Carros e trânsito: o que muda em 2024
Desde o dia 1º de janeiro de 2024, todos os veículos leves fabricados no Brasil ou importados deverão aderir às novas normas de segurança estabelecidas pelo Conselho Nacional de Trânsito, o Contran. Elas obrigam, por exemplo, todos os modelos a terem controle de estabilidade (ESC), luzes diurnas de condução (DRL), luzes repetidoras laterais (no retrovisor ou para-lama), alerta do não afivelamento dos cintos de segurança e aviso de frenagem de emergência (ESS). Essas medidas, na verdade, vêm tarde: deveriam ter sido adotadas em 2022, mas o lobby das montadoras venceu. Vale lembrar que os modelos ainda em estoque da produção de 2023 não estão sujeitos a essa obrigatoriedade. O Controle de Estabilidade (ESC) é a iniciativa mais importante. Ele monitora constantemente a velocidade de cada roda, a direção do volante e outros parâmetros e, quando detecta a iminência de derrapagem ou perda de controle, intervém automaticamente, ajustando individualmente os freios em cada roda e, em alguns casos, reduzindo a potência do motor. A intervenção rápida e precisa do ESC ajuda a manter o veículo em trajetória ‘normal’, evitando derrapagens e acidentes.
As Luzes Diurnas de Condução (DRL), por sua vez, trata-se de um sistema de iluminação que fica na parte de frente do veículo, projetado para ficarem ligados automaticamente quando o motor está em funcionamento e desativam-se quando as luzes de farol são ligadas. O propósito principal do DRL é tornar os veículos mais visíveis para outros motoristas (não precisam ser em LEDs). As Luzes Repetidoras Laterais, as chamadas luzes de seta ou pisca-pisca, são instaladas nos lados externos dos veículos, geralmente nos retrovisores, e servem para indicar a intenção de mudança de direção do veículo. Já o Alerta do Uso do Cinto de Segurança emite avisos sonoros e/ou visuais para alertar os ocupantes quando não estão utilizando os cintos de segurança enquanto o veículo está em movimento. O Alerta de Frenagem de Emergência (ESS) age quando detecta uma uma pisada forte no freio: nesse caso, ele aciona automaticamente as luzes do pisca-alerta, avisando os motoristas atrás sobre a parada repentina do veículo e reduzindo o risco de colisões traseiras.
Preços de carros em queda – Os valores médios de carros 0km, seminovos e usados terminaram o ano de 2023 em queda, segundo a última edição do Monitor de Variação de Preços – MVP da KBB Brasil, a maior empresa de precificação de veículos do mundo. De acordo com o estudo, os preços médios dos automóveis 0km de ano/modelo 2024 caíram -0,10% após registrarem uma discreta alta de 0,56% em novembro. Os carros de ano/modelo 2023 mantiveram a tendência de queda no último mês do ano passado: -0,29%.
O Honda City Hatch foi o modelo zero quilômetro que apontou a maior tendência de alta no preço médio em dezembro (2,12%), enquanto o Volkswagen Virtus teve a queda mais relevante de preços entre os carros novos (-1,22%). Entretanto, o mesmo Virtus foi o modelo que apresentou a maior variação de preços entre os carros seminovos (até 3 anos de uso) em dezembro de 2023: 3,24%, em média. O segmento de seminovos também manteve os preços em queda em dezembro, com os veículos ano/modelo 2022 se destacando com uma variação média de -0,68%
Os caminhões mais vendidos em 2023 – O Volvo FH 540 foi, pelo quinto ano seguido, vale ressaltar, o caminhão mais vendido no Brasil no ano passado. Dados da Fenabrave mostram que ele somou 7,2 mil unidades emplacadas, chegando aos 7% das vendas totais de caminhões (104,1 mil). O vice-líder do mercado foi o Volkswagen Delivery 11.180. O DAF XF 530 foi, por sua vez, o terceiro mais vendido.
Modelo | Unidades | |||
1º | Volvo FH 540 | 7.200 | ||
2º | VW Delivery 11.180 | 4.518 | ||
3º | DAF XF 530 | 4.136 | ||
4º | Volvo FH 460 | 3.783 | ||
5º | DAF XF 480 | 3.210 | ||
6º | Scania R460 | 2.851 | ||
7º | Scania R450 | 2.328 | ||
8º | Mercedes-Benz Atego 1719 | 2.022 | ||
9º | Volvo VM 290 | 1.917 | ||
10º | VW 24.280 | 1.847 |
Venda financiada de veículos – O comércio financiado de carro em 2023 somou 5,9 milhões de unidades, entre novos e usados, de acordo com dados da B3. O número, que inclui autos leves, motos e pesados em todo o país, representa um crescimento de 10% na comparação com 2022. No segmento de autos leves, a alta foi de 7,6% no ano. Na categoria de veículos pesados, houve um recuo de 0,2%. As motos registraram o maior crescimento, com 20,9% unidades financiadas a mais do que no ano anterior.
