Raquel, a grande vitoriosa
A governadora Raquel Lyra sai extremamente fortalecida das eleições municipais. Com a vitória de Severino Ramos, ontem, em Paulista, na disputa de segundo turno, o PSDB elegeu o maior número de prefeitos – 32, batendo o PSB, seu maior rival. Somando os prefeitos do PSDB com os de partidos aliados, Raquel soma 125 prefeitos, entre os quais três importantes na Região Metropolitana – Jaboatão, Olinda e Paulista.
No interior, passa a ter prefeitos aliados em cidades estratégicas, como a sua Caruaru, Salgueiro, Bezerros, Belo Jardim, Catende, Palmares, Surubim, Sertânia, Serra Talhada e Arcoverde. A vitória de Mirella, em Olinda, mesmo não sendo território tucano, tem também os digitais da tucana.
Leia maisRaquel travou uma queda de braço com o prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), em Olinda e Paulista. Foi para às ruas, fez carreatas e caminhadas, subiu no palanque de Mirella e Ramos, e saiu vitoriosa em ambas. São dois municípios estratégicos na Região Metropolitana, o que equilibra o jogo da sua sucessão estadual em 2026, diante da estrondosa vitória de João na capital.
Paulista passa a agora a ser gerida pelo PSDB. Ali, Raquel, com a vitória de Ramos, evitou a volta ao poder de Júnior Matuto, que não era um adversário qualquer. O próprio João, em vídeos e declarações ao longo da campanha em Paulista, tratou Matuto não apenas como um aliado, mas um político quase familiar, de relação bem próxima e antiga.
Já em Olinda, com Mirella, uma jovem promessa, que carregou o fardo do desgaste natural do prefeito Lupércio, por estar há oito anos no poder, Raquel colocou a cara na campanha para o tudo ou nada. Foi a vários eventos, deu o suporte que a aliada precisava, fez o discurso de que com ela prefeita Olinda seria tratada com mais atenção pelo Governo do Estado e ainda enfrentou o forte discurso ideológico.
Até Lula, através de vídeos na propaganda eleitoral, tentou dar uma forcinha a Matuto, em Paulista, e Vinicius, em Olinda, mas na prática mostrou que não tem mais força nem capital eleitoral para influenciar como cabo eleitoral. Raquel derrotou todas as lideranças de esquerda e da oposição juntas, principalmente em Olinda, onde João, Humberto Costa, Teresa Leitão e Luciana Santos se envolveram com mentes e corações.
É fato histórico que nem sempre quem elege mais prefeitos se fortalece para a briga estadual, o Palácio do Campo das Princesas, mas no caso de Raquel, que o PSB interpretou como a grande derrotada no primeiro turno, não se pode questionar que se fortaleceu para emplacar a sua reeleição em 2026.
LULA DERROTADO – Se há um grande derrotado nas eleições municipais é o presidente Lula. Apostou tudo na eleição de Guilherme Boulos, numa aliança com o PT, indicando a ex-prefeita Marta Suplicy para vice, e sofreu o maior revés eleitoral da história em São Paulo. O seu partido, o PT, só elegeu um prefeito de capital, Evandro Leitão, de Fortaleza, mesmo assim numa peinha, uma diferença de menos de 1%, pouco mais de mil votos. O mérito cearense não é do PT, mas do ministro e ex-governador Camilo Santana, que assumiu a campanha de Leitão.
Bolsonaro também sai bem menor – Se Lula, com o poder nas mãos, saiu derrotado, o ex-presidente Bolsonaro também não tem o que comemorar. Seus candidatos perderam em Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, Palmas e Belém. Seus dois ex-ministros perderam a disputa. As derrotas ocorreram em duas capitais do Nordeste. Em João Pessoa, o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (PL), perdeu para Cícero Lucena no segundo turno e no Recife, no primeiro turno, Gilson Machado foi derrotado por João Campos.
MDB lidera ranking – O MDB, de Baleia Rossi, e o PSD, de Gilberto Kassab, foram os partidos que mais conquistaram prefeituras de capitais nas eleições municipais de 2024. Cada uma dessas siglas elegeu cinco prefeitos. O dado se refere ao 1º e ao 2º turno. MDB: Ricardo Nunes (São Paulo), Sebastião Melo (Porto Alegre), Igor Normando (Belém), Arthur Henrique (Boa Vista) e Dr. Furlan (Macapá); PSD: Eduardo Paes (Rio), Fuad Noman (Belo Horizonte), Eduardo Pimentel (Curitiba), Topázio Neto (Florianópolis) e Eduardo Braide (São Luís).
UB e PL em segundo – Em segundo lugar estão União Brasil e PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, com quatro prefeituras cada –foi o que mais cresceu. O ranking é seguido por PP (Progressistas), de Ciro Nogueira, e Podemos, com dois prefeitos eleitos cada um. PSB (Partido Socialista Brasileiro), Avante, Republicanos (do governador Tarcísio de Freitas) e PT (Partido dos Trabalhadores), do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conseguiram o comando de um cada um.
Opinião foi na mosca em Olinda – Parceiro deste blog há 16 anos, o Instituto Opinião, de Campina Grande, foi o único que acertou o resultado da eleição em Olinda. No sábado, véspera da eleição de segundo turno, apontou Mirella Almeida (PSD) com uma vantagem de 1 ponto percentual na espontânea, enquanto teve instituto que chegou a dar uma frente de 8 pontos para Vinicius Castello. Nas eleições municipais deste ano, aliás, o percentual de acerto do Opinião foi de 100%, em mais de 30 municípios pesquisados. Trabalhar com quem tem seriedade e credibilidade não tem preço!
CURTAS
FOI FEIO – O número de abstenções registradas nas eleições municipais em São Paulo foi maior do que a quantidade de votos do candidato do Psol à prefeitura da cidade, Guilherme Boulos. Boulos recebeu 2.232.901 votos (40,65%), enquanto as abstenções foram 2.940.360, uma diferença de 707.459 votos.
SEM DONO – “Ao contrário do que alguns pregavam, o eleitorado da Região Metropolitana não tem dono”, comemorou, ontem, o deputado Mendonça Filho (UB), aliado de Raquel, ao final do resultado apertado de Olinda. Mendonça diz que a governadora está fortalecida para disputar a reeleição.
INVESTIGAÇÕES – “O que sobrou de oposição objetiva em Olinda foram as minhas ações contra o uso da máquina”, disse, ontem, o advogado Antônio Campos, que disputou a Prefeitura no primeiro turno pelo PRTB. Segundo ele, 17 ações de investigação judicial, de sua autoria, terão continuidade na justiça “por abuso do poder econômico e uso da máquina”, afirmou.
Perguntar não ofende: Dos dois, quem saiu menor da eleição municipal: Lula ou Bolsonaro?
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