A Justiça sente na carne o preço da impunidade

Por Osvaldo Matos Neto

Nesta última terça-feira (17), durante visita do Ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, estiveram reunidos representantes do TJPE, MPPE, CNJ e dos governos Estadual e Federal, incluído neste último, o referido Ministro de Estado. A visita em questão buscava observar as condições do Complexo do Curado, que foi objeto de intervenção, com adoção de medidas que buscavam resolver as condições subumanas do presídio.

Foram adotadas medidas como a contagem dos dias presos em dobro para fins de progressão do regime de pena e a liberação de diversos presos, o que fez com que o número de detentos caísse de 6500 para pouco mais de 2000 no mesmo ano. 

Tal redução foi tida como conquista e comemorada ainda ontem, como solução encontrada para a adequação às políticas públicas implementadas pelo Ministério dos Direitos Humanos e o Governo Federal. No entanto, parece-me que esqueceram de algo: todo o resto!

Problemas complexos não são resolvidos de forma fácil. A violência no Brasil só aumenta e a política de desencarceramento não apresenta qualquer resultado comprovado. Colocar criminosos que, com certeza, não foram ressocializados, no convívio social não resolve nada, pelo contrário, só expõe o cidadão de bem ao perigo. 

Outro aspecto importante, é a sensação de impunidade. Ao passo que o menor de 17 anos não chega nem a ser preso pelo homicídio ou estupro que comete, o adulto sabe que poderá se utilizar dos meios legais para evitar a prisão, bem como, caso venha a ser preso, não cumprirá a sua pena integral. 

Ora, o Brasil vive em Estado de Guerra. Isto é incontestável, matamos muito mais do que qualquer conflito bélico. Vejamos, somente como mortes violentas intencionais (registradas) tivemos cerca de 47 mil no ano passado (menor número desde 2011). No corrente ano, devemos passar dos 50 mil. Com todos os mísseis, explosões e ataques terroristas, o mundo está atônito com 5 mil mortos, de maneira cruel e desnecessária, no conflito que se instaurou por ataques terroristas no Oriente Médio.

A opção do Brasil por não caracterizar o uso de armas de guerra, como fuzis, granadas e afins, pelos traficantes como terrorismo, por si só, já nos mostra a falta de um política pública compromissada com o fim da violência.

Recentemente, em julho deste ano, o filho de um juiz foi fuzilado em Ponta Porã, cerca de um mês atrás, um Desembargador do TJRJ foi baleado durante um assalto, ontem perdemos um grande magistrado, com 34 anos de serviços prestados tanto na primeira, quanto na segunda instância (como desembargador substituto) ao TJPE e à sociedade pernambucana, executado por marginais que pararam ao lado de seu carro e efetuaram disparos, sem levar nada, sem perguntar nada. 

Para mim, não há dúvida, o crime foi encomendado. 

Isto era algo comum na Colômbia de Pablo Escobar, mas começou com casos pontuais ignorados ou não punidos com a severidade adequada.

Antes que seja tarde, é necessária a revisão das políticas públicas e, principalmente, dos valores considerados na elaboração destas. Vivemos em sociedade, é necessário que a lei seja cumprida e os que não a cumprem, devem pagar por isto, ao escolher entre os problemas que serão causados pela falta de infraestrutura, optemos sempre por proteger quem obedece as leis. Não é aceitável que o cidadão saia de casa para trabalhar e acabe tendo o seu carro fuzilado no caminho de volta.

Que Deus abençoe e Nossa Senhora Aparecida, Padroeira de nosso país, guarde o nosso Brasil!

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, através da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, decretou estado de emergência em nove municípios das regiões do Agreste e Sertão de Pernambuco devido à seca prolongada.

A decisão foi oficializada na edição do Diário Oficial da União desta sexta-feira (20), com a assinatura do secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff Barreiros. As informações são do Portal de Prefeitura.

O reconhecimento de situação de emergência ou calamidade pública por parte da Defesa Civil Nacional permite que essas localidades solicitem recursos do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) para auxiliar a população afetada.