Comércio de eletrificados – O mercado de veículos leves eletrificados seguirá em forte crescimento no Brasil, com as vendas podendo passar de 150 mil unidades em 2024, prevê a Associação Brasileira de Veículos Elétricos, a ABVE. O presidente da entidade, Ricardo Bastos, projeta um aumento de 60% nos emplacamentos deste ano sobre os já excelentes números de 2023 – que chegaram a 93.927 unidades, batendo todos os recordes e superando as previsões mais otimistas. “O veículo elétrico já caiu no gosto do consumidor brasileiro, e essa tendência se confirma ano após ano”, disse Bastos. “Continuaremos a crescer em 2024”, reforça. Em sua avaliação, o mercado de eletrificados seguirá num ritmo intenso mesmo com o aumento do Imposto de Importação de veículos elétricos e híbridos anunciado pelo governo federal a partir de janeiro.
E no Nordeste? – As vendas de veículos leves eletrificados (elétricos e híbridos) cresceram em todas as regiões. Apenas quatro estados tiveram aumento de emplacamentos inferior a 50% em relação a 2022. Todas as regiões cresceram acima de 50% sobre o ano anterior. O Sudeste continuou liderando o crescimento das vendas (+101%), mas o Nordeste também teve desempenho expressivo (+91%), seguido pelo Sul (+82%), Centro-Oeste (+73%) e Norte (+67%). Em oito estados os emplacamentos aumentaram mais de 100%. Os destaques foram Espírito Santo (+169%), Distrito Federal (+161%) e Alagoas (+146%), seguidos por Ceará (+113%), Sergipe (+107%), São Paulo (+105%), Rio Grande do Norte (+103%) e Santa Catarina (+101%). O crescimento de 91% no Nordeste, com 11.788 emplacamentos em 2023 (contra 6.175 em 2022), indica que a eletromobilidade deixa de ser um fenômeno dos estados do Sudeste e começa a se espalhar por todo o país. A evolução das vendas de eletrificados no Nordeste foi puxada pelo forte aumento em cidades como Maceió (+192%), Fortaleza + (173%) e Recife (+134%). Outras cidades também se destacaram em 2023, com crescimento na faixa de 200%. Exemplos: Campinas (+247%), Vitória (+195%), Maceió (+192,2%) e Brasília (+192,1%).
Chevrolet confirma seis lançamentos – A montadora General Motors, patrocinadora do reality Big Brother Brasil, vai aproveitar o programa para revelar alguns dos novos modelos ao público. A primeira estreia será o Novo Spin, referência do segmento de sete lugares no país e que ganhará evoluções de design, conteúdo e performance. Além do Novo Spin, que chega às lojas até o fim do primeiro trimestre, outros lançamentos terão suas revelações antecipadas no programa, que vai ao ar de 8 de janeiro a 16 de abril. Detalhes a respeito das demais estreias da Chevrolet serão divulgados ao longo desse período.
Gasto com carro é a segunda maior despesa familiar – Para avaliar o peso dos veículos dentro do orçamento familiar, a Serasa realizou a segunda edição da pesquisa “A relação do brasileiro com o automóvel”. Produzido em parceria com o Instituto Opinion Box, o estudo constatou que somente os gastos com a alimentação (69%) superam o impacto dos veículos no bolso do motorista e das famílias.Segundo a pesquisa, que ouviu 2.023 pessoas em dezembro, 67% dos lares brasileiros têm os custos com o automóvel entre os três maiores gastos anuais. Os custos com os veículos ficam atrás apenas da alimentação (69%) e figuram à frente das despesas com as contas básicas, como água, luz e gás (62%).
Entre as funções mais usuais do automóvel para os brasileiros estão as compras e tarefas diárias (77%), passeios em fins de semana (76%) e locomoção para trabalho ou local de estudo (64%). Em relação à primeira edição, chama atenção o crescimento de 7 pontos percentuais no uso do carro para viagens de turismo (49%). Entretanto, a organização financeira relacionada aos custos do carro ainda aparece como uma questão de conflito aos motoristas: 31% admitem gastar mais com o veículo do que o planejado inicialmente. E pelo menos 92% já sofreram com algum custo inesperado relacionado ao uso do automóvel, sendo que 62% têm uma reserva de emergência – entre as despesas emergenciais mais comuns são relacionadas à troca ou conserto de pneu (51%), consertos mecânicos (48%) e revisão por quilometragem (35%).
