Chuva dá trégua e sol volta a aparecer no RS, mas estado continua em alerta

As chuvas devem diminuir e o sol deve reaparecer no Rio Grande do Sul nos próximos dias, após um longo período chuvoso que causou a maior tragédia climática da história do estado. De acordo com a Climatempo, neste domingo (19), quase todo o Rio Grande do Sul terá sol entre muitas nuvens. Na segunda-feira (20), não há previsão de chuva para todo o estado em grande parte do tempo.

As nuvens de chuva se afastaram de quase todo o Rio Grande do Sul, e o sol reapareceu no fim de semana em praticamente todas as áreas do estado, embora o tempo permaneça nublado. As informações são da CNN.

A volta gradual do calor é um alívio para os gaúchos que enfrentaram uma queda de temperatura com o avanço de uma nova massa de ar frio de origem polar na semana passada.

Alertas para a semana

Há possibilidade de chuva moderada a forte no litoral gaúcho neste domingo. A Grande Porto Alegre terá um domingo com predominância de céu nublado e chuviscos. Na região serrana, o céu estará nublado com possibilidade de chuva a qualquer hora.

Apesar da massa de ar frio começar a se afastar, a temperatura segue amena em todo o estado, com sensação de frio durante grande parte do dia. Novas áreas de instabilidade voltarão a se formar sobre o Rio Grande do Sul na terça-feira (21). Ao longo do dia, nuvens de chuva se espalharão pelo estado, com risco de chuva forte.

Na quarta-feira (22), a combinação da queda acentuada da pressão do ar com a circulação de ventos em vários níveis da atmosfera vai gerar um ciclone extratropical e uma nova frente fria, intensificando a chuva no estado.

Mortos causados pelas enchentes

Um total de 155 pessoas morreram em decorrência das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o começo do mês. De acordo com o último balanço da Defesa Civil do estado, divulgado na manhã deste domingo (19), 89 pessoas ainda estão desaparecidas.

Os afetados pelas enchentes chegaram a 2.304.422 em todo o estado. Conforme o boletim, 463 municípios foram afetados, 540.626 pessoas ficaram desalojadas e outras 77.202 estão em abrigos.

Além das vítimas fatais, 806 pessoas ficaram feridas em meio às enchentes, e mais de 82 mil já foram resgatadas.

Por Rogério Mota*

O Brasil já teve suas catástrofes, tragédias e acidentes de todas as espécies. Cito aqui duas que deixaram o país profundamente triste: a tragédia de Brumadinho/MG, com destruições e centenas de mortes, e a da Boate Kiss, na cidade de Santa Maria/RS, com 242 jovens mortos.

O povo gaúcho tem uma enorme empatia e um coletivo social impressionante. Em mais de uma vez em que visitei o Rio Grande do Sul, notadamente a cidade de Gramado, conforme foto postada acima, curtindo um clima sensacional, observei que o povo gaúcho é receptivo, gente de primeira qualidade com todos os visitantes.

A catástrofe que inundou praticamente todo o Rio Grande do Sul, destruiu casas, pontes e as estradas, acabou com um enorme percentual das lavouras e de rebanhos de várias espécies, representando um prejuízo financeiro incalculável para o Estado – sabendo que vai demorar para recuperar tudo novamente.

Falando na cheia, onde as pessoas tiveram as suas casas inundadas por um volume enorme de água, destruindo todos os seus pertences materiais e sentimentais – é de uma dor imensurável!

Pensando naqueles que morreram devido a tragédia, o sentimento é de muita lamentação. Os que estão vivos e terão que batalhar para ter tudo o que é necessário, será de uma missão árdua e uma verdadeira incógnita, e somente com a ajuda de Deus para reerguer até mesmo a sua própria identidade.

Que o Nosso Senhor Jesus Cristo tenha piedade e conforte todos os familiares do Rio Grande do Sul. Amém!

*Leitor do blog

A água do Guaíba recuou no centro de Porto Alegre, mas deixou para trás um cenário de destruição em uma região conhecida como boemia. Por volta do meio-dia deste sábado (18), quem caminhava pela Rua dos Andradas e pela Praça da Alfândega não buscava por um restaurante ou lanche, mas raspava a lama ou recolhia o lixo.