Os recursos solicitados podem ser direcionados para a realização de ações de socorro, assistência às vítimas, restauração de serviços essenciais e a reconstrução de infraestruturas danificadas ou destruídas pela seca. Para iniciar o processo de solicitação, as prefeituras devem utilizar o Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD).

Após a análise técnica das informações e das metas apresentadas, a Defesa Civil Nacional decide sobre os valores a serem liberados. Esta decisão é formalizada por meio de uma portaria publicada no Diário Oficial da União.

Confira a relação das cidades em situação de emergência em Pernambuco

  • Granito
  • Gravatá
  • Iguaraci
  • Ingazeira
  • Ipubi
  • Poção
  • São Bento do Una
  • Trindade
  • Venturosa

Para além dos municípios de Pernambuco, também foram inseridas na portaria as seguintes cidades de outros estados:

Delmiro Gouveia, Pariconha e São José da Tapera, em Alagoas;

Anori, Beruri, Boca do Acre, Careiro da Várzea, Manicoré e Nova Olinda do Norte, no Amazonas;

Macaúbas, Oliveira dos Brejinhos e Porto Novo, na Bahia;

Potiretama, no Ceará;

Bom Jesus do Tocantins e Rurópolis, no Pará;

e Florânia, no Rio Grande do Norte.

O município de Santa Helena de Minas, em Minas Gerais, também teve situação de emergência reconhecida, mas com desastre classificado como seca.

De acordo com o MIDR, o Governo Federal vai destinar R$ 627 milhões para atender à população afetada pela seca em Manaus, Amazonas.

O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou, na sessão da última quinta-feira (19), uma Proposta de Súmula Vinculante (PSV 139) para fixar que o regime aberto e a substituição da pena privativa de liberdade (prisão) por restritiva de direitos (alternativas à prisão) devem ser implementados quando reconhecida a figura do tráfico privilegiado.

O tráfico privilegiado está previsto na Lei de Drogas (Lei 11.343/2006, artigo 33, parágrafo 4º) e consiste na diminuição da pena de um sexto a dois terços aos condenados que forem primários, tiverem bons antecedentes e não integrarem organização criminosa.

A PSV 139 foi formulada inicialmente pelo ministro Dias Toffoli, quando exerceu a presidência do Tribunal. De acordo com o ministro, o STF já reconheceu que o tráfico de entorpecentes privilegiado não se harmoniza com a hediondez (maior gravidade do crime) do tráfico de drogas, o que, a seu ver, reforça o constrangimento ilegal da estipulação de regime inicial de cumprimento de pena mais gravoso, em especial o fechado, quando ausentes vetores negativos na primeira fase da dosimetria da pena.

A versão aprovada do texto teve o acréscimo sugerido pelo ministro Edson Fachin para que o benefício alcance a reincidência que não for específica, ou seja, no caso em que o réu não for reincidente pela prática do mesmo crime.

A redação aprovada para a súmula vinculante foi a seguinte:

“É impositiva a fixação do regime aberto e a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos quando reconhecida a figura do tráfico privilegiado (art. 33, § 4º, da Lei 11.343/2006) e ausentes vetores negativos na primeira fase da dosimetria (art. 59 do CP), observados os requisitos do art. 33, § 2º, alínea c, e do art. 44, ambos do Código Penal”.

Instrumento jurídico

A súmula vinculante é instrumento jurídico instituído pela Reforma do Judiciário (EC 45/2004) para conferir segurança jurídica e uniformização de decisões judiciais. Somente o STF edita súmula vinculante, cujo entendimento deve ser adotado pelos demais órgãos do Poder Judiciário e pela administração pública.

Da Folha de São Paulo

Dezenas de cidades do país podem estar recebendo mais recursos públicos do que deveriam por meio de matrículas fantasmas em cursos de EJA (Ensino de Jovem e Adulto). A suspeita é que os municípios aumentaram artificialmente o número de estudantes nesta etapa para conseguir mais verbas federais.

