O eufórico Lula
Na reunião ministerial de ontem, o presidente Lula (PT) fez uma avaliação positiva da gestão, garantindo que o ambiente econômico está estável e favorável ao desenvolvimento. “O que fizemos aqui nesse um ano e oito meses era impensável de ser feito. Eu posso afirmar que já fizemos mais do que a gente tinha feito no nosso governo passado”, pontuou.
Ressaltou que há um cenário interno muito positivo no País em termos de controle da inflação, geração de empregos, valorização do salário-mínimo e oportunidades. “A gente se mantém equilibrado, numa situação boa, o emprego crescendo, o salário crescendo, a massa salarial crescendo, o desemprego caindo e a inflação equilibrada, a educação melhorando”, listou.
“Vamos aqui afinar a viola nas coisas que temos que fazer. Todo mundo tem tarefa determinada, todo mundo tem seu PAC, sua função. Então, daqui para frente, o que temos que fazer é trabalhar cada vez mais, fazer cada vez mais o esforço, porque é importante vocês trabalharem com a ideia que a gente não pode terminar o mandato sendo apenas mais um governo”, destacou Lula.
O presidente reiterou que cada ministério deve trabalhar com eficiência e dedicação para cumprir os objetivos atribuídos a cada área e garantir que o Brasil avance nas políticas públicas implementadas no país. “Eu fico sempre imaginando quantos degraus na escala social o povo pobre vai subir, porque é isso que conta, é saber se conseguiu valorizar aquelas pessoas que sempre foram esquecidas, que nunca tiveram vez, que não tiveram voz, que muitas vezes não têm nem sequer condição de se organizar. É para essa gente, de forma prioritária, que tem que estar o nosso olhar”, enfatizou Lula.
Além dos ministros, a reunião no Palácio do Planalto contou com a presença de líderes do governo no Congresso, no Senado, na Câmara, além de dirigentes do Banco da Amazônia, do BNDES, do Banco do Brasil, dos Correios, do Banco do Nordeste, da Petrobras e do IBGE.
Leia maisCRIME ORGANIZADO – Ainda em sua fala de abertura, o petista ressaltou a importância da construção, junto ao ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), de um plano nacional de combate ao crime organizado e para garantir maior colaboração entre União, estados e municípios na segurança pública. “A gente não pode brincar de fazer segurança pública. A organização que acontece no crime organizado virou uma multinacional de delitos e, muitas vezes, estão muito à frente dos estados”, comentou.
Coitados dos pobres! – O programa Farmácia Popular, que fornece medicamentos gratuitos para a população mais pobre, foi a ação mais afetada pelo congelamento de gastos decretado pelo governo do presidente Lula (PT), com R$ 1,7 bilhão bloqueado no Orçamento da União. O governo promoveu uma contenção de gastos no valor de R$ 15 bilhões para cumprir as regras fiscais neste ano. Os ministérios foram responsáveis por definir quais áreas serão atingidas. Não há garantias que o dinheiro volte. Os recursos só serão descongelados se as contas voltarem a ficar em dia, o que não é o cenário atual.
Bloqueio de 36% – O programa Farmácia Popular tem um orçamento de R$ 5,2 bilhões em 2024, sendo R$ 4,8 bilhões apenas do sistema de gratuidade, que financia 100% do valor do medicamento. O restante fica para o sistema de copagamento, em que o governo paga uma parte do remédio para o cidadão atendido. O bloqueio atingiu 36% do programa gratuito. O Ministério da Saúde não esclareceu os motivos de tirar recursos do Farmácia Popular.
Congelamento de R$ 13 bi – Até a data de ontem, os ministérios e autarquias do governo implementaram R$ 13 bilhões de congelamento, somando os bloqueios (para cumprir o arcabouço fiscal) e contingenciamentos (para cumprir a meta de resultado primário). Na prática, as duas medidas impedem que o valor seja gasto. O prazo para que os ministérios detalhassem os cortes acabou, mas a Secretaria de Orçamento Federal pode implementar o congelamento até a próxima terça-feira.
Arrocho necessário – Os cortes no programa Farmácia Popular feitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) provocaram fortes críticas por parte de Lula durante a campanha eleitoral de 2022 e pautaram as falas do petista na disputa. Mesmo com o congelamento, o orçamento é maior do que no governo Bolsonaro, mas menor do que o Ministério da Saúde tinha prometido para 2024. “Corte é corte. Se precisar ajustar, ninguém vai estar com sorriso na orelha, mas é necessário “, afirmou o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, após reunião ministerial promovida pelo presidente Lula.
CURTAS
SEM GÁS – Além do Farmácia Popular, os programas mais atingidos na Esplanada dos Ministérios foram a participação da União em concessões de rodovias (R$ 934 milhões) e o Auxílio Gás (R$ 580 milhões), que subsidia o botijão de gás para famílias carentes.
CONCESSÕES – O Ministério dos Transportes afirmou que efetuou o bloqueio no aporte para as concessões porque os projetos não estão mais na carteira deste ano e foram programados para 2025, devido ao atraso na realização de audiências públicas. “Sendo assim, esse bloqueio não vai prejudicar nenhuma das ações da pasta”, disse o órgão.
SEM MEIA – O governo também bloqueou verbas do programa Pé-de-Meia, que paga uma poupança para estudantes de baixa renda do ensino médio, três dias após anunciar a expansão do programa.
Perguntar não ofende: Se o Brasil está tão bem como faz crer Lula, por que a avaliação positiva da sua gestão rasteja em 35%?
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