A baixa das águas permitiu que comerciantes e moradores do centro voltassem para a região e começassem o trabalho de limpeza. No início da tarde, havia um incessante movimento de pessoas limpando as ruas, calçadas e prédios. As informações são do Correio do Povo.

A Rua dos Andradas estava quase que totalmente seca no início da tarde deste sábado, com um ponto de alagamento específico na intersecção com a rua General João Manoel. Já a praça da alfândega ainda estava alagada até a altura do Monumento ao General Osório.

Subiu para 155 o número de mortos pelas chuvas no Rio Grande do Sul, neste sábado (18), de acordo com o último balanço divulgado pela Defesa Civil estadual. Ao todo, há ainda 94 pessoas desaparecidas — dado que apresenta uma diminuição em relação à sexta-feira. As autoridades estimam que a catástrofe tenha afetado a vida de 2,3 milhões de moradores de 461 municípios até agora — 93% do total. Há 540.188 pessoas desalojadas e 77.202 em abrigos.

Até as 9h da manhã deste sábado, 82.666 pessoas haviam sido resgatadas, além de 12.215 animais. O efetivo empregado nos resgates foi de 27.716 pessoas, além de 4.061 viaturas, 21 aeronaves e 302 embarcações, segundo o governo.

O Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres) divulgou um comunicado em que cita um risco “muito alto” da permanência de inundações em regiões do Rio Grande do Sul neste sábado (18). O estado é atingido por enchentes desde o final de abril.

O alerta, emitido na quinta-feira (17), cita as mesorregiões Centro-Oriental, Sudeste Rio-Grandense e a Região Metropolitana de Porto Alegre. Municípios como Lajeado, Cruzeiro do Sul e Pelotas, que já sofrem com as fortes chuvas, são alguns que fazem parte dessas regiões. As informações são do UOL.

Acumulados das chuvas das últimas semanas é um dos motivos para a manutenção das inundações, explica Cemaden. O órgão também cita o deslocamento das ondas de cheia e as condições de saturação do solo.

Cemaden ressalta a situação da Bacia do Lago Guaíba. Ela recebe toda água que se desloca pelas bacias dos Rios Jacuí, Taquari-Antas, Caí, Sinos e Gravataí, todas ainda com níveis dos rios elevados.

Essa condição, explica o órgão, agrava a situação de Porto Alegre. O nível do Lago Guaíba na capital estava em 4,62mm às 17h15 de ontem. O alerta também cita preocupação para os municípios banhados pela Lagoa dos Patos, que permanecem com registro de inundação por causa da água que vem do Guaíba.

O órgão também cita o risco “alto” para as mesorregiões Norte e Sul Catarinense, Vale do Itajaí e Grande Florianópolis. Podem ocorrer pancadas de chuva forte, levando a alagamentos e inundações.

A inundação no RS atingiu 344 mil imóveis, segundo análise do UOL com base em um mapa que estima a área atingida, elaborado pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

São 293 mil residências, 41 mil construções comerciais, 2.600 imóveis rurais e 1.300 igrejas. Além disso, 759 estabelecimentos de saúde, como hospitais e consultórios; 662 estabelecimentos de ensino, como escolas, creches e faculdades; e mais 5,2 mil imóveis de outros tipos.

Um sobrevoo digital preparado pelo UOL mostra o tamanho da área atingida e o que ficou debaixo da água e da lama. São 300 quilômetros de extensão e quase 3.500 quilômetros quadrados – mais que as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, juntas.

Enchentes no RS já deixaram 154 mortos, segundo boletim da Defesa Civil divulgado às 18h desta sexta. São 2.304.422 de pessoas afetadas, sendo 540.188 desalojados e 78.165 pessoas em abrigo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não conseguiu reunir os chefes dos demais Poderes da República para anunciar, de forma conjunta, um novo pacote de medidas de socorro ao Rio Grande do Sul, estado devastado pela maior tragédia climática de sua história.

Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), não aceitaram o convite de Lula para viajar ao Rio Grande do Sul, hoje. Ambos argumentaram que tinham compromissos legislativos e não poderiam se ausentar de Brasília (DF).