A Folha identificou 108 cidades que tiveram grande variação na quantidade de matrículas no programa de 2021 a 2022 e que informaram ter mais de 10% da sua população na modalidade.

Num município de Alagoas, a prefeitura sorteou três motos para incentivar o cadastro de alunos, mas muitos não vão às aulas. Em uma cidade da Bahia que tem 20% de sua população matriculada no EJA, a verba do programa já representa metade das receitas locais. Procuradas, a maioria das prefeituras negou irregularidades.

O caso envolve as disputas por verbas do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), que é financiado por um cesto de impostos.

Os recursos do fundo são distribuídos para estados e municípios de acordo com a quantidade e tipo de matrículas em cada localidade. Assim, se uma cidade aumentar de maneira artificial o número de alunos, vai conseguir receber mais dinheiro, prejudicando outras.

O dinheiro só pode ser usado na educação. A única exigência para a verba recebida via Fundeb é que 60% do total sejam utilizados para pagar o salário dos professores. Além disso, os valores não podem ser usados para pagar merenda escolar e para remunerar profissionais da Educação em desvio de função.

As 108 cidades com grande variação informaram ao governo federal ter tido um crescimento médio de 14,4% nas matrículas de EJA de 2021 para 2022, sendo que no país como um todo teve uma queda de 6,3% no período.

Com isso, elas receberam quase R$ 1,2 bilhão a mais do que teriam se a situação informada fosse similar à tendência nacional. A quase totalidade dessas cidades está no Mapa de Risco do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, ligado ao Ministério da Educação), indicador que agrega 520 cidades em que há indícios de problemas nas declarações feitas ao Censo Escolar.

O presidente do Inep, Manuel Palacios, afirmou que quando são detectadas grandes discrepâncias nas informações os casos deixam de figurar como suspeitos de erro de preenchimento e “entram na esfera criminal”.

Procurado, o Ministério da Educação disse que as denúncias são tratadas e investigadas. “Isso não significa a ausência de falhas. São mais de 5.500 sistemas de ensino compartilhando um fundo de financiamento. Mas é preciso ter em conta que o Brasil produziu uma belíssima arquitetura institucional de financiamento da Educação”.

A Folha visitou em agosto três das cidades com variações suspeitas na quantidade de alunos.

Uma delas é Novo Triunfo (BA), que tem 10.660 habitantes e 2.151 matrículas no EJA, ou seja, 20% da sua população. Um salto em relação a 2020, quando tinha 30 alunos na modalidade.

Com isso, elevou sua verba para uma projeção de R$ 30,4 milhões, o que representa cerca de metade das receitas do município.

Nos períodos em que visitou as três escolas municipais da cidade, a Folha não encontrou movimentação de alunos do EJA que tenha chegado perto dos números informados ao Ministério da Educação.

Na maior escola da cidade em número de matrícula de jovens e adultos em 2022, a Maria Simões, havia presença apenas de alunos de ensino fundamental ensaiando para o desfile do 7 de Setembro, mas não turmas do EJA —pelos números informados, deveria haver 315 alunos.

De acordo com a diretora da escola, Liliane Moreira, a unidade estava sem aulas porque os alunos estavam trabalhando na colheita.

Funcionários dessa escola e da segunda maior da cidade na área urbana (253 matrículas), a Tia Arcanja, relataram, sob condição de anonimato, que a média de alunos do EJA em cada escola é de 80 alunos, bem abaixo do que foi informado no Censo Escolar.

Procuradas, a prefeitura e a Secretaria de Educação não responderam aos questionamentos da reportagem.

Já a cidade alagoana de Maravilha tem um terço de sua população inscrita no EJA, de acordo com os registros oficiais, 3.071 pessoas de um total de 9.500 habitantes.

De acordo com relatos colhidos na cidade, todos na condição de anonimato, muitos dos alunos não assistiram a nenhuma aula.

A Secretaria de Educação da cidade paga uma bolsa para estimular a permanência no EJA e organizou o sorteio de três motos no início do ano passado para estimular a população a informar nome e CPF, passos necessários para a matrícula no programa.

