Por Houldine Nascimento
Do Poder 360
O presidente do Sport Club do Recife, Yuri Romão, 55 anos, disse ser favorável ao chamado fair play financeiro. Os clubes brasileiros discutem a possibilidade de que o futebol nacional passe a ter uma série de regras com gatilhos para impedir que os times gastem mais do que arrecadem e, assim, não passem a ter problemas financeiros.
“Não é legal para a competição um clube faturando R$ 1,3 bilhão por ano e um outro clube do mesmo campeonato faturando R$ 100 milhões. É uma diferença muito grande. Isso para a competitividade, para o interesse do público em assistir aos jogos e também na comercialização dos direitos de TV, faz uma diferença muito grande”, declarou em entrevista ao Poder360.
O dirigente também avaliou que a medida dá um equilíbrio a competições nacionais e citou a Premier League como um bom exemplo. “Se você for observar o futebol inglês, a Premier League, existe um regramento de fair play em que favorece a competitividade do campeonato. Não à toa, é um campeonato visto no mundo todo, em que não há uma disparidade na tabela, entre os melhores clubes ranqueados e os que estão mais abaixo da tabela. Eles estão sempre muito próximos uns dos outros. Isso serve para cá também, para o Brasil”, disse.
Leia maisRomão está chefiando a delegação da seleção brasileira de futebol masculino durante os jogos contra Chile e Peru pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Disse não ter conversado com o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ednaldo Rodrigues, sobre o tema.
O presidente do Sport defendeu que a iniciativa seja dos times: “Tem que partir dos clubes, dos presidentes, dos dirigentes, de a gente levar uma proposta para a CBF, que é a entidade maior do nosso futebol, e discutir esse novo regramento. Não sou favorável que isso parta da CBF para os clubes, e sim dos clubes para a CBF”.
BRIGA PELO ACESSO
O Sport está em 3º lugar no Campeonato Brasileiro Série B, com 53 pontos. Segue na zona de classificação à Série A em 2025.
Yuri Romão disse que a diferença de investimento entre o Sport e outros clubes será um grande desafio para se manter na elite do futebol nacional, caso o acesso se confirme.
“Para o clube não sofrer com o que aconteceu no passado recente, de subir e descer, se faz necessário investimentos. Eu diria até que grandes investimentos. O clube hoje não tem essa disponibilidade. Então, a gente vai ter que fazer algumas mágicas para montar um elenco digno para poder disputar o Campeonato da Série A, caso ocorra o acesso. E disputar talvez aquele miolo de tabela”, declarou.
EQUILÍBRIO FINANCEIRO
De acordo com Romão, o Sport está conseguindo manter o pagamento da folha salarial dos funcionários em dia: “Nós não temos nenhum débito de salários, não temos débitos com fornecedores, não temos débitos com qualquer outra coisa. Ao longo do ano, a gente pode ter um problema de fluxo de caixa, até porque as receitas nunca são uniformes […]. Com relação a receitas e despesas, nós conseguimos manter o clube caminhando perfeitamente. Isso é motivo de muito orgulho para nós da gestão”.
O presidente do clube pernambucano diz que o Sport tem hoje aproximadamente 22.000 sócios adimplentes, o que ajuda na composição das receitas. Em 2024, o caixa do time rubro-negro foi abastecido por cerca de R$ 130 milhões.
Os valores incluem quantias não recorrentes, como participação em competições e venda de atletas.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Em março de 2023, a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial do Sport. Com isso, houve a suspensão e a renegociação de dívidas. Em setembro de 2024, a juíza Roberta Walmsley Porto de Barros, da 33ª Vara Federal, determinou que o complexo da Ilha do Retiro fosse a leilão.
O patrimônio do clube está avaliado em cerca de R$ 400 milhões. No final de setembro, o Sport conseguiu derrubar a determinação por meio de liminar (decisão provisória).
“A Fazenda Nacional, talvez sem perceber que esse assunto estava sendo discutido no âmbito da Justiça, colocou o nosso complexo a leilão, que rapidamente foi dada a liminar para que não houvesse. Estive na sede da Secretaria de Patrimônio da União, ato contínuo, e já iniciamos uma discussão para começar a liquidar esse passivo e ver o que a gente pode fazer para frente, já que existe a lei e que se cumpra a lei”, afirmou Romão.
“Há um entendimento entre o nosso departamento jurídico e a secretaria de que a gente pode avançar. Como aconteceu, inclusive, com a PGFN [Procuradoria Geral da Fazenda Nacional] em relação a outros débitos que o clube tinha também com a Fazenda Nacional”, acrescentou.
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