Na madrugada de hoje, a Câmara aprovou o projeto de lei encaminhado pelo governo que suspende o pagamento de 100% da dívida do estado com a União pelos próximos 3 anos. O texto deve ser votado pelo Senado ainda hoje.

Lula desembarcou, por volta das 10h20, na Base Aérea de Canoas (RS). O presidente fará novos anúncios de medidas de auxílio às famílias atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Trata-se da terceira visita de Lula ao estado desde o início da tragédia. Apesar das ausências de Lira e Pacheco, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, está acompanhando o petista na viagem.

Os comandantes da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen; do Exército, general Tomás Miguel Paiva; e da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno, também acompanham Lula. A primeira parada do presidente foi em um abrigo montado em uma universidade de São Leopoldo (RS), na região metropolitana de Porto Alegre (RS).

O presidente Lula vai anunciar, hoje, o “Vale Reconstrução”, de cerca de R$ 5 mil para famílias desabrigadas no Rio Grande do Sul, vítimas das chuvas intensas que atingiram a região.

O vale será um auxílio da Secretaria Nacional da Defesa Civil e será executado com o apoio da rede do Sistema Único de Assistência Social (Suas), do Ministério do Desenvolvimento Social. As informações são do blog do Valdo Cruz.

O formato do vale foi elaborado pelas equipes dos ministros Waldez Goes (Integração e Desenvolvimento Regional), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Fernando Haddad (Fazenda). Serão atendidas as famílias de baixa renda e as que perderam suas residências.

Será anunciado ainda que famílias em estado de vulnerabilidade no Rio Grande do Sul serão incluídas na folha de pagamento do Bolsa Família, garantindo uma renda durante o período da calamidade pública e reconstrução do Estado.

Lula também vai oficializar a criação do Ministério Extraordinário de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, que será comandado pelo ministro Paulo Pimenta.

Paulo Pimenta será o representante do governo federal no Estado para coordenar toda a atuação federal nas obras de reconstrução do Rio Grande do Sul.

Em defesa da indicação, criticada por aliados do governador Eduardo Leite, assessores de Lula destacam que Paulo Pimenta é muito próximo ao presidente e será um elemento facilitador na liberação de verbas e montagem de projetos da reconstrução do Estado.

A escolha desagradou aliados do governador Eduardo Leite. O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) disse que a escolha foi um desrespeito ao governador do PSDB, que não foi consultado.

Além disso, Aécio acusa o presidente Lula de politizar com a escolha de Paulo Pimenta, por ser um agente com interesses eleitorais no Rio Grande do Sul.

“Uma falta de respeito, o governador não foi avisado, ficou sabendo pela imprensa, e escolheram um adversário político dele. Tinha de ser um técnico, não um político”, disse o deputado federal.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comanda, no início da tarde de hoje, uma reunião com ministros no Palácio do Planalto para definir outro pacote de medidas de socorro ao Rio Grande do Sul.

Lula planeja anunciar logo mais esse novo plano, com ações voltadas às pessoas atingidas por enxurradas que alagaram e destruíram casas, arrasaram parte de lavouras, derrubaram pontes e bloquearam rodovias.

Conforme a Defesa Civil do estado, 615 mil pessoas estão fora de casa em consequência das enchentes – 77,4 mil estão em abrigos e 538,2 mil em residências de amigos ou parentes. Foram confirmadas mais de 145 mortes até o momento.

O Guaíba, que alagou Porto Alegre e cidades da região metropolitana, continua subindo e pode bater o novo recorde histórico, de 5,5 metros de altura.

Por Mauricio Rands*

O sofrimento da pandemia, na época, suscitou a expectativa de que a humanidade dela fosse emergir eticamente melhorada. O que parece não ter ocorrido, pelo menos na escala imaginada. Nesse drama por que passa o Rio Grande do Sul, alguns sinais contraditórios. Grupos armados estão roubando casas abandonadas. Como os que se organizaram para roubar e violentar os que perderam a visão no romance “Ensaio sobre a cegueira”, de Saramago.

