O novo estilo João Campos
Assisti, atentamente, a entrevista do prefeito do Recife, João Campos (PSB), ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda-feira (28). Fiquei impressionado com a capacidade que ele adquiriu, aos 30 anos, de driblar com facilidade as perguntas mais complicadas, para não derrapar em casca de banana.
Foi o caso, por exemplo, quando provocado pela competente colunista Betânia Santana, da Folha de Pernambuco, sobre a disposição dele de entrar na disputa pelo Governo do Estado nas eleições de 2026. No estilo Marco Maciel, saiu pela tangente, certamente com receio de uma manchete comprometedora.
Leia maisMas quando foi para contestar avaliações de que a governadora Raquel Lyra (PSDB), a quem deve enfrentar em 2026, teria saído fortalecida das eleições municipais, foi para cima com gosto, falando português claro: “A gente obteve a maior vitória de uma oposição na história do estado de Pernambuco”, disse, para acrescentar: “Em média, dos governos de 2000 para cá, os governadores elegeram 120 prefeitos pelo menos”.
E completou: “Quando se observa o arco de alianças formais (nas eleições de 2024) dá menos de 90 prefeitos na base do governo e 91 na oposição. Isso é um resultado nunca alcançado por nenhum governador lá atrás. Dos 10 maiores colégios eleitorais do Estado, seis prefeitos ligados ao nosso conjunto foram eleitos, enquanto três estão na base dela”.
João foi mais incisivo ainda: “Raquel obteve o pior desempenho da história das eleições municipais em Pernambuco”. Perguntado se a governadora estava viva, politicamente, João recorreu ao estilo de fugir das casas de banana: “Não existe ninguém morto na política”.
NA SUA VISÃO, RAQUEL SE FRAGILIZOU – Mas para não deixar os jornalistas que participaram do Roda Viva sem um molho adicional, completou: “Há uma premissa fundamental na política, que é a de respeitar todos os adversários. A política é uma arte que tem a capacidade de deixar a pessoa permanentemente viva. Então, não existe ninguém morto, enquanto está dentro da política, isso tem que ser sempre respeitado”. E insistiu na tese de que a governadora Raquel Lyra saiu derrotada das eleições municipais pelo conjunto da oposição, fazendo comparações com outros Estados do Nordeste, como o Ceará.
Lira sai do muro – Dois dias após o resultado das eleições municipais de segundo turno, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), formalizou, ontem, seu apoio ao líder do Republicanos, Hugo Motta (PB), como candidato à sucessão no comando da Casa. A eleição será em fevereiro de 2025. Lira fez o anúncio na Residência Oficial da Câmara, ao lado de Motta e de outros líderes partidários. O presidente da Câmara já havia confirmado seu apoio ao líder do Republicanos durante almoço com lideranças de partidos, em 11 de setembro.
Motta é favorito – O paraibano Hugo Motta virou favorito na disputa depois que o presidente do Republicanos e vice-presidente da Casa, deputado Marcos Pereira (SP), desistiu de concorrer. Até então, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), era o favorito de Lira, mas foi preterido. A decisão do presidente da Câmara dividiu o Centrão, que segue com três candidatos principais: Hugo Motta (Republicanos-PB), candidato de Lira; Elmar Nascimento (União Brasil-BA), preterido pelo alagoano; e Antonio Brito (PSD-BA).
Enfrentamento a Lira – Quando anunciou a líderes seu apoio a Motta, o presidente da Câmara, Arthur Lira, provocou uma revolta em Elmar, que considerou a atitude dele como uma “traição”. Desde então, Lira passou a se defender, dizendo que “nunca” disse nem fez promessas de que o deputado baiano seria seu candidato. O líder do União Brasil resolveu se aliar a Brito na disputa. O combinado entre os dois segue firme, e ambos pretendem levar as suas candidaturas até o fim, como forma de fazer oposição ao candidato de Lira.
PSD não emplaca ministérios – Em entrevista, ontem, ao Frente a Frente, direto de Brasília, o ministro da Pesca, André de Paula, presidente estadual do PSD, disse que o fato de o seu partido, em nível nacional presidido pelo ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ter emplacado o maior número de prefeitos nas eleições municipais, em nada influencia na reforma ministerial que o presidente Lula deve fazer em breve. “O critério não será esse (maior ou menor número de prefeitos), mas o de rearrumação da base do Governo no Congresso”, afirmou.
CURTAS
SEM O PÉ NA COVA – Também em entrevista ao Frente a Frente, o prefeito eleito de Paulista, Severino Ramos (PSDB), afirmou que está bem de saúde, que se submeteu a um processo cirúrgico bem-sucedido, e culpou seus opositores de espalharem que estaria com o pé na cova. “A maldade não tem limites, mas estou muito bem”, afirmou.
TORITAMA – O prefeito eleito de Toritama, Sérgio Colin (MDB), passa a semana em Brasília fazendo articulações para garantir recursos aos projetos que pretende tocar logo nos primeiros meses de sua gestão, a partir de janeiro. Está na companhia do atual prefeito Edilson Tavares (MDB), que saiu fortalecido das eleições e pode disputar um mandato de deputado estadual em 2026.
HAJA ENCONTROS! – Os prefeitos eleitos de Pernambuco têm três encontros agendados em novembro. Nos dias 11 e 12 participam de um congresso da Amupe em Gravatá. Já nos dias 18 e 19, estarão em Brasília para um treinamento na Confederação Nacional dos Municípios. O último, dia 22, será com a governadora, que ainda não escolheu o local.
Perguntar não ofende: Qual será o tamanho da reforma do secretariado de João Campos?
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