Por Letícia Lins
Do Oxe Recife
Até agora, resultado que é bom… nada. Criado com o objetivo de revitalizar bairros como Santo Antônio e São José, o Gabinete do Centro (Recentro) ainda não mostrou a que veio. Ruas inóspitas, lojas fechadas, prédios desocupados mostram a face verdadeira daquele pedaço da cidade que foi marcado por muita fartura e efervescência no passado. E que, hoje, segundo os comerciantes que ainda restam virou um exemplo da falta de segurança, pois furtos, assaltos e invasões aos imóveis espalham o medo em ruas como Nova e Imperatriz.
Medidas isoladas vêm sendo anunciadas não só pelo Prefeito João Campos (como o aproveitamento dos prédios onde funcionaram os cinemas Trianon e Art Palácio), como também pela Governadora Raquel Lyra, que acaba de anunciar a data da entrega do Cinema São Luiz recuperado e a restauração da antiga sede do Diário de Pernambuco, do Liceu de Artes e Ofícios, e da Matriz de Santo Antônio.
Na tentativa de evitar o caos e piora no esvaziamento da cidade, o Recentro realiza a segunda edição do Atende Recentro, com o objetivo de dar atendimento personalizado a eventuais investidores e proprietários de imóveis do centro: desburocratização de licenças e alvarás, negociação de débitos e oportunidade de receber incentivos fiscais entre outras ações.
Leia maisO evento ocorrerá nos próximos dias 22 e 23 de outubro, das 14h às 19h, no salão de eventos da CasaCor, localizado no Edf. Palazzo Itália, no bairro do Recife. A entrada é gratuita e as inscrições podem ser feitas pelo https://www.sympla.com.br/atende-recentro__2680025 .
A iniciativa, coordenada pelo Gabinete do Centro, envolve diversas secretarias e órgãos como a Secretaria de Política Urbana e Licenciamento, Diretoria de Preservação do Patrimônio Cultural (DPPC), Secretaria de Finanças e Procuradoria Geral do Município e outros órgãos do município. Na edição deste ano, o Atende Recentro também contará com a participação de parceiros como o 1º Cartório de Imóveis, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), SEBRAE-PE e o IPHAN.
Ou seja, o Recentro escolheu um ambiente artificial para os negócios que pretende atrair. Uma ilha de cor e luxo bem artificial, se comparada à realidade de todo o entorno, que é a CasaCor. Pode ser que, assim, longe da paisagem da cidade degradada, proprietários e investidores fiquem mais motivados.
“Por dois dias, equipes da Prefeitura do Recife estarão disponíveis para compartilhar informações técnicas sobre os imóveis do Centro da cidade e, assim, destravar obstáculos que muitas vezes impõem desafios para a recuperação, ocupação e operações de empreendimentos nos bairros do Recife, Santo Antônio e São José”, informa o Recentro.
A Prefeitura, aliás, alega que 2021, a gestão municipal efetuou a concessão de licenciamentos para mais de 350 empreendimentos de pequeno a grande portes. Ao todo, já foram aproximadamente 400 milhões investidos pela iniciativa privada no Centro do Recife.
E 86 empreendimentos já foram contemplados com a Lei do Recentro com Incentivos Fiscais, segundo a PCR. Só falta, então, saber onde eles estão e se os negócios estão dando certo. Porque o que se vê no Centro é só loja fechada, com placa de vende-se ou aluga-se, prédios desocupados sem comércio nem moradores, ruas inóspitas com zero verde, e poucos atrativos do ponto de vista de equipamentos urbanos que humanizem as ruas.
Imóveis que antes custavam de R$ 30 mil a R$ 40 mil os aluguéis, hoje não conseguem inquilinos nem cobrando R$ 3 mil mensais. Para quem anda pelo centro da cidade, a situação parece não ter mudado – ou até piorado – desde que o Recentro foi criado.