Outros disseminam fake news para desacreditar o estado brasileiro e as instituições. Assim dificultando a ação de salvamento das vítimas. Como aquelas em que mentem para dizer que os caminhões estavam sendo retidos por não disporem das notas fiscais das doações que transportavam. O prefeito de Farroupilha, Fabiano Feltrin, cuja filiação ao PL teve a presença de Jair Bolsonaro, editou um video de um telefonema do ministro Paulo Pimenta. Armou uma cilada tentando lacrar e criar o factóide de que o governo estaria limitando e burocratizando ajuda ao município. Justo contra um ministro gaúcho que se agigantou no esforço de amparo e articulação de providências do governo federal. O vídeo foi disseminado pelo deputado Eduardo Bolsonaro. Nas crises, uns crescem em estatura. Outros desvelam sua dimensão ética liliputiana.

Prefeitos como esse são do extrato dos que pregam que o RS se separe do Brasil, sobretudo do Nordeste. Agora, é o Brasil que está salvando o RS. Com R$ 51 bi dos orçamentos e com donativos dos civis de todo o país. Sob a liderança de um nordestino. Mesmo quem gosta de Bolsonaro não tem como deixar de comparar, nem que seja no seu íntimo, sua atitude negacionista e indiferente diante da pandemia e outras tragédias com a atitude engajada, solidária e eficaz de Lula nesse desastre no RS. Fica difícil não perceber e registrar a diferença.

Na desolação da catástrofe no RS, também testemunhamos a virtude. O Jornal Nacional da TV Globo, transmitindo diretamente da cena, mostrou o trabalho dos governos federal, estadual e municipais, das ONGs e dos voluntários. Muitas vezes arrancando lágrimas de todos que guardam dentro de si a chama da empatia, inclusive para com outras espécies. Como na identificação com a resiliência e a perseverança do cavalo Caramelo. Ou com as da senhora de 93 anos: “não vamos esmorecer, vamos reconstruir o Rio Grande”.

O jornalismo profissional engajado na corrente de solidariedade, provando na prática que deve ser valorizado e fortalecido. E como é essencial para a sobrevivência das pessoas e demais espécies. Do próprio planeta. Matérias jornalísticas mostrando todos os aspectos da tragédia. Mas também as iniciativas das correntes de socorro que nos impeliram a levantar da poltrona e acessar o site de doações (https://www.paraquemdoar.com.br/).

Quem assistiu o JN nesses dias experimentou todas as emoções humanas: tristeza, dor, sofrimento, raiva. Mas também esperança, compaixão, enternecimento, amor.

Como os EUA atacados nas torres gêmeas, ou como nas Olimpíadas e nas Copas do Mundo, o Brasil parece estar sendo capaz de se unir em torno do propósito de amenizar o sofrimento do povo gaúcho. Pelo menos no sentimento da maioria, uma pausa na polarização. Apesar de alguns que não estão respeitando a tristeza de tanta gente. Uma minoria, é de se esperar. A dor não deve ter fronteiras. A solidariedade também não. Nem geográficas, nem ideológicas. O desafio é o alívio imediato de tanto sofrimento. Mas, logo em seguida, o da operação de reconstrução. Será a maior da história do Brasil. Que ela seja feita com melhor planejamento e prevenção para que não se reproduzam vulnerabilidades. Que sejam feitos deslocamentos redefinindo onde e como serão construídas estradas, pontes, indústrias, casas, bairros e áreas de cultivo. Que seja revertido o atual modelo de desenvolvimento a fim de que se dê conta das mudanças climáticas causadoras de tanta destruição.

*Advogado, professor de Direito Constitucional da Unicap, PhD pela Universidade Oxford

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) divulgou uma portaria, ontem, que libera o pedágio de veículos de carga que transportam donativos para o Rio Grande do Sul em rodovias federais. A portaria também atribui atendimento prioritário a estes veículos e dispensa fiscalização em postos de pesagem.

De acordo com a portaria publicada em edição extra do Diário Oficial, a liberação do pagamento de pedágio vale para os transportes que estiveram levando os donativos destinados ao atendimento da população atingida pelas enchentes que estiverem acompanhados de veículos oficiais.

A ANTT também recomenda às concessionárias de rodovias federais que façam esforços para facilitar o fluxo de veículos de transporte que estiverem com donativos. A medida emergencial vale enquanto o estado de calamidade pública do RS estiver vigente ou até revogação pela ANTT.