“Estabelecer um acompanhamento de gastos e manter uma reserva de emergência são hábitos essenciais para lidar com contratempos”, avisa Ana Carolina Ribeiro, coordenadora da Serasa. “Uma dica é anotar todos os custos fixos, definindo um orçamento específico para o carro ao longo do ano, e guardar uma parte para os imprevistos. Além de economizar para planos futuros, ainda é possível ter mais tranquilidade para cobrir gastos emergenciais”. Cobrado anualmente, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) corresponde ao valor que deve ser pago por todos os proprietários de veículos. Mesmo sendo uma despesa tradicional do período, o estudo revela que 11% dos proprietários ainda não haviam se planejado, em dezembro, para pagar o IPVA 2024.
Agentes de trânsito e armas – A Comissão de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que permite porte de armas para agentes de trânsito. Para tanto, incluiu a categoria nas carreiras do sistema de segurança pública, especificamente na segurança viária. A autoria do deputado Nicoletti (União Brasil- RR) é defendida pelo relator na Comissão de Administração, o deputado federal André Figueiredo (PDT). Para ele, “nada mais justo” que os agentes também tenham “direito ao uso de armas”.
ChatGPT em carros? – Pois é. O fenômeno da Inteligência Artificial (IA) acaba de chegar aos automóveis. A Volkswagen acaba de anunciar que o ChatGPT será adicionado ao sistema de voz de seus modelos. No início, para se ter o robô o proprietário deve atualizar o sistema, mas só a partir do segundo trimestre na Europa e Estados Unidos. Além de controlar as funções de entretenimento do carro, o chatbot responderá a perguntas de qualquer natureza. No futuro, ele poderá ‘conversar’ com os motoristas e interagir ainda mais e de outras maneiras. Primeiro, a tecnologia será oferecida para os modelos elétricos ID 3, 4, 5 e 7, SUV Tiguan, Passat e a próxima geração do Golf.
5 sinais de problemas nas bobinas de ignição – O mau desempenho desses componentes pode resultar em falhas no motor ou até mesmo na impossibilidade de seu funcionamento adequado. Por isso, a Niterra, multinacional japonesa detentora das marcas NGK e NTK, destaca cinco indicadores de possíveis problemas nas bobinas de ignição. Confira:
1 – Dificuldade da partida no motor;
2 – Falhas na aceleração e marcha lenta irregular;
3 – Aumento de consumo de combustível e emissão de gases poluentes;
4- Danos ao catalisador;
5 – Contaminação do óleo lubrificante.
“Esses sinais têm o potencial de prejudicar a durabilidade dos componentes do motor, uma vez que o combustível não queimado é liberado no sistema de escapamento, no qual está o catalisador. Esse componente opera em temperaturas acima de 300 graus, o que eleva a probabilidade de inflamação do combustível não queimado e, consequentemente, gera danos”, explica Hiromori Mori, consultor de assistência técnica da Niterra.
“A presença de combustível não queimado representa uma ameaça à integridade do óleo lubrificante por conta de uma contaminação que pode comprometer significativamente a durabilidade do motor”, acrescenta Mori.
Por que aparecem os sinais – Os fatores mencionados acima podem aparecer por uma série de razões, tais como:
- O desgaste nas velas de ignição aumenta a tensão de centelhamento, colocando pressão adicional sobre as bobinas;
- Temperaturas elevadas no motor podem reduzir sua vida útil;
- Falhas no alternador têm o potencial de elevar a tensão de alimentação, resultando em danos às bobinas;
- Alterações no carregamento causadas por problemas no módulo de injeção ou danos no chicote elétrico podem prejudicar as bobinas;
- A lavagem inadequada do motor com produtos químicos incorretos pode levar à oxidação das bobinas.
“As bobinas de ignição não possuem uma durabilidade definida pelas montadoras – ela depende das condições de manutenção do veículo”, diz Mori.
Correção dos problemas – A rápida identificação e correção desses problemas é essencial para garantir o pleno funcionamento do sistema de ignição. Um aspecto que contribui para essa performance é que o motorista esteja ciente do momento ideal para efetuar a sua manutenção. Recomenda-se realizar uma inspeção no sistema a cada 10 mil quilômetros ou, no mínimo, anualmente. “A abordagem mais eficaz para esse momento consiste em executar um teste funcional, no qual um mecânico avalia a tensão de disparo da bobina e o formato da onda do sinal. Também é possível conduzir uma inspeção visual, identificando problemas como oxidação e trincas”, afirma Mori. “Ressalto ainda a importância de avaliar o funcionamento do motor, especialmente durante acelerações com carga, quando é necessária uma maior tensão.”
Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico
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