A cidade é comandada por um clã político influente em Alagoas. A prefeita, Maria da Conceição de Albuquerque, é irmã do deputado estadual Antonio de Albuquerque (Republicanos), que está no parlamento estadual há oito mandatos. Outra irmã, Rosa de Albuquerque, é conselheira do Tribunal de Contas.

Um dos filhos de Antonio, Nivaldo Albuquerque (Republicanos), foi deputado federal entre 2018 e 2022. Outro, Arthur Albuquerque, (Republicanos), foi candidato a vice-governador na chapa de Rui Palmeira (PSD).

A prefeita não quis responder aos questionamentos e indicou a secretária de Educação da cidade, Adriana Paulino. Ela negou que o sorteio de motos tenha sido uma tentativa de inflar artificialmente as matrículas. “[Foi] uma forma de valorizar as matrículas de todas as etapas e modalidades de ensino realizadas na rede pública municipal”, disse.

“Todos os pagamentos de bolsa de auxílio permanência para os estudantes da educação de jovens, adultos e idosos são realizados sob análise e garantia dos requisitos previstos na lei municipal, não ocorrendo a possibilidade de pessoas receberem sem a matrícula na rede e sem a participação efetiva em sala de aula.”

O sorteio não foi realizado novamente em 2023 e com isso o número de matrículas caiu para 1.500 este ano, em números preliminares.

A Folha localizou pessoas inscritas pela cidade, mas que dizem não frequentar as aulas.

Um casal da zona rural da cidade se matriculou no EJA no início deste ano, por exemplo, mas afirma não ter ido a nenhuma aula. Em outro relato, a mãe de uma professora também disse que está matriculada sem nunca ter frequentado o curso.

Apesar disso, ambos receberam a bolsa permanência criada pela prefeitura em julho, que paga R$ 50 a cada pessoa pela matrícula, mais R$ 100 por mês.

A reportagem visitou duas escolas da zona urbana da cidade e conversou com integrantes da diretoria de ambas. Uma servidora afirmou que a cidade como um todo tem cerca de 400 alunos regulares de EJA, número bem distante dos 1.500 declarados ao Inep.

A coordenadora do EJA em outra escola, Vandilma Silva, disse que o número de matriculados reais no local onde trabalha era menor ainda, 173 matrículas, mas que somente 40 compareciam às aulas regularmente. A reportagem contou 32 alunos entrando na escola quando esteve lá.

Ministério Público disse ter detectado quase 10 mil alunos fantasmas em PE

O MPF (Ministério Público Federal) moveu no ano passado uma ação que levou a cidade de Custódia (PE) a depositar em juízo cerca de R$ 35 milhões, pouco mais da metade do orçamento do município. Segundo a ação, o município teria aumentado de maneira artificial a quantidade de alunos no EJA para conseguir mais verbas.

Com isso, segundo a petição dos procuradores, houve a criação de “um amplo cabide de empregos para professores sem capacitação mínima, contratos sem impessoalidade, por meio de indicação política ou com base em arregimentação de alunos, e que não exerciam regularmente suas funções letivas”.

Em 2021, o Inep realizou uma visita ao município e excluiu 8.779 das 9.500 matrículas de EJA da cidade, reduzindo o contingente de alunos para 739.

Apesar disso, há indícios de que a situação continue. No ano passado, foram 4.100 matrículas, ou 11% da população da cidade, que é de 37,7 mil pessoas. Em 2023, são 3.400 matrículas.

Uma professora, que não se identificou com medo de ser punida pela administração local, relatou que no meio do ano passado recebeu uma lista da prefeitura com 60 alunos, dos quais somente 19 foram localizados e 13 frequentaram as aulas.

No fim do ano letivo, ela diz ter sido obrigada pela direção a fazer uma caderneta aprovando os 60 alunos da listagem original.

