Na sua primeira entrevista coletiva, o novo presidente da Petrobras, Jean Paul Prates falou de praticamente todos os temas, de alguma forma, relacionados com as atividades da empresa. Mas um deles, relacionado às compras do setor naval, virou motivo de preocupação no segmento de portos e navios.
Perguntado se companhia terá participação ativa na busca pela ampliação do conteúdo local, disse que “Não basta a Petrobras querer fazer isso. Precisa haver condição para fazer. Precisa que a estrutura dos estaleiros, da indústria naval e outras coisas que ela eventualmente compra fora se apresentem em condições competitivas.”
Prates respondia a dirigentes sindicais ligados às empresas de petróleo onde existe uma expectativa no setor de que o novo governo Lula possa voltar a fomentar programas como o Prorefam e o Promef, que permitiram a construção de embarcações de apoio marítimo e uma linhagem de navios para a Transpetro. O resultado, como se sabe, não faz o Brasil se orgulhar. Foi o que se pode chamar de uma das “ancoras” do escândalo do Petrolão. As informações são do colunista Fernando Castilho, do JC.
Leia maisEntretanto, emulando o que diz o PT, Prates afirmou que houve uma ‘destruição’ do ciclo virtuoso da indústria naval, que resultou no encarecimento do custo dos projetos em estaleiros nacionais e fez com que os avanços alcançados pelo setor nos anos 2000 praticamente voltasse à estaca zero.
Recursos da corrupção
O que o ex-senador chama de ciclo virtuoso da indústria naval foi uma espetacular mobilização de recursos públicos pelo setor privado e seu envolvimento com dirigentes da Petrobras que causaram prejuízos de bilhões a estatal, instalação de estaleiros que não se sustentaram e a devolução de recursos da corrupção. Até dezembro de 2022, a Petrobras chegou a um total de cerca de R$ 6,26 bilhões de recursos devolvidos.
Prates, que sempre esteve ligado ao setor de energia eólica e a seguir de solar, enxerga num primeiro momento, potencial para construção de barcos de apoio e módulos de plataformas. Ele aposta em novos serviços como a demanda por montagem de equipamentos para futuras turbinas eólicas offshore.
E explicou que a montagem e finalização dessas estruturas, devido às dimensões até quatro vezes maiores que os similares em terra, precisam ser feitas localmente, antes de partirem do cais para o parque gerador no mar o que pode ser um novo negócio.
Jean Paul Prates encerrou a abordagem do tema afirmando que a Petrobras sob seu comando vai “participar ativamente dessa nova abordagem” e disse que o presidente Lula deseja muito ver esse setor reerguido. “Se não fazendo exatamente o que fazia antes, pelo menos participando muito mais do que participa hoje e até descobrindo novos horizontes”, salientou.
Novas plataformas
Este mês, a Petrobras colocou em operação, a P-71, a sexta e última da série de plataformas replicantes operadas pela Petrobras. Elas unidades caracterizadas por um projeto de engenharia padronizado, alta capacidade de produção e tecnologias avançadas de operação e redução de emissões de gases de efeito estufa. A P-71 é do tipo FPSO (sistema flutuante, de produção, armazenamento e transferência) com capacidade para processar diariamente até 150 mil barris de petróleo e 6 milhões de m³ de gás, além de armazenar até 1,6 milhão de barris de óleo.
Em dezembro, a Petrobras iniciou, também no exterior, a contratação de duas unidades de produção do tipo FPSO (Floating, Production, Storage and Offloading) para as jazidas compartilhadas de Atapu e Sépia, com previsão de recebimento das propostas em julho de 2023 e início da produção em 2028. As plataformas P-84 (Atapu) e P-85 (Sépia) terão, cada uma, capacidade de produção diária de 225 mil barris de óleo por dia e processamento de 10 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Leia menos