códigos básicos da sociedade em que ele vive”.

Mais tarde, em discurso já na condição de vice-presidente da República, Marco Maciel voltou a tocar na questão e fez uma mea-culpa. Disse que a educação continuava sendo o grande problema estrutural brasileiro não resolvido, por causa, segundo ele, do baixo processo de desenvolvimento com origem nas deficiências educacionais históricas.

“Aliás, no Governo do presidente Fernando Henrique Cardoso muito foi feito, valendo citar entre relevantes iniciativas a criação do Fundef, o Fundo de Desenvolvimento da Educação, que teve um significativo papel no alavancamento do ensino fundamental”, disse, após ressaltar que isso só foi possível porque a educação foi tocada por apenas um ministro, em oito anos de gestão, Paulo Renato.

Paulo Renato conseguiu, segundo Maciel, o que ele projetava quando Sarney o nomeou ministro da Educação: a universalização do ensino fundamental. Na condição de ex-ministro da Educação, o pernambucano Cristovam Buarque, que foi também governador do Distrito Federal e senador, afirma que o grande papel de Marco Maciel na pasta foi devolver tranquilidade ao ensino superior.

“Ele pacificou as universidades, especialmente a Universidade de Brasília (UNB), que encontrou em pé de guerra”, diz Cristovam, reportando-se ao convite que recebeu de Maciel para assumir a Reitoria da UNB, tão logo nomeado ministro da Educação. Escolhido nos últimos dias da ditadura, o antecessor de Cristovam era ponto pacífico: os universitários não o queriam mais na função. “Chegaram até a ensaiar uma greve, mas o primeiro ato do ministro foi destituir o reitor José Carlos Azevedo”, lembra o jornalista Ângelo Castelo Branco.

Como ministro da Educação, Maciel teve papel fundamental na restauração e reafirmação da UNE – a União Nacional dos Estudantes.  Em março de 1985, ele recebeu, depois de 21 anos, a diretoria da UNE, que solicitou o apoio, junto à Câmara dos Deputados, para a votação do projeto de legalização da entidade, de autoria do então deputado federal pelo PMDB de Goiás e ex-presidente da UNE, Aldo Arantes.

O projeto foi aprovado em setembro pela Câmara e Senado e sancionado pelo presidente da República José Sarney. Já na gestão do pernambucano Renildo Calheiros, a UNE promoveu dois seminários, um no Rio, no qual Marco Maciel foi aplaudido de pé pela contribuição dada à legalização da instituição, e outro em São Paulo, IV Seminário Nacional de Reforma Universitária.

“Construir uma nação, com instituições sólidas e regime democrático como expressão de estrutura política, começa pela educação e se sedimenta, em definitivo, na educação”, dizia Marco Maciel, que gostava também de lembrar que educação não era despesa, mas investimento. “Educação, para mim, é uma verdadeira interiorização da razão”, disse em outra ocasião, desta feita em discurso como imortal na Academia Brasileira de Letras.

Já a passagem de Marco Maciel por outro Ministério, o da Casa Civil, também no Governo Sarney, foi marcada pelo exercício quotidiano da sua maior vocação: bombeiro, apagador de incêndios políticos. Com Sarney, era a Arena que estava no poder. O temor tomava conta da população, que via a retomada do regime militar como uma possibilidade. Maciel teve papel fundamental em ajudar Sarney a dar continuidade à transição do regime militar para um governo civil e democrático, sem traumas.

Desde seu início, o trabalho do Governo José Sarney era, corriqueiramente, conter a inflação. Inúmeros programas econômicos foram sucedidos para tentar conter a crise inflacionária. No entanto, todas foram um fracasso, agravando exponencialmente a crise da inflação no País. Em alguns períodos do Governo José Sarney, como durante o Projeto Verão, a inflação atingiu a casa dos quase 2000%.

Mas, aos trancos e barrancos, tudo foi vencido com entendimento. Maciel fazia a travessia entre o Palácio do Planalto, o Congresso e o Judiciário com muita habilidade, arte que aprendeu com olho no retrovisor. “Se olharmos a história do País, vamos verificar que conseguimos resolver tensões agudas por meio do entendimento. Por exemplo, no Império houve o chamado Gabinete da Conciliação, que foi resultado de um trabalho muito bem feito de Honório Hermeto Carneiro Leão, o Marquês de Paraná”, disse Marco Maciel, numa entrevista à Folha de São Paulo.

Na mesma entrevista, destacou: “Poderia também citar, entre muitos outros exemplos na República, um episódio que está ainda bem presente em nossa memória. Falo de um grande acordo que se realizou entre 1984 e 1995, que Tancredo Neves denominou de “Nova República”. Conseguimos retomar o Estado democrático de direito sem traumas, em grande movimento de entendimento de contrários, que permitiu a convocação de uma Constituinte que deu ao País a necessária estabilidade política”.

“Marco Maciel é um homem honestíssimo. Merece participar de tudo que se passa neste país”, disse Oscar Niemeyer ao ser provocado, em entrevista à revista Veja, a falar sobre o papel que o político exerceu na consolidação da democracia. “Marco Maciel é um trator. Quem está na frente, ele derruba, e quem está atrás ele puxa”, brincou Ulysses Guimarães, que concedeu o título de “Político-Operário-Padrão” ao trator Marco Maciel.

Dona Ruth, esposa de Fernando Henrique Cardoso, tinha ouvido falar muito pouco sobre Marco Maciel e quando seu marido o escolheu candidato a vice procurou um amigo, o imortal Joaquim de Arruda Falcão e quis dele colher mais informações de quem se tratava. Com maestria, Falcão disse e depois relembrou em um artigo no jornal O Globo:

“Pensei, repensei e respondi. Dona Ruth, quando o presidente Fernando Henrique estiver pressionado a tomar uma decisão que ainda não esteja na hora e que ele não esteja confortável, pede para o presidente passar no escritório de Marco Maciel. Conversarem. Dialogarem um pouco”.

Para Arruda Falcão, o tempo era um dos vetores, senhor mesmo, conveniência e oportunidade, do diálogo político de Marco Maciel. “Era um especialista em se conectar com a oportunidade do tempo. Como dizem os americanos, tinha a noção do timing”.

Veja amanhã:

O sentimento que movia Marco Maciel: a pernambucanidade