Há na cidade um quilombo chamado Buenos Aires. Nele estão duas escolas que juntas deveriam ter mais de 1.500 alunos de EJA. Na noite em que a reportagem esteve lá, as duas unidades estavam fechadas apesar de ser um horário de aula.

A reportagem conversou com duas mulheres que estavam matriculadas no curso, mas disseram nunca ter frequentado nenhuma aula.

Sob anonimato, elas disseram ter sido procuradas por professores de EJA para se matricularem em troca de cestas básicas mensais que seriam dadas mesmo se elas não fossem às aulas. Elas receberam somente uma cesta com alimentos estragados, afirmam.

O secretário de Educação de Custódia, Alysson de Yolanda, disse que na cidade “não tem nenhum caso de alunos fictícios” e que desconhece suspeitas nesse sentido.

Do Blog Cenário

A executiva municipal do Partido dos Trabalhadores em Caruaru marcou para o próximo domingo (22) uma reunião do diretório que vai pautar o pedido de expulsão contra o presidente da legenda, Leo Bulhões.

Segundo um ex-candidato a vereador pelo partido, o escritório contratado para cuidar das contas partidárias teria cometido um erro que resultou na rejeição das contas dos ex-candidatos, que receberam multa, entre outras penalidades impostas pelo Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco.

O filiado formalizou o pedido de expulsão de Leo no PT estadual, que determinou a apuração dos fatos e o encaminhamento da ação por meio do diretório municipal. O presidente já apresentou defesa e nessa nova fase, o PT Caruaru vai reunir toda a direção municipal para ouvir ambas as partes e definir o resultado final. Conforme informou uma fonte que integra a legenda, por esta mesma questão das contas de 2020, filiados entraram com ações na Justiça contra Leo e o advogado responsável pelo escritório.

O pedido de expulsão não deve prosperar, já que a maioria do grupo político de Bulhões compõe o diretório do PT Caruaru, mas de uma forma ou de outra, o fato causa um desgaste ao líder partidário que busca viabilizar seu nome para as eleições do próximo ano.

A advogada brasiliense Margarida Marinalva de Jesus Brito teve a sua prisão revogada nesta sexta-feira (20), pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ela foi presa no dia 27 de agosto, após se entregar na sede da Polícia Federal, em Brasília. Ela é alvo da 17ª fase da Operação Lesa Pátria, que apura os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

47 advogados foram responsáveis por subscrever o pedido de libertação da Dra. Nalva, como é conhecida. O advogado Alexandre Carvalho, primeiro a subscrever a peça, agradeceu o empenho do Conselho Federal da OAB (CFOAB) e da Seccional do Distrito Federal, mas deixou claro que foi o trabalho dele e de mais 46 advogados que resultou na liberdade de Marinalva.

No entanto, Alexandre externou que “o empenho da OAB federal e da OAB seccional foi de extrema importancia”. Os advogados trabalham desde a prisão de Marinalva para provar que a doutora atuou, desde o dia 9 de janeiro, dentro do exercício profissional e observando as prerrogativas da advocacia no apoio a pessoas que foram presas, acusadas de participarem dos atos golpistas do dia 8 de janeiro.

Investigação

A advogada era investigada na operação por suspeita de recolhimento de aparelhos celulares de pessoas envolvidas nos atos antidemocráticos, na Praça dos Três Poderes. De acordo com a investigação da PF, ela teria se oferecido para advogar para os presos, ainda em 9 de janeiro, e recebeu os aparelhos celulares que, após isso, teriam tido informações apagadas.

Para os investigadores, essa foi a maneira encontrada pela Dra. Nalva para prejudicar a apuração. A advogada teve o mandado de prisão expedido por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Celebração

O advogado Everardo Gueiros, que está entre os que lutaram pela liberdade da Dra. Nalva, comemorou o resultado. “Com alegria, comunico a libertação da Dra. Marinalva.  Expresso minha sincera gratidão a todos os colegas advogados que contribuíram com suas assinaturas na petição e nos inúmeros abaixo-assinados.  Este acontecimento é motivo de comemoração e reflete a força da advocacia quando unida em ação conjunta”, celebrou.

