O ministro Paulo Pimenta (Secom) disse nesta terça-feira (10) que o governo não vê necessidade neste momento de um afastamento oficial de Lula (PT) da Presidência da República após cirurgia de emergência.
De acordo com Pimenta, o quadro do presidente é “totalmente estável” e ele está consciente e tranquilo. Disse, porém, ser necessário aguardar de 24 a 48 horas para a equipe médica informar sobre a evolução da recuperação do presidente.
As declarações foram feitas em entrevista à rádio Gaúcha, nesta manhã, após ele fazer uma live no seu Instagram para tratar do tema. Pimenta, que está com o cargo sob risco depois de receber crítica pública de Lula, é o único que está falado em nome do governo sobre isso até o momento.
Questionado se há sinalização dos médicos da necessidade de afastamento por tempo maior para se recuperar, o ministro disse que ainda não há essa informação.
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Depois, arrematou: “Num primeiro momento, nós estamos trabalhando, inclusive, que não vai haver necessidade do afastamento formal do presidente. As agendas de hoje estão mantidas, vão ser realizadas pelo vice-presidente”.
Geraldo Alckmin estava em São Paulo e voltou a Brasília às pressas nesta manhã para representar Lula na visita oficial do primeiro-ministro da Iugoslávia, Robert Fico.
As demais agendas do presidente, contudo, foram canceladas. Havia previsão de reunião com o subchefe de Assuntos Jurídicos (SAJ), Marcos Rogério de Souza, e com os ministros Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes), e Nísia Trindade (Saúde).
“O estado de saúde do presidente é totalmente estável, o presidente está consciente, está tranquilo. Foi uma precaução, digamos assim, necessária por conta desse acompanhamento que tem sido feito de forma regular desde o momento que o presidente teve essa contusão aí na cabeça, uma batida na cavidade do presidente”, disse ainda Pimenta à rádio.
O ministro afirmou que, até o momento, como Lula está se recuperando na UTI, não teve contato com ninguém da assessoria nem ministros. E deve ficar assim pelas próximas 48 horas, enquanto estiver no local.
“Não há nenhuma necessidade, não vai haver de nossa parte nenhuma urgência para poder fazer um contato que, nesse primeiro momento, toda orientação, uma orientação de preservar, de repouso absoluto, né? Então, não tem nenhuma necessidade de contato com o presidente nesse momento”, completou.
O ministro disse ainda que se articulará com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), ao longo desta terça, para ver qual deles poderá ir para São Paulo acompanhar mais de perto o desenrolar do quadro de saúde de Lula. Até o momento, estão todos em Brasília.
Lula foi para São Paulo, na noite de segunda-feira (9), acompanhado apenas dos médicos, seguranças e da primeira-dama, Janja.
O presidente estava com uma hemorragia intracraniana decorrente do acidente domiciliar que sofreu em outubro, quando teve uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada e precisou levar pontos.
Desta vez, o petista foi submetido a uma bem-sucedida craniotomia para drenagem de hematoma, segundo boletim médico divulgado pela instituição, e agora está sob observação em um leito de UTI.
O presidente começou a passar mal à tarde, quando se queixou de dor de cabeça e sonolência para ministros com quem despachou.
Seu último compromisso foi uma reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Lula faria exames apenas na manhã de terça (10), mas as dores anteciparam a ida ao hospital.
Quando houve a batida na cabeça, Lula despachou do Palácio da Alvorada, mas tampouco se licenciou do cargo. Mesmo quando, no ano passado, ele operou o quadril e as pálpebras, o chefe do Executivo se manteve no comando, sem transmissão do cargo, por não ver necessidade.
Da Folha de São Paulo.
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