“Vivinha”, mas com grande baque no Recife
O PSDB, quando o empresário Fred Loyo assumiu a presidência estadual, detinha apenas o controle de cinco prefeituras no Estado. Saiu das urnas de domingo passado com 32 prefeitos, crescimento de 540%. Rompeu a barreira da Região Metropolitana, com a eleição da prefeita Professora Elcione, em Igarassu, e Itapissuma, com a eleição do prefeito Júnior de Irmã Teca.
Elegeu ainda o prefeito de Itamaracá, Paulo Galvão. A governadora Raquel Lyra (PSDB) mostrou que está “vivinha da silva” politicamente. Entre os partidos aliados, contribuiu também para a reeleição de Mano Medeiros (PL), em Jaboatão, segundo maior colégio eleitoral do Estado, e do também aliado Edmilson Cupertino (PP), reeleito prefeito em Moreno. Ao todo, contabilizou 123 prefeitos do seu arco político.
Leia maisIsso é importante para análises da mídia, mas não tem aderência eleitoralmente em se tratando do seu fortalecimento para as eleições de 2026, quando tentará a reeleição. Basta olhar no retrovisor da história: em 1998, Jarbas Vasconcelos foi eleito governador sem sequer 20 prefeitos. A expressiva maioria de gestores municipais estava no guarda-chuva do então governador Miguel Arraes, que sofreu a maior derrota da sua história.
Há, entretanto, resultados simbólicos. O de Caruaru é um deles. Ali, o prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB), cria e aliado da governadora, foi reeleito logo no primeiro turno quando havia uma expectativa de um segundo turno no qual a eleição iria ser estadualizada, com a ida de João Campos para reforçar o palanque de Zé Queiroz. Recife, por outro lado, é um simbolismo muito ruim.
Historicamente, conforme este blog mostrou, ontem, desde a eleição de 1985, a primeira após a consolidação da retomada do processo democrático, nunca um candidato a prefeito teve desempenho não medíocre nas urnas do Recife, sendo apoiado pela máquina do Governo do Estado, quando Daniel Coelho (PSD), apoiado por Raquel, que teve apenas 3,21% dos votos, ficando em quarto lugar, abaixo inclusive da candidata do Psol, Dani Portela.
Como Recife, capital do Estado e maior colégio eleitoral de Pernambuco, é espelhado para tudo, inclusive na leitura política, esse desastre eleitoral do candidato de Raquel encobre todo o resultado positivo que ela conseguiu no resto do Estado.
Loyo deu a volta por cima – Ainda em relação ao PSDB, faça-se justiça ao trabalho do presidente da executiva estadual, Fred Loyo. Quando escolhido para dirigir o partido, comentei que a governadora havia dado um tiro no escuro. Humilde, habilidoso e jeitoso, Loyo começou a fazer um trabalho de formiguinha. Andou o Estado todo, trouxe para o partido prefeitos com potencial de reeleição e filiou ex-prefeitos com amplas chances de eleição. Deu certo. O partido saiu de cinco para 32 prefeituras, avançando em todas as regiões, inclusive na RMR.
Marco histórico – Quarto prefeito mais votado do País, João Campos (PSB) emplaca uma marca histórica ao eleger 15 vereadores da sua legenda, a maior bancada na Câmara, numa articulação, diga-se de passagem, conduzida por ele próprio, mas com a capacidade de ouvir, dialogar, apagar incêndios e engolir sapos do secretário de Governo, Aldemar Santos, tratado carinhosamente de “Dema” pelo próprio João e aliados.
Sucessor de Patriota – Abertas as urnas e computados os votos no Sertão do Pajeú, o que já se observa por lá é uma discussão antecipada de quem poderá sair candidato a deputado estadual nas eleições de 2026 para representar a região com o vácuo aberto pela morte do ex-deputado José Patriota (PSB), que era de Afogados da Ingazeira. Dois prefeitos em final de mandato, que elegeram seus sucessores, começam a ser especulados: Adelmo Moura, de Itapetim, e Marconi Santana, de Flores, ambos do PSB.
Prefeita abandonada – Já em Tabira, os aliados da prefeita Nicinha de Dinca (PP), que perdeu a eleição para o petista Flávio Marques por 600 votos, estão um poço de mágoa com a governadora Raquel Lyra (PSDB). Dizem que a gestora foi por diversas vezes ao Palácio pedir para a tucana dar a ordem de serviço da estrada que liga Tabira a Água Branca (PB), a mais movimentada e mais esburacada da região, mas em nenhum momento ela atendeu. “Nicinha foi completamente abandonada, a primeira prefeita do Pajeú a apoiar a candidatura dela à governadora em 2022”, desabafa um importante auxiliar da gestora.
A brava Célia, 10 mandatos, 40 anos de parlamento – Em Arcoverde, a vereadora Célia Galindo (Podemos) emplacou seu décimo mandato consecutivo, a única mulher do País a obter igual façanha. Uma história construída com muita luta em defesa das causas mais nobres do município. Não é fácil ser eleita dez vezes, 40 anos de parlamento! Não fosse tão atuante e devotada aos seus mandatos, Célia não teria o reconhecimento nas urnas como na eleição do último domingo, arrancando 1.197 votos.
CURTAS
PT NANICO – O PT saiu das urnas em Pernambuco sendo massacrado pelo eleitor. Elegeu apenas seis prefeitos, sendo Serra Talhada o município mais importante. No Recife, só elegeu dois vereadores. Mesmo com a chance de Vinicius ganhar a eleição no segundo turno em Olinda, virou uma legenda nanica no Estado.
CAMPEÃS – As cidades campeãs no recebimento de emendas parlamentares de 2021 a 2024 também foram as campeãs no sucesso de prefeitos que tentaram a reeleição. Nos 100 municípios com mais emendas por eleitor, 51 prefeitos tentaram se reeleger e 50 conseguiram, uma taxa de reeleição de 98%.
PSD, O MAIORAL – O PSD, de Gilberto Kassab, desbancou o MDB e se tornou o partido com mais prefeitos eleitos no Brasil. Foram 882 candidatos vitoriosos da sigla no 1º turno, contra 856 cidades ganhas pelos emedebistas. O MDB ocupava o topo do ranking de prefeitos eleitos no Brasil pelo menos desde 2000. Agora, perde esse status.
Perguntar não ofende: O PT está cantando o seu réquiem, depois de não eleger nenhum prefeito de capital?
Leia menos