Confira o vídeo publicado por Everardo:

Jonnata Henrique, renomado escritor do Brejo da Madre de Deus, está prestes a representar a riqueza da cultura pernambucana em um grande evento literário em Goiás. Com um impressionante currículo que inclui mais de 200 obras coletivas publicadas, milhares de poemas, mais de 100 títulos de Literatura de Cordel e 10 livros solo, Jonnata Henrique está prestes a lançar seu décimo primeiro livro.

Este novo trabalho será lançado em Matrinchã, Goiás, no Espaço João Alves Moreira, no dia 28 de outubro, às 19h30. Neste evento, também acontecerá o lançamento de outros quatro livros de membros da Confraria Internacional de Literatura e Artes (CILA), da qual Jonnata Henrique é membro.

Os títulos que serão apresentados incluem “Sentimentos da Alma”, da professora e escritora Coracy Gina, “Explosão de Pensamentos”, do professor e escritor Luís Manoel, “Múltipla Companhia”, da professora e escritora Ogina Paula, e “Lá Pro Sertão de Goyaz”, do escritor, poeta e ativista cultural Matheus Nunes.

Neste evento, Jonnata Henrique também levará a Literatura de Cordel para as escolas de Matrinchã, onde hasteará a bandeira da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel (ACLC), uma honra da qual se orgulha. A programação incluirá uma exposição de artes plásticas, apresentações musicais, teatro e a presença de líderes políticos e academias de letras locais e regionais.

Jonnata Henrique agradeceu a Deus pelo dom da poesia, aos amigos, familiares, e a todos os que apreciam seu trabalho. Ele ainda expressou sua gratidão à comunidade de Matrinchã, Goiás, e a todos aqueles que contribuem para enriquecer a cultura de Brejo da Madre de Deus. “Viva a poesia, viva a literatura, viva a cultura. Jonnata Henrique, um orgulhoso poeta e escritor do Brejo da Madre de Deus, levará o encanto da cultura de Pernambuco para Goiás”, afirmou.

Por Rosa Costa* 

Um livro comovente sobre um homem íntegro, sensível – de quem até mesmo os poucos desafetos políticos tinham o que criticar. É o que o jornalista e escritor Magno Martins mostra nas páginas de “O Estilo Marco Maciel”. 

Em pouco mais de 200 páginas, Magno consegue ser imparcial ao falar de Marco Maciel e seus 80 anos de vida. Fica explícito o quanto ele gostava de Maciel, mas é duro ao lembrar os ataques de que foi alvo por não ter reagido ao fechamento do Congresso Nacional quando presidia a Câmara dos Deputados, em 1977.  Seguido do famigerado AI 5, quando o então presidente Ernesto Geisel impôs uma série de medidas draconianas.

O jornalista tampouco tenta  diluir o sofrimento da família Maciel nos 10 anos de enfrentamento do Alzheimer. Marco Maciel “encerrou sua missão na terra”, como diz o autor, na madrugada de 12 de junho de 2021.

O livro traz um adendo aos que enfrentam o mesmo drama, no relato de Anna Maria, sua mulher, com quem conviveu por 54 anos. Sem pieguice, com o tom acertado, Anna fala das dúvidas no início da doença e do desejo de dar a Marco Antônio, como o chamava, o melhor tratamento e o afeto necessário para enfrentá-la. 

Exemplo de capacidade na articulação política, Marco Maciel foi deputado estadual, deputado federal por dois mandatos, governador, senador por três mandatos, e vice-presidente da República nas duas gestões de Fernando Henrique Cardoso. No livro, FHC afirma: “Não conheço registro na história brasileira de um político tão correto, honesto, leal e firme. Está fazendo muita falta ao Brasil neste momento tão degradante no qual não se usa o diálogo, como Maciel, para quebrar as tensões”. 

*Rosa Costa, jornalista política em Brasília, passou por várias redações, entre as quais a do Correio Braziliense e do Estadão.

Por Marcelo Tognozzi*

Quando a guerra terminou havia nada menos que 580 mil judeus mortos. Foi o maior massacre daqueles tempos.  A Judeia riscada do mapa e rebatizada de Palestina. O grande vencedor era um imperador de 58 anos vestido, como ele mesmo dizia, de couro e ferro. Adriano era seu nome e sua guerra começara no ano 130 da era cristã, quase 19 séculos atrás.

A guerra da Judeia foi o fim da territorialidade dos judeus. Vencidos, humilhados, destruídos como nação, acabaram expulsos daquela que um dia foi a terra prometida de Moisés. As tribos, que unidas se tornaram nação, agora eram novamente atomizadas, despatriadas.

Ser judeu deixou a condição cidadã para se tornar uma condição étnica, cultural e religiosa. Assim, a tribo dos asquenazi radicou-se na Europa Central, a dos sefarditas na Península Ibérica, os romaniotes na Grécia e em dezenas de países como o Irã, Egito, Índia e Etiópia comunidades judias foram se formando.

A guerra de Adriano contra os judeus foi de extermínio. Não só físico, mas cultural. Judeus se consideravam uma civilização, resistiam ser absorvidos pela cultura romana como ocorreu na Gália, Bretanha e Hispânia.

O imperador mandou vir 2 legiões: a 12ª Fulminante e a 6ª, conhecida como Legião de Ferro. Mais tarde chegou o general Julio Severo, vindo da Bretanha com um grupo de especialistas em combater guerrilha. Não demorou 1 ano para Bar-Koshba e suas tropas serem derrotados. A cabeça do líder hebreu foi entregue ao imperador por um centurião e exibida como um troféu.

A violência imposta pelos romanos nessa guerra tinha como principal objetivo sufocar a rebelião de uma população que se negava a ser dominada. “Não podíamos impedir aquela raça de nos dizer não”, reconhecia o imperador conforme registro de Marguerite Yourcenar no seu clássico “Memórias de Adriano”.

Aquela faixa de terra árida, quase um deserto entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho, há 2 milênios cumpre seu triste destino de ser uma eterna zona de conflito. Por ali passaram gregos, persas, sírios, árabes que tomaram a Europa por 800 anos, cruzados, turcos otomanos, os Exércitos de Napoleão, britânicos, norte-americanos, franceses e africanos. A guerra deste século 21 transmitida nas telas dos celulares, redes sociais e portais de notícias é diferente só na tecnologia: o ódio a movê-la é o mesmo.

De 135 a 1948, exatos 1.813 anos, aquela terra se chamou Palestina por obra e graça de Adriano. No século 19, o austríaco Theodor Herzl fundou o movimento sionista – o nome vem do monte Sião ou Sion. Os sionistas queriam de volta a terra tomada por Adriano e dada aos palestinos. Meio século depois de fundado o movimento, conseguiram sua terra de volta com a ajuda fundamental do brasileiro Oswaldo Aranha, então secretário-geral da ONU e um dos principais negociadores da criação do Estado de Israel.

Os judeus ganharam o direito de voltar a existir como nação depois da matança promovida por Hitler. Recuperaram a cidadania. Mas os árabes, donos daquelas terras há quase 2.000 anos, não concordaram em devolver aos judeus aquilo que os romanos tiraram. E a guerra recomeçou. Quem segue o corão e é devoto de Alá sabe do mandamento de se unir contra o inimigo comum. Esta é a cultura do Islã. Uma questão de sobrevivência.

O que está ocorrendo desde o dia 7 de outubro é mais um episódio deste conflito milenar, quase eterno. Lá na distante guerra entre romanos e judeus, o imperador Adriano faz um balanço daquele conflito sangrento que dizimou 580 mil homens, mulheres, crianças, anciãos; levou 4.000 legionários para o inferno; destruiu 50 fortalezas; e aniquilou 950 vilas. Muitos judeus fugiram, enquanto outros eram leiloados como escravos nos mercados.

“Não nego”, diz Adriano nas suas memórias escritas por Yourcenar:

“A guerra da Judeia foi um dos meus fracassos. (…) Nosso Exército sofria quase tanto como os rebeldes. Estes, ao retirarem-se, haviam queimado os pomares, devastado os campos, degolado o rebanho, poluído os poços, atirando neles nossos mortos. Esses métodos de selvageria eram horríveis, aplicados naquela terra naturalmente árida, corroída até os ossos por longos séculos de loucuras e furores.”

E conclui:

“Naquele ano 887 da Era Romana, minha missão consistia em sufocar a rebelião na Judeia e reconduzir do Oriente, sem perdas demasiadas, um exército doente”.

Adriano morreria 4 anos depois, aos 62 anos, doente e solitário, carente de Antínoo, seu grande amor, o jovem de olhos azuis afogado nas águas do Nilo a quem transformou em deus mandando construir templos em sua homenagem.

Olhando da perspectiva do século 21, a doença não é só dos exércitos que insistem em combater ali. Ela está impregnada numa sociedade doente, intolerante, incapaz de encontrar a convivência pacífica, duas populações tão sofridas, uma herança cada vez mais pesada.

A guerra dos bombardeios, a guerra do protagonismo pela paz, a guerra de versões e narrativas se propaga e contamina o resto do mundo como uma epidemia de ódio. A guerra como entretenimento nas redes sociais, a banalização do ódio, um ódio que não é meu, nem seu, um ódio crônico de 2.000 anos atrás, insistente, incapaz de ir embora e, agora, capaz de ganhar novas fronteiras. A maldição se repetirá e, como das outras vezes, não existirá vencedor nem vencido. Todos, como Adriano, serão derrotados, engolidos por esta tempestade de loucuras.

*Jornalista

Por Magno Martins – exclusivo para a Folha de Pernambuco

A Polícia Federal deflagrou, na manhã de ontem, a operação “Última Milha” para investigar o uso indevido de sistema de geolocalização de dispositivos móveis sem a devida autorização judicial por servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e teve início em março como parte do inquérito das fake news.

Ao todo, foram cumpridos pela PF 25 mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Goiás, e no Distrito Federal. Segundo os investigadores, há indícios de que houve uso do sistema no governo Bolsonaro para monitorar ilegalmente servidores públicos, políticos, policiais, advogados, jornalistas e até mesmo juízes e integrantes do STF.

De acordo com a apuração da Polícia Federal, o filho do general da reserva Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro do governo Bolsonaro, Caio Cesar dos Santos Cruz, é um dos alvos na operação “Última Milha”. Ele teria participado da intermediação da venda do programa FirstMile, da empresa israelense Cognyte, com o governo brasileiro, no final do governo do ex-presidente Michel Temer.

Em nota após a operação, a Abin informou que instaurou um procedimento para apurar a questão, que todas as solicitações da PF e do STF foram atendidas integralmente, e que colaborou com as investigações desde o início.

“A Agência reitera que a ferramenta deixou de ser utilizada em maio de 2021. A atual gestão e os servidores da ABIN reafirmam o compromisso com a legalidade e o Estado Democrático de Direito”, diz trecho da nota enviada à imprensa.

Ao Blog da jornalista Andréia Sadi, investigadores da Polícia Federal avaliaram que a apuração do caso Abin é mais uma peça dentro da investigação dos atos antidemocráticos. Como parte da tentativa de efetivação do golpe, eles citam uma série de eventos como bloqueios em rodovias, acampamentos nos quartéis, financiamentos às manifestações, a bomba no aeroporto na véspera do Natal, tentativa de invasão da sede da PF em 12 de dezembro de 2022 e o monitoramento de autoridades.

Esses elementos, embora aparentemente investigados de forma separada, estão ligados e deverão aparecer costurados ao final dos trabalhos de investigação, que deverá ser concluído no primeiro semestre do ano que vem, quando a PF deverá apontar quem foram os supostos mentores da tentativa de ruptura democrática.